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2. Histórico

3.2. Distribuição de Combustíveis

A apresentação deste setor focará apenas os dados principais que podem mostrar a importância e a dinâmica que o setor de distribuição de combustíveis terá para o grupo Cosan. O fato mais importante do setor é que ele movimentou um volume crescente em ritmo muito acelerado, acompanhando o consumo de veículos automotores. Entre 2002 e 2011, o consumo de derivados de petróleo cresceu ao ano em média 2,8%, sendo que a gasolina C cresceu mais, cerca de 4,6% ao ano em média.

Tabela A.5. Vendas Nacionais pelas distribuidoras - principais derivados de petróleo

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Já o segmento de etanol se divide em dois. O Etanol anidro, misturado à gasolina, tem aumento de vendas proporcional ao da Gasolina C (4,6%). Já o Etanol Hidratado, vendido como Etanol Combustível (Álcool), cresceu 11,1% ao ano em média, sendo que houve uma queda muito grande entre 2009 e 2011 – a taxa de 2001 até 2009 teria sido 20,2% ao ano.

Tabela A.6. Vendas Nacionais pelas distribuidoras – etanol hidratado

Fonte: ANP (2012).

Trata-se de um negócio relativamente seguro, uma posição de intermediário. O que mede a capacidade de uma empresa obter mais ganhos no negócio é o seu tamanho e eficiência operacional, já que as margens não são altas. Ainda assim, o setor se comporta como oligopsonista frente ao mercado de etanol (no mercado de derivados do petróleo, só há um vendedor, a Petrobras). Na tabela abaixo, vemos como o mercado é concentrado e como ocorreram aquisições e fusões (destaque para a compra dos ativos da Esso pela Cosan e a união da Shell e Cosan no ano seguinte, que originou a Raízen).

Tabela A.7. Mercado de distribuição de combustíveis no Brasil – principais empresas

(*) Na rubrica “Outros” no item “Postos revendedores” estão incluídos postos “bandeira branca”

Óleo Diesel Gasolina C Etanol Hidratado Postos Revendedores

2009 2010 2011 2009 2010 2011 2009 2010 2011 2009 2010 2011 BR 34,9% 40,6% 40,2% 26,0% 29,7% 29,8% 19,3% 21,2% 21,3% 17,0% 19,9% 19,9% Ipiranga 18,0% 22,3% 23,0% 13,2% 19,6% 20,0% 11,5% 16,5% 16,4% 10,7% 13,4% 13,8% Raízen 0,0% 0,0% 14,7% 0,0% 0,0% 17,5% 0,0% 0,0% 18,0% 0,0% 0,0% 9,5% Shell 9,6% 9,7% 0,0% 11,2% 11,2% 0,0% 12,4% 13,2% 0,0% 5,5% 5,8% 0,0% Cosan 0,0% 5,8% 0,0% 0,0% 6,7% 0,0% 0,0% 5,1% 0,0% 0,0% 4,0% 0,0% Esso 4,5% 0,0% 0,0% 6,9% 0,0% 0,0% 4,9% 0,0% 0,0% 4,0% 0,0% 0,0% Chevron 8,2% 0,0% 0,0% 8,9% 0,0% 0,0% 6,8% 0,0% 0,0% 5,5% 0,0% 0,0% Alesat 3,0% 3,0% 2,9% 5,9% 5,7% 5,3% ND 2,2% 2,2% 2,9% 3,6% 3,6% Outras(*) 21,8% 18,6% 19,2% 27,9% 27,1% 27,4% 45,1% 41,8% 42,1% 54,4% 53,3% 53,2%

193 4. Crescimento e transformações

A trajetória do grupo Cosan nos anos 2000 pode ser descrita em duas fases: o período de crescimento dentro do setor sucroalcooleiro e atividades correlatas, através da aquisição – alavancada – de usinas concorrentes; e o período de diversificação para outros setores muito distintos até a formação da joint-venture Raízen com a Shell, representando a incapacidade mesmo do líder do ramo de açúcar e etanol se manter no negócio sem outros suportes, que são o grande capital internacional e o Estado. O paradoxo é como uma empresa que foi a maior do mundo no ramo e se tornou a primeira integrada com distribuição de etanol (e demais combustíveis) fez uma operação de associação que representa uma potencial venda futura do negócio, sua saída do mesmo ramo, considerado uma “montanha-russa” nas palavras do controlador da Cosan163. O resultado é uma fuga para setores mais estáveis.

