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DOCUME,TOS MULTIMODAIS 15 : UM MOSAICO DE CO,VE,ÇÕES

O design integra uma ampla variação de códigos convencionais que estão constantemente se modificando. No entanto, a linguagem visual do design é muito mais acessível – se comparada à linguagem verbal – tanto perceptual quanto hermeneuticamente, já que é assimilada, grosso modo, intuitivamente. Por isso, não podemos escapar da presença desses códigos ou de seu poder de nos moldar culturalmente. Sobre essa questão, Kostelnick e Hasset (2003a: 11) afirmam que o design é “inerentemente retórico”, uma vez que os designers usam seus artefatos para comunicar objetivando alcançar alguns fins. Ao mesmo tempo, advogam os autores, o design integra esses artefatos entre audiências complexas, o que ocorre, normalmente, dentro das expectativas do público, sendo, por isso, “inerentemente convencional”. Para os autores, essa linguagem convencional não é escrita de forma impulsiva, mas é reproduzida ao longo dos anos, promovendo interpretações de estabilidade, verdade e poder.

As formas de design “operam entre um universo de códigos convencionais que mediam profundamente nossa interpretação da linguagem visual” (2003a:12). Assim, as convenções fornecem o “fio que trança” nossas experiências sensoriais, permitindo a criação de uma linguagem coerente por meio de uma estrutura profunda do design. Os autores utilizam como exemplo um convite para um colóquio patrocinado pelo Instituto Plant Sciences da Universidade Estadual de Iowa, em que há traços convencionais incorporados, como o uso generoso de letras maiúsculas, a inclusão de um molde do nome da instituição e a

15 Tal expressão é usada aqui nos termos de Bateman (2008a), que enxerga os textos escritos como “páginas de conteúdo estático espacialmente orquestrado em uma combinação de modos” (p.07), em que são combinadas, pelo menos, informações textuais, gráficas e pictóricas em um todo, em um layout. Essa visão nos é cara e dialoga com os pressupostos assumidos aqui a respeito da necessidade de ler os gêneros em sua composição, de forma integrada. Além disso, a visão de Bateman é coerente com as afirmações de Kostelnick e Hasset que serão apresentadas neste tópico, quanto às convenções retóricas, já que estas permeiam as partes dos documentos, como veremos. No entanto, é importante destacarmos que Bateman restringe sua análise aos “artefatos estáticos”, não explora, por exemplo, elementos que se movem no arranjo visual. Portanto, ao longo desta seção, faremos a ponte necessária com nosso corpus que é formado, como foi apresentado na introdução deste estudo, por enquetes dinâmicas, ou seja, apresentam movimento. Por fim, também associaremos a noção de convenções aos recursos semióticos observados nas enquetes.

padronização da fonte usada em documentos oficiais, o que certifica a autenticidade do convite e acentua, como ressaltam os autores, o seu ethos para com os leitores.

Por vezes, também deparamo-nos com códigos que vão de encontro a nossas crenças, mas o uso legitimado pela convenção permite certas ressalvas. É o que ocorre, por exemplo, com o a representação das partes de uma bicicleta – dispostas espacialmente, ao longo de um eixo – em um texto instrucional de como montá-la. Sobre esse exemplo16, Kostelnick e Hasset (2003a: 14) comentam que os:

leitores sabem que essa técnica de visualização das partes é uma ficção – partes não flutuam no espaço e certamente não ao longo de uma linha reta – mas leitores suspendem suas descrenças por isso podem aprender como montá-las. (...) O desenho também usa a convenção de truncamento de finais da estrutura de suporte (embora aqui, sem as linhas de quebra típicas dos desenhos mais altamente técnicos) e de uso de uma chamada para as partes rotuladas, cada uma delas serve para focar o leitor nas informações-chave.

Os autores chamam atenção, ainda, para o fato de muitos leitores ocidentais contemporâneos não reconhecerem esses códigos convencionais ou não o considerarem como tal, uma vez que estão embutidos nos mais variados documentos. Para se ter uma noção da série de convenções que integram os documentos, os autores apresentam uma listagem de códigos convencionais, distribuídos em três modos – textual, espacial e gráfico –, que transitam do micronível, pequena-escala de convenções no topo do gráfico, para o macronível, grande-escala de convenções na parte inferior, como se pode ver a seguir:

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A ilustração a que se referem os autores é a seguinte:

Quadro Quadro Quadro

Quadro 19191919 –––– Gama de Códigos Convencionais, segundo Kostelnick e Hasset (2003:16), adaptado

Textual

Espacial

Gráfica

Convenções de pequena-escala

Convenções de grande-escala

 Itálico para títulos de livros, gêneros biológicos, ênfases  Letra maiúscula para

mensagens formais, avisos.

