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DISPOSIÇÃO A PAGAR PELOS ATRATIVOS SELECIONADOS NO ESTUDO

3. MÉTODO

4.3 DISPOSIÇÃO A PAGAR PELOS ATRATIVOS SELECIONADOS NO ESTUDO

Ao finalizar o item referente a caracterização e percepção dos turistas com relação as viagens realizadas e ao conhecimento sobre Salvador e a BTS, a pesquisa inicia as questões relacionadas à disposição a pagar dos entrevistados.

A análise da demanda por passeios náuticos na região da Baía foi estudada pelo método da análise conjunta (conjoint analysis). O formato das apresentações aos entrevistados foi mostrado utilizando cinco variáveis diferentes:

1. Duração: 4 horas, 8 horas ou 2 dias. 2. Transporte: escuna ou lancha

3. Parada em cidade histórica: Sim ou Não 4. Parada em praia: Sim ou Não

5. Preço: R$ 70, R$ 100, R$ 150, R$ 200, R$ 400, R$ 700 ou R$ 1000.

Considerando que para as variáveis transporte, parada em cidade histórica e parada em praia tiveram o auxílio de imagens ilustrativas que mostravam a diferença das embarcações e dos atrativos cidade histórica e praia.

A técnica de aplicação do questionário foi a de seleção aleatória, ou seja, o atributo de cada alternativa continha uma resposta previamente selecionada de modo aleatório e apresentada ao respondente. Apenas a variável preço não era apresentada de modo totalmente aleatório, e variava de acordo com a duração do passeio apresentado, sendo alterado de modo proporcional ao número de horas de duração do passeio.

De acordo com a tabela XX que mostra as estimativas da DAP por paradas em cidades históricas e em praias divididas por mercado emissor. A parada em alguma das cidades históricas da Baía ao longo do passeio náutico é um complemento valorizado pelos consumidores potenciais dos passeios. A DAP total para esse atributo é de R$ 170, ou seja, este é o resultado estatístico da média ponderada. Esse valor oscila entre turistas do mercado de países do exterior e turistas nacionais, sendo o menor deles para turistas da região sudeste. A tendência de que turistas com maior padrão de gastos tenham maior DAP se confirma na aplicação desta pesquisa. Para os potenciais visitantes com alto padrão de gastos (definido pela pesquisa como R$ 300 por pessoa por dia) a DAP neste cenário é de

R$223, do outro lado, o padrão de gastos baixo (gastos de até R$ 100 por pessoa por dia) disporia R$ 84 reais a pagar.

A parada em praia ao longo do passeio náutico pela BTS é ainda mais valorizada que a parada em cidade histórica. A DAP por esse atributo é de R$ 585 para a demanda potencial global. Turistas estrangeiros apresentam uma DAP ainda maior (R$ 1271), enquanto os turistas do Sudeste apresentam uma DAP substancialmente inferior (R$ 223). Turistas com baixo padrão de gastos apresentam DAP de R$ 301, enquanto os turistas com alto padrão de gastos apresentam DAP de R$ 1668. A relação entre a idade e a DAP pela parada em praia ao longo do passeio náutico não é clara, sendo a DAP maior para os turistas com até 30 anos, menor para os turistas com 31 a 50 anos e intermediária para os turistas acima de 50 anos.

Tabela 4. Estimativas da DAP por paradas em cidades históricas e em praias por segmento

e mercado emissor Parada em cidade histórica Parada em praia Segmento Cultural 148 505 Náutico 280 825 Mercado emissor Nordeste 155 522 Sudeste 105 223 Exterior 219 1271 Gasto Baixo 84 301 Médio 257 720 Alto 223a 1668 Idade Até 30 487 1273 31 a 50 113 396 51 ou mais 161a 816 Total 170 585

a Não significante ao nível de 5%

Fonte: Prodetur Bahia, 2017.

Logo, foi elaborada uma constante do modelo para cada um dos itens, conforme tabela 5. A constante do modelo indica a disposição a pagar e não para escolher nenhuma das alternativas de passeio oferecidas.

