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CAMINHOS E DESAFIOS DE PERCURSO

1.3 Do dispositivo de análise: A Análise de Discurso

1.3.2 Do processo de análise: o discurso das empresas na mídia

Os recortes discursivos para a análise somente foram possíveis após a finalização do processo investigativo de campo e a compilação e organização dos dados coletados, pois fazia parte dos critérios da pesquisa concentrar a análise nos discursos das três empresas que mais se destacassem com parcerias nos municípios do Sul de Minas.

A escolha do discurso que circula na mídia, como objeto de análise, se deu por entendermos ser este veículo de comunicação um das formas de alcançar o maior número de interlocutores e pelo incentivo que tem se dado atualmente ao uso das tecnologias em educação. Contudo essa escolha nos exigiu um estudo relativo à forma de linguagem utilizada na internet. A linguagem de internet possui características e recursos possíveis somente neste meio, que não podem ser ignorados no processo de análise. Trata-se de uma forma de organização da linguagem em hipertextos e links, o que dificulta a transposição das informações para o meio impresso.

Os recortes discursivos, que compuseram o corpus desta pesquisa, enquanto materialidade simbólica, constituíram o discurso das empresas educacionais, nosso objeto de análise. Por estarem circulando na mídia/Web, tomamos essa característica como uma das marcas que indicam o discurso das empresas com tendência a um discurso publicitário, sem, contudo, ter a intenção de propor a sua inscrição num determinado tipo de discurso.

Esta decisão nos impôs entrar em outra área de conhecimento: a da publicidade. Assim, para compreender o funcionamento desse discurso buscamos amparo em Carrozza (2006; 2010, 2011a; 2011b); Santaella (2012), Levy (1999) e Kalbach (2009).

Segundo Levy (1999), a internet trouxe mudanças não apenas nos modos de interação/comunicação entre as pessoas, mas também na forma e estrutura da linguagem, fazendo surgir um novo estilo textual: o hipertexto.

O autor define o hipertexto como um conjunto de nós ligados por conexões. Os “nós” podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos , sequências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertexto. Os itens de

formação não ligados linearmente, como em uma corda como nós, mas cada um deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrela, de modo reticular.

Com base em Kalbach (2009) podemos dizer que se trata de outro modelo de texto que permeia as comunicações, em uma interface dinâmica com que flui o processo de comunicabilidade, devido à quantidade de estímulos possíveis no site como: rótulos, layout de página, menu de navegação, design do texto, fontes tipográficas, tamanho das letras, cores, ícones, links, entre outros. Explica Kalbach (2009) que se trata de um novo espaço de interação humana, que parte da ideia de que o hipertexto é uma definição anterior às novas mídias, pois faz parte da própria lógica humana do pensamento (uma forma de rizoma).

A comunicação eletrônica, ou via web, é amplamente utilizada por todos os segmentos da sociedade, governos, meios de comunicação de massa, empresas e pessoas, para divulgação de informações, de conhecimento, comercialização de produtos e serviços, aproximação de pessoas, educação, entre outros.

A mídia, também denominada de hipermídia, tem sido dinamicamente explorada pelo mercado, por meio do e-commerce, e já se tornou comum no campo educacional, como recurso didático, espaço educativo para todas as áreas do conhecimento, fonte e divulgação de pesquisas. Pode ser usada praticamente em qualquer lugar e qualquer parte do mundo – características denominadas de mobilidade e ubiquidade.

O uso das tecnologias da informação e da comunicação, de modo geral, tem uma importância enorme no plano econômico, social, científico e, cada vez mais, os diversos setores socioeconômicos - como o empresarial e o educacional - vêm se relacionando fortemente com essas formas emergentes de comunicação midiática. Vale destacar a força e a posição central que a mídia passou a ocupar nos últimos anos como rede de integração e mobilidade social (por exemplo: o movimento

occupy6 mostrou ao mundo a força das redes sociais, por meio da mídia).

Conforme a Sociedade Federativa do Brasil, “mídia” é uma expressão usada para designar os principais veículos de um determinado sistema de comunicação

6 OCCUPY: “Uma eclosão simultânea e contagiosa de mobilizações e protestos sociais” que tomaram

as ruas, com reivindicações peculiares em cada região, mas com formas de luta muito assemelhadas e consciência de solidariedade mútua, que tomou a dimensão de um movimento global (CARNEIRO, In: HARVEY et al., 2012, Apresentação, p. 7).

social, considerando os setores tradicionais - Emissoras de Rádio e TV, Jornais, Revistas e a Internet, a grande mídia internacional.

É também denominada por Levy (1999) como espaço cibernético. O termo não tem uma origem historicamente delimitada, mas pode estar ligado à literatura acadêmica produzida pela escola da teoria crítica da comunicação e a conceitos como indústria cultural e comunicação de massa, surgidos ao longo do século XX.

Charaudeau (2012, p. 21) afirma:

Do ponto de vista empírico, pode-se dizer que as mídias de informação funcionam segundo uma dupla lógica: uma lógica econômica que faz com que todo organismo de informação aja como uma empresa, tendo por finalidade fabricar um produto que se define pelo lugar que ocupa no mercado de troca dos bens de consumo [...]; e uma lógica simbólica que faz com que todo organismo de informação tenha por vocação participar da construção da opinião pública.

Vale destacar que, no processo de análise do discurso das empresas educacionais, foi considerado como fator relevante este meio de circulação do discurso, no que se refere à interlocução entre os sujeitos nas diferentes posições. Ou seja, consideramos os sujeitos que falam, a partir de algum lugar, para sujeitos, também em algum lugar/posição, em determinadas condições, incluindo o referente (aquilo do qual se fala).