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Distribuição em números absolutos dos feminicídios sexuais segundo

sexual)

4.4 Elementos que podem caracterizar o feminicídio sexual e doméstico com dados do SINAN

A seguir são apresentadas análises específicas sobre feminicídios domésticos e sexuais cotejando informações capturadas nas “Notificações Compulsórias da Violência Doméstica e Sexual” - SINAN. A operação leva em conta a limitação dos dados do SIM em especificar as agressões e a especialidade do SINAN em caracterizar a violência doméstica e sexual.

As informações elaboradas a seguir têm como base de informação as notificações compulsórias da violência sexual, doméstica e outras violências do SINAN, do ano de 2009 a 2014, pela análise das vítimas registradas com tipos de evolução morte por violência (variável EVOLUÇÃO = 3 ‘óbito por violência’).

Até o presente momento as análises feitas apontavam para diferenciais por sexo, para discutir os motivos que sustentam a importância do estudo das mortes violentas femininas e sua relação com as demais mortes diante da mortalidade masculina, dada a ênfase à sobremortalidade masculina. Como foi apontado no capítulo 3, existe a necessidade de uma leitura da mortalidade por sexo balizada por aproximações de escala para a comparação de volumes tão diferentes.

Foi dado destaque às mortes reprodutivas e às causas externas relacionadas às violências domésticas e sexuais, isto porque a literatura sobre os feminicídios e sobre a dominação feminina aponta para a reprodução, a sexualidade e a vida doméstica como pontos críticos na desigualdade que afeta as condições de vida das mulheres e no caso se fazem marcantes também nas mortes. Foi possível entender que as mortes femininas e masculinas se aproximam na escala de comparação, no caso usando o total de cada um dos sexos e não um total unificado se vê nestas mortes sexuais e domésticas estão as maiores diferenças, além da especificidade das reprodutivas.

Ademais, se observou que cada fonte de informação em saúde tem seu perfil e potencial para capturar estas informações. Ficou evidente que as mortes reprodutivas são facilmente identificáveis no banco de dados do SIM, que o SIH mostra muito bem o padrão de morbidade por aborto e que o SINAN caracteriza muito bem a violência letal sexual, com grau de cobertura maior que as outras bases de saúde, além de poder ser utilizada de forma complementar ao percentual de óbitos interpretados como violência doméstica capturados pelo SIM.

Doravante são trabalhadas estatísticas específicas sobre óbitos por violência registrados no SINAN. São desagregados os tipos de violência que levam à morte, buscando caracterizar os feminicídios domésticos e sexuais, aproximando-se mais de uma análise de gênero das estatísticas e desigualdades especificidades das mulheres, com análise descritiva das características demográficas, geográficas e contextuais do óbito por violência para eles. As tabulações foram feitas através de base com

microdados (banco de dados brutos) e trabalhadas com o programa estatístico SPSS, como exposto no capítulo 2.

Pôde-se notar que há uma pequena diferença entre óbitos apresentados na versão virtual da ficha de notificação compulsória da violência doméstica e sexual do SINAN e os óbitos da base de dados brutos, microdados, provavelmente devido à atualização das informações ou reclassificação dos óbitos em outras categorias de “evolução” do caso, como evolução “Óbito por outras causas”.

Na tabela 24 podem ser notadas estas diferenças. Elas são mais acentuadas na notificação masculina que feminina. Interessante notar que até 2009 os contingentes eram muito próximos e ligeiramente superiores no banco bruto - cerca de 2% a mais. Entretanto, nos anos seguintes há inversão desse padrão, que acompanha o aumento importante dos registros para ambos os sexos. Entre 2011 e 2012 houve cerca de 60% de crescimento sendo os registros masculinos levantados pelo TABNET 15% maior que o total levantado pelos microdados. Para os homens, a mesma tendência é observada entre 2012 e 2013 e 2013 e 2014, sendo em 2014 o número de registros no TABENET 45% superior daqueles levantados pelos microdados (2518 vs 1740). Para os óbitos femininos não há diferenças tão importantes entre as contagens efetuadas nas duas fontes.

Sexo Versão SINAN 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total

SINAN TABNET 395 1043 1332 2285 2567 2518 10140 SINAN BRUTO 402 1058 1346 1979 2256 1740 8538 SINAN TABNET 153 449 671 936 1053 922 4184 SINAN BRUTO 159 455 694 917 1055 930 4453 SINAN TABNET 0 1 0 1 2 2 6 SINAN BRUTO 0 1 0 1 1 1 4 SINAN TABNET 548 1493 2003 3222 3622 3442 14330 SINAN BRUTO 561 1514 2040 2897 3312 2671 12995 Masculino Feminino Ignorado Total

Tabela 24 comparativa óbitos por violência segundo sexo, TABNET e Banco de dados Brutos, Brasil 2009- 2014

Fonte: Ministério da Saúde - SINAN/VIVA/SVS/SUS.

Embora seja tema relevante para pesquisas futuras focadas na gestão de informações sobre violência na área da saúde, considera-se que tais diferenças não sejam enviesadas ao ponto de interferir nas análises que se seguem. Tais análises buscam estudar as especificidades das causas e contextos em que se deram cada evento, e são possíveis somente por meio dos microdados.

Lançando mão de cruzamentos entre variáveis disponibilizadas no banco bruto, busca-se trazer luz às questões relativas ao feminicídio sexual e doméstico, assim como expor as outras violências notificadas para mulheres neste documento. Importante assinalar que esta base está em melhoramento da cobertura gradualmente, pois iniciou

ainda em 2007 passando a compor o quadro de indicadores em saúde nacionais apenas em 2009.

Os registros do SINAN indicam que os óbitos por violência se distribuem em diversos municípios brasileiros, no Mapa 4 pode ser vista esta distribuição com destaque à concentração em capitais e no eixo Sudeste-Sul do país. Este padrão espacial é esperado por dois motivos principais. O primeiro obviamente está ligado à própria distribuição e concentração da população brasileira. O segundo está ligado à melhor cobertura e qualidade das informações dos registros dos eventos vitais e de saúde ocorridos nos grandes centros urbanos do país, questão a ser abordada mais a frente.

MAPA 4. Distribuição em números absolutos dos óbitos femininos por violência,

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