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4. RESULTADOS – AMAZÔNIA CENTRAL

4.2. Distribuições de frequência e intensidade em Itacoatiara – AM

47 ao Atlântico equatorial formando o gradiente inter-bacias do Pacífico e Atlântico, o que explica a intensificação das chuvas durante esta estação.

Em MAM, o padrão de LN é enfraquecido em ambos os casos (chuva sazonal e extremos) e correlações significativas se restringem sobre o Pacífico leste subtropical. O Atlântico equatorial exibe um padrão de correlação positiva para os eventos extremos (Figura 12h), definindo o gradiente inter-bacias enquanto para a chuva sazonal (Figura 12d), há presença de correlações negativas não significativas no ATN que definem um gradiente meridional de anomalias de TSM. Assim, a variabilidade de chuvas sazonais em MAM parece estar associada à combinação do evento de LN e do gradiente inter-hemisférico, enquanto eventos extremos são associados ao gradiente inter-bacias do Pacífico e Atlântico.

Figura 12. Mapa de coeficiente de correlação entre ATSM e chuva sazonal (coluna da esquerda) e série de eventos extremos diários de precipitação (coluna da esquerda), para a estação de Manaus – Amazonas, em todos os trimestres, com significância estatística de 95%.

48 frequência de chuva até o percentil de 90% entre as fases do ENOS. Esses resultados sugerem que eventos ENOS contribuem mais para a variabilidade da chuva sazonal do que eventos extremos.

4.2.1. Trimestre de Junho, Julho e Agosto – JJA (0)

Para a cidade de Itacoatiara, JJA representa o trimestre mais seco, com o valor médio de 9,44 mm e o máximo de chuva foi observado durante AN de 123,7 mm (Tabela 4). A distribuição de frequência de extremos acima do percentil de 90% (Figura 13b) apresenta maiores valores na classe de 30 mm durante AN, porém, em episódios de EN e LN essa frequência é bem próxima. A diferença de frequência em relação à ocorrência de extremos (Figura 13c) mostra que os extremos de chuvas em episódios de EN e LN em relação aos AN se alternam dependendo da classe analisada, não mostrando uma relação com os eventos ENOS.

Figura 13. Estação de Itacoatiara, Amazonas, para o trimestre de JJA (0) sendo: a) distribuições da frequência de chuva diária (>= 0,1 mm); b) Distribuições da frequência dos eventos extremos diários de chuva; c) Histograma das diferenças entre a frequência dos eventos extremos diários de chuva entre as fases do ENOS; d) Diagrama de caixa dos eventos extremos para as diferentes fases do ENOS.

O mesmo pode ser observado, analisando a distribuição observada no diagrama de caixa (Figura 13d). Na tabela 4 é possível observar que os valores obtidos são bem próximos entre todas as fases do ENOS, no entanto, a maior amplitude e uma distribuição assimétrica positiva ocorre em episódios de LN e AN, com o intervalo interquartil maior em AN. A mediana em episódios de EN se encontra mais próxima do 3° quartil, caracterizando uma distribuição

49 assimétrica negativa com maior concentração de valores próximo ao quartil de 75. Maiores (menores) ocorrências de dias com EME são observadas em AN (EN) totalizando quatro (dois), bem como o máximo obtido para esse trimestre chegando a 123,7 mm (Tabela 4).

4.2.2. Trimestre de Setembro, Outubro e Novembro – SON (0)

Em SON, o pico d e frequência para eventos extremos de chuva (Figura 14b) ocorre na classe de chuva de 40 mm, havendo maior intensidade em episódios de EN, seguido de LN.

Um pico secundário de frequência durante EN ocorre na classe de 60 mm. Quanto a diferença da frequência (Figura 14c), como notado para o trimestre de JJA, neste trimestre não observamos uma relação clara entre eventos ENOS e a ocorrência de eventos extremos de chuva.

Figura 14. Igual à Figura 13, exceto que para o trimestre de SON (0).

O diagrama de caixa (Figura 14d) mostra maior dispersão durante AN, no entanto, em episódios de LN o intervalo interquartil é maior. Em todas as fases, ocorre uma distribuição de assimetria positiva, com a mediana mais próxima do 1° quartil. Anos com episódios de LN e AN apresentaram maiores ocorrências de EME, sendo dois em cada ano, enquanto somente um evento foi observado durante EN (Tabela 4).

50 4.2.3. Trimestre de Dezembro, Janeiro e Fevereiro – D (0) JF (+)

Para o trimestre de DJF, os eventos extremos diários de chuva (Figura 15b) são mais frequentes na classe de 50 mm para AN, seguido de LN e EN, respectivamente. As distribuições da frequência de extremos em episódios de LN e EN são bem semelhantes até a classe de 90 mm, e a partir dessa classe, extremos de chuva durante EN são mais frequentes até 110 mm, e depois ocorre uma variação entre LN e AN. A maior diferença da frequência da intensidade de eventos extremos (Figura 15c) durante LN e EN em relação aos AN, é observada em 70 mm para LN e em 100 mm para EN.

Em relação aos diagramas de caixa (Figura 15d), os valores mínimos e o intervalo interquartil são bem semelhantes entre os anos. Já a amplitude é maior em episódios de EN, havendo para esta fase uma distribuição simétrica dos dados um total de cinco EME (Tabela 4). Para as ocorrências de LN e AN, o intervalo interquartil é bem semelhante, assim como a mediana em ambas as fases se encontra mais próxima do 1° quartil, mostrando que os dados têm uma distribuição assimétrica positiva. Foi identificado seis EME em ambas as fases de LN e AN, com mais intensidade do que os ocorridos em EN.

Figura 15. Igual à Figura 13, exceto que para o trimestre de D (0) JF (+).