 Letras iniciais sinalizando uma nova seção do texto  Múltiplos níveis de

títulos entre o texto  Sistema de numeração arábico para relatórios científicos.  Legendas e chamadas para ilustrações  Legendas na exibição de dados; rótulos nos eixos x e y  Seção de páginas de títulos entre um documento  Cabeçalhos de páginas e notas de rodapé  Páginas de título e etiquetas para longos relatórios

 Sobrescritos para notas de rodapé; subscrito para equações (H2O)

 Letra pequena para detalhes

 Texto justificado para documentos formais  Recuo de margem para

sinalizar hierarquia  Poder no topo dos

gráficos organizacionais  Uma coluna para

memorandos e cartas; múltiplas colunas para boletim de notícias  Eixos x-y para gráficos;

círculos para gráfico- pizza

 Figuras com partes ‘explodidas’, ‘seccionadas’, seções cruzadas, visões partidas  Padrão de tamanho de páginas, legal, A4

 Cartões divisores para documentos

 Sublinhado para links da web, ênfases, totais de contabilidade  Marcadores para

itens em listas  Linhas entre células

em tabelas; textos em quadros para notas, avisos  Símbolos de Gráfico de fluxo  Símbolos e linhas de grade em gráficos  Padrões preenchidos por materiais (madeira, aço)  Linhas tracejadas

para mostrar figura debaixo da superfície  Marca d’água em certificados e prêmios; textura na página da web  Molduras ao redor de figuras e gráficos; limites de página  Ícones sinalizando fim da unidade do texto

Os autores assinalam que boa parte dessas convenções não ocorre isoladamente, mas são combinadas com outras, em um dado documento. Quanto mais complexo o documento, dizem, mais rica é a lista de convenções, levando em conta que elas “inundam virtualmente

cada elemento visual de um documento – texto, exibições de dados, figuras, e o tamanho e formato da página e ou da tela.” (2003a: 17).

Quanto à mutabilidade das convenções, os autores sinalizam para um fator importante: os artefatos de design “não são inertes, predestinados ou acidentais”, mas manifestam visualmente ações dos usuários; são, portanto, o discurso visível da língua viva em constante transformação. Isso se justifica pelo fato de designers conscientemente empregarem as convenções e os leitores a interpretarem, o que se dá pelo compartilhamento de experiências de natureza diversa. Por essa razão, as convenções são intrínseca e profundamente sociais, já que são proliferadas e sustentadas por grupos sociais. Dessa maneira, conforme afirmam os autores, as convenções são vulneráveis porque “são construtos sociais que dependem dos grupos que os usam, os aprendem e os põem em prática”. (IBID, 2003: 24). Quanto a esse aspecto das convenções, a título de ilustração, vejamos a seguinte sequência (uma das enquetes exibidas no dia 23/03/09):

Quadro Quadro Quadro

Quadro 202020 – Mutabilidade das Convenções 20

C1 DG: ‘tamos comentando atualidades com os políticos, porque é importante um político... C2

...tá bem informado, o senhor não acha?

[som: de uma escova usada para engraxar sapatos, polindo algo áspero]

C3

BA: repórteres também. [som: tilintar metálico]

C4 [som: semelhante ao de fogos de artifício] C5 DG: Certamente.

[som: dois jatos explosivos encontrando o alvo.

C6

DG: Por isso que eu queria compartilhar a minha informação com o senhor.

Laser de

C7

DG: Tá tendo uma polêmica do...

C8

...Jarbas atacando o PMDB. O que o senhor acha disso? [som: freio brusco de algum transporte não-motorizado] BA: Isso...

C9

...é um problema da vida interna do, do PMDB, eu sou

de outro partido.

C10

DG: Mas mesmo não sendo do PMDB, todo mundo sabe o que é PMDB. O que é que

é PMDB?

C11

BA: (?) PMDB é um partido que não é o meu. [som: breve grasnar de um pato ou marreco]

C12

DG: O que significa P-M-D- B? (letras ditas bem pausadamente, como uma soletração) Valendo!

