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4.2 ANÁLISE DOS DADOS

4.2.4 Do resultado da denúncia

As denúncias realizadas contra policiais militares em razão do cometimento de abuso de autoridade, lesão corporal e invasão de domicílio foram realizadas nos mais diversos órgãos. As supostas vítimas recorreram às mais variadas instituições, entre elas o Ministério Público da Comarca de Laguna/SC, à Delegacia de Polícia Civil e a Corregedoria do 28º Batalhão de Polícia Militar.

A seguir, a representação gráfica dos desfechos dos procedimentos instaurados em razão das denuncias realizadas.

Gráfico 15 – Desfecho das denúncias.

Fonte: Pesquisa realizada pelo Autor, 2018.

Das 23 (vinte e três) denúncias contabilizadas no período, 21 (vinte e uma) foram arquivadas judicialmente. Dentre todos os procedimetnos, um está em

andamento na Vara de Direito Militar da Comarca da Capital. Por fim, em um dos

processos, o policial militar aceitou a transação penal nos termos da Lei 9099/95 (BRASIL, 1995) evitando a continuidade do processo judicial que era movido em seu desfavor.

Apresentado os resultados da pesquisa realizada, tem-se as conclusões no capítulo seguinte.

5 CONCLUSÃO

O presente estudo teve como objetivo principal analisar as denúncias por abuso de autoridade, lesão corporal e violação de domicílio, praticados por policiais militares, no exercício da função, cometidos em Laguna/SC no período de janeiro de 2014 a agosto de 2018.

Este trabalho também apresentou um estudo bibliográfico, com o objetivo de dar melhor embasamento à pesquisa realizada, discorrendo sobre a Lei de abuso de autoridade e os crimes de invasão de domicílio e lesão corporal, analisando os elementos que envolvem as condutas analisadas.

Apresentou-se também um breve histórico da Justiça militar brasileira e aspectos relevantes da Justiça militar federal e estadual, além dos conceitos e singularidades dos crimes comuns e militares, além das recentes alterações no conceito de crime militar e seus reflexos na competência da justiça castrense.

Para alcançar o objetivo principal do trabalho, foi realizada uma consulta na Corregedoria do 28º Batalhão de Polícia Militar e no Fórum da Comarca de Laguna/SC, analisando-se vinte e três processos.

Após a tabulação dos dados de acordo com a planilha do Apêndice A, foram analisados critérios em relação à denúncia, aos denunciantes e denunciados.

Em relação à denúncia, observou-se que os locais mais procurados pelas vítimas para informar o ocorrido foram a Delegacia de Polícia Civil e o Ministério Público, sendo registradas 74% das denúncias nestas duas instituições.

Quanto ao fato denunciado, os crimes de abuso de autoridade em razão de lesão corporal e lesão corporal dolosa ocuparam 70% dos crimes denunciados.

Analisando o local em que ocorreram as supostas violações de direito por policiais militares, observa-se que o Bairro Mar Grosso, Portinho e Progresso são os mais reincidentes.

Finalizando os dados referentes à denúncia, observou-se que a Polícia Militar, independentemente de outro órgão público estar analisando as denúncias, instaurou procedimentos próprios em 91% dos casos, a fim de elucidar a verdade real dos fatos.

Logo após, iniciou-se a tabulação dos dados referentes ao denunciante, sendo observado que 32% deles têm de 18 a 24 anos, 13% de 25 a 30 anos e 26%

possuem 31 a 40 anos de idade. Três em cada quatro denunciantes são do sexo masculino.

As principais ocupações dos denunciantes são: estudante, serviços gerais e ainda, aqueles que não possuem atividade laboral.

Em relação ao histórico criminal, 1/3 dos denunciantes tem condenações penais transitadas em julgado e metade possui registro policial.

Após a análise dos denunciantes, foram apreciados os dados referentes aos policiais militares denunciados. Contatou-se que 68% dos denunciados possuem idade entre 24 a 35 anos, o que era esperado, visto que os policiais mais jovens ocupam funções operacionais, enquanto normalmente, os mais velhos ocupam funções meio e administrativas, não trabalhando com o público externo.

Ocorre que, diferente do critério de idade, o qual não é tão expressivo, o critério de tempo de ingresso na Polícia Militar de Santa Catarina é extremamente relevante. 50% das denúncias registradas envolvem PM´s com até 5 anos de serviços à instituição.

Há várias possibilidades desse número ter sido tão significativo, como a falta de experiência no serviço operacional, que diferente do que acontece na teoria, é imprevisível e inconstante.

Outro fato que pode ser considerado, segundo a experiência pessoal do autor, o qual exerce a profissão policial militar há sete anos, é a falta de respeito que o público em geral tem com os policiais mais novos, exigindo medidas mais enérgicas por parte dos servidores e, consequentemente, sendo alvo de futuras denúncias.

Por fim, em relação ao denunciado, foi analisado seus históricos de punições, sendo constatao que 82% dos policiais militares envolvidos neste estudo, não possuem qualquer apontamento em suas fichas de conduta que os desabones.

O desfecho da denúncia foi o último resultado analisado. Dos 23 (vinte e três) procedimentos instaurados em razão da atividade policial na cidade de Laguna/SC, pelos crimes e período pré definos na pesquisa, constatou-se que 21 (vinte e um) foram arquivados após apreciação do Poder Judiciário, enquanto um processo ainda está em andamento e outro foi encerrado devido a aceitação da transação penal por parte do policial militar processado.

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APÊNDICE

APÊNDICE A – Tabela para a coleta de dados

DA DENÚNCIA Nº Local da Denúncia Fato Denunciado Data do fato Local dos Fatos

Proced. Instaurado pela PM 1 2 3 4 5 6 DO DENUNCIANTE Nº Idade Sexo Profissão Escolaridade Informações Penais 1 2 3 4 5 6 DO DENUNCIADO RESULTADO Nº Autos Nº Idade Tempo de PM Histórico do policial 1 2 3 4 5 6

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