As características técnicas do setor sucroalcooleiro (ver mais detalhes no item “Base produtiva”) implicam uma dificuldade de aumentar a escala produtiva das usinas, o que exige que, para se crescer no setor, sejam construídas novas usinas ou adquiridas usinas existentes. A segunda opção foi o caminho estratégico da Cosan para se tornar a maior no ramo, aproveitando a possibilidade de tirar proveito de ganhos de escala gerenciais e logísticos.

Ao longo da década de 2000, só para mencionar os exemplos mais relevantes, a Cosan adquiriu as Usinas Rafard, Gasa, Univalem, Dois Córregos, da Barra e Junqueira (2000- 2004), Mundial e Destivale (2005), Bom Retiro, Tamoio e Bonfim (2006), Santa Luiza (2007) e Benálcool (2008). Em 2009, adquiriu o grupo NovAmérica S.A. Agroenergia em 2009 com 3 usinas, 1 projeto greenfield em Caarapó (MS), duas refinarias de açúcar, quatro empacotadoras de açúcar e as marcas União, Dolce, Neve e Duçula. Além disso, inaugurou 1 nova usina em Jataí (GO) em 2009 como uma das mais modernas do mundo).

Para se ter uma noção da importância que as aquisições têm para o resultado final da Cosan no setor, analisemos sua capacidade física. Tomemos como indicador de produção física a capacidade diária de moagem de cana que, em 2009, era de 310,9 mil toneladas/dia164. Desta capacidade total: (i) apenas 75,4 mil ton./dia (24,3%) correspondem à capacidade (em 2009) de

163 Cf. Onaga (2013)

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usinas que a Cosan possuía antes dos anos 2000; o restante corresponde à capacidade de usinas adquiridas ou novas; e (ii) somente 9,4% correspondem à capacidade das usinas (duas) novas construídas pela empresa (greenfield) na década de 2000. Portanto, 66,4% da capacidade

diária de moagem da companhia em 2009 correspondia à capacidade de usinas adquiridas ao

longo dos anos 2000.

Os dados para análise da Cosan são baseados em Relatórios que começaram a ser publicados em 2007, quando a companhia abriu capital. Portanto, os dados iniciais, referentes a 2006, já representam uma boa parte das aquisições feitas na primeira metade da década. No final da década, a Cosan já colecionada títulos de liderança no setor165.

Gráfico A.11. Cosan – Receita Operacional Líquida (ROL) por atividade no segmento Açúcar e Etanol (R$ milhões)

Fonte: Elaboração própria com dados dos Relatórios Anuais e de Administração da Cosan.

165 A Cosan já era em 2009 a maior exportadora mundial de açúcar, maior produtora de etanol a partir da cana-de-

açúcar e maior geradora de energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar. Em 2011/12, já era a maior empresa do setor de energia renovável, uma das maiores distribuidoras de combustíveis do Brasil; maior produtora de cana-de- açúcar, etanol e cogeração de energia do Brasil, uma das maiores do mundo; maior transportadora e operadora portuária de açúcar no mundo; e foi líder de mercado varejista de açúcar no Brasil (30% de market-share), negócio vendido em 2012.

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Como foi explicado no item anterior “Mercados”, o padrão de vendas dos mercados é marcado pela proeminência dos mercados externos para o açúcar e dos internos para o etanol. Como se vê na tabela abaixo, é exatamente este o padrão de vendas da Cosan no setor sucroalcooleiro. Além dos dois principais produtos, as usinas passaram a apostar pesado na produção de energia elétrica a partir de termoelétricas movidas pela queima do bagaço da cana- de-açúcar, obtendo rendimentos adicionais expressivos economizando gastos com, energia e chegando a vender seu excedente (a atividade chegou a 3,2% da Receita operacional líquida no ramo em 2012). Do ponto de vista das subdivisões do ROL, a há forte estabilidade na proporção entre açúcar e etanol e entre mercado interno e externo.