Inicialmente, atentemos para C2 e C3, em que é possível verificar o surgimento de dois braços, com terno preto e camisa branca (vestimenta típica17 tanto do apresentador quanto do político), em posse de um tecido amarelo. Esses dois braços passam a transitar da esquerda para direita e vice-versa, ‘polindo’, ‘lustrando’ imageticamente a cabeça do deputado Bonifácio Andrada que, por ser calvo, possibilita esse recurso específico. Em consonância com esse recurso visual, também há a presença de um som (semelhante a de uma escova polindo algo áspero, como descrito no quadro) que reforça essa ideia. A confluência desses recursos sonoro-visuais é possível porque o produtor deles entende que compartilhamos esse conhecimento acerca de um processo de polimento, por exemplo, uma vez que esses recursos congregam memórias de usos passados, convencionais na sociedade.

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Trajes iguais, normalmente, são utilizados por pessoas que fazem parte de um mesmo grupo, que compartilham uma mesma característica ou ideal: uniformes de estudantes, fardas de militares, camisa de times de futebol etc. Também servem para informar em que categoria tais pessoas se enquadram. Assim, o uso de uma vestimenta que tanto pode ser associado ao integrante do programa quanto ao político confere certa ambiguidade à atuação desse terceiro integrante da enquete: ele pode estar a serviço do CQ ou apoiando o político. Neste último caso, o cenário dialoga com uma luta de boxe, em que membros da equipe de um dos lutadores, com toalhas, acodem seu parceiro para que este volte revigorado para o próximo round.

Entretanto, tais recursos permitem uma gama de reconfigurações, em dado contexto e em função de interesses diversos.

A enquete desenvolve-se a partir da notícia acerca da polêmica envolvendo o então senador Jarbas Vasconcelos, que estaria acusando seus ex-colegas do partido do PMDB de corrupção. Questionado sobre essa informação, o deputado Bonifácio Andrada esquiva-se (C9), considerando-a uma questão a ele alheia, uma vez que não faz parte do referido partido. Ele ainda fortalece essa posição (C11) – depois de questionado sobre o significado da sigla do PMDB –, por uma paráfrase, afirmando ser o PMDB apenas um partido ao qual não se alia. E tal resposta jocosa é realçada pelo som de um grasnar de um pato, que confere uma espécie de reprovação ao comportamento do político, típico de quem desconhece a resposta e evita responder às questões com respostas evasivas. Dessa forma, os recursos semióticos usados no início, aludindo a um polimento, não se justificavam apenas pela ‘careca’ do deputado, mas por este precisar de um tratamento, de uma melhora na sua cabeça (metonimicamente referente ao cérebro e, por conseguinte, aos conhecimentos que possui). É uma reconfiguração dos usos correntes dos recursos que permitiram, neste contexto específico, a construção de novos sentidos. É o que pode ser corroborado pelo desfecho da entrevista, reproduzida a seguir:

Quadro QuadroQuadro

Quadro 21212121 – Mutabilidade das Convenções – continuação

C14

BA: Partido do Movimento Democrático Brasileiro. [som1:

tilintar metálico]

C15

[som2: tilintar semelhante a uma badalada breve em um sino; som 3: vozes comemorando]

DG: Perfeito, seu deputado...

Após o comportamento inicial e diante de uma indagação ainda mais contundente (C12 – “O que significa P-M-D-B? Valendo!”) – remetendo a típicos quizzes televisivos18 em que participantes têm um determinado tempo para responder a questões de natureza diversa –, o deputado responde corretamente à questão sobre o significado da sigla do partido – do qual

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apenas dizia não fazer parte. Nesse momento, há uma série de recursos utilizados, promovendo a ideia de aprovação, como o tilintar metálico (som1 em C14), como de uma medalha, conferida por honra ao mérito, e as vozes

comemorando (som3 em C15). Especificamente, o som2 (“tilintar semelhante a uma badalada breve em um sino” em C15) mantém um diálogo com os recursos semióticos utilizados na sequência inicialmente discutida (C2 e C3: “lustração”, “polimento”), já que, juntamente com ele, há a integração de uma forte luz brilhante, surgida da cabeça do político, enfatizando o sentido de que, com um ‘retoque’, um ‘polimento’, é possível chegar a uma resposta correta e a um comportamento esperado, tido como ideal de um político.

