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3. POSSIBILIDADE DE SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO DE

3.1. DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS, LEGISLAÇÃO E

ELÉTRICA

Quando se trata da questão da suspensão do fornecimento de energia elétrica por inadimplência do consumidor, sabe-se que hoje é possível, por previsão legal, a possibilidade da interrupção desse serviço, porém a aplicação desse dispositivo legal gera uma enorme discussão bem como divergências doutrinárias.

Os doutrinadores que são contra a suspensão, utilizam o princípio da continuidade dos serviços públicos como justificativa para a oposição ao corte de energia elétrica uma vez que este princípio veda a interrupção dos serviços essenciais.

Essa primeira corrente tem como defensores Celso Ribeiro Bastos, Celso Antônio Bandeira de Mello, Fabrício Bolzan, Rizzatto Nunes, dentre outros. Utilizam como fundamento o Art. 22 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, denominada de Código de Defesa do Consumidor, in verbis:

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. (BRASIL, 2009, p. 803)

Defendem esses doutrinadores que se fosse para permitir que os serviços públicos pudessem ser interrompidos em caso de inadimplemento, não precisaria o legislador ter escrito a regra acima descrita.

Segundo Mello (2009) o princípio da continuidade significa a impossibilidade dos serviços públicos sofrerem interrupção, bem como o pleno direito dos administrados a que não sejam suspensos ou interrompidos.

Sustentam, ainda, que os que são favoráveis à suspensão confundem o direito de crédito que tem o fornecedor com o direito que não tem de interromper a prestação do serviço, entendendo Bolzan (2009, p. 178) que “o direito de crédito do fornecedor, nos casos especiais de prestação de serviços públicos, deverá ser feito por meio dos instrumentos processuais hábeis, como a ação de cobrança”.

Ademais, ainda é importante destacar o que assevera Celso Ribeiro Bastos:

O serviço público deve ser prestado de maneira contínua, o que significa dizer que não é passível de interrupção. Isso ocorre pela própria importância de que o serviço público se reveste, o que implica ser colocado à disposição do usuário com qualidade e regularidade, assim como com eficiência e oportunidade.

Essa continuidade afigura-se em alguns casos de maneira absoluta, quer dizer, sem qualquer abrandamento, como ocorre com serviços que atendem necessidades permanentes, como é o caso de fornecimento de água, gás, eletricidade. Por outro lado, para as necessidades que são intermitentes, que se apresentem em algumas ocasiões apenas, esta continuidade não é tão rigorosa, ficando certo, dessa forma, que o serviço público não pode ser omitido, pois pode deixar de atender a estas necessidades, uma vez que, mesmo para a prestação de serviços intermitentes, o atendimento deve ser contínuo. (BASTOS, 2002, p.262/263)

Dessa forma, observa-se que essa primeira corrente apresenta posicionamento desfavorável à interrupção dos serviços públicos, notadamente, o serviço de energia elétrica.

Já aqueles doutrinadores que defendem a suspensão, afirmam que este princípio da continuidade dos serviços públicos não pode ser considerado de forma absoluta, deve ser visto de forma relativa bem como que a interrupção do serviço de energia elétrica decorre da aplicação do princípio da supremacia do interesse público, analisando que se a empresa continuar prestando o serviço aos usuários inadimplentes, vai proporcionar o beneficio da minoria em prejuízo da maioria adimplente que cumpre com suas obrigações.

Como defensores da legalidade da suspensão do fornecimento de energia elétrica quando não houver a respectiva contraprestação do usuário, tem-se José dos Santos Carvalho Filho,Alex Muniz Barreto, Diogenes Gasparinietc.

Utilizam como argumento o que consta do artigo 6º, § 3º, da Lei nº 8.987/95, cuja transcrição é interessante:

Art. 6º - Omissis.

§ 3º Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando:

I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,

II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade. (BRASIL, 2009, p. 1.565)

Interpretando o permissivo legal, constatam que a interrupção do serviço público, nas hipóteses previstas acima, é um direito da Administração que não caracteriza afronta ao princípio da continuidade dos serviços públicos.

