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Diversificação de habitats

No documento Proposta de intervenção no rio Paiva (páginas 33-42)

5. Intervenções no rio Paiva

5.3. Diversificação de habitats

Para além de uma intervenção sobre a habitat ripário com o intuito de melhorar as funções dos ecossistemas associados, visando alcançar os objectivos previsto no projecto LIFE, torna-se necessário actuar ao nível micro e macro, de forma a melhorar determinadas especificidades que permitem garantir um incremento da biodiversidade específica inerente ao rio Paiva.

a) Incremento das áreas de refúgio

São pequenas baías de abrigo situadas lateralmente ao canal principal do rio, que proporcionam um aumen-to na diversidade de habitat. Nesses locais o fluxo da água é menor, comparativamente com o fluxo no canal e a vegetação pode desenvolver-se mais facilmente, além disso, a temperatura da água é mais elevada nestes locais, proporcionando o crescimento de algas, plâncton e invertebrados, fornecendo local de abrigo e ali-mentação para os peixes jovens em períodos de cheia e locais por excelência para a reprodução de algumas espécies de odonatos.

Na área do projecto pretende-se intervir de forma a criar áreas de abrigo com estas características, em alguns casos incrementando a situação existente, de forma a melhorar uma tipologia de habitat fundamental para a ictiofauna e odonatos.

Os trabalhos devem decorrer no período em que a ribeira não apresente um fluxo de corrente elevado, e que os trabalhos não tenham implicações para a fauna aquática. O modo de actuação será de forma manual e com alguma maquinaria, como auxílio para o retirar dos inertes. Pretende-se criar áreas de inundação lateral de baixa profundidade, cerca de 10 a 20 cm, e com uma área que depende da locali-zação do refúgio.

O sedimento retirado deve ser armazenado nas imediações para posterior utilização em trabalhos de consolidação de margens, potenciando o proces-so de instalação da vegetação herbácea.

Após a intervenção, a decorrer até ao início do período vegetativo, deve-se proceder à instalação de alguns núcleos de macrófitas emergentes para acelerar o processo de estabelecimento ecológico das condições de-sejadas.

Em seguida é apresentada a descrição dos pontos de intervenção, segundo a localização apresentada nos mapas 6 (anexo I).

Tabela 4 - Descrição segundo o ponto de referência AEL1. Ponto AEL1 - (40°54’36.80”N; 7° 59’29.40”W)

Situação actual:

Na margem esquerda da ribeira, existe uma reentrância lateral em resultado da erosão da água em perío-do de cheia.

Proposta de intervenção:

Efectuar um aumento da área de reentrância lateral até prefazer uma área de 5 m2, proceder à reconexão

da depressão existente ao canal principal e estabilizar a área a montante através de plantação e estacaria estabilizando os sedimentos finos.

Vista para jusante Vista a montante do refúgio

Tabela 5 - Descrição segundo o ponto de referência AEL2. Ponto AEL1 - (40°54’40.78”N; 7° 59’27.31”W)

Situação actual:

Na margem esquerda da ribeira, existe uma reentrância lateral com elevada acumulação de sedimentos finos resultado da escorrência de enchente.

Proposta de intervenção:

Efectuar um aumento da área de reentrância lateral até prefazer uma área de 5 m2, com uma profundidade

compreendida entre os 10 e os 20 centímetros, em período de estiagem.

Vista para jusante Vista para jusante

Tabela 6 - Descrição segundo o ponto de referência AEL3. Ponto AEL1 - (40°54’44.69”N; 7° 59’22.47”W)

Situação actual:

Na margem esquerda da ribeira, existe uma reentrância que em período de estiagem fica seca. Proposta de intervenção:

Efectuar um aprofundamento da reentrância até alcançar uma profundidade compreendida entre os 10 e os 20 centímetros, em período de estiagem.

c) Reconecção de leitos antigos

Os leitos antigos (braços de rio abandonados) são de elevada importância funcional, como local de vazão do canal principal em períodos de cheias. A nível ecológico são locais com uma elevada diversidade biológica nas áreas de interface com os habitats terrestres, e apresentam um papel muito importante e intimamente ligado com o curso principal, ao nível das charcas temporárias que normalmente aí se criam e permitem o desenvolvimento de comunidades de macrófitas úteis na diversificação de habitats de reprodução, alimen-tação e refúgio da fauna associada a ambientes fluviais, nomeadamente ictiofauna e odonatos. Contudo são inúmeras as situações em que, existe uma diminuição gradual da conectividade permanente ou temporária, fora dos períodos de cheia. Nos leitos antigos que perderam parte da sua funcionalidade, torna-se impor-tante o restauro da conectividade lateral de forma a restaurar as funções desses habitats caracterizados pela existência de áreas de alagamento.

Na presente área do projecto, existe um leito, identificado no mapa da figura 26, como RLA1 com 129 metros de extensão que, dada a diferença nos níveis hidrométicos existentes, fica desconectado do canal principal durante a maioria do ano assim como durante os anos em que o nível de cheia não atinge uma cota

!

.

!

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!

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!

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!

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129

68

RERIZ ESTER PINHEIRO VILA NOVA CASAL BOM

±

Legenda

!

