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Disponibilidades hídricas subterrâneas

5. DISPONIBILIDADES E NECESSIDADES DE ÁGUA

5.2. Disponibilidades hídricas subterrâneas

Entende-se por disponibilidade hídrica subterrânea o volume de água que uma massa de água subterrânea pode fornecer anualmente em condições naturais. Este volume está intrinsecamente associado à recarga direta por precipitação. No entanto, ao nível da massa de água subterrânea poderão ocorrer outras origens de recarga, nomeadamente as trocas de água com outras massas de água e processos de drenagem. Dado que não se conhece a influência da recarga induzida, os valores de disponibilidade apresentados aproximam-se dos valores associados ao regime natural.

Para a avaliação das disponibilidades hídricas subterrâneas, foram considerados os estudos mais recentes de cada uma das massas de água subterrânea. As metodologias consideradas incluem: balanços hídricos anuais expeditos para massas de água subterrânea com escassa informação, balanços hídricos ao nível do solo, balanços hídricos sequenciais, decomposição de hidrogramas, balanço de cloretos e modelos numéricos de diferentes complexidades para massas de água subterrânea em que existe um bom suporte de informação.

No caso das massas de água associadas a sistemas aquíferos, na falta de publicações posteriores ao ano 2000 com novas estimativas de disponibilidades, consideraram-se as apresentadas em Almeida

et al. (2000), onde é feita uma compilação da informação hidrogeológica por aquífero. No entanto,

quando este autor considera outros estudos, apresentam-se as referências originais dessa informação.

Para a determinação das disponibilidades hídricas das massas de água subterrânea indiferenciadas, menos importantes do ponto de vista da gestão do recurso, mas com uma maior representação espacial no país, foi por vezes necessário extrapolar valores de áreas em que se estudaram essas formações do ponto de vista hidrogeológico. Desta forma considerou-se o indiferenciado de cada uma das unidades hidrogeológicas como homogéneas do ponto de vista das disponibilidades. Para o cálculo das disponibilidades nestas massas de água considerou-se a taxa de recarga obtida nos documentos referidos e a precipitação média anual proposta por Nicolau (2002).

Tão importante como a avaliação da disponibilidade hídrica é o conhecimento da incerteza espacial associada à heterogeneidade dos meios hidrogeológicos. É neste binómio que assenta a principal diferença entre as massas de água subterrânea associadas a aquíferos diferenciados e a aquíferos indiferenciados. Por essa razão, foi tido em conta o grau de incerteza associado à disponibilidade por unidade de área, diferenciando-se desta forma a importância da disponibilidade hídrica subterrânea por massa de água, e, consequentemente, por região hidrográfica, atendendo aos diferentes meios hidrogeológicos, Quadro 5.3.

Quadro 5.3 - Classificação da heterogeneidade do meio

Da análise efetuada verifica-se que as massas de água subterrânea indiferenciadas são as que apresentam a maior incerteza espacial. Esta incerteza não está só relacionada com a disponibilidade hídrica, mas também com a produtividade das captações e com a qualidade da água. No geral são formações com fraca capacidade hidrogeológica, de importância local e por vezes com formações geológicas de várias naturezas.

Atribuiu-se o grau de variabilidade médio às massas de água associadas a sistema aquíferos essencialmente cársicos, fissurados ou mistos. Estas massas de água correspondem a formações hidrogeológicas mais ou menos contínuas, de importância regional, no entanto, a sua natureza geológica poderá levar a importantes variações de comportamento a nível local.

Foi atribuído o grau de variabilidade mais baixo às massas de água subterrânea associadas a sistemas aquíferos constituídos essencialmente por formações porosas. Apesar de ocorrerem também vários graus de incerteza entre estes aquíferos, teoricamente estas serão as massas de água mais homogéneas no que se refere à dispersão espacial das suas características hidrogeológicas.

A disponibilidade hídrica subterrânea aproxima-se da recarga em regime natural, uma vez que se desconhece a influência da recarga induzida nas massas de água subterrâneas, apresentando-se na Figura 5.1 a disponibilidade hídrica subterrânea por unidade de área.