Alegam que o que é proibido é a interrupção de forma abrupta e injustificada, defendendo, assim, a possibilidade de suspensão do serviço público quando se enquadrar nas hipóteses supra transcritas e, observando sempre as exigências legais.

Na lição de José dos Santos Carvalho Filho:

É evidente que a continuidade dos serviços públicos não pode ter caráter absoluto, embora deva constituir a regra geral. Existem certas situações específicas que excepcionam o princípio, permitindo a paralisação temporária da atividade, como é o caso da necessidade de proceder a reparos técnicos ou de realizar obras para expansão e melhoria dos serviços. Por outro lado, alguns serviços são remunerados por tarifa, pagamento que se caracteriza como preço público, de caráter tipicamente negocial. Tais serviços,

freqüentemente prestados por concessionários e

permissionários, admitem suspensão no caso de

inadimplemento da tarifa pelo usuário, devendo ser restabelecidos tão logo seja quitado o débito. É o caso, para exemplificar, dos serviços de energia elétrica e o uso de linha telefônica. (grifo nosso) (CARVALHO FILHO, 2009, p. 33)

Desta feita, infere-se que esse doutrinador sustenta que a inadimplência, desde que previamente notificado o consumidor, é hipótese legal que autoriza a suspensão do fornecimento de energia elétrica.

Nesse sentido é o entendimento de Alex Muniz Barreto:

Considera-se admissível a suspensão dos serviços públicos: a) quando estiver evidenciada situação emergencial, independente de

aviso prévio; b) havendo o mau uso do serviço, que se dá quando, a título de exemplo, o usuário danifica equipamentos destinados ao seu fornecimento, prejudica outros usuários com a sua utilização ou viola as normas técnicas e administrativas relativas à prestação do serviço, em muitos casos, inclusive, colocando em risco a própria segurança ou de terceiros; c) quando comprovado o não-pagamento de valores legalmente exigidos pelo ente prestador do serviço público, ou seja, estando demonstrado o inadimplemento por parte do usuário. (BARRETO, 2008, p. 166)

Sendo assim, conclui-se que essa segunda corrente entende que é lícita a suspensão do fornecimento de energia elétrica na hipótese de inadimplência dos consumidores, desde que respeite os princípios básicos que regem as políticas de consumo e, devendo sempre ser precedida de notificação prévia ao usuário.

Sob a ótica da Constituição Federal é perfeitamente possível a suspensão do fornecimento de energia elétrica, não procedendo o argumento de que esse serviço tem que ser mantido aos usuários de maneira contínua, resultando na impossibilidade de seu “corte” aos inadimplentes, mas, certamente, implica em fornecimento permanente aos usuários adimplentes, com exceção feita apenas àquelas interrupções determinadas por ordens técnicas ou de força maior.

Dessa forma, não é possível a manutenção de um serviço, com um tratamento igual para usuários desiguais, os adimplentes e os inadimplentes, pois fere o princípio constitucional da isonomia.

A Constituição estabeleceu que cabe à lei ordinária dispor sobre: o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e da sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão; os direitos dos usuários; a política tarifária; e, a obrigação de manter o serviço adequado.

Para executar o referido mandamento constitucional, foi elaborado a Lei Federal nº 8.987/95, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão dos serviços conforme já citado anteriormente.

Essa Lei 8.987/95, ao dispor acerca do regime de concessão e permissão dos serviços públicos, relata hipóteses em que estes serviços podem ser interrompidos.

A lei autoriza a interrupção do serviço, nas situações de emergência ou com prévia comunicação ao usuário, quando este for inadimplente ou não oferecer as condições técnicas necessárias para que a concessionária possa executar o seu serviço, assim não pode ser caracterizada a descontinuidade do serviço público.

“Art. 6°. Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.

[...]