4.2.4. Trimestre de Março, Abril e Maio – MAM (+)

No trimestre de MAM, a maior frequência de eventos extremos diários de chuva (Figura 16b) ainda se concentra em 50 mm em todos as fases do ENOS, porém, mais frequente em

51 episódios de EN, seguidos pelos eventos de LN e AN. A diferença da frequência entre as duas fases ENOS e os AN é observada na Figura 16c. Na classe de 60 mm, ocorre uma queda nos extremos em episódios de EN, mas volta a ser mais frequente nas classes de 100 a 130 mm.

Figura 16. Igual à Figura 13, exceto que para o trimestre de MAM (+).

As distribuições observadas no diagrama de caixa (Figura 16d) apresentam maior amplitude dos dados em episódios de EN, assim como o intervalo interquartil. Já em LN e AN o intervalo interquartil são semelhantes.

Tabela 4. Igual à Tabela 3, exceto que para a estação de Itacoatiara – AM.

Itacoatiara – AM

Trimestre ENOS Mínimo 1° Quartil Mediana 3° Quartil Máximo Out. Máx. EME JJA (0)

EN 23,8 27,9 35,1 40,6 56,2 78,4 2

LN 23,4 27,5 33,6 42,0 59,2 96,8 3

AN 23,4 25,7 30,4 41,4 59,3 123,7 4

SON (0)

EN 34,3 37,9 43,6 56,7 71,3 136,2 1

LN 33,2 37,4 43,3 60,8 75,0 125,7 3

AN 33,1 40,1 48,5 62,0 86,4 134,0 2

D (0) JF (+)

EN 43,3 50,9 61,2 71,0 100,9 107,1 5

LN 43,2 50,0 58,2 69,5 98,0 143,2 6

AN 43,4 48,3 56,3 69,0 99,2 135,3 6

MAM (+)

EN 41,2 45,5 53,4 74,7 114,5 133,5 4

LN 40,5 47,8 55,3 69,1 97,2 139,6 5

AN 40,4 46,3 56,0 68,2 100,4 150,0 4

52 Na figura 16d, os diagramas de caixa mostram que foram registrados cinco EME em episódios de LN, enquanto quatro em EN e AN (Tabela 4). Em MAM, a precipitação mais extrema foi de 150,0 mm durante episódios de AN, e em todos os anos há uma distribuição assimétrica positiva, com a mediana mais próxima do 1° quartil.

4.2.5. Variação temporal da ocorrência de eventos extremos diários de chuva para a cidade de Itacoatiara – AM e sua relação com anomalias de TSM

A série temporal de extremos de chuva (Figura 17) para a cidade de Itacoatiara, mostra através da regressão linear um ligeiro aumento em todos os trimestres. Porém, o teste de Mann-Kendall para avaliar as tendências aplicado às séries de JJA e SON não mostrou uma tendência significativa (P > 0,05 e S = 0). No trimestre de DJF, houve tendência de aumento (S = 0,0290, um extremo) mas não significativo (P > 0,05). Já no trimestre de MAM houve tendência significativa (P = 0,0022 e S = 0,1000, quatro extremos). Por outro lado, as séries mostram variações de um ano para outro, sendo a variabilidade interanual mais pronunciada no período de DJF, associada às variações na TSM como mostrado na Figura 18.

Figura 17. Número de eventos extremos diários de chuva por ano para cada trimestre na cidade de Itacoatiara, AM, no período de 1979 a 2019 e regressão linear destes eventos no tempo. P mostra a significância e S a tendência dos dados de acordo com o teste de significância de Mann-Kendall e Método de Sen. Se P < 0,05 haverá significância estatística (H = 1).

Em JJA, as correlações entre as séries de acumulado sazonal (Figura 18a) e de ocorrências de extremos (Figura 18e) e as anomalias na TSM não caracterizam um padrão de

53 ENOS significativo, consistente com as distribuições de frequência discutidas anteriormente.

Nesta estação, o ligeiro resfriamento no ATN pode ser responsável pela variabilidade da chuva sazonal e extremos nesse período pois intensifica os ventos alísios de nordeste.

Por outro lado, similar ao que acontece para Manaus, em SON o padrão ENOS é o fenômeno responsável pela variabilidade da chuva sazonal (Figura 18b), no entanto, nos extremos de chuva (Figura 18f), uma correlação negativa não significativa se concentra na região do Pacífico central. No Oceano Atlântico, nota-se um padrão de dipolo associado à variabilidade do total sazonal da chuva com correlações negativas significativas sobre o ATN e positivas no Atlântico Tropical Sul (ATS). Esse padrão define o gradiente meridional de anomalias de TSM, influenciando na precipitação desde o NEB até a AMC.

Figura 18. Mapa de coeficiente de correlação entre ATSM e chuva sazonal (coluna da esquerda) e série de eventos extremos diários de precipitação (coluna da esquerda), para a estação de Itacoatiara – Amazonas, em todos os trimestres, com significância estatística de 95%.

Em DJF correlações negativas significativas entre a chuva sazonal (Figura 18c) e de eventos extremos (Figura 18g) e as anomalias de TSM são observadas na porção central e leste do Pacífico, sendo mais intensas no Pacífico central. Já no Atlântico uma correlação positiva significativa é observada no Atlântico equatorial, mais forte (fraco) no Atlântico equatorial leste

54 nas chuvas sazonais (extremos), que associado as condições de LN formam o gradiente inter-bacias do Pacífico e Atlântico.

Em MAM (Figura 18d e h), correlações positivas significativas são observadas sobre Oceano Atlântico equatorial e norte, sobre a região da Indonésia estendendo-se para o Pacífico subtropical central norte e sul e sobre região do Oceano Índico.

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