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DO INICIO DA CONTAGEM DO PRAZO DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE NO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO

PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE DECRETAÇÃO EX OFFICIO POSSIBILIDADE 1 O art 40 da Lei n°

21 DO INICIO DA CONTAGEM DO PRAZO DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE NO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO

Não há univocidade na doutrina a respeito de quando se começaria a contar o prazo de prescrição intercorrente no procedimento administrativo. Para alguns, seria no momento da notificação da autuação, para outros, na apresentação da impugnação132 e uma terceira corrente que entende que o

prazo só se inicia quando da decisão administrativa definitiva133.

Perfilamo-nos com o entendimento de que o prazo para a declaração da prescrição intercorrente no procedimento administrativo deve começar a correr após a apresentação da defesa ou impugnação interposta pelo contribuinte na seara administrativa, evidentemente após ser devidamente notificado do lançamento tributário.

Defendemos tal posicionamento pelas seguintes razões: 1) Como já asseveramos, o lançamento tributário é um ato administrativo definitivo e não pendente. 2) A possibilidade de ser revogado ou anulado o ato que o constituiu não o torna provisório. 3) Assim, o crédito está definitivamente transcrito em linguagem jurídica competente desde o momento de sua confecção e da sua notificação ao contribuinte devedor, feita pelo credor. 4) O crédito é definitivo, pois, como ato administrativo que é, só poderá ser alterado por outra linguagem jurídica competente.

132 PIMENTA, Marcos Rogério Lyryo. A prescrição intercorrente no processo administrativo

tributário. Revista dialética de direito tributário. 2001. p. 122. nº 71. Agos/2001.

“Destarte, sustentamos que a autoridade julgadora tem o prazo de 5 (cinco) anos, contados do

ingresso da impugnação/recurso no órgão julgador para decidir sobre a exigência fiscal, sob pena de prescrever o seu direito de ação de cobrar o suposto crédito. Logo, findo este prazo, e constatado que o processo fiscal permaneceu paralisado por exclusiva culpa da autoridade administrativa deve a prescrição intercorrente ser declarada e extinto o processo. Melhor dizendo, a inércia da Administração, em promover os atos necessários ao regular andamento do processo administrativo tributário que lhe compete, é causa suficiente para declarar a prescrição intercorrente daquele”.

133 FEITOSA, Celso Alves. A questão da “prescrição intercorrente” no processo administrativo fiscal.

Todo ato administrativo, repita-se, é definitivo, até que venha a ser modificado por outro ato. Exemplifica Barros Carvalho134 que, quando o Chefe do Executivo Federal nomeia um Ministro de Estado, o ato é definitivo, mesmo que poucos dias depois venha destituí-lo do cargo. Nessa hipótese, houve outro ato administrativo definitivo do Chefe do Executivo. Pensar de forma diversa fará com que todos os atos administrativos sejam considerados provisórios.

Partindo dessa premissa, podemos começar a delinear o ponto de partida do prazo prescricional.

Antes de notificar o contribuinte devedor do lançamento tributário, não há o que se falar em início de curso do prazo prescricional, pois entre o fato evento e o fato jurídico, estamos frente ao prazo decadencial. Somente após constituído em linguagem jurídica competente, ou seja, fato jurídico tributário, é que devemos analisar o curso dos prazos prescricionais. Portanto, após devidamente notificado do lançamento, constituído está, definitivamente, o fato jurídico tributário (fato evento transcrito em linguagem jurídica apropriada prevista em lei).

Entre a notificação do lançamento feita ao contribuinte devedor até o seu vencimento, não há o que se falar em início da contagem do prazo, pois o credor, ainda, não possui o direito de pretensão, pois só irá adquiri-lo após

134 Curso de Direito Tributário. 19ª edição, Saraiva, Pág.446/447

“Se tais argumentos tiverem procedência, não haverá o menor cabimento em estabelecer a dualidade "provisório/definitivo", como critério de referência a tais atos. Quase tudo no direito seria provisório. Os Ministros de Estado, por exemplo, seriam provisónos, porquanto os respectivos atos de nomeação poderiam ser impugnados. Todas as sentenças seriam provis rias, uma vez que delas a parte vencida poderia recorrer. Os acórdãos dos tribunais também seriam provisórios, na medida emi que pudessem suscitar novos apelos. E assim por diante. O direito seria um corpo de manifestações interinas, meramente transitórias, com número reduzido de exceções.

Um ato administrativo tem-se por pronto e acabado quando, reunindo os elementos que a ordem jurídica prescrever como indispensáveis à sua compostura, vier a ser oficialmente comunicado ao destinatário. A contingência de estar aberto a refutações é algo que o próprio sistema prevê e disciplina, mas que não elide a definitividade da figura.”

o vencimento da obrigação tributária135. Nesse caso, após o vencimento do

crédito, inicia-se a contagem do prazo prescricional ordinário, sendo certo que, se a Administração Pública Tributária não ingressar com a ação judicial competente no prazo de 5 (cinco) anos, deflagrar-se-á a prescrição ordinária.

Por outro lado, se o contribuinte apresentar sua defesa ou impugnação, instaurado estará o procedimento administrativo litigioso, sendo certo que a partir deste momento, se não houver manifestação definitiva por parte da Administração, no prazo de cinco anos, previstos no artigo 174 do CTN, deverá ser declarada a prescrição intercorrente, em face da desídia e morosidade da Administração, que não poderá ser agraciada com a perpetuação ou indefinição da suspensão ou impedimento do curso do prazo prescricional.

Destarte, não poderia ser outro o momento para o início da contagem da prescrição, pois a impugnação ao procedimento administrativo interposta pelo contribuinte faz suspender a exigibilidade do crédito tributário e não o curso do prazo prescricional como insistentemente apontamos e comprovamos. Não se trata de interrupção, pois antes da notificação não havia qualquer prazo prescricional já iniciado não cabendo falar em recontagem desde o início. Portanto, só nos sobra o impedimento, que também não poderia ser aplicado, uma vez que o credor é concomitantemente juiz, portanto, com poder de influenciar na celeridade ou não da demanda administrativa, além de não haver previsibilidade na legislação complementar tributária sobre a aplicação do impedimento, mormente no que se refere ao procedimento administrativo.

135 SILVA, Ovídio Batista da. Direito subjetivo, pretensão de direito material e ação. Revista

brasileira de direito processual, nº. 37, 1983, p. 106.

“...No momento em que ocorre o vencimento, nasce-me uma nova faculdade de que meu direito subjetivo passa a dispor, qual seja, o poder de exigir que meu devedor preste, satisfaça, cumpra a obrigação. Nesse momento, diz-se que o direito subjetivo, que se mantinha em estado de latência, adquire dinamismo, ganhando uma nova potência a que se dá o nome de pretensão. A partir do momento em que posso exigir o cumprimento do dever que incumbe ao sujeito passivo da relação jurídica, diz-se que o direito está dotado de pretensão. Contudo, a partir daí, se meu direito de crédito não é efetivamente exigido do obrigado, no sentido de compeli-lo ao apagamento, terei, terei pelo decurso do tempo e por minha inércia, prescrita essa faculdade de exigir o pagamento.”

Finalizando, nem a suspensão e nem o impedimento podem ser utilizados como forma de manutenção do curso dos prazos prescricionais indefinidamente.

22 A PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE NO PROCEDIMENTO