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Áreas Prioritárias Para Conservação

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES, STATUS E USO DO HABITAT

Para conhecer a distribuição geográfica das aves estudadas e analisar as lacunas na sua conservação e suas relações com os ambientes, foram utilizados mapeamentos elaborados por Ridgely e outros (2003).

Os mapeamentos de distribuição das espécies elaborado por Ridgely e outros (2003), foram produzidas por meio da digitalização de mapas existentes na literatura científica em escalas de 1:5.000.000 a 1:10.000.000. A metodologia utilizada por Ridgely e outros (2003) envolveu revisões realizadas por ornitólogos, cujas correções e observações foram incorporadas aos mapas.

Observou-se que o mapeamento de distribuição da A. leari elaborado por Ridgely e outros (2003) está aquém das áreas registradas na literatura. Desta forma, preferiu-se utilizar o mapa de ocorrência da espécie utilizado pelo CEMAVE (2005), que considera além das áreas de reprodução, as áreas de deslocamento das aves nos municípios onde já foram avistadas.

Durante os estudos, a análise destes mapas foi subsidiada com as informações obtidas na literatura científica. Desta forma, a descrição do habitat com foco sobre a fisionomia vegetal, foi a solução encontrada para predizer com maior segurança a área de distribuição das espécies.

Os registros de ocorrência e observação das espécies obtidas no levantamento bibliográfico foram fundamentais para conhecer a distribuição geográfica das aves e para caracterização dos seus habitats. Considerando as relações ecológicas entre as aves e a vegetação, foi feita uma análise da fisionomia vegetal e seu estado de conservação como indicativo da ocorrência das espécies.

O mapa de cobertura vegetal (DDF, 1998) foi utilizado como subsídio para identificação das áreas cobertas por florestas estacionais, caatingas arbóreas e campos rupestres. Desta forma, estes tipos vegetacionais, relacionados à ocorrência das espécies estudadas, foram separadas do mapa de cobertura vegetal.

Segundo Jennings (2000) uma base de dados das associações dos habitats com cada espécie pode ser desenvolvido por meio de uma exaustiva revisão da literatura. A partir deste conhecimento, podem ser construídos modelos de relação espécie-habitat para cada espécie, utilizando conjuntos de informações geográficas do ambiente. A vegetação pode determinar a diversidade biológica, já que sua estrutura e composição certamente afetam as interações entre as espécies.

Para identificar os hábitos das espécies com relação a sua dependência a ambientes florestais, foram consultados os estudos desenvolvidos por Silva e outros (2003), que indicam ainda a sensitividade das aves a distúrbios do habitat provenientes de atividades humanas.

Observa-se que no mapa de cobertura vegetal utilizado, as florestas decíduas e semi- decíduas não estão separadas e sim aglutinadas como ‘Florestas Estacionais’. Considerando que os dois ambientes são freqüentados pelas espécies dependentes e semi- dependentes de ambientes florestais, este fato não prejudicou a análise.

Para o Augastes lumachella foram considerados os campos rupestres da Chapada Diamantina. Para análise da Penelope jacucaca, Herpsilochmus pectoralis e

Xiphocolaptes falcirostris foram considerados os ambientes florestais acima mencionados.

A área de ocorrência da arara-azul-de-lear é definida em função da distribuição dos licurizeiros (Syagrus coronata), normalmente associados à caatinga arbórea e arbustiva na região do Raso da Catarina, sendo seus principais pontos de repouso e reprodução já conhecidos e registrados, a Toca Velha (Canudos) e a Serra Branca (Jeremoabo).

3.2 ANÁLISE DE LACUNAS

Para análise do grau de proteção das espécies pelas Unidades de Conservação da Natureza, identificou-se previamente qual a composição da atual rede de áreas protegidas do bioma caatinga do estado da Bahia, além de vasta revisão da literatura quanto aos conceitos e modelos de gestão, manejo e planejamento destes espaços, conforme observado no item 1.3 do Capítulo 1.

Não foram incluídas na análise, as UC municipais e nem as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN). A maior parte das UC municipais ainda não se enquadra nas categorias do SNUC e assim como as RPPN, não foi possível obter o mapeamento das mesmas.

Para identificar as lacunas na conservação da avifauna, foi necessário partir da distribuição das espécies, e sobrepor a esta, o mapa de Unidades de Conservação da Natureza. Para a poligonal de ocorrência de cada espécie, por meio da ferramenta intersect do ArcGis se identificou a área protegida por UC de proteção integral.

Para avaliar se as espécies estudadas são ou não espécies-lacuna, foi empregado o método de Purvis e outros (2000). Este método define que as espécies com distribuição restrita, ou seja com área menor que 1.000 km² devem ter 100% da sua área coberta por UC, por estarem mais suscetíveis a extinção. Espécies com áreas de distribuição superiores a 250.000 km² precisam possuir pelo menos 10% de sua área protegida.

Segundo Rodrigues e outros (2004b) apesar deste valor (250.000 km²) parecer arbitrário, na verdade corresponde a uma média da área de distribuição de um terço das espécies de aves do mundo e 10% corresponde a área aproximada sob proteção na superfície do planeta. Para as espécies cuja área de ocorrência foi intermediária entre 1.000 e 250.000 km², o cálculo da área a ser protegida foi feito através da interpolação entre estes dois valores extremos utilizando transformação logarítmica com a seguinte formula: Y= log(X) x (-37,53) + 212,6, onde Y corresponde a área mínima necessária para conservação da espécie e X a área de ocorrência da espécie.

Para analisar o grau de cobertura das aves selecionadas para este estudo, os valores foram calculados em função da área de ocorrência das espécies no estado da Bahia. A

formula acima citada foi aplicada para todas as espécies estudadas, com exceção da

Penelope jacucaca cuja área de ocorrência na Bahia foi superior a 250.000 km².

Para análise do grau de proteção da espécie Augastes lumachella foi considerado apenas a extensão dos campos rupestres inseridos em sua área de ocorrência, já que a distribuição desta espécie é diretamente relacionada a este tipo de ambiente.

A ARIE do Cocorobó não foi incluída na análise de lacunas, pois cerca de 90% da sua área está inserida na APA Serra Branca/Raso da Catarina.