Tabela A.8. Cosan - Receita Operacional Líquida do setor Açúcar e Álcool (%)

2006 2007 2008 2009 2010(*) 2011(*) 2012(*) Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% Açúcar 60,1% 61,4% 52,2% 56,7% 62,8% 60,3% 54,0% .Mercado Interno 11,8% 9,4% 9,0% 7,3% 19,7% 21,7% 16,8% .Mercado Externo 48,3% 51,9% 43,2% 49,4% 43,0% 38,6% 37,2% Etanol 34,6% 32,9% 40,9% 36,9% 32,5% 34,5% 39,6% .Mercado Interno 28,6% 24,6% 29,6% 24,3% 24,6% 30,7% 31,0% .Mercado Externo 6,0% 8,2% 11,3% 12,6% 7,8% 3,8% 8,6% Cogeração 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1,7% 2,9% 3,2%

Outros Produtos e Serviços AA 5,3% 5,7% 6,9% 6,4% 3,0% 2,3% 3,1%

Mercado Interno 45,7% 39,8% 45,5% 38,0% 49,1% 57,6% 54,2% Mercado Externo 54,3% 60,2% 54,5% 62,0% 50,9% 42,4% 45,8%

Observações: (*) Dados da Raízen

Fonte: Elaboração própria com dados dos Relatórios Anuais e de Administração da Cosan.

Apesar da posição de liderança em números absolutos166, a Cosan opera em um segmento (produção) que se mostra um elo frágil da cadeia. Em ambos os produtos, o usineiro

166 No setor açúcar, a Cosan está assim localizada: no plano internacional, ela saiu de 2,9% das exportações

(2002/2003) para chegar a 5,6% (2008/2009/2010) e depois 4,9% (2012/2013); chegou a 2,6% da produção mundial em 2010/2011; e no plano nacional, chega a produzir perto de 11% de toda a produção em 2010/2011. Já no setor etanol, a Cosan também é relevante no mercado brasileiro, produzindo entre 8% e 10% do etanol entre 2010 e 2011; sua produção equivale a mais de 2,0% de todo o etanol produzido no mundo no mesmo período.

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depende da demanda e basicamente mobiliza apenas seus custos de produção (terras, salários, capital fixo, energia e cana-de-açúcar) e se depara com as condições desfavoráveis de barganha na venda. Como visto no item “Mercados”, os fatores de oferta do setor são corresponsáveis pela crise atual, em especial safras ruins, mudança para a mecanização da colheita (ainda menos produtiva que a manual) etc., além dos custos financeiros. E também foi visto que ambos os mercados são concentrados nas mãos de poucas empresas – e com a Cosan não é diferente, conforme dados da própria empresa:

Tabela A.9. Cosan – Principais compradores de Açúcar (%)

Açúcar 2006 2007 2008 2010-2011 Externo Sucres et Denrées (Sucden) 33,7% 33,3% 23,6% 33,4%

Coimex Trading Ltd 11,3% 11,5% 6,9% 12,6%

S.A. Fluxo 0,8% 9,5% 11,2% -

Tate & Lyle International 10,0% 5,3% 9,2% 5,3%

Cane International Corporation 12,8% 2,2% 7,2% -

Cargill International S.A. - - - 4,8%

Total Externo 68,6% 61,8% 58,1% 56,1%

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Tabela A.10. Cosan – Principais compradores de Etanol (%)

Etanol 2006 2007 2008 2010-2011 Externo Vertical UK LPP 9,3% 11,6% 13,6% 8,0%

Kolmar Petrochemicals 0,3% 6,2% - -

Vitol Inc. - - 3,5% -

Morgan Stanley Capital Group - - 2,9% -

Alcotra S.A. 5,8% - - -

Mitsubishi Corporation - - - 2,0%

Total Externo 15,4% 17,8% 20,0% 10,0% Interno Shell Brasil Ltda. 27,8% 14,8% 20,1% 15,0%

Petrobrás Distribuidora S.A. 12,0% 9,2% 8,0% 17,0%

Manancial Distribuidora de Petróleo Ltda. 2,3% 8,2% - -

Euro Petróleo do Brasil Ltda. - - 14,3% 7,0%

Cia Brasileira de Petróleo Ipiranga - - 6,1% 15,0%

Tux Distribuidora de Combustíveis Ltda - - 5,7% -

Cosan Combustíveis e Lubrificantes S.A. - - - 5,0%

Braskem S.A. - - - 4,0%

Total Interno 42,1% 32,2% 54,2% 63,0% TOTAL 57,5% 50,0% 74,2% 73,0%

Fonte: Elaboração própria com dados dos Relatórios Anuais e de Administração da Cosan.

A organização da empresa no ano de 2007 mostra bem o que era a Cosan ainda baseada no setor sucroalcooleiro, o primeiro período de análise. Além do setor base, a empresa já possuía atividades logísticas (terminais portuários) que dariam origem à controlada Rumo Logística (ver adiante em “Base produtiva”).

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Figura A.1. Organograma das atividades da Cosan em 2007

Fonte: Cosan, Relatório Anual de Desempenho, 2007.

