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Documento Base PROEJA FIC Ensino Fundamental

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL CAMPUS (páginas 92-105)

3.3 OS DOCUMENTOS BASE DO PROEJA

3.3.2 Documento Base PROEJA FIC Ensino Fundamental

O Documento Base PROEJA Educação Formação Inicial e Continuada / Ensino Fundamental (ou Documento Base PROEJA FIC Ensino Fundamental), conta com 79 páginas, onde estão distribuídos sete capítulos. Mesmo contando com maior número de páginas e de capítulos, a estrutura aproxima-se da apresentada no Documento Base PROEJA Técnico, inclusive quanto ao conteúdo, respeitadas as especificidades de cada público.

Já na apresentação do Documento, é explicitado um dos objetivos do Programa:

O que se aspira é uma formação que permita a mudança de perspectiva de vida por parte do aluno; a compreensão das relações que se estabelecem no mundo do qual ele faz parte; a ampliação de sua leitura de mundo e a participação efetiva nos processos sociais46. Enfim, uma formação plena. Para tanto, o caminho escolhido é o da formação profissional aliada à escolarização, tendo como princípio norteador a formação integral. (BRASIL, 2007c, p. 05)

Para Maraschin (2019, p. 89), com a oferta do PROEJA FIC Ensino Fundamental,

“ganha destaque a formação integral e uma concepção diferente de escola, que respeita os saberes dos estudantes jovens e adultos”.

O Documento evidencia a necessidade de “constituição de redes de pesquisa que venham dar suporte teórico-metodológico e socializar os conhecimentos produzidos”

(BRASIL, 2007c, p. 05). Nesse sentido, para Jaqueline Moll (2010, p. 133):

Pode-se afirmar, à luz desse movimento, que o PROEJA reuniu as condições necessárias e suficientes para se apresentar como campo de conhecimento em construção, em suas dimensões epistemológicas, curriculares e pedagógicas, tendo como referência o Acordo de Cooperação PROEJA/CAPES – SETEC, edital CAPES 03/06, que instituiu linha de financiamento para formação de redes de cooperação acadêmica no país, constituindo núcleos de pesquisa sobre o PROEJA, por meio da concessão de bolsas de mestrado e doutorado. Essas redes associaram a análise e avaliação de políticas públicas, os contextos regionais de implantação da Educação profissional integrada à Educação de jovens e adultos, os componentes curriculares dessa integração, a diversidade sociocultural dos jovens e adultos, a relação entre Educação e trabalho na escolarização das populações jovens e adultas.

46 Segundo Saviani (2007, p. 160): “O modo como está organizada a sociedade atual é a referência para a organização do ensino fundamental. O nível de desenvolvimento atingido pela sociedade contemporânea coloca a exigência de um acervo mínimo de conhecimentos sistemáticos, sem o que não se pode ser cidadão, isto é, não se pode participar ativamente da vida da sociedade”.

Temáticas associadas, desse modo, à implantação e implementação do PROEJA como política pública e como prática pedagógica nova.

Entretanto, mesmo havendo respaldo e respectiva importância à pesquisa, nem sempre seus resultados são considerados, como assevera Maraschin (2019, p. 89): “nesse processo de constituição da política, percebe-se o espaço que é propiciado à constituição da pesquisa. […]

mas, na maioria das vezes, não sendo reconhecidos esses dados nas instituições”.

Tais questões já se apresentam como desafios à política, necessitando serem enfrentadas, uma vez que, para que se possa efetivamente contribuir para a construção de um debate mais amplo sobre uma nova política societária para a Educação, em suas diversas modalidades, a pesquisa e os seus resultados precisam ser considerados centrais nas discussões, conferindo, como o próprio Documento afirma, o aporte teórico-científico necessário para a efetivação de mudanças.

