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Distribuição dos resultados e medidas de localização, de tendência central e de

PARTE III – Resultados e Discussão

Capítulo 7 – Análise e discussão dos resultados

7.1.1. Distribuição dos resultados e medidas de localização, de tendência central e de

Enquadrados no objetivo um desta investigação, as análises seguintes (7.1.1. a 7.1.5) pretendem responder à questão de investigação proposta: QI_1 – Os resultados da Escala sobre Adaptabilidade seguem a mesma tendência das investigações realizadas a nível nacional e internacional?

Para a tomada de decisão sobre as opções estatísticas a tomar nas análises diferenciais, é crucial o conhecimento da distribuição dos resultados (Maroco, 2007). Assim, num primeiro momento, averiguaram-se as condições da normalidade da distribuição das dimensões de adaptabilidade, procedendo-se à realização do teste Kolmogorov-Smirnov (K-S). Apresentam-se os resultados no quadro 7.1.

Quadro 7.1: Escala sobre Adaptabilidade - Teste à normalidade da distribuição

Dimensões Kolmogorov-Smirnova Estatística df p Preocupação .094 440 .000 Controlo .103 440 .000 Curiosidade .086 440 .000 Confiança .104 440 .000 Adaptabilidade (28 itens) .076 440 .000 a. Correção de Lilliefors

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Os resultados do teste K-S com correção de Lilliefors revelam que existem diferenças significativas entre a distribuição dos resultados e a distribuição normal (p<.01). Com efeito, os procedimentos estatísticos a adotar nas análises diferenciais terão em consideração o pressuposto da distribuição dos resultados não ser normal.

As medidas de localização e de tendência central e de dispersão dos 28 itens e das respetivas quatro dimensões de carreira da Escala sobre Adaptabilidade são apresentadas no quadro 7.2, assim como a amplitude de resultados para cada um dos itens.

A análise dos resultados dos 28 itens indica que as médias mais elevadas são observadas no item 10 (m=4.52; Assumir a responsabilidade pelos meus actos;

Controlo), item 25 (m=4.37; Dar sempre o meu melhor; Confiança) e item 12 (m=4.33; Contar comigo próprio(a); Controlo). Embora o item 8 (m=3.58; Manter sempre o ânimo; Controlo), item 2 (3.67; Pensar como vai ser o meu futuro; Preocupação) e

item 5 (3.68; Tomar consciência das escolhas de carreira que tenho de fazer;

Preocupação) apresentem as médias mais baixas, todos os itens apresentam resultados

superiores ao valor médio da escala de resposta (3= razoavelmente). Os desvios padrão situam-se entre .99 (item 2 = Pensar como vai ser o meu futuro) e .64 (item 10 =

Assumir a responsabilidade pelos meus actos).

Através da análise de amplitude dos resultados, constatamos que estes se distribuem entre os dois extremos da escala de resposta (1-5), à exceção dos itens 16 (Procurar oportunidades para me desenvolver como pessoa), 17 (Explorar alternativas

antes de fazer uma escolha), 19 (Analisar de forma aprofundada questões que me dizem respeito) e 24 (Desenvolver novas competências) cujas respostas são entre 2 e 5.

Constatamos que a tendência de resposta situa-se maioritariamente nos extremos positivos da escala, resultados corroborados pelos valores da moda e mediana (4 e 5), à exceção do item 8 (Manter sempre o ânimo), em que o valor da moda é 3.

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Quadro 7.2: Escala sobre Adaptabilidade - Médias e desvios padrão dos itens e respetivas dimensões de carreira Itens m d.p. moda media na amplitude (1-5) Pre o cu p a çã o

1. Planear as coisas importantes antes de começar 3.87 .80 4 4 1-5 2. Pensar como vai ser o meu futuro 3.67 .99 4 4 1-5 3. Compreender que as escolhas de hoje influenciam o meu futuro 4.25 .82 5 4 1-5

4. Preparar-me para o futuro 3.71 .84 4 4 1-5

5. Tomar consciência das escolhas de carreira que tenho de fazer 3.68 .89 4 4 1-5 6. Planear como alcançar os meus objetivos 3.76 .83 4 4 1-5 7. Estar preocupado(a) com a minha carreira 4.15 .98 5 4 1-5

3.87 .59 Co n tr o lo

8. Manter sempre o ânimo 3.58 .93 3 4 1-5

9. Tomar decisões por mim próprio(a) 4.20 .74 4 4 1-5 10. Assumir a responsabilidade pelos meus actos 4.52 .64 5 5 1-5 11. Defender as minhas convicções 4.26 .76 5 4 1-5