Tabela 5. DAP líquida por passeios com cada combinação de atributos possível

Fonte: Prodetur Bahia, 2017.

A interpretação desse valor não é simples, pode até parecer contra intuitiva, mas sua estimativa oferece maior consistência ao modelo de acordo com o estatístico do projeto.

Neste momento será evidenciado um exemplo de como se chegou em um dos valores da DAP: R$ 525,00 (passeio de escuna de 4h com parada em praia e cidade histórica); para apenas passeio de escuna de 4h o modelo indica DAP de menos R$ 231,00* porém quando acrescentado a parada na praia de R$ 585,00 e a parada na cidade histórica de R$ 170,00 a DAP atinge R$ 525,00:

-231 +285 +170 ____ 525,00

Ou seja, o valor de R$ 525,00 é a constante do modelo criada pelo estatístico do projeto para escuna de 4h, sem paradas.

Abaixo são inseridos os valores referentes a essa demanda que são a DAP dos passeios de barco, diretamente ligado ao turismo náutico abordado no trabalho.

De modo mais amplo, as possibilidades de combinação entre as características dos passeios foram diferenciadas em duração do passeio e paradas opcionais em praias e/ou cidades históricas, como mostrado na figura 29. Essa figura mostra a junção dos valores apontados por todos os mercados emissores.

Figura 29: Gráfico sobre a disposição a pagar pelos passeios náuticos mais valorizados

Fonte: Prodetur Bahia, 2017

Os preços obtidos e as especificações da figura acima buscam a valoração de modo geral do atrativo já existente na BTS, que são os passeios de barco. Na pesquisa foram considerados os tipos de embarcação já utilizados, a duração do passeio e quais seriam as paradas preferenciais dos respondentes. Dentre todas as opções possíveis na pesquisa, os seis itens destacados acima apresentam maior valoração e destaque. As opções de cidade histórica e praia não eram identificadas, podendo ser definida posteriormente. Os valores mostram uma clara predileção aos passeios com duração de 4 horas (metade do dia) e com parada em praias opção presente em todos os itens mais valorizados. O tipo de embarcação se manteve igual entre as seis simulações de passeio apresentadas, sendo o maior valor de passeio referente as lanchas.

A tabela 6 apresenta as estimativas da elasticidade-preço da demanda por passeios náuticos na BTS, por segmento e mercado emissor. O valor da elasticidade estimada indica a variação percentual da demanda por um passeio resultante do aumento de 1% no preço desse produto.

Tabela 6: Estimativas de elasticidade-preço da demanda por passeios náuticos na

BTS por segmento e mercado emissor

Elasticidade Desvio-padrão Segmento Cultural -0,68 0,11 Náutico -0,32 0,13 Mercado emissor Nordeste -0,58 0,21 Sudeste -0,91 0,19 Exterior -0,42 0,12 Gasto Baixo -0,79 0,17 Médio -0,59 0,16 Alto -0,24 0,14 Idade Até 30 -0,27 0,13 31 a 50 -0,80 0,13 51 ou mais -0,37 0,32 Total -0,54 -0,089

Fonte: Prodetur Bahia, 2017

Estes resultados mostram que a demanda por passeios de barco é, em geral, inelástica, de (-0,54) em média, o que quer dizer que se os preços aumentam em 1%, a demanda por passeios náuticos cai em 0,54%. Isto quer dizer que a demanda por passeios náuticos é relativamente pouco sensível a variações nos preços.

Os turistas do segmento cultural são mais sensíveis às variações nos preços deste tipo de passeio (-0,68) do que os turistas náuticos (-0,32). Além disso, os turistas com maior padrão de gastos são aqueles com menor elasticidade (-0,24), enquanto o contrário se verifica para os turistas com menor padrão de gasto (-0,79). Isto quer dizer que é possível construir diferentes passeios náuticos de acordo com o nível de gastos dos turistas. Os turistas de gastos mais elevados estariam dispostos a pagar mais por um passeio náutico sem que isso representasse uma diminuição na demanda.