O Documento Base PROEJA FIC Ensino Fundamental se constitui na perspectiva de tornar-se um referencial teórico, que subsidie um projeto de EJA para a segunda fase do Ensino Fundamental, que integre formação profissional e elevação de escolarização, numa perspectiva de desenvolvimento integral dos indivíduos envolvidos. (BRASIL, 2007c)

No primeiro capítulo, Pressupostos gerais, logo no início é enunciada a diferença entre os Documentos Base PROEJA Técnico e PROEJA FIC Ensino Fundamental, tratando do objetivo central deste Documento, como destaca Maraschin (2019, p. 89): “No primeiro capítulo do Documento Base é explicado que o objetivo do documento é fazer uma reflexão e propor fundamentos acerca da integração entre a formação inicial e continuada de trabalhadores e os anos finais do ensino fundamental na modalidade EJA”.

Em seu segundo capítulo, o Documento dá ênfase às questões relativas ao acesso, à qualidade e à permanência no Ensino Fundamental, tratando sobre a dualidade entre as ofertas pública e privada do Ensino Fundamental, sobre os problemas enfrentados, mesmo com a previsão de universalização de acesso a esse nível de ensino, e, em linhas gerais, sobre o percurso dos estudantes conforme as suas classes sociais. (BRASIL, 2007c).

No título “Acesso, permanência e qualificação da Educação básica em geral e do ensino fundamental em particular: o quadro atual” destaca que apesar da universalização do acesso ao ensino fundamental ainda existem problemas como qualidade dos processos educacionais, a dualidade do público versus privado, a repetência e a evasão. (MARASCHIN, 2019, p. 89)

Uma dificuldade relatada no Documento é a descontinuidade de políticas públicas para a Educação, ocasionadas pela falta de políticas de Estado, sendo em sua grande maioria

políticas de governo, que mudam constantemente devido a alta rotatividade de dirigentes na Educação, nas diferentes esferas (municipal, estadual e/ou federal), bem como à promoção de políticas de interesse pessoal do dirigente ou do grupo ao qual representa. (BRASIL, 2007c)

Também, o Documento destaca que cerca de 97% das crianças entre 07 e 14 anos tinham acesso ao Ensino Fundamental, porém, devido às deficiências nos sistemas de ensino, que acarretam na evasão de crianças das classes mais populares, estimava-se uma taxa de 7,5% de evasão no Ensino Fundamental tido como regular, acrescida de 30% de distorção idade-série. Ainda, dados do PNAD/IBGE de 2005 apontam que 19,7 milhões de brasileiros possuíam apenas 04 anos de estudos, portanto tendo concluído somente as séries iniciais do Ensino Fundamental, e que 47,6 milhões de brasileiros e brasileiras, cerca de 26% da população estimada para aquele ano, não tinham chegado a completar o Ensino Fundamental, tendo até 07 anos de estudo47. (BRASIL, 2007c)

Nesse sentido, merece ainda destaque o fato de que essa significativa quantidade de cidadãos com menos de 8 anos de escolarização tem efetivamente comprometida suas possibilidades de inserção social, política, cultural e econômica em uma sociedade que exige níveis cada vez mais crescentes de escolarização e de certificação profissional. (BRASIL, 2007c, p. 16)

O terceiro capítulo do Documento aborda o (re)conhecimento da integração dos anos finais (segunda etapa) do Ensino Fundamental com uma formação profissional inicial, na modalidade de EJA, como processo de ressignificação à essa etapa de escolarização.

[…] a integração da Educação Profissional/formação inicial e continuada com o ensino fundamental na modalidade Educação de Jovens e Adultos visa contribuir para a melhoria das condições de inserção social, econômica, política e cultural dos jovens e adultos que não concluíram o ensino fundamental. Assim, essa nova possibilidade educativa considera as especificidades do mundo do trabalho, mas não se restringe a elas. (BRASIL, 2007c, p. 20, grifo nosso)

Ainda no capítulo 3, aponta-se para o aumento significativo da demanda de jovens e adultos no Ensino Fundamental, que chegou a 1.906.976 matrículas, entre a 5ª e a 8ª séries do Ensino Fundamental na modalidade EJA, segundo o Censo Escolar de 2005, impulsionada pela elevação da escolaridade mínima exigida pelo mundo do trabalho e agravada por fatores como evasão escolar e baixa escolaridade da população. (BRASIL, 2007c)

47 Segundo Jaqueline Moll (2018), o país avançou no acesso à educação na faixa dos 04 aos 17 anos e quase universalizou na faixa dos 06 aos 14; contudo, a reprovação e a evasão escolar ainda são marcas em milhões de estudantes. Na faixa dos 15 aos 17 anos, apenas metade dessa população encontra-se no Ensino Médio, pois, cerca de três milhões encontram-se ainda cursando o Ensino Fundamental (retidos) e mais de um milhão se evadiu do contexto escolar.

