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Apesar de o Brasil estar à frente de muitos países na inclusão das pessoas com deficiência, tem uma longa caminhada pela frente, pois persiste a desigualdade de oportunidades, tanto na distribuição como na qualidade de oferta educacional, entre os diferentes estratos sociais e entre escolas públicas e privadas. Da mesma forma, continuam existindo grupos sociais excluídos educacionalmente, segregados ou recebendo educação de qualidade inferior, o que acontece com freqüência na educação dos alunos com deficiência visual (cegos ou com baixa visão). Apoiamo- nos no escrito do documento publicado pela UNESCO ( HEGARTY, 1988, p. 14):

É bastante preocupante que, na maior parte dos países, para falar de educação especial, se recorra ainda à terminologia do “handicap”. Esta terminologia é pejorativa, acentua mais as incapacidades do que as capacidades, acentua mais as diferenças entre as crianças e os jovens que têm dificuldades e os seus colegas da mesma idade, apóia-se num modelo errôneo das causas das dificuldades de aprendizagem das crianças, levando a considerá-las como se estivessem enraizadas no indivíduo e a ignorar os fatores ambientais que são, na realidade, a fonte principal dessas dificuldades. Finalmente, e talvez seja por isso que ela é nociva, esta terminologia semeia a confusão na organização dos serviços educativos e dos apoios necessários.

Tendo como meta alcançar uma educação para a diversidade, entendida como recurso para a melhoria da qualidade educacional e, por conseguinte, referendada como fonte de enriquecimento humano. Neste sentido salientamos o princípio que norteia o Marco de Ação da Conferência Mundial de Salamanca sobre Pessoas com Deficiência (1994). Nele rege que todas as escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas condições pessoais, culturais, sociais ou crianças com deficiências, o que constitui um grande desafio para as escolas e para os professores. A Declaração de Salamanca realmente foi um marco positivo na Educação, principalmente para a Educação Especial. Após anos de discussões, estudos e debates, o Brasil consegue, com a liderança do Ministério da Educação, ter uma Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Houve Seminários sobre o Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade, por todo o Brasil, abrangendo os municípios-pólo e as secretarias da educação.

Como nos relata Dutra13 (2008, p. 01):

O diálogo com os diferentes setores da sociedade se ampliou nos fóruns com representantes do Conselho Nacional de Defesa dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência – CONADE, da Coordenadoria Nacional de Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – CORDE, da Federação Nacional de Síndrome de Down, da Federação Nacional de Educação de Surdos – FENEIS, da Federação Nacional das APAEs – FENAPAE, da Federação Nacional das Pestalozzi – FAENASP, da União Brasileira de Cegos _ UBC, do Fórum Permanente de Educação Inclusiva, do Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES, do Instituto Benjamin Constant – IBC, da Conferência Nacional de Trabalhadores em Educação – CNTE, do Conselho Nacional de Educação dos Estados – CONSED, da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – UNDIME, do Ministério Público e dos Ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate a Fome.

A principal preocupação dos participantes de todo este processo era não sair do foco fundamental das diretrizes que norteiam os sistemas educacionais inclusivos, que são: “a garantia do direito de todos à educação, o acesso e as condições de permanência e continuidade dos estudos no ensino regular.”Dutra (2008, p. 01)

O acesso dos alunos com deficiência atualmente, nas escolas do Brasil, trava um embate com as maneiras tradicionais de ensinar. Antes, como vimos, o ensino da pessoa com deficiência era baseado na dificuldade e não nas possibilidades do aluno. A participação do aluno com deficiência junto com seus colegas, está modificando este conceito, no qual o aluno com deficiência, em especial o aluno com deficiência visual, vem conquistando seu espaço e solicitando uma melhor atenção por parte de seu professor e, por conseguinte, eliminando barreiras nas formas de organização, planejamento e execução da atual política.

Salienta Dutra (2008, p. 01):

Destaca-se a sintonia desta Política com o Plano de Desenvolvimento da Educação _ PDE que, a partir de uma mudança de paradigmas visando superar a lógica da fragmentação da educação, apresenta diretrizes que contemplam o fortalecimento da inclusão educacional.

Para que as escolas tenham condições de enfrentar esse desafio, todos os profissionais da área educacional e, em especial, os professores precisam contar com a ajuda e apoio em caráter permanente, que possibilitem a participação

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Cláudia Pereira Dutra – Secretária de Educação Especial/MEC – Inclusão: Educação Especial, Brasília, v.4, n.1, jan./jun. 2008.

contínua em atividades de capacitação bem como de assessoramento ao desenvolvimento da prática docente.

A aprendizagem como o centro das atividades e o sucesso dos alunos como a meta da escola, independentemente do desempenho de cada um, são condições de base para que se caminhe em direção da inclusão. O sentido do acolhimento de todos os alunos não é o da aceitação passiva das possibilidades de cada um. As escolas existem para formar as novas gerações, e não apenas alguns de seus membros, os mais privilegiados social, cultural e intelectualmente (MANTOAN, 2001, p. 115).

É visível a constatação que a formação de professores depende de vários fatores, diante desse “problema educacional” as responsabilidades se dividem, uma parte é da esfera pública em também preocupar-se com a continuidade da formação dos educadores e, a outra é do próprio educador que deve procurar o aperfeiçoamento profissional, buscando a melhoria da sua práxis educativa. No entanto, a participação dos pais e da comunidade é muito relevante no que se refere ao processo de ensino e aprendizagem dos seus filhos. Nesse intuito, se faz necessário que alguns conceitos sejam discutidos e divulgados para que todos os atores envolvidos na educação tenham clareza das propostas inclusivas que temos atualmente.

O processo de inclusão educacional é um processo dinâmico, onde há uma alteração de paradigma, pois a inclusão é vista como um direito humano, então não existe mais discussões se a inclusão é boa ou ruim, pode haver discussões nas formas que pensamos para agilizar o processo. Dentro dessa perspectiva vemos que a Educação Especial continua sendo uma modalidade de ensino que visa promover o desenvolvimento das potencialidades de pessoas com deficiência, condutas típicas e altas habilidades e, que abrange os diferentes níveis e graus do sistema de ensino, ou seja, ela perpassa desde a Educação Infantil e atinge o Ensino Superior. Fundamenta-se em referenciais teóricos e práticos compatíveis com as necessidades específicas de seu alunado, pois dentro de cada área de deficiência temos diferentes especificidades que necessitamos observar. Quando nos referimos a pessoa com deficiência na Educação, podemos dizer que é um aluno com necessidades educacionais especiais e é o aluno que apresenta em caráter permanente ou temporário, algum tipo de deficiência física, sensorial, cognitiva, múltipla, condutas típicas ou altas habilidades. Por isso necessita de recursos especializados, a fim de que possa desenvolver plenamente seu potencial

e/ou superar ou minimizar suas dificuldades. A deficiência pode ser congênita ou adquirida, independente da idade.

Como ressalva Mantoan (2001, p. 52):

“Os alunos, em sua totalidade, experimentam em momentos de sua trajetória escolar um ou outro problema, obstáculo, dificuldade nas aprendizagens acadêmicas. As razões pelas quais os alunos fracassam em algumas situações escolares são complexas e não devem recair única e inteiramente no que é inerente ao aprendiz. Grande parte dessas dificuldades e incapacidades é devida a própria escola. Nesse sentido, podemos afirmar que o número de pessoas com problemas de aprendizagem em uma escola está relacionado com a qualidade da educação nela oferecida.”