Outro aspecto importante a respeito das convenções refere-se ao fato de as comunidades discursivas que compartilham certos códigos

convencionais não serem homogêneas e, por isso, nem sempre há conformidades dos membros em suas práticas. Em decorrência disso, alguns usuários podem usar formas alternativas, desprezar as práticas aceitas ou até mesmo inventar suas próprias. No entanto, a onipresença das convenções, muitas vezes, as disfarça, pelo fato de as convenções estarem juntas no mesmo documento e por serem naturalizadas pelo discurso das comunidades que as sustentam. Além disso, apesar de as convenções serem altamente socializadas no seio dessas comunidades, “os seus resultados de comunicação desafiam uma previsão, pois os indivíduos pertencem a muitas comunidades e interpretam as convenções em uma grande variedade de contextos situacionais” (2003a: 41).

A maneira como nós passamos a fazer parte de uma comunidade de discurso e como apreendemos culturalmente seus códigos convencionais também varia consideravelmente. Esse processo ocorre quando nós nos deparamos com elementos visuais, os compreendemos e, em seguida, agimos de acordo com nossa interpretação. Em função do sucesso ou da falha de nossas ações, nós reajustamos nossos modelos mentais acerca desses elementos visuais, os reinterpretamos e aplicamos essa interpretação sempre quando em presença de tais elementos. Essa habilidade é adquirida à medida que nos tornamos fluentes na linguagem visual, o que é, em parte, desenvolvido em nossa educação silenciosa, de forma autônoma. No que diz respeito às enquetes do CQ, verifica-se a construção de uma memória quanto à associação de

determinados recursos semióticos a alguma pessoa em particular, o que orienta a leitura que deve ser seguida pelo telespectador. Tal fato pode ser observado por meio do quadro19, a seguir, que se refere ao deputado José Genoíno:

Quadro Quadro Quadro

Quadro 222222 – Convenção de Pequena Escala 22

C1 C2

[som: rangido de cão feroz]

C3

Na C1, há a variação da cor vermelha (que toma o rosto do José Genoíno), começando pelo pescoço e subindo em direção ao topo da cabeça, até que uma pequena fumaça saia desta, recurso semiótico que permite a leitura de alguém colérico, tomado pela raiva. Na segunda cena, há uma distorção da mandíbula do deputado, assemelhando-se a de um cão feroz, juntamente com a representação de uma coleira grossa, em tons metálicos e com pinos pontiagudos (típica de cães treinados para atos violentos, como os da raça Pitbull). Finalmente, em C3, verifica-se a imagem de uma focinheira, geralmente, utilizada em cães de grande porte e ferozes, quando em presença de outras pessoas, para evitar possíveis mordidas. Ao longo de suas aparições, no programa (mesmo em outros quadros que não compõem nosso corpus), o deputado negou-se a responder a qualquer questionamento feito pelos integrantes do programa, além de apresentar uma postura agressiva. Essa caracterização, por meio desse tipo de recurso semiótico, tem tornado-se particular e tem sido usada, normalmente, em referência a esse deputado. É, portanto, de pequena escala no universo do CQ. No entanto, por ter-se tornado um caso emblemático e por ser um fato arquivado na memória das pessoas que assistem às enquetes, há casos como este:

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Tais imagens não fazem parte do nosso corpus, por terem sido exibidas em 2008 (caso das imagens 1 e 2) e não constituírem uma enquete do CQ. No entanto, elas são importantes para a compreensão de determinados recursos semióticos utilizados em 2009, ano em que o CQ estreou no programa.

Quadro Quadro Quadro

Quadro 232323 – Convenção de Pequena Escala - continuação 23

C1

DG: o nome do país o deputado sabe?

C2

[som: grilos cricrilando]

C3

[som: grilos cricrilando] C4

DG: o Brasil indicou um país aí e tal.

C5

DG: Mercosul, tá ligado?

C5

Dr. PC: Vai trabalhar, rapaz. [Som: vozes dizendo “aiaa”, com tom de espanto pela resposta]

Vai trabalhar que é bom. Você é um jovem, tem que trabalhar pelo país.

C6

DG: É verdade, né? O deputado se informar aí, pra trabalhar também, uhh,

C7

...melhor ainda, hein, deputado?