Já os turistas com menor nível de gastos, apesar de também serem pouco sensíveis às variações de preços, são três vezes mais sensíveis que os turistas de

gastos mais elevados. Para estes, passeios mais baratos aumentariam em muito a demanda por este tipo de produto. Um ponto adicional na análise é que os turistas com gastos menores toleram menos variação de preços que os turistas com gastos maiores. Para estes turistas, é recomendável que os preços não tenham tanta oscilação de aumentos, já que reduziram, em grande medida, a demanda por este tipo de passeio.

A demanda por produtos complementares aos passeios náuticos pela BTS foi estudada pedindo para que os entrevistados declarassem suas disposições a pagar por adicionais em uma parada do passeio. Fotos de cada alternativa foram utilizadas como estímulo.

Para o levantamento de dados foi utilizada a estratégia de leilão com preços sequenciais, sendo registrado o maior valor que cada indivíduo estaria disposto a pagar. Para metade dos entrevistados, selecionados aleatoriamente, o leilão seguiu uma sequência crescente de valores e para a outra metade uma sequência decrescente. A seguir a tabela compila as informações levantadas.

Tabela 7: Disposição a pagar por produto complementar

Produto complementar

Segmento Mercado emissor

Total Cultural Náutico Nordeste Sudeste Exterior

Visita guiada a pé pelo centro histórico R$ 32,11 R$ 34,43 R$ 33,88 R$ 38,23 R$ 23,71 R$ 32,81 Visita guiada em transporte alternativo pelo centro histórico R$ 32,31 R$ 36,34 R$ 31,88 R$ 38,06 R$ 25,81 R$ 32,73 Museu histórico e artístico R$ 17,69 R$ 17,44 R$ 16,23 R$ 19,40 R$ 14,57 R$ 17,11 Almoço em um restaurante de comida típica R$ 46,00 R$ 48,21 R$ 47,36 R$ 48,41 R$ 40,79 R$ 46,01 Festa popular tradicional R$ 18,20 R$ 18,58 R$ 18,03 R$ 19,85 R$ 14,11 R$ 17,68 Manifestação folclórica ou religiosa R$ 16,59 R$ 16,46 R$ 16,59 R$ 18,21 R$ 12,24 R$ 16,06 Jet-ski (30 minutos) R$ 87,75 R$ 93,25 R$ 92,35 R$ 93,45 R$ 74,80 R$ 88,00 Mergulho autônomo para não mergulhadores (batismo/ discovery) R$ 100,10 R$ 106,60 R$ 105,40 R$ 102,55 R$ 90,75 R$ 100,05

Flyboard-air R$ 95,95 R$ 99,65 R$ 106,15 R$ 100,10 R$ 76,30 R$ 95,25 Aula de Kitesurf (1 hora) R$ 63,03 R$ 64,75 R$ 70,40 R$ 67,03 R$ 46,50 R$ 62,25 Parasail R$ 65,03 R$ 66,13 R$ 72,83 R$ 66,55 R$ 50,20 R$ 63,88 Aula de wakeboard / esqui aquático (1 hora) R$ 63,58 R$ 63,70 R$ 70,60 R$ 64,83 R$ 47,73 R$ 61,73 Aula de vela (1 hora) R$ 62,78 R$ 60,78 R$ 69,25 R$ 64,80 R$ 46,05 R$ 60,85 Caiaque / Canoa havaiana (1 hora) R$ 38,46 R$ 36,00 R$ 43,54 R$ 39,83 R$ 25,68 R$ 36,93 Stand-up paddle (1 hora) R$ 43,71 R$ 44,13 R$ 55,81 R$ 44,94 R$ 27,90 R$ 43,51

Fonte: Prodetur Bahia.

