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Disponibilidade de águas superficiais

Figura 3.1.3.1: Vulnerabilidade à Erosão

3.3. Disponibilidade, Usos e Demandas Hídricas

3.3.1. Disponibilidade de águas superficiais

Os estudos atualizados sobre disponibilidade hídrica das águas superficiais na Bacia do Rio Paraíba do Sul basearam-se na análise das séries históricas de vazões de 199 estações fluviométricas, disponibilizadas no banco de dados Hidroweb da Agência Nacional de Água (ANA).

As disponibilidades foram calculadas a partir das equações definidas nos estudos de regionalização hidrológica de vazões médias de longo período (MLT) e de vazões com 95% de permanência no tempo (Q95%), desenvolvidos pela CPRM3, complementados pelo Laboratório de Hidrologia e Estudos de Meio Ambiente da COPPE/UFRJ apenas para o trecho do rio Paraíba do Sul entre a barragem de Santa Cecília e a confluência dos rios Piabanha e Paraíbuna4.

Os valores das disponibilidades apresentados no Quadro 3.3.1.1 foram calculados para todos os locais de interesse a partir das equações de regionalização, inclusive para aqueles correspondentes às estações fluviométricas com séries históricas.

Quadro 3.3.1.1

Vazões com Permanência de 95% no Tempo e Vazões Médias de Longo Período

Locais Área de drenagem (km2) Q95%1 (m3/s) q95%1 (l/s.km2) QMLT 1 (m3/s) qMLT1 (l/s.km2) Rio Paraíba do Sul a Montante da confluência dos Rios Paraibuna e

Paraitinga 4.263 36,68 8,60 68,72 16,12

Foz do Rio Jaguari 1.800 15,65 8,69 39,98 22,21

Rio Paraíba do Sul a Montante de Funil 12.982 127,80 9,84 216,37 16,67

Rio Paraíba do Sul a Montante Santa Cecília 16.616 201,41 12,12 303,15 18,24

Rio Paraíba do Sul a Montante da Confluência dos Rios Piabanha e

Paraibuna 19.494 79,40 4,07 177,27 9,09

Foz do Rio Piabanha 2.065 9,70 4,70 34,92 16,91

Foz do Rio Paraibuna 8.558 62,83 7,34 162,40 18,98

Rio Paraíba do Sul a Montante da Confluência do Rio Pomba 34.410 168,30 4,89 549,73 15,98

Foz do Rio Pomba 8.616 63,20 7,33 163,43 18,97

Foz do Rio Dois Rios 3.169 16,48 5,20 45,97 14,50

Foz do Rio Muriaé 8.162 28,84 3,53 118,36 14,50

Foz Paraíba do Sul 55.500 353,77 6,37 1.118,40 20,15

Q95%: Vazão com 9 5% de permanência no tempo

q95%: Vazão específica com 9 5% de permanência no tempo QMLT: Vazão média de longo termo

qMLT: Vazão específica média de longo termo

Quanto aos aspectos qualitativos das águas superficiais, o diagnóstico efetuado teve como objetivo avaliar as condições atuais dos principais cursos de água da bacia por meio da análise dos parâmetros mais significativos, considerando os atuais usos da água e as principais fontes de poluição na bacia. Foram utilizados dados históricos da FEEMA, da CETESB e da FEAM. Consideram-se, ainda, dados do monitoramento realizado pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e informações de vários estudos da bacia5

.

3

Relatório Síntese do trabalho de Regionalização de Vazões da Sub-bacia 58, CPRM, Rio de Janeiro, fevereiro de 2003.

4

Diagnóstico e Prognóstico do Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Paraíba do Sul, Capítulo 7: Disponibilidade Hídrica, PGRH – 009 R1, COPPETEC, Rio de Janeiro, novembro de 2002.

5 Plano de Bacia do Comitê Paulista, do PQA dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais e do Projeto Preparatório para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul (PPG).

Inseridos em um banco de dados relacional, esses dados foram integrados ao sistema de informações de recursos hídricos da bacia que permitiu o desenvolvimento de ferramentas de análise estatística que fornecem os índices de violação de classe, os valores máximos, médios, mínimos, o desvio padrão e o número de medições de um dado parâmetro por estação, por trecho de rio ou por sub-bacia. Esses índices de violação de classe foram estabelecidos a partir do percentual de amostras cujas concentrações violaram os enquadramentos atuais do rio no local de cada estação. Foi, então, calculada a média das violações de classe de todas as estações da bacia para cada parâmetro de qualidade da água (Quadro 3.3.1.2).

