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Documento 2 (Doc 2) – Referencial Curricular Lições do Rio

A TÍTULO DE INTRODUÇÃO

Grupo 2 Documento 2 (Doc 2) – Referencial Curricular Lições do Rio

Grande

Professora Marta (E1): Possui graduação em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1970), mestrado em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1977) e doutorado em Teoria Literária, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1988). Fez pós- doutorado na Universidade de Coimbra. Atualmente dedica-se à formação continuada de professores.

Professora Joana (E2): Possui graduação em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1988), mestrado (1992) e doutorado (1997) em Linguística Aplicada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Atualmente dedica-se à gestão universitária.

Professora Paula (R1): Possui graduação em Letras – Português (Centro Universitário Franciscano, 1999) e Mestrado em Letras- Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Santa Maria (2014). É professora de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental e Médio da rede estadual desde 2000.

Professora Lílian (R2): Possui graduação (1986) e Mestrado em Letras (2013) pela Universidade Federal de Santa Maria. É professora da rede estadual, desde 1989, e privada, desde 2008. Atualmente leciona na rede estadual (20 horas).

2.3.4 Procedimentos de análise e as noções mobilizadas

Tendo em vista que o objetivo maior deste estudo é analisar como se deu a produção e recepção de documentos oficiais de ensino de Língua Portuguesa produzidos no estado do Rio Grande do Sul no período de 1990 a 2010 para, com base no objeto de análise (entrevistas realizadas com professores elaboradores e receptores desses documentos), discutir o que significou produzir documentos oficiais em distintos períodos da história do ensino de Língua Portuguesa nesse estado, a presente seção mostra de que maneira foram sendo definidos os

procedimentos e as noções que subsidiam a análise das falas36 dos professores elaboradores/receptores desses documentos oficiais.

Um dos primeiros procedimentos adotados foi o de conhecer o contexto dos próprios documentos oficiais (conforme capítulo 1), material situado num determinado período sócio-histórico-político. Esse procedimento vai ao encontro da abordagem teórico-metodológica aqui adotada que considera que o enunciado jamais poderá ser neutro, pois ele sempre terá um horizonte temporal, espacial, temático e axiológico, que o situará ideologicamente.

É nessa perspectiva que Miotello (2008) discute a questão da ideologia para Bakhtin e o Círculo e que também levamos em conta ao traçarmos os nossos procedimentos de análise. Segundo Miotello (apud BRAIT, 2008, p. 172),

Bakhtin/Voloshinov defende que as menores, mais ínfimas e mais efêmeras mudanças sociais repercutem imediatamente na língua; os sujeitos inter- agentes inscrevem nas palavras, nos acentos apreciativos, nas entonações, na escala dos índices de valores, nos comportamentos ético-sociais, as mudanças sociais. As palavras, nesse sentido, funcionam como agente e memória social, pois uma mesma palavra figura em contextos diversamente orientados. E, já que, por sua ubiquidade, se banham em todos os ambientes sociais, as palavras são tecidas por uma multidão de fios ideológicos, contraditórios entre si, pois frequentaram e se construíram em todos os campos das relações e dos conflitos sociais.

O próximo passo diz respeito a ler o próprio material de análise, as entrevistas. Era preciso deixar meu objeto falar como já anunciado na seção 2.2 e, para isso, foram necessárias várias leituras das entrevistas dos professores elaboradores e receptores dos documentos oficiais. A partir, dessas leituras, então, foi preciso detectar, em cada entrevista, os pontos que chamaram mais atenção, pontos que elaboradores e receptores foram “costurando” de forma a dar ênfase a determinados aspectos e não a outros. Tudo isso, levando em conta, os objetivos que ancoram este estudo.

Nesse sentido, ao analisarmos recortes dessas falas dos professores elaboradores e receptores dos documentos oficiais e, posteriormente, confrontarmos esses discursos, recorremos às noções desenvolvidas pelo Círculo de Bakhtin e já apresentadas neste capítulo, dedicado aos pressupostos teórico- metodológicos, mas sempre levando em conta que realizar uma análise dialógica do discurso consiste em “não aplicar conceitos a fim de compreender um discurso, mas deixar

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Doravante recorte discursivos (RD) tendo em vista a abordagem teórico-metodológica na qual se ancora esta pesquisa.

que os discursos revelem sua forma de produzir sentido, a partir de um ponto de vista dialógico, num embate” (BRAIT, 2006, p. 24).

A questão principal que destaco da teoria dialógica é a noção de dialogismo, princípio inerente a toda comunicação verbal. É por meio do dialogismo que se concretizam as práticas discursivas, o discurso, ou seja, a língua em sua integridade concreta e viva, que se inter-relacionam sujeitos e discursos. Dessa forma, na análise dos recortes das falas dos professores elaboradores e receptores, considero a construção de seus discursos sobre a elaboração e recepção dos documentos oficiais.

Cabe ainda mencionar que essas falas são pontos de vista sobre o processo de elaboração e recepção de documentos oficiais, que serão observados por meio da movimentação de discursos, entrelaçamento de vozes sociais e acentos valorativos.

Assim, para realizar a referida análise, lanço mão dos conceitos apresentados neste capítulo como dialogismo/diálogo, interação verbal, enunciação, palavra, tema, acento avaliativo, significação entre outros que irão sendo acionados com o olhar sobre o objeto de pesquisa. Os referidos conceitos irão auxiliar no tratamento da abordagem analítica, bem como serão acionados na medida em que o texto vai demandando reflexões sobre a construção dos sentidos no movimento dos enunciados.

Além disso, os conceitos são ativados na medida em que as marcas linguísticas, funcionando como pistas discursivas, favoreçam a reflexão oriunda da própria pesquisa: que relações têm sido estabelecidas, nas duas últimas décadas, entre o Estado e o ensino de Língua Portuguesa sob a ação de documentos oficiais para modificar os rumos do ensino dessa disciplina escolar?