Os valores advindos da pesquisa de disposição a pagar são um importante fator de precificação dos segmentos cultural e náutico na região da BTS. A caracterização dos turistas que visitam a região também é importante de modo que facilitam a elaboração de políticas voltadas a promoção turística. A partir da definição de valores para os atrativos principais e complementares, o fomento da atividade turística na região é incentivada e facilitada.

Os dados dispostos na tabela acima trazem todos os produtos complementares ao passeio de barco e as diferenciações entre os mercados emissores, assim como a itenização também dos turistas considerados do segmento náutico e cultural. Os números mostrados são um dos principais produtos dentro do projeto que visa a expansão na atividade turística da região. Mesmo com o passeio de barco consolidado como prática turística, as opções de complementação destes produtos e contemplam diversos segmentos e subsegmentos do turismo.

A avaliação dos resultados obtidos com a pesquisa e a formulação de políticas públicas voltadas ao fortalecimento são algumas das disposições do capítulo seguinte, que conclui este trabalho.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aplicação dos métodos da disposição a pagar focados na Baía de Todos- os-Santos no que tange os segmentos turísticos náutico e cultural geraram os dados secundários relevantes para análise desta pesquisa. Contextualizar a BTS como objeto de estudo destacou a relevância turística da região e as possibilidades não só das cidades que margeiam a baía, como a de Salvador, a principal cidade desta região turística.

As amostras selecionadas confirmaram as possibilidades locais, nacionais e internacionais de alcance da oferta de produtos turísticos dessa região. As pesquisas abordaram a disposição a pagar a partir da oferta de passeio náutico na região da baía e a eventual realização de atividades extras durante a realização do passeio, quinze opções foram sugeridas aos respondentes induzindo-os a responder sobre possíveis valores gastos com estes atrativos.

Dentre os quinze, seis destacavam atividades relacionadas ao turismo náutico e as restantes ao turismo náutico voltado para o subsegmento esportivo. Como média da disposição a pagar pelos atrativos voltados para o turismo cultural obteve- se a quantia de R$ 26,07 com picos máximos de R$ 46,01 no caso do gasto relacionado ao almoço em restaurante típico e o mínimo de R$ 16,06 para acompanhar ou participar de uma manifestação folclórica ou religiosa na região da BTS. No caso dos nove atrativos voltados para o turismo náutico esportivo, a média obtida entre as simulações foi de R$ 67,72 com valores extremos de R$ 100,05 para atividades de mergulho autônomo e R$ 36,93 para aluguel de caiaque ou canoa havaiana pelo período de uma hora.

Os valores e atividades listadas através da pesquisa realizada pelo Prodetur Bahia representam aporte muito significativo na elaboração de políticas e na sequência da implantação e consolidação de atrativos relacionados ao turismo náutico e cultural na região. As sugestões de produtos e subsegmentos a serem trabalhados na BTS seguem os resultados obtidos na pesquisa e detalhados ao longo do texto. Tendo com segmentos principais o cultural e náutico, os resultados levam a depreender que pode ser considerado estratégico investir em atividades do turismo cultural relativas ao: Turismo gastronômico; turismo religioso; turismo comunitário, turismo étnico; turismo cívico e turismo cinematográfico; considerando os termos e especificações inseridas no contexto do turismo cultural, de acordo com

Barreto e Rejowsi (2009) e Brasil (2010). Em relação aos investimentos no segmento náutico, os resultados da pesquisa levaram a concluir que o turismo náutico de passeio, turismo náutico de esportes e turismo náutico de aventura, podem ser promissores para a BTS, já que não são segmentos consolidados.

