• Nenhum resultado encontrado

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.5 DISTÂNICAS DOS RESÍDUOS CATALÍTICOS COM A ARG149 DO INIBIDOR

A média das distâncias entre os resíduos catalíticos das xilanases e do resíduo Arg149 do inibidor XIP-I foi feita para obter parâmetros sobre a proximidade dos ácidos glutâmicos catalíticos que interagem com o inibidor, através do resíduo Arg149, como mostrado na figura 25. Quanto maior a proximidade espacial entre os resíduos, maior será a probabilidade de interação e menor será a energia potencial de interação.

Figura 25 - Distância dos entre os resíduos catalíticos das xilanases e o resíduo Arg149 do inibidor (XIP-1).

Fonte: Autor, 2016.

A figura 25 apresenta as distâncias médias entre os resíduos catalíticos e a Arg149 do inibidor. Em média, tem-se que o resíduo Arg149 do inibidor encontra-se 0.35nm mais próximo dos resíduos catalíticos da XYNC comparado à xilanase NpXyn. Desse modo, o resíduo Arg149 atua bloqueando o sítio catalítico da XYNC, algo que não acontece na mesma intensidade na xilanase NpXyn. Este fenômeno pode ser explicado pela presença dos resíduos “hot-spots” na região dos dedos da NpXyn, capaz de formar uma interface estável com a proteína inibidora antes mesmo do resíduo Arg149 (inibidor), bloqueando a interação com os resíduos catalíticos. No caso da XYNC, a ausência de resíduos “hot-spots”, na região dos dedos, suficientes para formar essa interface protéica permite que o resíduo Arg149 se

0 20000 40000 60000 80000 100000 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 D is tâ n ci a m é d ia ( n m ) Tempo (ns)

NpXyn (Glu113 e Glu201) XYNC (Glu86 e Glu177)

aproxime dos resíduos catalíticos da xilanase bloqueando-os, e provavelmente causando a inibição da mesma. Distâncias menores (Arg149-resíduos catalíticos) geram energias de interação mais atrativas. A análise local dos resíduos catalíticos foi fundamental para a identificação e explicação dos possíveis fatores responsáveis pelas diferentes sensibilidades à inibição exibida por essas xilanases.

6. CONCLUSÕES

O cálculo do RMSD ao longo da DM nos mostrou o quanto os complexos se estabilizaram estruturalmente ao longo do tempo de simulação. Verificaram-se tempos de equilibração distintos para cada proteína dos complexos simulados, devido às diferentes movimentações abre-fecha característicos das xilanases GH11.

As diferenças na movimentação da região/domínios dos dedos e polegar são decisivas para o processo de inibição, pois podem permitir ou não o acesso da XIP-1 ao sítio ativo das xilanases. Foi evidenciado pelos resultados que a NpXyn (não inibida) tinha as regiões/domínios mais travadas em relação a XYNC (inibida), e isso possibilitava à primeira alcançar uma conformação mais fechada, causando impedimento estérico. Os diferentes perfis de flexibilidade apresentados por essas xilanases em contato com o mesmo inibidor é um potencial indicativo que o processo de inibição está sendo governado, essencialmente, pela dinâmica do acoplamento proteína-proteína.

A quantificação do processo de inibição dessas xilanase pela proteína XIP-1 pode ser obtida a partir da energia potencial de interação entre os resíduos catalíticos (conhecidos previamente) e os resíduos mais próximos da XIP-1. A diferença energética de aproximadamente -8 kcal/mol entre a XYNC+XIP-1 e NpXyn+XIP-1 é suficiente para justificar o reconhecimento molecular que ocorre no complexo XYNC+XIP-1.

Alguns resíduos presentes na região/domínio dos dedos da NpXyn, tem o papel de impedir o acesso do inibidor à região catalítica através da formação de uma interface estável com a XIP-1, caracterizada pela identificação de 5 hot-spots. Os “hot-spots” identificados são os primeiros alvos de estudos de mutação sítio dirigida para desestabilizar uma interface proteica.

