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Capítulo 1 – Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária

11. Dispensa de Medicamentos

O papel do farmacêutico neste ato é regido pelo artigo 120.º-A do Decreto-lei n.º 176/2006, de 30 de agosto, aditado pela Lei n.º 11/2012, de 8 de março e pelo Decreto-lei 20/2013, de 14 de fevereiro. Na cedência de um medicamento sujeito a receita médica (MSRM) ou não sujeito a receita médica ao utente, é importante que seja assegurado que o medicamento em questão é o indicado.[8]

11.1. Receita Médica

O farmacêutico tem como responsabilidade garantir que a receita que lhe é apresentada está devidamente preenchida em todos os parâmetros obrigatórios, sendo que todos os critérios que esta tem que cumprir estão definidos na Portaria nº 224/2015, de 27 de julho. Uma receita eletrónica (Anexo IV) deve ter os seguintes componentes para que esteja válida: [12] - Número da receita (19 dígitos);

- Dados do utente: Nome do utente, Entidade responsável - sistema/subsistema de comparticipação, Número de beneficiário;

- Identificação do prescritor e local de prescrição;

- Identificação do medicamento: DCI, dosagem, forma farmacêutica e dimensão da embalagem. Porém, a lei prevê casos em que o prescritor pretenda que o utente leve uma marca específica, tendo que referir qual e indicar a exceção prevista no ponto 4 do artigo 7º da portaria referida anteriormente: exceção b) “Reação adversa prévia” ou exceção c) “Continuidade de tratamento superior a 28 dias”;

- Números de embalagens – podendo ser prescrita 4 embalagens por receita e no máximo 2 por medicamento;

- Posologia e duração do tratamento (opcional); - Comparticipações especiais (se aplicável); - Data da prescrição;

- Prazo de validade; - Assinatura do prescritor.

Nas receitas manuais, os componentes terão que ser os mesmos, mas também é necessária uma vinheta e assinalar a justificação de se apresentar uma receita manual: falência informática, inadaptação do prescritor, prescrição no domicílio e prescrição de até 40 receitas/mês.

É de referir que no final do estágio se começou a implementar um novo tipo de receita: receita desmaterializada. Este tipo de receita pode ser entregue ao utente de quatro formas: num papel que fica para o utente, por mensagem no telemóvel, por e-mail ou associada ao Cartão de Cidadão. De qualquer das formas, a receita pode se designar sem papel, uma vez que este nunca fica na farmácia como os outros dois tipo de receitas descritos.[13]

Sempre que o médico não coloque uma exceção para que o doente leve um medicamento de uma marca específica, o farmacêutico terá que informar da existência de medicamentos de várias marcas ou genérico que tem o mesmo DCI, referindo qual é o mais barato. A farmácia é obrigada por lei a ter em stock 3 medicamentos dos 5 mais baratos de um determinado grupo homogéneo, devendo ser dispensado o de menor preço. Porém, o utente tem o direito de escolher qual dos medicamentos prefere obter desde que este tenha o mesmo Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM) que se encontra na receita. Porém, constatei que a maior parte dos utentes preocupa-se em levar o medicamento sempre do mesmo laboratório, uma vez que a mudança de caixas pode ser confusa para os mais idosos, não apresentando preocupação de levar o mais barato.[12]

É importante referir que mesmo que a posologia esteja expressa na receita, nunca é demais voltar a informar o utente, as vezes que forem precisas, de como se deve tomar todos os medicamentos que leva e de possíveis efeitos secundários e interações. Nas receitas eletrónicas e desmaterializadas, o processamento é feito automaticamente pelo sistema informático, contudo deve-se garantir que a comparticipação é a adequada e a existência de possíveis portarias. No final da dispensa, para receita em papel, é impresso o resumo da venda na parte traseira da receita, que é carimbada, assinada e datada pelo profissional e assinada pelo utente (Anexo V).

11.2. Dispensa de psicotrópicos e estupefacientes

Este tipo de dispensa é controlada com o máximo rigor, estando associada a legislação especial. Primeiro, a prescrição deste tipo de medicamentos tem que ser feita numa receita individual.[12][14]

O processo inicial na dispensa de psicotrópicos e estupefacientes é igual ao já descrito. Porém, o sistema informático pede posteriormente os seguintes dados, que têm que ser preenchidos em conformidade para se avançar com a cedência: nome do médico prescritor; número da receita; nome e morada do doente; o nome, a morada, número do cartão de identificação e data de emissão do adquirente; e, por fim, a data de dispensa.[12]

Após a finalização da venda, é anexado um talão ao duplicado da receita e é impressa uma fotocópia da receita e do cartão de identificação do adquirente com outro talão associado, ficando este conjunto arquivado por 3 anos com o duplicado do documento de requisição.[12]

11.3. Regimes de comparticipação

Cada utente está inserido num organismo específico, sendo que o regime de comparticipação se faz a partir deste. Existe uma lista extensa de organismos, porém o mais usual é o SNS. É de salientar, que não são apenas alguns medicamentos que estão sujeitos a comparticipação, mas também estão incluídos alguns tipo de dispositivos, como as tiras ou as lancetas para a medição de glicémia.[15]

No regime geral, quando se processa a comparticipação, o utente apenas paga uma parte do PVP, sendo o restante suportado pelo Estado Português. O valor a ser pago é determinado pelo escalão a que o medicamento pertence.

Também existem casos em que o utente pode ter comparticipação associada a dois organismos, formando-se uma complementaridade entre estes. Quando isto acontece, é obrigatório fotocopiar-se a receita com o cartão de identificação associado. A fotocópia vai para a entidade que complementa a comparticipação e o original para a principal.

Para além disso, falta referir as comparticipações especiais, que são usadas para doentes portadores de determinadas patologias crónicas. E ainda, comparticipações feitas a certos produtos pelos laboratórios, enviando-se para estes a fatura de venda e o código de barras do produto.