Outro dado interessante é que 88% dos turistas entrevistados afirmaram que a principal motivação para suas viagens em geral são: praia, cultura e natureza. Algo positivo para a região turística da BTS por conta destes serem os pontos fortes da região, e ainda mesclar atividades do turismo náutico e cultura, gerando uma interseção a ser explorada. Os resultados globais mostram que os passeios náuticos a serem realizados na Baía de Todos-os-Santos devem ser de curta duração (de 4 ou 8 horas), e devem parar, obrigatoriamente em praia, podendo ou não ser acompanhado de parada em cidade histórica. É importante perceber que este resultado está alinhado com o fato de que os turistas dos segmentos náutico e cultural entrevistados buscam a praia como principal motivação das suas viagens. Outra observação importante é que o fato de ter ou não parada em cidade histórica torna o passeio mais caro ou mais barato. Contudo, ambos os passeios seriam comprados caso fossem ofertados na BTS, e os turistas estariam dispostos a pagar a diferença de preço devido à inclusão da parada em cidade histórica.

Como pontuado anteriormente, o nível de excelência deste passeio e o preço associado ao mesmo, depende do nível de gastos e renda dos turistas. Contudo, existe mercado para que haja uma maior diversificação do produto a ser oferecido aos turistas, perpassando desde os produtos mais simples, com menos itens de produtos e serviços oferecidos no passeio, até aqueles mais completos, em embarcações mais refinadas.

Analisando os parâmetros da pesquisa de forma semelhante a utilizada para verificar os artigos analisados no trabalho, no esforço de apresentar de maneira mais sintética e coesa a análise dos artigos selecionados optamos por dividi-los em quatro itens: justificativa, aplicação, ferramentas e resultados:

Justificativa: Porque o uso do MVC;

Ferramentas: Quais ferramentas foram utilizadas? Aplicação: Quantidade de pesquisas aplicadas? Resultados: O que resultou a aplicação?

Com relação as justificativas, este trabalho se aproxima de Pfeiff et al. (2018) e Motta e Ortiz (2013) que trazem estudo de valoração com semelhanças voltadas para análise de perfil dos visitantes, valoração e viabilidade financeira dos empreendimentos turísticos. Porém na pesquisa da BTS a justificativa ainda continha a ideia de mostrar a viabilidade de uso do método MVC/DAP na roteirização, em que nos demais trabalhos este link não foi realizado. No item das ferramentas, Peixer, Jacomini e Petrere (2011) são os únicos que se mostram semelhantes por utilizar apenas a disposição a pagar na aplicação dos questionários, os demais utilizarão métodos combinados ou não chegaram a utilizar a variável DAP. Todavia, nesta pesquisa o MVC evidenciou a DAP, levando em conta assim apenas a demanda. No quesito da aplicação, o trabalho que mede a DAP na BTS mostrou quantitativos de amostras superiores a todos os outros trabalhos, nesta pesquisa usou-se dados prévios a pesquisa de mestrado (utilizando dados secundários) mas que são o fundamento da aplicação do MVC. Apenas Motta e Ortiz se aproximaram da quantidade obtida de respostas com 1000 questionários aplicado. As demais pesquisas que utilizaram a DAP obtiveram amostras com cerca de 250 a 450 respondentes. Com relação aos resultados obtidos, mesmo sem aplicar questionários e ferramentas, Tomio e Ullrich (2015) abordam uma importante discussão sobre a importância de criar ferramentas especificas para a análise da realidade do turismo e da valoração, as autoras afirmam que ainda existem muitas possibilidades de adequar o método a realidade do turismo, que hoje está muito restrita aos aspectos econômicos e por isso limita os resultados e por vezes os mostra distorcidos. Motta e Ortiz (2013) apresentam os resultados de forma bastante voltada a justificativa da viabilidade econômica do empreendimento analisado, o Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro; essa abordagem é semelhante em alguns aspetos as ferramentas utilizadas nesta pesquisa. Que mede a partir do fluxo atual a estimativa de renda obtida com a disposição a pagar dos turistas que efetivamente realizassem as atividades. Para Peixer, Jacomini e Petrere (2011) e Pfeiff et al. (2018) apresentam resultados que também identificam a disposição a pagar dos visitantes entrevistados de modo que existe a validação das justificativas apresentadas ao longo do texto.