Sobre os baixos níveis de escolaridade, Jaqueline Moll (2018) pondera que, assim como o analfabetismo, são condições estruturantes do processo de exclusão social e marginalização socioeconômica dos indivíduos, com consequências à consolidação da democracia e do desenvolvimento socioeconômico do país.

Assevera-se que, apesar do expressivo número de matrículas, o Ensino Fundamental na modalidade EJA registra cerca de 30% de evasão, segundo dados obtidos pela SECAD junto às Secretarias Estaduais de Educação no ano de 2006. (BRASIL, 2007c)

No Documento (BRASIL, 2007c, p. 18), segundo a SECAD:

[…] os estudantes do ensino fundamental na modalidade EJA são pessoas para as quais foi negado o direito à Educação, durante a infância ou adolescência: homens e mulheres, brancos, negros, índios e quilombolas, trabalhadores empregados e desempregados, filhos, pais e mães, moradores dos centros urbanos e das áreas rurais. Algumas dessas pessoas nunca foram à escola ou dela tiveram que se afastar em função da entrada precoce no mundo do trabalho ou mesmo por falta de escolas.

A maioria daquelas que já passou pela instituição escolar carrega uma história marcada por numerosas repetências e interrupções. Entretanto, observa-se que, quando retornam à escola, levam significativa gama de conhecimentos e saberes construídos ao longo de suas vidas.

A partir da análise do público envolvido, é ponderado no Documento sobre fatores recorrentes que levam os alunos dessa modalidade a evadirem, tais como problemas relacionados com a atividade laboral (dificuldades de conciliar horário de trabalho e horário escolar, mudanças de emprego, horário de trabalho ou jornadas duplas ou triplas); problemas de ordem familiar (doenças na família, gravidez, dificuldades de conciliar família e estudo ou, muitas vezes, família, estudo e trabalho); distância da escola (problemas com transporte, mudança de endereço, de bairro ou até de cidade); ou ainda, a inadequação com a proposta pedagógica apresentada pela escola, a não-adaptação à nova rotina escolar, o baixo rendimento escolar e as reiteradas repetências. (BRASIL, 2007c)

Outro fator apontado é a inexpressividade ou falta de um real significado que o Ensino Fundamental representa para seu público, visto que para a grande maioria ele não reflete em ascensão profissional ou melhoria salarial, ou mesmo a possibilidade de continuação de estudos. Nesse sentido, a integração entre formação profissional inicial e Ensino Fundamental, pela EJA, mostra-se como uma possibilidade de produzir significado para essa etapa da escolarização. (BRASIL, 2007c)

Esse tipo de formação colaborará de uma forma mais imediata e direta para a qualificação profissional. Mas é fundamental percebê-la também numa perspectiva de longo prazo, mais ousada, ou seja, devem-se criar as condições para que os concluintes possam efetivamente retomar sua trajetória educacional e continuar os

estudos no nível médio, o que poderá contribuir, inclusive, para o acesso ao ensino superior. (BRASIL, 2007c, p. 19)

Torna-se imperativa a necessidade de se garantir, além do acesso de jovens e adultos a um Ensino Fundamental público, gratuito e de qualidade, a sua permanência e o seu êxito (conclusão) nos cursos ofertados nessa modalidade e nível de ensino. (BRASIL, 2007c)

No capítulo 4, fundamenta-se a integração entre a Educação Profissional inicial e o Ensino Fundamental, por meio da vinculação da Educação escolar com o mundo do trabalho, invocando a CF de 1988, a LDBEN (Lei nº 9.394/1996), o Decreto nº 5.154/2004 e os Decretos de criação do PROEJA – Decreto nº 5.478/2005, revogado e substituído pelo Decreto nº 5.840/2006. (BRASIL, 2007c)

Os cursos no âmbito do PROEJA FIC Ensino Fundamental deverão ser estruturados com foco na integração dos conhecimentos da Educação Básica com os específicos da formação profissional inicial, que deverá estar relacionada a uma área profissional48 ou arcos ocupacionais49, conforme o Anexo 1 do Documento Base PROEJA FIC Ensino Fundamental.