§ 3°. Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando:

I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,

II. por inadimplemento do usuário, considerando o interesse da coletividade.” (BRASIL, 2009, p. 1.565)

Analisa-se desse artigo, que a interrupção dos serviços públicos está restrita a dois requisitos: a emergência ou o aviso prévio. Entretanto, cumpre alertar que esses requisitos são alternativos e não cumulativos, ou seja, não é obrigatório que os dois estejam presentes no momento da interrupção, basta um dos dois, a emergência ou o aviso prévio para autorizar a interrupção do serviço nas hipóteses dos incisos I e II, §3º do art. 6º da Lei 8.987/95.

Por fim, cumpre esclarecer que essas regras são válidas para todo e qualquer serviço público cuja adequação dependa de regularidade técnica e de remuneração paga pelo usuário.

Entrando na análise da legislação que regula os serviços de energia elétrica, tem-se o Decreto nº 41.019 de 26 de fevereiro de 1957, que foi recepcionado pela CF/88 e regulamenta os serviços de energia elétrica, atribuindo a competência para fiscalizar a produção, transmissão, transformação e distribuição de energia elétrica ao Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica – DNAEE.

Assim dispõe o artigo 25 do referido decreto:

“Art. 25. À fiscalização caberá a organização de instruções sobre ligações aos consumidores, correção de irregularidades nos fornecimentos, e outras relativas à execução dos serviços, bem como colaborador nas relações entre consumidores e concessionários. Parágrafo Único – Competirá, ainda, à fiscalização, constatar as infrações cometidas pelos consumidores, autorizando ao concessionário quando for o caso, a aplicação das penalidades previstas nos contratos de concessão ou nos regulamentos em vigor.” (DECRETO nº 41.019/57)

Contudo, com o advento da Lei Federal nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, o DNAEE foi extinto, e foi instituída a Agência Nacional de Energia Elétrica –

ANEEL, autarquia sob regime especial, vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Além de instituir a ANEEL, a Lei 9.427/96 passou a disciplinar o regime das concessões de serviços públicos de energia elétrica e a dar outras providências.

Assim como a Lei 8.987/95, a Lei 9.427/96 também previu hipóteses de suspensão dos serviços públicos, mais particularmente em relação à suspensão do fornecimento do serviço de energia elétrica. De acordo com o que preconiza o art. 17, parágrafo único, da mencionada lei observa-se:

“Art. 17. A suspensão, por falta de pagamento, do fornecimento de energia elétrica a consumidor que presta serviço público ou essencial à população e cuja atividade sofra prejuízo será comunicada com antecedência de quinze dias ao Poder Público local ou ao Poder Executivo Estadual.

Parágrafo único. O Poder Público que receber a comunicação adotará as providências administrativas para preservar a população dos efeitos da suspensão do fornecimento de energia, sem prejuízo das ações de responsabilização pela falta de pagamento que motivou a medida.” (LEI nº 9.427/96)

É importante ressaltar, que a ANEEL regula os serviços de energia elétrica, expedindo os atos necessários ao cumprimento da legislação em vigor, fiscalizando e estimulando a melhoria do serviço prestado, preocupando-se com a boa qualidade dos serviços, observando o que determina a legislação vigente de proteção e defesa do consumidor.

A ANEEL, único órgão governamental com atribuições para definir as condições gerais de fornecimento do serviço de energia elétrica, inclusive com atribuição para definir as hipóteses que autorizam a sua suspensão, através da Resolução n° 456/00, estabelece que:

“Art. 91. A concessionária poderá suspender o fornecimento, após prévia comunicação formal ao consumidor, nas seguintes situações: I – atraso no pagamento da fatura relativa a prestação do serviço público de energia elétrica;

[...]

§ 1º - A comunicação deverá ser por escrito, específica e de acordo com a antecedência mínima a seguir fixada:

a) 15(quinze) dias para os casos previstos nos incisos I, II, III, IV e V.“ (RESOLUÇÃO nº 456/00)

Como já foi citado anteriormente, a lei 9.427/96 instituiu a ANEEL e fixou suas competências, determinando no art. 2° que:

“Art. 2º. A agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL tem por finalidade regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, em conformidade com as políticas e diretrizes do governo federal.” (LEI nº 9.427/96)

Dessa forma, a ANEEL é uma agência reguladora que possui á legitimidade para regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica podendo, inclusive, aplicar sanções àqueles que descumprirem suas determinações.