Uma proximidade maior entre os resíduos catalíticos da XYNC com o resíduo ARG149 do inibidor evidencia que há uma maior interação entre eles. Portanto, quanto menor a distância entre esses 3 resíduos, mais atrativa será a energia potencial de interação e consequentemente maior será a interação.

Com esse estudo foi possível correlacionar todo o aporte que já era conhecido, de bases experimentais, com a aplicação da dinâmica molecular para compreender melhor a nível microscópico, o processo molecular da inibição de xilanases GH11.

REFERÊNCIAS

Aehle, W. (2004). Enzymes in Industry – Production and Applications, John Wiley, ISBN 352-729-592-5, New York.

Malherbe, S., Cloete, T. E. Environ. Sci. Biotecnol, 1, 105, 2003.

Saha, B. C., Biotecnology Advances, 18, 403, 2000.

Turner, P., Mamo, G., Karlsson, E. N., Microbial Cell Factories, 6, 9, 2007.

Wouters, J., Georis, J., Engher, D., Vandenhaute, J., Dusat, J., Frere, J. M., Depiereux, E., Carlier, P., ActaCryst., 57,1813, 2001.

W. Debyser, G. Derdelinckx, J.A. Delcour, Arabino xylan solubilization and inhibition of

the barley malt xylanolytic system by wheat during mashing with wheat whole meal adjunts: evidence for a new class of enzyme inhibitors in wheat, J. Am. Soc. Brew. Chem.

55 (1997) 153– 156.

W. Debyser, J.A. Delcour, Inhibitors of xylanolytic and h-glucanolytic enzymes,

International Patent Application. WO 98/49278, 1998.

X. Rouau, A. Surget, Evidence for the presence of a pentosanase inhibitor in wheat

flours, J. Cereal Sci. 28 (1998) 63– 70.

Payan, F., Leone, P., Porciero, S., Furniss, C., Tahir, T., Williamson, G. et al. (2004).The

dual nature of the wheat xylanase protein inhibitor XIP-I: structural basis for the inhibition of family 10 and family 11 xylanases. J. Biol. Chem. 279, 36029–36037.

Arnold, F. H., Chemical Engineering Science. 51, 5091, 1996.

NELSON, D.L., Cox, Michael M.Lehninger – Princípios de Bioquímica, capítulos 1-8, 6° Ed, Porto Alegre, Artmed, 2014.

D. Voet, J. Voet, Biochemistry,Jonh Wiley and Sons, New York, (1995).

Devlin, T.M. Manual de Bioquímica com correlações clínicas. Ed. Edgar Blucher, São Paulo. 1997.

Vieira, Davi Serradella. Estrutura, termoestabilidade e atividade de xilanases: um

estudo via simulação molecular. Ribeirão Preto, 2007.

Brett, C. T. & Waldren, K. (1996). Physiology and biochemistry of plant cell walls. In

Topics in Plant Functional Biology (Black, M. & Charlewood, B., eds), vol. 1, Chapman

and Hall, London.

G. O. Aspinall, The Polysaccharides, vol I e III, Academic Press, Inc., London, (1985).

P. Biely, Biochemical aspects of the production of microbrialhemicellulases. In

Hemicellulose and hemicellulases, ed Coughlan, Portland Press, London, (1993)

N. Kulkarni, A. Shendye, M. Rao, FEMS Microbiol. Reviews, 23, 411, (1999).

T. K. Kirk, T. W. Jeffries, Enzimes for Pulp and Paper Processing, American Chemical

Society, (1996).

Coutinho, P. M., Henrissat, B. Carbohydrate-active enzymes Server. 1999.

Biely, P., Vrsanská, M., Tenkanen, M., Kluepfel, D. Endo-β-1,4-xylanase families: differ‐

ences in catalytic properties. Journal of Biotechnology. 1997;57: 151–166.