Mesmo com semelhanças aos artigos acima descritos na pesquisa da BTS se identificou como resultado que apenas o MVC com a sua variável de DAP não serve de forma ampla e completa para que se possa roteirizar um destino/região. Sendo

necessário complementar com a DAA antes de comercializar os roteiros propostos a fim de identificar se o produto é viável do ponto de vista mercadológico.

De modo geral, é possível identificar diferenças entre a pesquisa que analisa a DAP na BTS das demais analisadas. A primeira delas é de que as pesquisas de campo realizadas foram viabilizadas pelos pesquisadores envolvidos e não citaram apoio financeiro para suas realizações, o que pode justificar as amostrar reduzidas para análise. A viabilização financeira através do órgão de turismo estadual, a SETUR-BA, possibilitou a aplicação da pesquisa em estados diferentes e contou com ampla equipe de pesquisadores e analistas. Outro fator que diferencia a análise desta pesquisa com as demais avaliadas é a segmentação em apenas cultural e náutico e o distanciamento da temática relacionada ao ecoturismo Peixer, Jacomini e Petrere (2011) e do turismo de sol e mar Pfeiff et al. (2018) que abordaram mais especificamente a aplicação da DAP.

Por outro lado, outro fator que aproximou as pesquisas analisadas com o foco da apresentação desta tem relação com a contextualização turística das regiões apresentadas. Sempre inseridas dentro de suas regiões turísticas, as caracterizações mostraram os atrativos da região e a inserção das áreas estudadas, mostrando as possibilidades para além da realização desta pesquisa. De modo geral, pode-se observar que a aplicação da pesquisa DAP na BTS foi consideravelmente mais abrangente que as demais, incluindo diversas cidades e uma região turística inteira nessa comparação. O que torna a análise mais rica, mas também muito mais desafiadora em considerar todas as especificidades municipais e regionais. A disparidade entre as cidades que compõe a região turística da BTS também é um desafio não só na etapa da pesquisa, mas também na aplicação das eventuais diretrizes. Com o centro da pesquisa na cidade de Salvador, a Baía de Todos-os-Santos é composta por cidades com diferentes dinamismos econômicos, populações, renda por pessoa e concentração de atrativos. Essas variáveis são muito complexas e devem ser analisadas de forma econômica, geográfica e histórica valorizando as especificidades de cada uma e avaliando a utilização turística, para que seja efetivamente benéfica e gere renda de forma igualitária.

A avaliação com relação a aplicação da variável da disposição a pagar na realidade do turismo da Baía de Todos-os-Santos é favorável quanto a estruturação da atividade nesta região. Inserido em um programa de fortalecimento, o PRODETUR, a região teve com a realização dessa pesquisa a formulação clara de

diretrizes e o direcionamento quanto a atividades de segmentação e eventual promoção turística. A minuciosa aplicação da pesquisa com as divisões por mercado emissor permite diferentes abordagens com definição de valores, atividades e ações por segmento.

Se conclui que o MVC contribui para apoiar a roteirização turística, projeto que será desenvolvido após a pesquisa da DAP apresentada neste trabalho pela SETUR-BA, porém, como um método apenas de análise de valoração deixa a desejar pois entender a DAP em um destino não basta para o planejamento deste se não acompanhado da roteirização regional, que neste projeto compreende a BTS como propõe o PRODETUR-BA.

Observa-se também, do ponto de vista acadêmico, que o MVC/DAP sozinho não é um método suficiente para roteirização pois necessita-se entender o DAA dentro do MVC. OU seja, a disposição a receber pelo olhar do empreendedor/prestador de serviço. Desta forma, ao roteirizar o projeto propõe oficinas locais nos municípios da BTS para incluir neste diálogo pré roteirização o morador local e entender se os valores que a pesquisa da DAP apresenta são reais e suficientes para ao se roteirizar, logo tornar estes roteiros produtos comercializados no mercado.

Identifica-se também que é importante analisar se a média feita da DAP juntando os turistas nacionais (DAP R$ 200,00) e internacionais (DAP R$1.000,00) torna um valor viável para venda destes roteiros, pois um valor em torno de

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