Assim, não se pode falar em ilegitimidade da ANEEL para elaboração de regras quanto à suspensão do fornecimento de energia elétrica.

Ainda é importante citar a Resolução n° 641/02 da ANEEL, que alterou alguns dispositivos da citada Resolução nº 456/00. Dentre essas alterações, destaca-se a alteração do §1º do art. 91, que passou a ter a seguinte redação:

“Art. 91. A concessionária poderá suspender o fornecimento, após prévia comunicação formal ao consumidor, nas seguintes situações:

I – atraso no pagamento da fatura relativa a prestação do serviço público de energia elétrica;

§ 1º A comunicação deverá ser por escrito, específica e com entrega comprovada de forma individual ou impressa em destaque na própria fatura, observados os prazos mínimos de antecedência a seguir fixados.

a) 15(quinze) dias para os casos previstos nos incisos I, II, III, IV e V.” (grifo nosso) (RESOLUÇÃO nº 614/02)

Portanto, verifica-se que a legislação em vigor autoriza a suspensão do fornecimento do serviço de energia elétrica ante a falta de pagamento da devida contraprestação pelo usuário desse serviço.

Sendo pacífico na doutrina e na jurisprudência que o corte, sem a prévia notificação, não pode ser efetivado como forma de pressionar o consumidor a efetuar o pagamento. Antes da realização do corte, é indispensável essa comunicação prévia ao consumidor, como também não pode ser realizado de modo que exponha o consumidor a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.

Recentemente Nova Lei Estadual da Paraíbade autoria do Deputado Romero Rodrigues protege os consumidores contra os abusos de concessionárias de serviços públicos. Foi publicada no Diário Oficial do Estado da Paraíba do dia 11 de Janeiro de 2011 e versa sobre a proibição da suspensão de fornecimento de energia

elétrica e água por falta de pagamento sem que o consumidor seja previamente avisado por carta com aviso de recebimento com antecedência mínima de 30 dias.

Outro aspecto importante é que a suspensão do fornecimento de energia elétrica por inadimplência não pode ocorrer quando se tratar de débitos pretéritos, devendo nesse caso ser utilizados os meios ordinários de cobrança. Essa suspensão do fornecimento de energia elétrica somente é permitida quando diz respeito a um débito atual, regular, referente ao mês de consumo.

Deve-se levar em consideração também o interesse da coletividade no momento de suspensão por inadimplemento do consumidor, ou seja, é possível que haja corte no fornecimento de energia por falta de pagamento quando, a mesma não afetar a coletividade, sendo assim, é possível cortar a energia de uma residência domiciliar, pois não afeta a coletividade.

Em relação a possibilidade de suspensão do fornecimento de energia elétrica á Pessoa Jurídica de Direito Público, constata-se como antijurídico o comportamento de se manter inadimplente para com a concessionária, já que deixando de cumprir a contra prestação, qual seja, o pagamento do consumo de energia, na época e nas condições pactuadas, rompe o equilíbrio financeiro do contrato.

A inadimplência contumaz dos Entes Públicos é um problema de suma gravidade. Além do prejuízo para os cofres públicos, do agravamento de ônus tributários para a sociedade e da desmoralização das instituições públicas gera intranqüilidade e incentiva a corrupção nas suas relações com o mercado.

Por se tratar, o fornecimento de energia elétrica aos Entes Públicos, de relação jurídica de Direito Privado, deve ser cumprida as obrigações contratuais negociadas. Neste caso, o pagamento pelo serviço prestado é justamente seu principal dever, não sendo justo exigir-se que a concessionária de energia elétrica continue a fornecer o serviço apesar da falta de pagamento, muitas vezes contumaz, do ente público.

