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... que mais uma vez o dr. Ítalo Mácola reivindicou o título de “princesinha do Baixo Tocantins” para a cidade de Igarapé-Miri, na festa da Ascim(...). ... que no festival do camarão a barraca do IDÊPÊ arrasou!...

... que em Igarapé-Miri tem gente também recebendo mensalão do PT. Vamos descobrir quem são?

... que no Brasil se cria dificuldades para vender facilidades.

... que depois de tanto “embrulho”, o presidente Lula lança um pacote contra a corrupção... (Jornal Miriense, 05/07/2005, p. 05, grifos no jornal). Abaixo, reprodução de duas páginas do Jornal Miriense que ajudam a exemplificar a constituição de Repórter 60 e No lombo do puraquê:

Imagem 03: Página do Jornal Miriense da coluna Repórter 60:

Imagem 04: Página do Jornal Miriense que traz a seção No lombo do puraquê. O veículo apresenta

quem teriam sido, segundo o jornal, os agentes públicos “dorminhocos do ano” de 2012:

Fonte: Jornal Miriense, 31/08/13, p. 13.

O editor-chefe do Jornal Miriense, Dorival Pereira Galvão, encaminhou ao autor desta dissertação o documento intitulado “Jornal Miriense: Breve Histórico”, no qual fala sobre o percurso histórico do Miriense e oferece alguns indicativos do posicionamento desse

veículo diante da comunidade leitora. Nas palavras desse editor, o Jornal Miriense, em razão da “responsabilidade em seus noticiários”, teria aumentado “a credibilidade de seus leitores, patrocinadores e autoridades municipais e estaduais, pois esse jornal continua sendo autêntico elo de ligação entre o povo e as autoridades” (GALVÃO, 2013, s/p). Diz ainda o documento, que o “Jornal Miriense continua a sua missão de defensor dos interesses de Igarapé-Miri, seguindo a sua estrada, sempre documentando a história desse município, com profissionalismo, imparcialidade e independência”(GALVÃO, 2013, s/p).

De pronto já chamam a atenção alguns enunciados que resumiriam a missão institucional do Jornal Miriense: “credibilidade”, “autêntico elo” entre população e autoridades, “missão” de defender os interesses do município, “documentar” a história. Mais destaque ainda poderia ser dado para os princípios que, na visão do editor-chefe, norteiam a atuação jornalística/social do Miriense: “profissionalismo, imparcialidade e independência”. O posicionamento assumido pelo jornal, nas palavras de seu editor-chefe, veicula sentidos que apontam para um comprometimento profissional, atrelado à demanda da “defesa” do município e ao objetivo maior de sua atuação, que seria documentar a história de Igarapé- Miri, contando com “a credibilidade de seus leitores, patrocinadores e autoridades municipais e estaduais”.

Esse posicionamento poderia ser traduzido em uma visão da atuação jornalística que aparece atravessada por uma postura apolítica, marcada pela objetividade, traduzida em termos como “documentar”, “imparcialidade”, “independência”. Assim, a comunicação do Miriense não interferiria nas disputas existentes na cena política municipal.

Miguel (2003a) pode ajudar a explicar esse posicionamento do Jornal Miriense acerca de sua atuação jornalística em Igarapé-Miri. O autor, ao tratar da necessidade de se compreender a relação existente entre os meios de comunicação de massa e a política, afirma que é preciso superar os “esquemas simplistas em que, muitas vezes, caem tanto o discurso do senso comum quanto o acadêmico”. Ele registra a posição da própria mídia acerca dessa realidade e afirma que a mesma “alardeia sua irrelevância, fiel à ideologia da objetividade de seu jornalismo e do caráter apolítico do entretenimento que oferece a seus espectadores” (MIGUEL, 2003a, p. 118).

Um esquema simplista pode ser conceituado como uma forma reducionista de conceber a atuação midiática na sociedade, seja por agentes alheios a esse fazer (leitores, grosso modo), seja pela ação dos próprios sujeitos nele inscritos profissionalmente (jornalistas, por exemplo). Trata-se de uma simplificação que só pode empobrecer a discussão, na medida em que não considera a tensão existente entre a possibilidade de

informar seu público-leitor e os posicionamentos adotados por um determinado veículo de informação.

Quanto à trajetória do Jornal Miriense na divulgação da vida pública de Igarapé- Miri, conforme levantado aqui, acredita-se que a mesma pode motivar a realização de estudos que objetivem problematizar a maneira como é tematizada a atuação da mulher na vida pública/política miriense. Sendo que o aspecto explorado na pesquisa é apenas um exemplo da riqueza do fazer jornalístico aqui analisado. Tal constatação levou o pesquisador a se indagar sobre a tematização da mulher nas páginas do Jornal Miriense, sobre a forma como a referida atuação política é retratada no jornal. Além disso, acredita-se que a cobertura seja perpassada por uma transversalidade de gênero de que se reveste a atuação política feminina em Igarapé-Miri, haja vista a relação que implica as movimentações de homens e mulheres nessa arena. Esses e outros aspectos devem ser evidenciados nas análises reunidas nos Capítulos 4 e 5.

No próximo capítulo, estão reunidas análises realizadas sobre as publicações que constituem (G1) e (G2), anteriormente referidos, nas quais se entende que a ação pública/política da mulher é o tema central da publicação. Essa atuação motivou a veiculação de discursos que se relacionam no mesmo espaço discursivo selecionado pela pesquisa: aquele que permite dar a conhecer essa participação política e os sentidos/posicionamentos tecidos e veiculados sobre a mesma. Acredita-se que são vários discursos que se tocam, nesse espaço, e dizem sobre a citada ação feminina e que podem tecer um perfil dessa ação política praticada em Igarapé-Miri, constituinte da prática discursiva do Jornal Miriense. Além disso, as análises feitas acerca dessa movimentação política feminina devem levar a considerar, pela presença nos textos ou pela ausência registrada, a ação política do homem que tem atuação inscrita nessa arena política municipal; dito de outra maneira: o considerar a ação feminina leva a que se tenha em conta uma relação de gênero constituinte da arena política municipal.

CAPÍTULO 4 - SOBRE A ENUNCIAÇÃO DA AÇÃO POLÍTICA FEMININA EM