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Dispersão de C capitata estéril – Linhagem Viena 8

Foram recapturados apenas 22 machos estéreis (0,12%) em 16 das 80 armadilhas (20,0%) instaladas no primeiro dia após a liberação, sendo que nos demais dias (3º, 5º, 7º, 9º e 11º) a recaptura foi nula (Tabela 21).

As recapturas ocorreram principalmente nas armadilhas a sudoeste do ponto de liberação (Figura 28), a distância mínima de 25 metros (SO, NE, NO, SE) e máxima de 250 metros (S). Boa parte dos adultos (40%) foi recapturada em armadilhas localizadas num raio de 50 m do ponto de liberação, indicando que houve dispersão dos machos estéreis de C. capitata na condição do estudo.

Tabela 21 - Número de machos estéreis de C. capitata recapturados. Anagé, Caraíbas e Belo Campo - BA, 2006.

DIAS 1 3 5 7 9 11 DIAS 1 3 5 7 9 11 DIST DIST 25 - - - 25 - - - - 50 3 - - - 50 - - - - 75 - - - 75 - - - - 100 - - - 100 1 - - - - - N 125 - - - S 125 - - - - 150 - - - 150 - - - - 175 - - - 175 1 200 - - - 200 - - - - 225 - - - 225 - - - - 250 - - - 250 1 - - - - - 25 1 - - - 25 2 50 - - - 50 - - - - 75 - - - 75 - - - - 100 - - - 100 1 - - - - - NE 125 - - - NO 125 - - - - 150 - - - 150 - - - - 175 - - - 175 - - - - 200 - - - 200 - - - - 225 - - - 225 - - - - 250 - - - 250 - - - - 25 - - - 25 - - - - 50 - - - 50 - - - - 75 - - - 75 - - - - 100 - - - 100 - - - - L 125 - - - O 125 1 - - - - - 150 - - - 150 - - - - 175 - - - 175 2 - - - - - 200 - - - 200 - - - - 225 1 - - - 225 - - - - 250 - - - 250 - - - - 25 2 - - - 25 1 - - - - - 50 - - - 50 - - - - 75 - - - 75 - - - - 100 - - - 100 1 - - - - - SE 125 - - - SO 125 2 - - - - - 150 - - - 150 - - - - 175 - - - 175 1 - - - - - 200 - - - 200 - - - - 225 - - - 225 1 - - - - - 250 - - - 250 - - - -

N S L O 12 3 4 56 78 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 8 079 7877 7675 7473 7271 70 69 68 67 66 65 64 63 62 61 2 1 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 44 43 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 25 m

Figura 28 - Distribuição das recapturas de machos estéreis de C. capitata liberados.

Considerando os resultados obtidos por outros autores (KOVALESKI, 1997; SILVA, 1990) em estudos de dispersão, a recaptura foi relativamente baixa. Nos estudos de Silva (1990), a recaptura de C. capitata em pomares de citros ocorreu em 67% das armadilhas instaladas em pomares sem frutos e em 83,3% das armadilhas em pomar em frutificação. Já Bressan e Teles (1991),

Uma mosca Duas moscas Três moscas Nenhuma mosca

estudando a recaptura de adultos marcados de Anastrepha spp. observaram que, de 46.740 adultos marcados e liberados, foram recapturados 3.140 (6,7%). O primeiro adulto foi recapturado após três dias da liberação e o último após 15 semanas. Nos experimentos conduzidos por Kovaleski (1997), dos adultos de A. fraterculus liberados no segundo experimento de liberação-recaptura, obteve-se 37,1% de recaptura em armadilhas instaladas a uma distância de até 200m. A maioria da recaptura (68%) ocorreu até 12 dias após a liberação. Já Dantas e outros (2005), estudando dispersão de machos estéreis de C. capitata em Portugal, Espanha e Israel, verificaram taxas de recaptura de 2,8% na Espanha, 2,15% em Portugal e 6,45% em Israel.

Com relação ao ponto de liberação, alguns autores relataram que os adultos se dispersam pouco na área de estudo (SILVA, 1990; BRESSAN; TELES, 1991; DANTAS e outros, 2005). Kovaleski (1997) recapturou 99,01% das moscas liberadas até uma distância de 200 m do ponto de liberação. Dantas e outros (2005) verificaram que 70% dos machos estéreis recapturados estavam a 100m do ponto de liberação (primeiro anel).

