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Capítulo 2 – Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

5. Distribuição

5.2. Distribuição a doentes em regime de ambulatório

A dispensa de medicamentos a doentes em regime de ambulatório pode surgir em três contextos: nalguns casos de patologias crónicas, em casos de medicamentos que são de dispensa gratuita quando esta é feita num hospital ou no caso de doentes que tenham tido alta e necessitem de terminar a terapêutica no domicílio. Ainda existe outra situação para este tipo de dispensa que consiste em casos de necessidade urgente de medicação que não é assegurada pela farmácia comunitária, sendo preciso o comprovativo em forma de carimbo de pelo menos 3 farmácias. Quando se dispensa medicamentos neste regime é necessário que o farmacêutico e o próprio hospital pautem por providenciar um serviço de qualidade ao doente. Isto é, é necessário que o doente sinta que está à vontade para colocar todas as dúvidas, esclarecido e que as condições de privacidade e técnicas estão asseguradas.[1],[5] No Hospital da Guarda existe um local dedicado a este tipo de atendimento, uma janela que separa o farmacêutico do doente, com uma campainha e com um frigorífico e armário que contém a medicação que normalmente é dispensada para ambulatório. Porém este espaço ainda não consegue oferecer todas as condições de privacidade ideal, visto que esta janela dá acesso direto ao corredor da farmácia.[1]

Para se proceder ao levantamento desta medicação é preciso que o doente apresente a prescrição médica em suporte de papel. De seguida, o farmacêutico analisa a receita, dispensa uma quantidade correspondente a 30 dias de tratamento e caso a receita ainda fique com medicação para levantar, esta fica arquivada como pendente. Todas as receitas devem ser arquivadas, sendo que na sua parte frontal deve constar a designação e a quantidade de produto dispensado (quando se trata de medicamentos biológicos também é necessário o registo do lote e validade), a data e assinatura de quem dispensou; e na parte traseira o adquirente deve assinar e datar.

Em todos os atendimentos que presenciei, foi patente a importância que se deu à informação complementar transmitida, por vezes até escrita para se assegurar que aqueles medicamentos iriam ser usados corretamente. Houve também uma preocupação de garantir que os medicamentos iriam ser transportados em condições ideais, facultando-se sacos e proteções térmicas quando necessário.

É de referir que o Hospital não tem nenhum sistema informático destinado a auxiliar esta tarefa, porém a farmacêutica responsável criou uma base de dados informática para conseguir fazer uma melhor gestão deste tipo de dispensa. Para além disso, há uma verificação diária de todos os produtos dispensados, dando-se baixa informática dos mesmos. No caso dos doentes que tivessem alta mas continuassem a necessitar de mais alguns dias de terapêutica, os pedidos chegavam antecipadamente aos Serviços Farmacêuticos. Depois do farmacêutico validar o pedido, separa-se as quantidades necessárias de cada fármaco em

envelopes, que apresentam o DCI, dosagem e posologia por escrito, e por fim coloca-se toda a terapêutica num saco com identificação do doente. Ao longo deste processo é necessário deixar o registo de todos os medicamentos que foram dispensados (apresentando ainda os lotes e os prazos de validade) na folha de prescrição, que posteriormente tem que ser fotocopiada e arquivada.

5.3. Distribuição de medicamentos sujeitos a legislação restritiva

5.3.1. Estupefacientes, psicotrópicos e benzodiazepinas

No Decreto-Lei nº15/93 de 22 de Janeiro apresenta-se descrita a legislação relativa aos estupefacientes, psicotrópicos e benzodiazepinas.[6] A necessidade de um controlo tão restrito destas substâncias advém da sua capacidade de provocarem dependência física e psicológica, havendo por isso muitas vezes o mau uso destas.

No Hospital Sousa Martins, este tipo de medicação tem que ser pedida pelo enfermeiro chefe de cada serviço, uma vez que, mesmo que estes fármacos se encontrem nas prescrições médicas, estes nunca são distribuídos por dose unitária. Quando estes pedidos chegam aos serviços farmacêuticos, o farmacêutico, responsável pelo serviço em questão, preenche uma ficha de requisição, contendo o DCI do medicamento, dosagem, quantidade dispensada, via de administração e a assinatura do farmacêutico. Para as benzodiazepinas, a ficha é semelhante à representada no anexo X da Portaria nº 981/98 de 8 de Junho (Anexo VI).[3] Já para os psicotrópicos e estupefacientes foram elaboradas outras duas fichas, verde (Anexo VII) e rosa (Anexo VIII) respetivamente. O facto de existirem fichas diferentes para cada produto previne enganos e um arquivo mais organizado desta documentação.

Posteriormente, quando o enfermeiro vai buscar a medicação, assina a ficha deixando o duplicado na farmácia para ser arquivado e levando consigo o original. A parte da ficha que vai para os serviços deve ser preenchida a cada administração e, após estar completa, retorna à farmácia onde é arquivada com o duplicado.

É importante haver sempre uma verificação que garanta que os registos das enfermarias de cada serviço correspondem às quantidades que foram dispensadas pelos Serviços Farmacêutico. Por vezes existem doses que não podem ser administradas, como quando há frascos que se partem, sendo que nestes casos deverão estar registadas as quantidades inviabilizadas.

5.3.2.

Hemoderivados

A designação de hemoderivados diz respeito a todos os produtos com origem no sangue humano. Este tipo de produtos requer especial atenção pelos profissionais de saúde, uma vez que podem estar associados a diversas problemáticas, como contaminações do doente.[5] Neste sentido, existe necessidade inerente se organizar todos os processos desde a receção à administração de hemoderivados. Para isso, é feito um registo minucioso no momento em que estas substâncias são rececionadas, identificando-se os lotes, o fabricante e o distribuidor.[5] No momento em que surgem requisições destas substâncias nos Serviços Farmacêuticos, é necessário verificar se foram feitos em fichas indicadas, possuindo toda a informação do doente, o serviço a que se destina e a justificação clínica para pedido (Anexo IX).[7]

Após este pedido ser validado pelo farmacêutico, este tem que preencher um quadro onde se encontra discriminado: o tipo de hemoderivado, a quantidade, o lote, a origem e o número de certificado do INFARMED. Na ficha de requisição também tem que estar presente a assinatura do farmacêutico e a assinatura do enfermeiro que receciona a substância.

Importa referir que é crucial a existência de arquivos de todos estes processos, assim nos Serviços Farmacêuticos permanece a parte original da ficha de requisição e no processo clínico fica anexado o duplicado.

5.3.3.

Citotóxicos e estéreis

Os citotóxicos e outras preparações estéreis, após a finalização da sua preparação, são colocadas num contentor, para que as preparações estejam protegidas e que se protejam todas as pessoas que estejam em contacto.[10]

Tal como diz o manual de preparação de citotóxicos, o transporte destes tem que ser feito através de um circuito rastreável e, para além disso, é importante a existência de procedimento escrito. Ou seja, dando o exemplo do que é feito nos Serviços Farmacêuticos do Hospital da Guarda, é feito um registo onde se encontra a assinatura da farmacêutica responsável pela cedência dos medicamentos, a assinatura do profissional responsável pelo transporte do contentor até ao serviço e a assinatura do profissional que o rececionou. Desta forma, consegue-se identificar responsabilidades caso haja algum inconveniente.[10]