Destaca Maraschin (2019, p. 91) que, “no documento, em várias passagens, são retomadas a necessidade de vinculação da política com o mundo do trabalho e a articulação do conhecimento no e pelo trabalho e ainda reconhecendo a diversidade do trabalho”.

Historicamente, a Educação voltada aos trabalhadores, tanto na escolarização quanto nos processos de qualificação profissional, é conduzida de forma desarticulada, sem a devida correlação entre os conhecimentos gerais e os profissionais, tratando-os de forma aligeirada, numa perspectiva de formação para a empregabilidade. Denota-se que é da articulação entre conhecimento geral e formação profissional que se aproximam Educação e trabalho, sendo esse compreendido como princípio pedagógico nessa perspectiva de qualificação da Educação Básica, juntamente com a necessidade de integração de conhecimentos teóricos e práticos, de científicos e de tecnológicos e de cultura básica com geral. (BRASIL, 2007c)

48 Áreas profissionais são a forma de organização dos Cursos Técnicos de Nível Médio e, não havendo diretriz para a formação inicial e continuada, optou-se pelo uso dessas como sugestão para sua organização. Conforme Anexo 1 do Documento, são elencadas as áreas profissionais: Agropecuária, Artes, Comércio, Comunicação, Construção Civil, Design, Geomática, Gestão, Imagem- Pessoal, Indústria, Informática, Lazer e Desenvolvimento Social, Meio Ambiente, Mineração, Química, Recursos Pesqueiros, Saúde, Serviço de Apoio Escolar, Telecomunicações, Transportes e Turismo e Hospitalidade.). (BRASIL, 2007c)

49 Arco ocupacional é um conjunto de ocupações que se relacionam, tendo em comum sua base técnica. Assim, um arco ocupacional pode apresentar diversas ocupações, sendo que, para efeito do PROEJA FIC Ensino Fundamental, cada arco poderá ter quatro ou cinco ocupações, limitadas devido à carga horária disponibilizada nos Cursos. São sugeridos no Anexo 1 os arcos ocupacionais: Administração, Agro-extrativista, Alimentação, Arte e Cultura, Construção e Reparos, Educação, Esporte e Lazer, Gestão Pública e 3º Setor, Gráfica, Joalheria, Madeira e Móveis, Metalmecânica, Pesca/Piscicultura, Produção Rural, Saúde, Serviços Domésticos, Serviços Pessoais, Telemática, Transporte, Turismo e Hospitalidade, e Vestuário. (BRASIL, 2007c)

No quinto capítulo do Documento, encontram-se elencados os pressupostos e os princípios que norteiam a política, tendo como entendimento a necessidade do reconhecimento das especificidades dos campos tratados pela política na construção de um currículo integrado. (BRASIL, 2007c)

O PROEJA tem seus alicerces na convergência de três campos da Educação que consideram: a formação para atuação no mundo do trabalho (EPT); o modo próprio de fazer a Educação, considerando as especificidades dos sujeitos jovens e adultos (EJA); e a formação para o exercício da cidadania (Educação Básica). (BRASIL, 2007c, p. 27)

Na análise de Sidinei Cruz Sobrinho (2016, p. 22):

Os pressupostos e princípios identificados no Documento Base também nos levam a compreender o PROEJA como um exemplo de práxis política uma vez que estes pressupostos nascem da realidade dos indivíduos visando o bem comum: o jovem e adulto como trabalhador e cidadão; o trabalho como princípio educativo; as novas demandas de formação do trabalhador; relação entre currículo, trabalho e sociedade.