A mudança de perfil da Cosan se iniciou em dezembro de 2008, quando adquiriu os ativos da Esso no Brasil, que incluíam a distribuição de combustíveis e a produção e distribuição de lubrificantes. Em 2009, primeiro ano em que os dados relativos à distribuição de combustíveis entraram nos balanços, a Cosan passou a ter metade das receitas líquidas neste novo segmento, fatia que só cresceu adiante, após a constituição da Raízen.

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Tabela A.11. Cosan - Receita Operacional Líquida (ROL) por segmento (%)167

Obs.: a) Não inclui ativos de Combust./Lubrif.; (b) Inclui 100% da ROL Raízen; (c) Inclui 50% da ROL Raízen.

2006 2007 2008(a) 2009 2010 2011 2012(b) 2012(c) Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% Açúcar 60,1% 61,4% 52,2% 28,8% 22,0% 21,3% 8,5% 7,9% Etanol 34,6% 32,9% 40,9% 18,8% 11,4% 12,2% 6,3% 5,8% Cogeração 0,0% 0,0% 0,0% 0,2% 0,6% 1,1% 0,5% 0,5% Outros AA 0,0% 0,0% 6,9% 2,1% 1,0% 0,8% 0,5% 0,5% Venda de Combustível 0,0% 0,0% 0,0% 46,2% 61,5% 60,4% 76,4% 70,8% Venda de Lubrificantes 0,0% 0,0% 0,0% 3,0% 0,4% 4,6% 2,2% 4,1% Outros CL 0,0% 0,0% 0,0% 0,4% 0,5% 0,4% 2,2% 4,1% Logística 0,0% 0,0% 0,0% 0,9% 1,0% 2,5% 1,2% 2,3% Alimentos 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 4,9% 2,0% 3,8% Outros 5,3% 5,7% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,1% 0,2% Elimin. de consolidação 0,0% 0,0% 0,0% -0,3% -2,3% -3,2% 0,0% 0,0%

Fonte: Relatórios Anuais e de Administração da Cosan (Elaboração própria).

Em tese, um dos problemas típicos do usineiro, a posição desfavorável no setor mais problemático, o de etanol, estaria parcialmente resolvida na Cosan, uma vez que a integração com a distribuição compensaria os baixos preços obtidos juntos aos distribuidores em geral. Quando o salto para uma possível gigante do setor despontava como possiblidade, ocorreu a formação da Raízen.

Em 2010, a Cosan e a Shell constituíram uma joint-venture chamada Raízen, unindo os seus ativos no setor sucroalcooleiro (somente Cosan) e no setor de distribuição de combustíveis, com percentuais do capital (50%) iguais para os dois lados. Foram criadas duas subdivisões, a Raízen Energia (sucroalcooleira), com 51% do capital da Cosan, e a Raízen Combustíveis, com 51% do capital para a Shell. O mais importante, contudo, são os termos da constituição da empresa: o Acordo Vinculante para criação da Joint-Venture, de 25/08/2010, garante à Shell a possibilidade de compra da participação da Cosan em 2020, embora o contrário

167 Note-se que ainda não foram incluídos aí as receitas da Comgás. Se adicionássemos a Comgás e retirássemos a

Cosan Alimentos do total, a ROL da Comgás significaria 19% em 2011 e 18% em 2012 da ROL total, próximo do negócio da Raízen Energia (Açúcar e Etanol).

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possa ocorrer em 2025 (caso a Shell não compre integralmente a participação da Cosan)168. Em reportagem da Revista Exame em 16/05/2012 sobre o grupo Cosan, é citado o analista Salim Morsy, da Bloomberg New Energy Finance, que afirma que “[o] acordo parece mais uma operação de aquisição do que uma joint-venture” (ONAGA, 2012).

Trata-se de um marco divisor da estratégia do grupo que nos anos seguintes só faz progredir: a busca por estabilidade e segurança. Após um período de crescimento em cima da especulação no setor sucroalcooleiro, apoiado em crescentes empréstimos no mercado internacional (ver “Base financeira” adiante), a Cosan não sobrevive à crise instaurada no setor e se apoia no grande capital internacional. Aparentemente, o setor sucroalcooleiro, ou pelo menos o segmento do etanol, não possui uma capacidade de existência própria sem um largo suporte do Estado, como ocorreu no período do Proálcool. O peso das oscilações do negócio seria demais para um capital brasileiro, mas não para um grupo do porte da Shell – que tem poder financeiro para suportar uma série de pequenos negócios (para seu tamanho) de energia alternativa, dos quais possa se livrar no futuro, se assim achar melhor. Para a Cosan, o ramo de açúcar e álcool é uma “montanha-russa” (ONAGA, 2012).

