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O documento Educação para crescer: Projeto Melhoria da Qualidade de

A TÍTULO DE INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 1 – OS DOCUMENTOS OFICIAIS

1.3 O documento Educação para crescer: Projeto Melhoria da Qualidade de

Ensino (1991-1995)

1.3.1 Contextualização do documento

Como o Educação para crescer: Projeto Melhoria da Qualidade de Ensino (1991-1995) foi proposto pelo governo do estado do Rio Grande do Sul, via Secretaria de Educação, é importante contextualizar o momento em que foi produzido o documento, pois essa contextualização poderá indicar pistas para compreender os processos de elaboração e recepção do próprio documento. Num primeiro momento, será apresentado, brevemente, o cenário nacional no que diz respeito ao setor educacional no período de publicação do documento e, em seguida, os aspectos relacionados às políticas estaduais de educação.

6 Proposta Curricular para o ensino de língua portuguesa – 1 grau . São Paulo, SE/CENP, 1986. 7

Entre as quatorze propostas analisadas pelos autores está o Educação para crescer: Projeto Melhoria da Qualidade de Ensino (1991-1995).

Conforme Palma Filho (2010), no início dos anos 90, começa a ascender, no Brasil, o neoliberalismo, com a posse de Fernando Collor de Mello na Presidência da República. As políticas educacionais, nesse governo, são, então, marcadas pelo clientelismo e privatizações.

Em termos de equipe, o governo Collor mantinha uma assessoria formada por políticos conservadores, inclusive no Ministério da Educação (MEC), caracterizando, em matéria de política educacional, um período impregnado de muito discurso e pouca ação (FRANÇA, 2005).

Quanto aos projetos educacionais, Arelaro (2000, p. 96) destaca que

era evidente que o presidente eleito e seu grupo – pouco expressivos nacionalmente – não tinham um projeto consistente de intervenção social. O conceito de educação como expressão da cidadania, muito citado nos discursos, não conseguiu ser prioridade no decorrer do governo, nem mesmo quando da comemoração do Ano Internacional da Alfabetização, em 1990, pois não havia propostas concretas por parte do governo capazes de mobilizar a sociedade para ações mais abrangentes em educação.

Apesar disso, alguns documentos foram elaborados tendo em vista o setor educacional. Dentre eles, destacamos: O Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania – PNAC (1990); O Programa Setorial de Ação do Governo Collor na área de educação (1991-1995); Brasil: um Projeto de Reconstrução Nacional (1991).

Cada um desses documentos envolvia objetivos que tinham ideais de equidade, eficiência, qualidade e competitividade, os quais iam sendo introduzidos na área da educação. Por exemplo, nos dois últimos documentos (o Programa

Setorial de Ação do Governo Collor na área de educação e Brasil: um Projeto de Reconstrução Nacional), a tendência era a de compartilhar responsabilidades iguais

entre governo, sociedade e iniciativas privadas.

Nesse sentido, reforçou-se a ideia de que a articulação com o setor empresarial traria benefícios à nação brasileira, especialmente, para a infraestrutura econômica, tecnológica e educacional. As propostas das empresas e dos organismos internacionais foram elaboradas e inseridas com o presidente Collor, mas foram apreciadas apenas no governo seguinte, de Itamar Franco (1992-1994).

Nesse contexto nacional, foi elaborado o documento Educação para crescer:

Projeto Melhoria da Qualidade de Ensino (1991-1995). Na época em que foi

publicado, o governador do estado do Rio Grande do Sul era Alceu de Deus Collares (eleito em 1990 para governar o estado no período de 15/03/1991 a 1º/01/1995).

Implantou, em seu governo, uma série de mudanças em vários setores e, especificamente, no da educação; essas mudanças causaram uma onda de insatisfações por parte dos professores e, até mesmo, da comunidade gaúcha. Ao nomear sua esposa, Neuza Canabarro, como Secretária da Educação, implanta, em seguida, o Calendário Rotativo (este previa três anos letivos distintos num mesmo ano), fruto de muitas polêmicas.

Para conhecermos melhor o projeto de governo de Alceu Collares, busquei algumas informações no texto de Fernandes (2011), que, ao descrever o Educação

para crescer: Projeto Melhoria da Qualidade de Ensino (1991-1995), faz uma

apresentação do período em que o documento foi produzido. Para isso, a autora se reporta ao documento publicado pela Frente Progressiva Gaúcha (FPG), da qual Alceu Collares fazia parte e que se constituiu em um projeto de governo intitulado “Povo Grande do Sul”. Esse documento serviria de base para a ação governamental do período, que compreende os anos de 1991-1994, com propostas embasadas em fundamentos políticos, sociológicos e filosóficos.

Para a área social, na qual o setor educacional estava inserido, o projeto deixava claro que a educação vinha, nos últimos tempos, passando por várias problemas por causa de uma política educacional caracterizada por uma ineficiência do ensino e pela desigualdade social desde o regime autoritário. Assim, o documento mostrava a necessidade de uma política educacional democratizadora, por meio de uma compreensão crítica dos métodos, currículos e práticas pedagógicas.

Como uma das funções da escola, o documento indicava a importância de essa instituição contribuir para a formação da consciência crítica do aluno, possibilitando a esse sujeito participar da vida social e política e resgatar, assim, sua cidadania. A educação popular e participativa era a meta central do projeto “Povo Grande do Sul” e, para isso, a FPG objetivava desenvolver uma ação de governo para atender às necessidades da área.