J. R. du Manoir, J. Hamilton, D. J. Senior, R. L. Bernier, J. E. Grant, L. E. Mooser, Proc. Int.

Pulp Bleaching Conf., Stockholm, 123, (1991).

Vardakou, M., Dumon, C., Murray, J. W., Christakopoulos, P., Weiner D. P., Juge, N., Lewis, R. J., Gilbert, H. J., Flint, J. E, Understanding the structural basic for substrate and

inhibitor recognition in eukaryotic GH11 xylanase.J. Mol. Biol. (2008) 375, 1293-1305.

(RCSB Protein Data Bank) - www.rcbs.org/pdb.

Morgon, Nelson H., Coutinho, Kaline. Métodos de química teórica e modelagem

molecular, Livraria da Física. São Paulo, 2014.

M. P. Allen, D. J. Tildesley, Compuer Simulation of Liquids, Claredon Press, Oxford, (1987).

D. Frenkel. B. Smit, Undestanding Molecular Simulation, Academic Press, (1996).

W. F. van Gunsteren, S. R. Billeter, A. A. Eising, P. H. Hünenberger, P. Krüger, A. E. Mark, W. R. P. Scott, I. G. Tironi, Biomolecular Simulation: The GROMOS96 Manual and User

Guide, Biomos, Groningen, (1996).

U. Stocker, W. F. van Gunsteren, Proteins, 40, 145, (2000).

T. Darden, D. York, L. Pedersen, J. Chem. Pshy.,98, 10089, (1993).

U. Essmann, L. Perera, M. L. Berkowitz, T. Darden, H. Lee, L. Perdersen, J. Chem. Phys., 103, 8577, (1995).

I . G. Tironi, R. Sperb, P. E. Smith, W. F. van Gunsteren, J. Chem. Phys., 102, 5451, (1995).

E. Lindahl, B. Hess, D. van der Spoel, J. Mol. Model, &, 306, (2001).

H. J. C. Berendsen, J. P. M. Postma, W. F. van Gunsteren, J. Hermans, Interactions models

for water in relation to preotein hydration. In:Intermolecular Force. Pullman, B. ed Reidel

Publishing Company Dordrecht, 331, (1981).

Berendsen, H. J. C., Postma, J. P. M., Dinola, A., Haak, J. R. J. Chem. Phys., 81, 3684, (1984).

S. Miyamoto, P. A. Kollman, J. Com. Chem., 13, 952, (1992)

B. Hess, H. Becker, H. J. Berendsen, J. G. E. M. Fraaije, J. Comp. Chem., 18, 1463, (1997).

T. Clackson, J. A. Wells, A hot spot of binding energy in a hormone-receptor interface. Science267, 383–386 (1995).

A. A. Bogan, K. S. Thorn, Anatomy of hot spots in protein interfaces. J. Mol. Biol. 280, 1– 9 (1998).

T. Kortemme, D. Baker, A simple physical model for binding energy hot spots in protein-

protein complexes. Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. 99, 14116–14121(2002).

B. S. Chevalier , T. Kortemme, M. S. Chadsey, D. Baker, R. J. Monnat, B. L. Stoddard,

Design, activity, and structure of a highly specific artificial endonuclease.Mol. Cell10,

B. Kuhlman, D. Baker, Native protein sequences are close to optimal for their

structures.Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. 97, 10383–10388 (2000).

Kuzmanic, A., Zagrovic, B., Determination of Ensemble-Average Pairwise Root Mean-

Square Deviation from Experimental B-Factors. Biophysical Journal. Volume 98 (2010),

861–871.

Vieira, D. S., Degrève, L., Ward. R. J., Characterization of temperature dependent and

substrate-binding cleft movements in Bacillus circulans family 11 xylanase: A molecular dynamics investigation. Biochimica et Biophysica Acta. 1790 (2009) 1301–1306.

Documentos relacionados