Conforme o Documento Base, são princípios: a) Princípio da aprendizagem e de conhecimentos significativos; b) Princípio de respeito ao ser e aos saberes dos educandos; c) Princípio de construção coletiva do conhecimento; d) Princípio da vinculação entre Educação e trabalho: integração entre a Educação Básica e a Profissional e Tecnológica; e) Princípio da interdisciplinaridade; f) Princípio da avaliação como processo.

O sexto capítulo, Projeto Político Pedagógico, trata do tema em oito seções, como destaca Maraschin (2019, p. 92):

Além dos princípios, o documento apresenta considerações sobre o público beneficiário, modalidade de oferta, organização curricular e dos tempos e espaços, aproveitamento de estudos e experiências anteriores, avaliação e áreas de formação.

Dessa forma, pode-se concluir que o PROEJA FIC caminha os mesmos princípios do PROEJA Médio e busca uma transformação da EJA e da EP.

Tendo por objetivo a integração entre os conhecimentos geral e profissional inicial, considerando metodologias que respeitem os tempos e espaços da realidade dos sujeitos envolvidos na política, o PROEJA FIC Ensino Fundamental tem como um de seus principais desafios a construção de uma proposta pedagógica alicerçada no trabalho e na elevação da escolarização, pautada no respeito à diversidade e ao perfil de cada sujeito incluído na política e de suas experiências. (BRASIL, 2007c)

Nesse sentido, são elencados alguns princípios básicos para nortear essa construção50:

“a) O diálogo entre professor e aluno; b) A história de vida do aluno; c) O espaço e tempo de formação; d) A produção de conhecimento; e) A abordagem articulada das informações; f) A preparação para o trabalho em suas várias dimensões”. (BRASIL, 2007c, p. 31-32)

Sobre o público beneficiário da política, insta ressaltar que o Decreto de constituição do PROEJA não determina a idade mínima para acesso aos cursos e que na EJA, por sua vez, é aceita a idade mínima de 15 anos para matrícula no Ensino Fundamental. Contudo, o PROEJA FIC Ensino Fundamental, segundo o Documento Base, adota a idade mínima de 18 anos para ingresso, considerando que os jovens entre os 15 e 17 anos devem, prioritariamente, ser atendidos no ensino tido como regular. (BRASIL, 2007c)

Quanto à modalidade de oferta, o PROEJA FIC Ensino Fundamental será ofertado exclusivamente de modo presencial, visando à retomada do percurso formativo dos jovens e adultos incluídos, recuperando o sentido e a significância da escolarização. (BRASIL, 2007c)

A proposta de organização curricular, exposta no sexto capítulo, é de integração dos conhecimentos geral e profissional inicial, por meio da interdisciplinaridade, como tratado também no capítulo cinco do Documento Base (Princípio da Interdisciplinaridade).

A interdisciplinaridade assume, assim, uma postura de busca pela unificação do saber e pela preservação da integridade do pensamento, indo muito além da mera composição entre componentes curriculares ou conteúdos, podendo ser compreendida como um método de cooperação entre esses, com vistas ao desenvolvimento mútuo. (BRASIL, 2007c)

A interdisciplinaridade, proposta nessa forma de organização por áreas temáticas, é uma posição epistemológica e pedagógica que se realiza diretamente na prática docente. O planejamento conjunto por parte de uma equipe interdisciplinar pode levar à eleição de eixos integradores, projetos de trabalho, temas geradores que podem ser propostos como um objeto de estudo, um projeto de intervenção ou de empreendimento (BRASIL, 2007c, p. 37)

Nesse cenário, há de se considerar que a opção por uma metodologia como a proposta exige da Escola a sua reestruturação curricular, a reorganização dos tempos e espaços, o investimento em formação continuada dos professores e uma Coordenação Pedagógica atuante, que viabilize e acompanhe a implementação dessa proposta. (BRASIL, 2007c)

A proposta apresentada pelo Documento Base, quanto organização de tempos e espaços, é de que sejam ofertados cursos de forma presencial, organizados por modalidades,