12. Contar comigo próprio(a) 4.33 .82 5 5 1-5

13. Fazer o que é melhor para mim 3.92 .87 4 4 1-5 14. Arranjar forças para continuar 4.02 .84 4 4 1-5

4.12 .57 Curio sid a d e

15. Explorar aquilo que me rodeia 3.82 .79 4 4 1-5 16. Procurar oportunidades para me desenvolver como pessoa 4.08 .77 4 4 2-5 17. Explorar alternativas antes de fazer uma escolha 3.89 .82 4 4 2-5 18. Estar atento(a) às diferentes maneiras de fazer as coisas 3.90 .75 4 4 1-5 19. Analisar de forma aprofundada questões que me dizem

respeito 4.00 .75

4 4 2-5

20. Procurar informação sobre as escolhas que tenho de fazer 4.08 .82 4 4 1-5 21. Ser curioso(a) sobre novas oportunidades 4.16 .82 4 4 1-5

3.99 .57 Co n fia n ça

22. Realizar tarefas de forma eficiente 4.23 .72 4 4 1-5 23. Ser consciencioso(a) e fazer as coisas bem 4.25 .73 4 4 1-5 24. Desenvolver novas competências 4.11 .71 4 4 2-5

25. Dar sempre o meu melhor 4.37 .72 5 4 1-5

26. Ultrapassar obstáculos 4.08 .73 4 4 1-5

27. Resolver problemas 4.08 .69 4 4 1-5

28. Enfrentar desafios 4.14 .74 4 4 1-5

4.18 .55

Adaptabilidade (total) 4,04

N= 440 (exceto item 7, no qual N=439)

Esta tendência de resposta nos valores mais altos da escala observa-se também em investigações realizadas anteriormente, nomeadamente por Duarte, Soares e Fraga (2011), e na generalidade dos estudos levados a cabo por 13 países que contribuíram

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para a melhoria da CAAS – International Form 1.0 (Savickas & Porfeli, 2012), nos quais Portugal também se inclui (Duarte et al., 2012). Os estudos realizados com amostras de estudantes universitários (Hou et al., 2012; Tak, 2012; Teixeira et al., 2012; Van Vianen et al., 2012), revelaram também que as respostas tipicamente situam-se nos níveis 4 e 5 da escala de resposta. Fraga (2012) e Soares (2016), utilizando a versão experimental da medida, CAAS – Form 1.0 Portugal, também verificaram esta tendência generalizada dos participantes responderem de uma forma muito positiva acerca dos recursos de adaptabilidade que consideram ter.

Estes dados sugerem que estas auto perceções elevadas de adaptabilidade de carreira podem dever-se à tendência dos indivíduos quererem transmitir uma imagem positiva das suas capacidades ou recursos de adaptabilidade de carreira, uma vez que se trata de uma dimensão psicológica suscetível de desejabilidade social (Fraga, 2012; Soares, 2016). Algumas investigações apontam para outros fatores, nomeadamente, a tradução e adequação da escala de respostas (Duarte et al., 2012; Vilhjálmsdóttir, Kjartansdóttir, Smáradóttir e Einarsdóttir, 2012), o poder pouco discriminativo da escala (Fraga, 2012), características específicas da amostra (Fraga, 2012) e a natureza da amostra (Soares, 2016).

Na presente investigação, para além das justificações acima referenciadas, poderá também contribuir para estes resultados o facto de tratar-se de uma amostra de alunos finalistas e recém-diplomados, podendo estes estarem mais despertos e sensíveis para as questões relacionadas com a carreira.

Embora se observe uma tendência de resposta nos pontos mais altos da escala em todas as dimensões, a análise dos resultados médios mostra que as médias da Confiança (4.18) e do Controlo (4.12) são superiores às das dimensões Curiosidade (3.99) e Preocupação (3.87). Quanto ao desvio padrão nas dimensões, varia entre .55 (Confiança) e .59 (Preocupação). Os estudos conduzidos nos 13 países que contribuíram para a melhoria da medida (Savickas & Porfeli, 2012), globalmente também apresentaram os resultados médios mais elevados na dimensão Controlo (m=3.92) e os mais baixos na dimensão Curiosidade (m=3.73).

Estes resultados sugerem que os participantes tendem a valorizar itens que apelam a uma capacidade para assumir a responsabilidade por construir a própria carreira e tomar decisões, assim como a uma capacidade para resolver um problema ou desempenhar com sucesso uma determinada ação.

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