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1. INTRODUÇÃO

3.4. Resíduos de Curtumes

3.4.2. Disposição final de resíduos sólidos curtidos ao Cromo

A grande quantidade de resíduos gerados pela indústria de processamento de couros requer a introdução de "tecnologias limpas no couro" e sistemas de tratamento para os efluentes e resíduos sólidos que respeitem os padrões de emissão. Os resíduos sólidos de couro curtido ao cromo requerem especial atenção devido ao seu volume e às exigências dos órgãos ambientais para a disposição direta em aterros.

3.4.2.1. Fabricação de Adubo

Trata-se de uma utilização destinada, especialmente, aos resíduos de couro curtido tais como serragem de rebaixadeira, aparas e pó da lixadeira. Os retalhos curtidos, após lavagem e trituração, são utilizados para fabricar uma espécie de farinha fertilizante. O couro curtido ao mineral poderia ter o mesmo destino desde que fosse realizado, previamente, o descurtimento do mesmo.

Kolomazník et al. (2000) realizaram experiências de tratamento enzimático de serragem de couro ao cromo. O benefício da reação enzimática com aminas de baixo peso molecular é a produção de hidrolisados de proteína de boa qualidade. Estes hidrolisados podem, então, ser utilizados na agricultura como fertilizante organo-nitrogenado. Em comparação realizada em culturas de alface, o fertilizante proveniente dos curtumes proporcionou às culturas uma maior área de aproveitamento e maior valor nutricional do que aquelas originadas a partir do fertilizante comercial.

3.4.2.2. Compostagem por reviramento

A compostagem por reviramento consiste na decomposição da serragem sob condições favoráveis à fermentação até a indução de um estado de humidificação total ou parcial, conforme definição de compostagem.

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Logo, o composto é o resultado de um processo controlado de decomposição biológica, transformando-se em um produto mais estável, melhor utilizável como fertilizante orgânico e em melhores condições sanitárias.

Brito et al. (2001) realizou o processo de co-disposição de resíduos sólidos de indústrias de curtumes com resíduos sólidos orgânicos e avaliou a eficiência de atenuação e transformação por meio do balanço das massas totais de carbono orgânico, nitrogênio e cromo. A co- disposição entre resíduos sólidos orgânicos e resíduos sólidos da indústria de curtume mostrou-se eficiente na bioestabilização da matéria orgânica. Em um processo de co- disposição utilizando 95% de resíduos sólidos orgânicos e 5% de resíduos sólidos da máquina de rebaixar e lixar couros (resíduos curtidos) foi produzido um composto com valores médios de 60,2% de atenuação de cromo total.

3.4.2.3. Vermicompostagem

A vermicompostagem é um tipo de compostagem em que a matéria orgânica é digerida por minhocas, resultando na sua degradação, e no arejamento e drenagem do material em fase de maturação.

Durante a vermicompostagem, a matéria orgânica é, inicialmente, compostada, com redução de microrganismos prejudiciais à saúde e retorno condição de temperatura ambiente. Após a estabilização da temperatura, o material compostado é transferido para leitos rasos, para não se aquecer demasiadamente e não se compactar, pois os materiais de granulometria fina possuem essa tendência. Então, faz-se a inoculação das minhocas, por um período que varia em torno de 75 dias. Como resultado final, obtém-se o vermicomposto pronto, com aumento de macro e micro-nutrientes e a formação de um húmus mais estável.

Os resultados encontrados em estudos demonstraram a capacidade bioacumuladora de metais pesados e outros elementos tóxicos pelas minhocas, em alguns casos em percentuais extremamente altos. Esse trabalho demonstra a viabilidade da vermicompostagem para o tratamento de resíduos sólidos provenientes de curtimentos minerais, desde que seja realizada em condições que possibilitem a ação das minhocas.

3.4.2.4. Disposição no solo

Apesar de não ser a técnica mais recomendável de gerenciamento ambiental, a disposição de resíduos sólidos no solo, ora pelo descarte aleatório, ora através de aterros sanitários, é a prática mais utilizada para a destinação final. A solução para confinar a serragem do

rebaixamento em aterros de resíduos industriais é uma solução prática razoável porque concentra os resíduos num local especial, o que possibilita um controle efetivo até que surjam novas alternativas. Contudo, há gastos extras com o transporte e manutenção do aterro visto que esse tipo de resíduo deve ser aterrado em locais específicos conforme legislação vigente e, ademais, esse tipo de gerenciamento impede a transformação dos resíduos em produtos úteis.

3.4.2.5. Incineração

A incineração pode ser considerada uma etapa derradeira de tratamento dos resíduos. É um método baseado na decomposição térmica através de oxidação, com o objetivo de reduzir o volume de um resíduo, sua toxicidade ou, até mesmo, eliminá-lo, convertendo-o em gases ou resíduos incombustíveis. Devido aos problemas ambientais ocasionados pela deposição inadequada no solo de materiais tóxicos não degradáveis, a aplicação do processo à queima de resíduos perigosos é uma importante alternativa para a preservação do ambiente.

As unidades de incineração variam desde instalações pequenas, projetadas e dimensionadas para um resíduo específico até grandes instalações de propósitos múltiplos, para incinerar resíduos de diferentes fontes. No caso de materiais tóxicos e perigosos, estas instalações requerem equipamentos adicionais de controle das emissões do processo de incineração para evitar a poluição do ar (CETESB, 1993).

Na incineração de resíduos de curtumes podem ocorrer dois inconvenientes ambientais: (I) formação de Cr VI por oxidação e (II) formação de dioxinas e furanos, visto que cloro e ferro estão presentes (ESTEVES, 2007).

3.4.2.6. Pirólise

Os métodos pirolíticos diferem dos de incineração pelas condições da atmosfera do sistema. A pirólise é realizada em atmosfera carente de oxigênio enquanto que a incineração é realizada sob atmosfera rica em oxigênio. Os subprodutos da pirólise dos resíduos de couro são: gás combustível com água, metano, monóxido de carbono e dióxido de carbono, uma mistura líquida de água, alcatrão, óleo, substâncias orgânicas, cinza e carvão contendo cromo.

Esteves (2007) estudou a viabilidade técnica e ambiental da pirólise de resíduos de serragem de curtumes e mostrou o grande valor ambiental e econômico do tratamento térmico, pois o mesmo pode reduzir o resíduo em até 80% da sua massa inicial. Conseqüentemente, diminui a

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acondicionamento e transporte dos resíduos. Além disso, análises do carvão obtido após a pirólise possibilitaram a classificação do mesmo como Resíduo Classe II A – Não inerte, de acordo com a NBR 10004:2004 da ABNT, representando, assim, uma grande vantagem econômica, já que os custos de armazenamento dos resíduos Classe II são mais baixos que os do resíduo Classe I.

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