C8

[som1: batida forte de uma barra de ferro em uma superfície rígida; som 2: vozes dizendo “uhh1”

Diante da pergunta “Qual país foi indicado pelo Brasil para participar do Mercosul?”, o deputado federal Dr. Paulo César permaneceu em silêncio, como tipicamente o deputado Genoíno procede. Por isso, a representação da face deste último é sobreposta a daquele, o que não só reforça a identidade já construída de Genoíno (além de possibilitar a sua

construção para quem não a conhecia), mas também promove a transferência de seus atributos ou posturas típicas ao deputado Paulo César. Quando resolve dizer algo, esse deputado é agressivo, o que também está em sintonia com as posturas de José Genoíno.

Como foi visto, os dois quadros acima demonstram que há recursos semióticos convencionados em pequena escala, ou seja, referentes a casos específicos ou a políticos específicos. Da mesma forma, existem aqueles convencionados em grande escala, ou seja, são recursos associados a qualquer político, em determinadas situações. Essas convenções construídas nas enquetes são poderosos instrumentos para a construção da identidade dos políticos. Para verificar como isso se opera, preocupamo-nos em observar quais desses recursos semióticos convencionados nas enquetes são usados em grande escala e quais são os efeitos de sentido produzidos a partir das ações representadas por esses recursos, como veremos no capítulo a seguir.

CAPÍTULO III CAPÍTULO III CAPÍTULO III CAPÍTULO III ANÁLISE DA COMPOSIÇÃ ANÁLISE DA COMPOSIÇÃ ANÁLISE DA COMPOSIÇÃ

ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO DAS O DAS O DAS ENQUETEO DAS ENQUETEENQUETESSSS ENQUETE

Neste capítulo, analisamos como as três estruturas da Função Composicional, valor informativo, saliência e estruturação, atuam nos recursos semióticos convencionados como ações que produzem determinados efeitos. Dependendo do tipo de ação representada, há variações quanto aos sentidos que são promovidos nas enquetes. Por isso, primeiramente, analisamos uma sequência de enquetes para, a partir dela, identificarmos algumas das principais ações representadas pelos recursos mais recorrentes. Em seguida, definimos os critérios de análise e analisaremos como, nessas categorias, as três estruturas funcionam.

No início do quadro CQ, somos lembrados (ou informados ineditamente) de um fato ocorrido durante a semana (07/02/09, dois dias antes da exibição do programa), segundo o qual o atual presidente dos EUA, Barack Obama, estaria sendo criticado por defender a decisão de fechar a base Guantánamo, que fica em Cuba. Em seguida, os políticos são questionados a respeito desse fato. Atentemos para a sequência abaixo:

Quadro Quadro Quadro

Quadro 2222444 – Onde fica Guantánamo? (dia 09/03/09) 4

C1 C2

DG: Obama tá sendo criticado internamente por tentar fechar a base que George Bush usava para prender e interrogar suspeitos terroristas.

C3.

DG: essa base fica em Guantánamo, Cuba.

C4

DG: mas será que os políticos brasileiros sabem disso?

C5

DG: o senhor acha que um político, pra executar seu trabalho, de forma mais eficaz, precisa tá bem informado?

C6

PP: Claro. Quem tá aqui... [som: “clique” do acender de uma luminária]

C7

...na área federal, tá cuidando das coisas do Brasil; e as coisas do Brasil com o exterior, evidentemente.

C8

DG: o que o senhor acha dessa notícia aqui, ó.

C9

DG: Sob críticas, Obama defende decisão de fechar Guantánamo.

C10

SC: eu acho importante que ele faça isso;

C11

SC: é um avanço da democracia. [som: tilintar de uma medalha; som metálico]

C12

AD: ele pode transferir a base Guantánamo pro Brasil, porque...

C13

...há aqui gente pedindo refúgio, né?

C14

PP: ele está correto, porque não adianta apenas a força.

C15

HF: geograficamente falando, Guantánamo tá na contramão da história do povo americano. C16

DG: e Guantánamo, o senhor sabe onde fica?

C17

SC: lógico que eu sei onde fica. [som1: corda de violão quebrando]

C18

[continuação do som1: corda de violão quebrando; som 2: grilo cricrilando]*

C19

SC: não entendi a pergunta.

C20

DG: pra quem tá em casa e não sabe onde fica Guantánamo, onde fica?

C21

[som: algo sendo engolido brusca e dificilmente] C22 SL: é... essa eu C23 (truncamento/difícil compreensão) C24 SL: é um estado que nós

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