No presente trabalho, a distância média de dispersão foi de 157,0 metros/dia e a área abrangida foi de 29.008,33 m²/dia, dados semelhantes àqueles obtidos por Silva (1990) que, no primeiro dia de liberação, obteve 182,38 m/dia e 43.969,09m²/dia em talhão com frutos de citros e de 171,3 m/dia e 38.005,78 m²/dia em talhão com ausência de frutos. A autora conclui que a dispersão foi satisfatória.

Quanto aos dados climáticos, a Tabela 22 apresenta os índices de direção e velocidades média e máxima do vento nos dias 31 de agosto, 1º de setembro e três de setembro de 2005 da Estação Meteorológica do Inmet em Anagé. A direção do vento sempre foi a nordeste, tendo quatro mudanças bruscas a sudoeste o que poderia explicar a maior captura de moscas nessa direção.

Um dos aspectos que pode ter contribuído para a baixa taxa de recaptura obtida no presente trabalho foi o tempo de exposição das armadilhas, de apenas uma hora. Silva (1990), estudando aspectos da dispersão de C. capitata num pomar de citros de Artur Nogueira - SP, expôs as armadilhas por dois dias antes da realização das coletas, sendo que, após o 24º dia as armadilhas ficaram expostas por um período de seis dias. Kovaleski (1997), estudando a dispersão de A. fraterculus em Vacaria - RS, conservou suas armadilhas no campo até 40 dias após a liberação, retirando apenas aquelas próximas aos pontos de liberação nos dois primeiros dias.

De modo geral, constata-se a necessidade de realizar novos estudos de dispersão de C. capitata em pomares de manga na Região Sudoeste da Bahia, com adaptações na metodologia, na perspectiva de contribuir para dois aspectos importantes: a) na compreensão da ocorrência de populações selvagens nos pomares de manga; e b) como subsídios à Técnica do Inseto Estéril, em fase de implantação nos pólos de fruticultura do Nordeste do Brasil.

Tabela 22 – Direção e velocidades média e máxima do vento nos dias 31 de agosto, 1º de setembro e 03 de setembro de 2005. Anagé - BA, 2005.

Dia Direção do vento Velocidade do vento (m/seg.) máxima (m/seg.) Velocidade 31.08.2005 01.09.2005 03.09.2005 NE* NE NE** 5,9 6,0 3,7 16,9 15,9 14,0 * = com uma mudança brusca a SO

5 CONCLUSÕES

No monitoramento com armadilhas, há predominância de Ceratitis capitata em relação a espécies de Anastrepha;

• Os picos populacionais em cada ano, expressos pelo índice mosca/armadilha/dia (MAD), ocorrem no primeiro semestre para Anastrepha spp. e ao final do segundo semestre para Ceratitis capitata;

A temperatura influencia positivamente as populações de Ceratitis capitata e das espécies de Anastrepha;

• Registra-se, para as condições do pólo de fruticultura de Anagé, a ocorrência das seguintes espécies de Anastrepha: A. fraterculus, A. obliqua, A. dissimilis, A. amita, A. distincta, A. pickeli, A. sororcula e A. zenildae;

As espécies A. fraterculus e A. obliqua são de ampla distribuição na região em estudo, sendo dominantes e as mais freqüentes na maioria dos pomares de manga;

• Registra-se, pela primeira vez, as seguintes associações bitróficas: juá (Ziziphus Joazeiro) com A. fraterculus, A. obliqua, A. dissimilis e A. distincta; e umbu (Spondias tuberosa) com A. amita e A. sororcula;

Seriguela (S. purpurea), juá (Z. Joazeiro) e umbu (S. tuberosa) são hospedeiros primários de espécies de Anastrepha;

O quiabento (Pereskia grandfolia) não é hospedeiro de moscas-das-frutas;

• Registra-se, pela primeira vez na região em estudo, a ocorrência do parasitóide D. areolatus e Asobara anastrephae;

O parasitóide D. areolatus é predominante na região em estudo;

A dispersão de machos estéreis de Ceratitis capitata, linhagem Viena 8 em pomar de manga atinge pelo menos 250 m e 29.008,33 m²

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