Quadro 3.3.1.2

Parâmetros mais críticos na Bacia do Paraíba do Sul, segundo a média de violações do enquadramento em vigor

Posição Parâmetro Violações

médias (%)

Desvio

padrão Posição Parâmetro

Violações médias (%) Desvio padrão 1 Alumínio 98,9 2,8 17 Amônia 2,1 10,0 2 Sulfetos 83,1 7,9 18 Zinco 1,9 8,7

3 Chumbo 78,0 35,3 19 Cor Real 0,9 3,9

4 Coliforme Fecal 77,8 27,2 20 Bário 0,3 1,6

5 Cádmio 66,7 43,8 21 Cromo Total 0,2 0,8

6 Coliforme Total 58,7 29,6 22 Sólidos Diss.

Totais 0,2 1,0

7 Ferro Solúvel 33,7 17,7 23 Ph 0,1 0,3

8 Fósforo Total 25,3 25,7 24 Cloreto 0,0 0,1

9 Cobre 23,4 32,2 25 Fluoretos 0,0 0,0

10 Manganês 21,3 25,6 26 Nitrato 0,0 0,0

11 Fenóis 13,8 13,1 27 Clorofila-a 0,0 0,0

12 DBO 11,8 23,5 28 Arsênio 0,0 0,0

13 Mercúrio 11,3 21,1 29 Boro Solúvel 0,0 0,0

14 Níquel 3,4 5,1 30 Nitrito 0,0 0,0

15 Turbidez 3,2 5,5 31 Sulfatos 0,0 0,0

16 Benzo(a)Pireno 2,9 5,4

A maior parte das águas do rio Paraíba do Sul e de seus afluentes estudados apresentou alta disponibilidade de oxigênio durante todo o período de estudo, exceto no rio Paraíba do Sul, a jusante da cidade de São José dos Campos, e nos principais afluentes, a jusante dos grandes centros urbanos.

Entre os parâmetros que apresentaram maior criticidade estão os compostos fosfatados, os coliformes e a demanda bioquímica de oxigênio, evidenciando contínuo processo de poluição por material orgânico. Com relação ao fósforo total, classificado em oitavo lugar dentre as maiores violações médias na bacia, algumas estações apresentam níveis médios superiores a 0,1 mg/l. Esses resultados são característicos de um sistema com produtividade aquática de alta a muito alta, sujeito a eutrofização. A grande capacidade de reaeração do rio Paraíba do Sul e seus afluentes, entretanto, garante a oxidação desse excesso de matéria orgânica. Os reservatórios existentes e a serem construídos poderão ficar comprometidos pelo aporte excessivo de nutrientes, caso os despejos orgânicos não sejam reduzidos.

Os coliformes fecais e totais, quarto e sexto colocados dentre as maiores violações médias na bacia comprometem a qualidade da água em praticamente todas as estações, de modo especial naquelas onde a influência dos despejos domésticos é mais acentuada, ou seja, nas proximidades das maiores cidades ribeirinhas.

No caso da DBO, ocorreram pequenas violações de classe ao longo de praticamente todo o rio Paraíba do Sul. No caso dos afluentes a situação é preocupante: o rio Paraibuna só apresenta condições adequadas à Classe 2 em suas cabeceiras. Situação semelhante ocorre com os rios Piabanha e Bengala (afluente do rio Grande), onde os níveis DBO e OD são críticos em função

dos lançamentos de esgotos das cidades de Petrópolis e Nova Friburgo em baixas vazões naturais para diluição de efluentes.

A situação do alumínio é crítica, aparecendo em primeiro lugar dentre os maiores violadores de classe de toda a bacia, com o índice médio de 98,9%. Observa-se que mesmo as estações localizadas em trechos onde a qualidade da água encontra-se em ótimas condições, as concentrações de alumínio são elevadas quando comparada aos limites da CONAMA 357. Desta forma, esses dados podem ser um indicativo da origem natural do alumínio na bacia.

Foram detectadas violações significativas de metais em algumas estações, enquanto em outras as concentrações se situavam próximas aos limites de classe. É importante a realização de monitoramentos ao longo da bacia para avaliação do acúmulo de metais nos sedimentos, principalmente a jusante de áreas industriais críticas. Cabe ressaltar que a CSN, no âmbito do Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental com o Governo do Estado do Rio de Janeiro, vem reduzindo os lançamentos de diversos poluentes, de modo especial os fenóis e o benzo(a)pireno.

É importante notar que a análise da qualidade da água em relação a alguns metais ficou prejudicada por problemas metodológicos no monitoramento da CETESB (mercúrio, chumbo e cádmio) e FEEMA (cádmio): os métodos empregados detectam apenas concentrações iguais ou superiores ao limite CONAMA e, portanto, seus resultados não puderam ser considerados.

Finalmente, faz-se necessária a integração entre as instituições responsáveis pelo monitoramento de qualidade da água e a padronização das metodologias. A análise dos dados mostrou diferenças nas nomenclaturas dos parâmetros, nas unidades, nos processos de medição, na freqüência de amostragem e nos métodos analíticos.