Figura 5.1 - Disponibilidade hídrica subterrânea por unidade de área na RH8

No Continente as disponibilidades mais importantes estão associadas às Orlas Ocidental e Meridional, resultantes das importantes formações porosas e cársicas aí presentes.

Uma vez que se considerou a mesma taxa de recarga para as massas de água subterrânea indiferenciadas, a dispersão espacial da disponibilidade hídrica relaciona-se essencialmente com a dispersão da precipitação, de onde resulta um aumento da disponibilidade por unidade de área nestas massas de água para Norte.

No Quadro 5.4 apresenta-se a disponibilidade hídrica subterrânea total, por unidade de área, associada ao grau de variabilidade.

Quadro 5.4 - Disponibilidade hídrica subterrânea na RH8

Disponibilidade hídrica subterrânea

total (hm3/ano)

Disponibilidade hídrica subterrânea média por

unidade de área (hm3/km2 ano)

Disponibilidade hídrica subterrânea associada ao grau de variabilidade (hm3/ano)

Grau de variabilidade baixo Grau de variabilidade médio Grau de variabilidade alto 388,15 0,10 75,29 182,83 130,03

Como se pode verificar a disponibilidade hídrica total não significa maior aptidão hidrogeológica da massa de água, ou seja, poderá não espelhar na realidade o volume de água disponível, resultado da ocorrência de meios bastante heterogéneos associados a elevada variabilidade e incerteza local e regional.

O Quadro 5.5 apresenta a disponibilidade hídrica subterrânea por massa de água na RH.

Quadro 5.5 – Disponibilidade hídrica das massas de água subterrânea na RH8

Massa de água Disponibilidade hídrica subterrânea anual (hm3/ano) Disponibilidade hídrica subterrânea por unidade de área

(hm3/km2 ano)

Heterogeneidade do meio

M1 Covões 4,49 0,20 Média

M2 Almádena - Odeáxere 19,94 0,31 Média

M3 Mexilhoeira Grande - Portimão 11,55 0,22 Baixa

M4 Ferragudo - Albufeira 10 0,09 Baixa

M5 Querença - Silves 110,86 0,35 Média

M6 Albufeira - Ribeira de Quarteira 11,02 0,20 Média

M7 Quarteira 16,86 0,21 Baixa

M8 S. Brás de Alportel 7,69 0,22 Média

M9 Almansil - Medronhal 8,29 0,36 Média

M10 S. João da Venda - Quelfes 16,1 0,14 baixa

M11 Chão de Cevada - Quinta de João de Ourém 1,75 0,33 Média

M18 Campina de Faro - Subsistema Vale de Lobo 4,6 0,14 Baixa

M19 Campina de Faro - Subsistema Faro 6,2 0,11 Baixa

M13 Peral - Moncarapacho 13,68 0,31 Média

M14 Malhão 3,39 0,29 Média

M15 Luz - Tavira 5,4 0,19 Baixa

M16 S. Bartolomeu 1,72 0,16 Média

A0z4RH8 Várzea de Aljezur 4,58 2,57 Baixa

M01RH8_C2 Orla Meridional Indiferenciado das Bacias das

Ribeiras do Barlavento 12,07 0,06 Alta

M02RH8_C2 Orla Meridional Indiferenciado da Bacia do

Arade 12,56 0,13 Alta

Massa de água Disponibilidade hídrica subterrânea anual (hm3/ano) Disponibilidade hídrica subterrânea por unidade de área

(hm3/km2 ano)

Heterogeneidade do meio Ribeiras do Sotavento

A0x1RH8_C2 Maciço Antigo Indiferenciado das Bacias das

Ribeiras do Algarve 6,98 0,11 Alta

A0z1RH8_C2 Zona Sul Portuguesa das Bacias das Ribeiras do

Barlavento 25,89 0,03 Alta

A0z2RH8_C2 Zona Sul Portuguesa da Bacia do Arade 28,11 0,04 Alta

A0z3RH8_C2 Zona Sul Portuguesa das Bacias das Ribeiras do

Sotavento 11,08 0,04 Alta

5.3. Balanço disponibilidades/consumos