Neste sentido, a Lei Federal nº 9.427/96, em seu art. 17º, dispõe expressamente acerca da possibilidade de suspensão do fornecimento de energia elétrica as unidades consumidoras do Poder Público que prestam, inclusive, serviço essencial a população, fazendo apenas uma ressalva, que a comunicação referente à possibilidade de suspensão do serviço seja encaminhada ao Poder Público local ou ao Poder Executivo Estadual, com antecedência mínima de 15 (quinze), conforme verifica-se da transcrição:

Art. 17º - A suspensão, por falta de pagamento, do fornecimento de energia elétrica a consumidor que presta serviço público ou essencial à população e cuja atividade sofra prejuízo será comunicada com antecedência de quinze dias ao Poder Público local ou ao Poder Executivo Estadual.

Parágrafo único. O Poder Público que receber a comunicação adotará as providências administrativas para preservar a população dos efeitos da suspensão do fornecimento de energia, sem prejuízo das ações de responsabilização pela falta de pagamento que motivou a medida. (LEI nº 9.427/96)

Visando dar mais amplitude a norma acima citada, o art 94 da Resolução 456/00 da ANEEL, além de reforçar o que já estava previsto na Lei Federal, incluiu um rol exemplificativo, dos serviços públicos, tidos como essenciais, o qual a concessionária deve observar os critérios prescritos acima, consoante se verifica da transcrição abaixo:

Art. 94 – A suspensão do fornecimento por falta de pagamento, a consumidor que preste serviço público ou essencial à população e cuja atividade sofra prejuízo, será comunicada por escrito, de forma específica, e com antecedência de 15 (quinze) dias, ao Poder Público local ou ao Poder Executivo Estadual, conforme fixado em lei.

Parágrafo único – Para fins de aplicação do disposto no “caput” deste artigo, exemplifica-se como serviço público ou essencial o desenvolvimento nas unidades consumidoras a seguir indicadas: I – unidade operacional do serviço público de tratamento de água e esgotos;

II – unidade operacional de processamento de gás liquefeito de petróleo e de combustíveis;

III – unidade operacional de distribuição de gás canalizado; IV – unidade hospitalar;

V – unidade operacional de transporte coletivo que utilize energia elétrica;

VI – unidade operacional do serviço público de tratamento de lixo; VII – unidade operacional do serviço público de telecomunicações; e VIII – centro de controle público de tráfego aéreo, marítimo e rodoferroviário. (RESOLUÇÃO 456/00)

Não resta dúvida de que a empresa concessionária pode, na ocorrência das hipóteses e condições acima mencionadas, implementar a suspensão do fornecimento de energia elétrica, não importando se esse usuário trata-se de pessoa jurídica de Direito Público.

Mas especificamente, no que se refere à suspensão do fornecimento de energia elétrica em desfavor dos entes públicos, o STJ mantém entendimento favorável ao “corte” de energia elétrica, conforme se depreende dos transcritos:

ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO DE

ENERGIA ELÉTRICA. INADIMPLÊNCIA. ENTE PÚBLICO.

PREVISÃO LEGAL. CONTRATO SINALAGMÁTICO.

PREVALÊNCIA DOS INTERESSES DA COLETIVIDADE.

FUNDAMENTOS ESSENCIALMENTE(STJ-1ª Turma; Resp 619610- RS, rel. p/ o acórdão Min. Francisco Falcão, j. 17/11/05, DJ 20/02/06 p. 207)

Desse modo, considerando todo o exposto e, tendo em vista que toda a legislação que trata acerca da prestação dos serviços públicos, mais especificamente, dos serviços de energia elétrica foi elaborada dentro dos limites constitucionais e legais, torna-se evidente a possibilidade da empresa concessionária, na ocorrência de inadimplemento, suspender o fornecimento de energia elétrica dos consumidores inadimplentes, desde que preenchidos os requisitos estabelecidos nas normas acima.

3.2 SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA E O

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