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Localidades

Margem do rio na área do projecto Leitos_antigos

0 0,25 0,5 1 Quilometros

Fig. 23 - Localização dos leitos antigos a intervencionar RLA1

RLA2 RLA3

elevada. Trata-se de uma área constituída por pedras roladas com um diâmetro até 20 centímetros, sobre o qual está instalado um corredor constituído por salgueiros da espécie Salix salvifolia, testemunho da exis-tência do antigo leito. De forma a diversificar os habitats existentes nesta área, pretende-se aumentar a fre-quência de inundação da área através de uma intervenção ao longo do leito antigo. Esta intervenção consiste no rebaixar do leito, retirando manualmente a primeira camada de pedras roladas, possibilitando que, com a variação do nível do canal principal o leito antigo seja inundado com uma maior periodicidade, criando um importante local de refúgio para a ictiofauna nos primeiros estádios de desenvolvimento, assim como um habitat de reprodução para algumas espécies de odonatos. Espera-se que, de forma natural, e com o aumen-to da periodicidade de alagamenaumen-to, a comunidade de macrófitas emergentes possam sofrer um incremenaumen-to na área intervencionada.

A intervenção deve ser realizada preferencialmente durante o período de estiagem, quando o nível do rio permite intervir nas suas margens. Os inertes retirados podem ser distribuídos nas áreas adjacentes, onde o material acumulado apresenta as mesmas características.

No caso do ponto identificado no mapa da figura 26, como RLA2, corresponde a um pequeno canal com 68 metros de extensão resultado da instalação de uma acumulação lateral de sedimentos com diferentes gra-nulometrias, vegetado por herbáceas e algumas árvores, nomeadamente Alnus glutinosa e Salix atrocinerea. Dada a diferença nos níveis hidrométicos existentes, durante a maioria do ano assim como durante os anos em que o nível de cheia não atinge uma cota elevada não permite o escoamento entre a zona a jusante e a montante do canal principal. É um canal que se encontra bastante assoreado por sedimentos finos e grossei-ros assim como por vegetação herbácea.

De forma a diversificar os habitats existentes nesta área, pretende-se melhorar a conectividade, de forma a criar um importante local de refúgio para a ictiofauna nos primeiros estádios de desenvolvimento, assim como um habitat de reprodução para algumas espécies de odonatos. Como tal a proposta vai no sentido de retirar manualmente os sedimentos que provocam o assoreamento, possibilitando que, na zona a montante e a jusante fiquem conectadas por um período mais alargado de tempo ao longo do ano. Em consonância com esta intervenção, é desejável que o corredor ripícola adjacente seja requalificado na sua componente arbustiva, melhorando assim a diversidade de micro-habitats.

No caso do ponto identificado no mapa da figura 26, como RLA3, corresponde a um pequeno canal com 30 metros de extensão, presente na bacia de inundação em posição lateral ao canal principal. Dada a di-ferença nos níveis hidrométicos existentes para com o canal principal, assim como devido à deposição de sedimentos finos na área a montante, durante a maioria do ano não existe escoamento ao longo deste leito. É de referir que este canal é constituído na maioria da sua extensão por sedimentos com uma granulometria superior ou igual a 20 centímetros.

Propõe-se uma intervenção que permita que o canal se mantenha alagado durante um período mais alar-gado ao longo do ano, criando um importante local de refúgio para a ictiofauna nos primeiros estádios de desenvolvimento, assim como um habitat de reprodução para algumas espécies de odonatos. Para tal, pretende-se efectuar uma ligeira diminuição da cota de entrada a montante, até cerca de 20 centímetros, mediante a remoção de sedimentos finos que aí se encontram acumulados. Em consonância com esta

inter-venção, propõe-se que seja efectuado um reforço do corredor ripícola que envolve o canal com a plantação de espécimes de Alnus glutinosa em ambas as margens.

Em qualquer uma das intervenções, os trabalhos realizar-se-ão preferencialmente durante o período de estiagem do rio, acautelando os períodos de reprodução da fauna associada ao rio Paiva. Em relação aos sedimentos retirados, prevendo-se que as quantidades sejam reduzidas, os mesmos serão reservados e utili-zados ao longo da intervenção na colmatação de possíveis situações de erosão que no decorrer dos trabalhos venham a ser identificadas.

Os quadros que se seguem apresentam a localização e caracterização individual de cada uma das áreas a intervir.

Tabela 9 - Descrição segundo o ponto de referência RLA1.

Ponto RLA1 - (40°54’38.06”N; 8° 0’23.12”W - 40°54’34.71”N; 8° 0’22.17”W)

129

±

Legenda

Concelho Castro Daire

Margem do rio na área do projecto Leitos_antigos

0 20 40 80 Metros

Tabela 10 - Descrição segundo o ponto de referência RLA2.

Ponto RLA2 - (40°54’46.74”N; 7° 59’17.82”W - 40°54’45.85”N; 7° 59’20.11”W)

68

±

Legenda

Margem do rio na área do projecto Leitos_antigos

Concelho Castro Daire 0 12,5 25 50

Metros

Tabela 11 - Descrição segundo o ponto de referência RLA3. Ponto RLA3 - (40°54’46.18”N; 8° 1’32.83”W - 40°54’46.69”N; 8° 1’33.76”W)

30

±

Legenda

!

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Localidades

Margem do rio na área do projecto Leitos_antigos

0 10 20 40 Metros

No documento Proposta de intervenção no rio Paiva (páginas 33-42)

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