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3 ALTERAÇÕES DE DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL TRAZIDAS NO

3.2 Alterações no Direito Processual do Direito do Trabalho

3.2.2 Da distribuição do encargo probatório

Um dos temas de maior relevância processual tem lugar no que trata da distribuição do encargo probatório. Referem Vólia Bomfim Cassar e Leonardo Dias Borges (2017, p. 105) que em um sistema jurídico-processual onde há uma grande massa de ações que ocupam

10 Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão

objeto da perícia, ainda que beneficiária da justiça gratuita. § 1o Ao fixar o valor dos honorários periciais, o juízo deverá respeitar o limite máximo estabelecido pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho. § 2o O juízo poderá deferir parcelamento dos honorários periciais. § 3o O juízo não poderá exigir adiantamento de valores para realização de perícias. § 4o Somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita não tenha obtido em juízo créditos capazes de suportar a despesa referida no caput, ainda que em outro processo, a União responderá pelo encargo.

11 Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados

entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. § 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua categoria. § 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: I - o grau de zelo do profissional; II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa; IV -o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. § 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os honorários. § 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. § 5o São devidos honorários de sucumbência na reconvenção (grifou-se).

acontecimentos de fato, a prova se torna elemento de extremo valor. Acontece que nem sempre provar melhor é trazer a verdade do ocorrido para o processo.

O legislador da reforma trabalhista buscou apoiar a apresentação do ônus da prova nos mesmos critérios adotados no Código de Processo Civil, assinalando que ao reclamante cabe externar o fato constitutivo de seu direito e à parte reclamada cabe se justificar sobre fato impeditivo, modificativo ou extintivo de direito trazido pela parte reclamante. Dessa maneira, a nova redação, trazida pela reforma trabalhista, presente no caput do art. 81812, e nos incisos I e II, além dos recentes parágrafos 1º, 2º e 3º do referido preceito da CLT, distribui o ônus da prova da mesma maneira que o Código de Processo Civil, no seu art. 373 (VIVEIROS, 2018, p. 436-437).

Por conseguinte, Luciano Viveiros leciona sobre a inversão do ônus da prova:

O texto Consolidado ainda assevera que nos casos previstos em lei ou na impossibilidade ou excessiva dificuldade daparte cumprir esta distribuição do ônus da prova, o juízo se encarregará de promover a inversão ou outro modo diverso por decisão fundamentada para dar oportunidade da parte se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído com fito de esclarecer os fatos e promover um julgamento justo e efetivo à causa (2018, p. 437).

Complementa Mauro Schiavi (2017, p. 103) que no Processo do Trabalho, diante da necessidade de ocorrer o real acesso à justiça e não dificultar a tutela do direito à parte que possui razão, mas que não possui condições suficientes de produzir a prova necessária ao fato constitutivo do seu direito, é viável ao Juiz singular atribuir tal encargo probatório à parte que tem melhores condições de produzir a prova.

Completam Maurício Godinho Delgado e Gabriela Neves Delgado (2017, p. 337) com relação ao tema, que, sendo o caso de inversão do ônus da prova, o juiz deve conferir à outra parte oportunidade de se desincumbir do que lhe foi atribuído. Menciona ainda que a lei refere que havendo requerimento dessa parte, isso “leva ao adiamento da audiência e possibilita provar os fatos por qualquer meio em direito admitido” (§2º do art. 818, da CLT). Ainda esclarece o

12 Art. 818. O ônus da prova incumbe: I –ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao

reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do reclamante. § 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos deste artigo ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juízo atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. § 2o A decisão referida no § 1o deste artigo deverá ser proferida antes da abertura da instrução e, a requerimento da parte, implicará o adiamento da audiência e possibilitará provar os fatos por qualquer meio em direito admitido. § 3o A decisão referida no § 1o deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.

§3º que a desincumbência do encargo pela parte não pode ser impossível ou excessivamente difícil.