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Cadeia de commodity buyer-driven

4. Cadeia de Valor Global Farmacêutica

4.2.1. Distribuição Geográfica

Com o objetivo de analisar a distribuição geográfica do valor; procedeu-se à comparação tendo em conta, a localização de onde as vendas são efetuadas. Por outras palavras, para além de comparar os diferentes “tamanhos” do produto em questão e das

Inês Carvalho – 2014 – Universidade Atlântica 85 diferentes instalações, também o processo de venda deste foi analisado com mais detalhe.

Apesar de tudo, o valor foi distribuído entre 5 áreas geográficas diferentes, nomeadamente França, outros UE-27 (excluindo a França), América do Norte, Ásia e Outros países. Como as instalações de produção estão localizadas em França e na Ásia (Paquistão), partiu-se do pressuposto de que quando o produto é fabricado em França, este pode ser vendido em qualquer uma das regiões anteriormente referidas à exceção da Ásia. Ao mesmo tempo, pressupôs-se que se o produto é fabricado na Ásia (Paquistão), este pode ser vendido em todas as regiões geográficas excetuando França e os outros membros da UE-27 visto o maior mercado da sede ser a Europa. À medida que o produto é vendido em áreas geográficas diferentes, as maiores alterações na distribuição do valor provêm de alterações na quota de distribuição das entidades subcontratadas (transportadores) e dos agentes/representantes.

Na realidade, devido à escala de necessidades de I&D e à importância da definição dos processos e procedimentos de fabrico de ambas as versões, estas irão ter início em França, onde se regista a maioria das patentes dos produtos que já se encontram em fase de processo.

Gráfico 9 - Distribuição Geográfica do Valor das Vendas de P1 (França)63

Fonte: Elaboração Própria

Gráfico 10 - Distribuição Geográfica do Valor das Vendas de P2 (França)66

Fonte: Elaboração Própria

63 Vendas de produtos produzidos na França nas respectivas regiões

Vendas nos EUA Vendas na UE-27

(exceto França) Vendas na França Vendas noutros Países

Vendas nos EUA Vendas na UE-27

Inês Carvalho – 2014 – Universidade Atlântica 86 Em geral, a distribuição do valor produzido em França, oferece pouca margem para surpresas. França e os outros membros da UE-27 contribuem com a maior fatia do valor total; as outras regiões criam quotas mais pequenas de valor que variam muito pouco de acordo com o processo de venda. Talvez pelo facto dos membros da UE-27 contribuírem com valores acima da França possa ser um pouco mais surpreendente, mas mais uma vez, a SA não produz os seus principais compostos e os fornecedores mais importantes estão localizados relativamente perto da sede.

Deve-se inclusive referenciar que os diferentes cenários de distribuição de valor presentes no capítulo baseiam-se no número de vendas efetuadas que têm lugar nas diferentes regiões, e não descreve a frequência/volumes envolvidas nas vendas com as outras regiões. Tal como foi descrito anteriormente, a ênfase e a concentração dos mercados globais na indústria da SA e dos seus produtos estão a ir cada vez mais em direção à Asia e a países emergentes em termos de consumidores bem como de instalações de fabrico.

Gráfico 11 - Distribuição Geográfica do Valor das Vendas de P1 (Paquistão)64

Vendas nos EUA Vendas na UE-27

(exceto França) Vendas na Ásia

Fonte: Elaboração Própria

A maior diferença entre a fabricação em França e no Paquistão em termos de valor encontra-se nas quotas da Ásia e da França. Comparados com os gráficos 9 e 10 que representam a distribuição francesa; o papel da Ásia é evidentemente maior e o papel da França é simultaneamente mais pequeno porque o mercado tem uma estrutura diferente. O domínio da região dos UE-27 na criação do valor é também explícita com a sua quota a representar uma média de 30% do valor total inclusive no Paquistão como consequência da existência de redes logísticas operacionais, otimizadas e com inúmeras opções com a UE. Uma vez mais, a quantia de valor contribuído pelas regiões menos importantes varia ligeiramente de acordo com a localização do valor criado pelos transportadores e pelos representantes/agentes locais.

Este padrão de distribuição é a consequência de um conjunto de implicações. Em primeiro lugar, é óbvio que se o produto é fabricado no Paquistão em vez de ser em

Inês Carvalho – 2014 – Universidade Atlântica 87 França, alguns dos principais fornecedores e funções operacionais irão tornar-se “paquistanesas”, o que a certa altura muda a distribuição do valor ao salientar a Ásia em vez da França. Em segundo lugar, o papel dominante dos outros membros UE-27 é explicado pelo facto de se pensar que se o processo de fabrico for para o Paquistão, os compostos mais importantes ainda seriam muito provavelmente fornecidos pelos mesmos fornecedores na e da Europa. Claro que à medida que o tempo passa e a indústria de fabricação do Paquistão se torna mais estável, poderá também ser possível encontrar mais fornecedores a uma curta distância com conhecimento técnico suficiente que possa estar à altura dos padrões europeus.

Este estaria certamente nos interesses das autoridades paquistanesas e possivelmente da SA, e de várias empresas nacionais a funcionar em indústrias semelhantes, mas até agora a melhor tecnologia, know-how e os compostos fulcrais que a SA necessita para os seus produtos ainda só é encontrado na Europa.

Gráfico 12 - Distribuição Geográfica do Valor das Vendas de P2 (Paquistão)65

Vendas nos EUA Vendas na UE-27

(exceto França) Vendas na Ásia Fonte: Elaboração Própria

Por último mas não menos importante, a distribuição geográfica do valor de P2 fabricado no Paquistão é semelhante às distribuições de valor mencionadas anteriormente. O papel da região dos membros da UE-27, como o criador de valor mais importante não mudou e a mesma mudança de concentração da França para a Asia já é visível neste produto e já se encontra em progresso num modelo mais alargado. As outras regiões menos influentes também contribuem para o valor total, sendo bastante semelhante com outros casos e o papel destes varia de acordo com o processo de venda sendo que o mercado asiático se altera drasticamente de país para país.

Contudo, três principais comparações foram realizadas na distribuição geográfica do valor: diferentes locais de fabrico, a versão do produto e as regiões de vendas foram analisadas uns contra os outros de modo a formar uma imagem mais compreensiva de como e onde o valor é criado e quais as razões subjacentes por detrás desta análise. No final, os resultados foram bem consistentes nas diversas comparações e congruente com as tendências internas da empresa obtidas na entrevista.

Inês Carvalho – 2014 – Universidade Atlântica 88 No entanto, importa perceber que os cálculos nesta pesquisa obviamente têm o pressuposto que a SA têm preços de venda finais diferentes em ambos os produtos (mais elevados na França do que no Paquistão) e dependem da localização do seu fabrico. Esta diferença é amplamente causada pela variação das legislações governamentais, algo que se deve ter em atenção enquanto os resultados são analisados.

O preço de venda mais elevado em França também origina a diferença positiva na quota de valor criado pela SA em relação ao mercado do Paquistão revelando que a quota de valor criado pelo departamento de vendas da SA, é inteiramente destinada à França. Esta generalização foi feita, pois descreve melhor a estrutura organizacional atual e os fluxos de informação internos de modo a controlar as vendas e stocks com a finalidade de melhorar o seu desempenho perante o mercado como por exemplo através da entrega diferenciada, do serviço pós-venda ou melhor utilização da capacidade de fabrico.