Em consonância com a estratégia de segurança, a Cosan:

 Retirou-se do setor de alimentos. Nele, ela possuía cerca de 40% do mercado de varejo de açúcar em 2011 e grandes marcas (União e Da Barra). Em outubro de 2012, ela sai do negócio, inicialmente (maio/2012) por uma troca do controle da Cosan Alimentos por dinheiro mais uma participação minoritária na Camil, e em seguida (outubro), a Cosan decidiu alienar completamente suas atividades no varejo de alimentos por R$ 463,8 mi para focar em energia e infraestrutura.

 Entra no ramo de distribuição de gás: em novembro de 2012, com a aprovação da compra de 60,1% da participação da British Gas (BG) na Comgás pelo valor de R$ 3,4 bi. A empresa é o maior distribuidor do país, atendendo a 1 milhão de consumidores no estado de São Paulo. O outro grande controlador é a Shell.

168 “A Cosan e a Shell concederão uma a outras opções de compra recíprocas. No 10º aniversário do Fechamento, a

Shell terá uma opção para compra de metade ou da totalidade da participação da Cosan na Joint Venture proposta. Caso a Shell opte por exercer tal opção, a Cosan terá o direito de decidir se irá vender metade ou a totalidade de sua participação na JV proposta. No 15º aniversário do Fechamento, uma parte terá o direito de comprar a totalidade ou uma parcela da participação da outra companhia na Joint Venture proposta.” (Fato Relevante da Cosan de 25/08/2010).

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 Busca reforçar sua posição na área de logística ligada à distribuição e exportação de

commodities: através da Rumo Logística, controlada criada em 2008 para reunir atividades de transporte ferroviário, dutoviário hidroviário e portuário de açúcar, álcool e outros produtos. Em 2013 tentou adquirir controle da América Latina Logística – ALL, importante concessionária de ferrovias no Brasil, inicialmente sem sucesso, mas com um horizonte positivo para breve após a intervenção do governo na questão169.

Observando as margens brutas de cada um dos segmentos em que passou a atuar, é possível entender as razões da diversificação radical da Cosan:

Tabela A.12. Cosan – Margem Bruta por segmento

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total do Grupo 30,5% 31,2% 12,8% 12,7% 13,9% 10,9% 10,7% Açúcar ND ND 12,7% 27,3% 37,4% 32,3% 28,4% Etanol ND ND 10,9% 7,4% 0,1% 8,5% 14,5% Combustíveis e Lubrificantes ND ND ND 6,1% 7,6% ND ND Venda de Combustível ND ND 5,0% 3,9% ND 4,3% 5,6% Venda de Lubrificantes ND ND 39,1% 27,5% ND ND ND Logística ND ND ND 25,6% 27,0% 29,4% 31,1% Alimentos ND ND ND ND ND 23,6% 20,1% Distribuição de Gás Natural ND ND ND ND ND 27,0% 26,5%

Fonte: Relatórios Anuais e de Administração da Cosan (Elaboração própria).

Em suma, os movimentos da segunda fase da Cosan mostram uma opção estratégica pelo agronegócio mais simples ou “bruto” – a produção e comercialização de açúcar sem passar por processamento de alimentos; associação ao capital internacional no setor sucroalcooleiro, “alugando” suas operações e projetando sua venda futura; exploração de transporte de commodities para exportação (especialmente, ainda que não só). Além disso, a Cosan busca

169 Uma disputa pelo controle da ALL e uma briga judicial por causa de contratos da ALL com a Rumo Logística

poderá chegar ao fim através da intervenção do governo Dilma. No início de 2014, o governo, em busca de intensificar os investimentos em concessões e ferrovias, passou a operar a entrada da Cosan no bloco controlador da ALL e mesmo a sua tomada do controle da empresa (BITENCOURT & RITTNER, 2014).

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aproveitar oportunidades de ativos com alta rentabilidade e absoluta segurança, como é o caso da intermediação (distribuição) de combustíveis e de gás (Comgás).

No fim, a estrutura de controle da Cosan ficou como a figura abaixo, retirando-se o setor de alimentação e adicionando-se o de gás natural:

Figura A.2. Organograma das atividades da Cosan em 2011(*)

Fonte: Cosan, Relatório Anual de Desempenho, 2011.