50 Segundo o Documento, “para a consecução de uma proposta como a sugerida, faz-se necessário que ela se paute em alguns princípios básicos. No entanto, não é demais relembrar que se tratam de referenciais e não determinações inflexíveis”. (BRASIL, 2007c, p. 31)

etapas ou fases, de acordo com a proposta da instituição ofertante, e com carga horária mínima de 1.400 horas, sendo, no mínimo, 1.200 horas para a formação geral e 200 horas para a profissional, com vistas a assegurar o seu “não aligeiramento”. (BRASIL, 2007c)

Os cursos e programas serão ofertados na forma presencial, tendo em vista a necessidade do trabalho coletivo, do incentivo do docente e a atuação dos jovens e adultos na construção das relações entre os sujeitos do processo educativo, utilizando diferentes tecnologias de informação e comunicação como recurso pedagógico. No entanto, a oferta presencial não deve ser um limitador na organização dos tempos e espaços nos cursos, ou seja, poderão ser respeitados os calendários sazonais, bem como exploradas as possibilidades envolvidas com a pedagogia da alternância. Desde que não haja descaracterização da modalidade presencial, pode-se fazer uso de recursos da Educação à distância, tendo como objetivo a familiarização desses jovens e adultos com esses meios, bem como a dinamização das aulas. (BRASIL, 2007c, p. 50)

Recomenda-se, ainda, que as instituições proponentes considerem no planejamento dos cursos ofertados, as demandas sociais e os arranjos produtivos, sociais e culturais locais, com vistas ao desenvolvimento de elos com a comunidade, aproximando a Escola da sociedade e, por conseguinte, do cotidiano dos sujeitos envolvidos. (BRASIL, 2007c)

É previsto o aproveitamento de estudos e experiências anteriores, utilizando-se dos conhecimentos prévios assimilados em experiências escolares anteriores ou extraescolares, com vistas a novas aprendizagens e construção de novos conhecimentos. (BRASIL, 2007c)

A aprendizagem é entendida como processo pelo qual o indivíduo relaciona um novo conhecimento com os conhecimentos anteriormente construídos, e também, como o processo pelo qual as informações e as habilidades desenvolvidas interagem e passam a ter sentido para o sujeito. (BRASIL, 2007c, p. 40)

Convém sempre destacar que a EJA é composta por sujeitos com diferentes tempos de escolarização e tempos fora da Escola ou dos processos formais de Educação, com níveis distintos de conhecimento e de desenvolvimento intelectual, dentre outras diferenças, que precisam ser pautadas no planejamento de atividades que respeitem as singularidades e a diversidade posta, propiciando trocas de saberes e situações cooperativas e colaborativas entre os estudantes. (BRASIL, 2007c)

Dentro da concepção proposta para o PROEJA, o processo avaliativo precisa ser compreendido “como diagnóstico, num processo investigativo, de permanente indagação, orientador do planejamento, com vistas a promover aprendizagem e avanços de alunos e alunas” (BRASIL, 2007c, p. 41).

Considerando que a proposta da política é de integração de conhecimentos, torna-se imperativo que o processo avaliativo seja planejado antecipadamente pela equipe de trabalho,

evitando fragmentações e aproximando as áreas, sem perder, no entanto, as suas especificidades. Diante disto, alguns instrumentos avaliativos podem auxiliar o processo de construção do conhecimento, como avaliações escritas em grupos e individuais, portfólios, processos de autoavaliação, relatórios, projetos, dentre outros, que fundamentalmente devem oportunizar ao estudante o acompanhamento de seu desenvolvimento e, sobretudo, indicar caminhos para seu avanço na construção do seu conhecimento. (BRASIL, 2007c)

evitando fragmentações e aproximando as áreas, sem perder, no entanto, as suas especificidades. Diante disto, alguns instrumentos avaliativos podem auxiliar o processo de construção do conhecimento, como avaliações escritas em grupos e individuais, portfólios, processos de autoavaliação, relatórios, projetos, dentre outros, que fundamentalmente devem oportunizar ao estudante o acompanhamento de seu desenvolvimento e, sobretudo, indicar caminhos para seu avanço na construção do seu conhecimento. (BRASIL, 2007c)

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL CAMPUS (páginas 92-105)