Uma das propostas presentes nesse projeto era a implementação de CIEPs (Centros Integrados de Educação Popular)8, que constituíam um tipo de escola em

8

De acordo com o site do PDT (Partido Democrático Trabalhista), “A proposta pedagógica dos CIEPs rompe com o antigo isolamento da Escola Pública, para fazer dela uma promotora efetiva da maior participação social das classes mais pobres.” <http://www.pdt.org.br>. Cabe ainda mencionar que os CIEPs tiveram origem com o então governador do Rio de Janeiro na década de

turno integral e que tinham como objetivo proporcionar aos alunos, além das aulas, alimentação completa, esporte e lazer. Sua proposta pedagógica era pautada pela busca da construção do conhecimento, defendida pelos teóricos Paulo Freire9 e Celestin Freinet10.

Outra proposta encontrada no projeto é o já mencionado Calendário Rotativo, com três diferentes inícios do ano letivo e períodos de férias alternados. A implantação desse calendário pela Secretária Neuza Canabarro foi motivo de grande polêmica à época, especialmente por parte do CPERS (Centro dos Professores do Estado do RS), que considerava a medida inadequada, desnecessária e autoritária. Mesmo assim, o calendário só foi extinto pelo governo de Antônio Britto, em 1995.

No que diz respeito, especificamente, ao 2º grau (atual ensino médio), a proposta defendida por Collares era de que seria necessário implantar medidas para que os alunos permanecessem na escola em tempo integral. Dessa forma, a própria escola proporcionaria atividades que aproximassem a educação com o trabalho e a geração de renda.

1.3.2 Descrição do documento e algumas observações

O documento Educação para crescer: Projeto Melhoria da Qualidade de

Ensino (1991-1995) é composto por um documento geral (em que não há

especificação de disciplina)11, intitulado Projeto Melhoria da Qualidade de Ensino: o

papel do Professor – uma questão a pensar; e dois indicados para a disciplina de

Língua Portuguesa: um para o 1º e 2º graus (publicado em 1992), intitulado Projeto

1980, Leonel Brizola, e foram um ambicioso programa que ergueu 500 Centros no RJ, considerados a maior herança do líder trabalhista.

9

Paulo Reglus Neves Freire foi um educador e filósofo brasileiro. Tanto no Brasil como no mundo, Paulo Freire é referência da educação libertária e libertadora, seja na educação popular, o foco principal de sua prática pedagógica, seja na educação em geral. [Em:

<http://www.projetomemoria.art.br>].

10

Freinet, educador francês, inscreve-se, historicamente, entre os educadores identificados com a corrente da Escola Nova, que, nas primeiras décadas do século 20, se insurgiu contra o ensino tradicionalista, centrado no professor e na cultura enciclopédica, propondo, em seu lugar, uma educação ativa em torno do aluno. [Em: <educarparacrescer.abril.com.br>].

11

O Projeto Melhoria da Qualidade de Ensino abrange várias áreas do conhecimento, entre elas: História, Contabilidade e Custos, Administração e Controle, Técnicas de Secretariado, Estatística, Sociologia, etc

Melhoria da Qualidade do Ensino: Português 1º e 2º graus, e outro específico para o

2º grau, o Projeto Melhoria da Qualidade do Ensino: Língua Portuguesa 2º grau (publicado em 1993). Os documentos são destinados ao professor. Nos dois últimos, há artigos da área de metodologia de ensino de Língua Portuguesa e sugestões de atividades a serem trabalhadas com os alunos em cada nível de aprendizagem da Língua Portuguesa.

Inicio a descrição e alguns comentários a título de interpretação dos documentos partindo do título do projeto e da capa, que são comuns nos três documentos. Em seguida, focalizo os comentários no texto de Apresentação do documento geral, Projeto Melhoria da Qualidade de Ensino: o papel do Professor –

uma questão a pensar12. Após, realizo a descrição e observações do documento

relativo ao Português 1º e 2º graus13.

A respeito do título que aparece nos três documentos aqui selecionados, podemos nos questionar: Por que Educação para Crescer – Projeto Melhoria da

Qualidade de Ensino? A intitulação dessa maneira demonstra o fato de a educação

ser considerada pelos idealizadores desse projeto como um instrumento para o crescimento do Estado. Além disso, ao tratar de melhoria na qualidade de ensino, faz com que entendamos que tal ensino necessita de alguma alteração na visão dos elaboradores, precisando, portanto, que sejam apresentadas orientações para a prática de ensino dos professores, de Língua Portuguesa, nesse caso. O título também vai ao encontro das propostas apresentadas pelo governo do estado da época para a área social, mais especificamente para a educação, conforme descrito na seção anterior.

A capa (Anexo A) é a mesma em todos os documentos. De cartolina, é a única parte que aparece colorida e tem um aspecto bastante semelhante à forma padrão dos livros didáticos atuais. As imagens apresentadas no Educação para

Crescer são carregadas de historicidade, construindo, assim, um conjunto de

significados ao documento.

As imagens da capa são bastante simbólicas e isso pode ser demonstrado na figura de um lápis. O lápis pode representar a educação como um instrumento de

12

Faço os comentários a respeito desse texto, porque é nele que podemos encontrar posições dos autores.

13

A escolha por este documento se deve ao fato de ser mais abrangente do que aquele que trata apenas do segundo grau.

crescimento, que possa servir a diversos campos, como o econômico, político, social, cultural, etc. Isso pode ser interpretado de maneira que a educação se correlacione com a possibilidade de ascensão social. O lápis, objeto bastante comum na maioria das salas de aula, está sobre uma página de caderno (subentendido pelo fundo branco com listras horizontais), que é mais um objeto muito comum na escola.

Porém, é possível considerar o lápis como um mastro, pois, em sua extremidade, temos as cores vermelha, verde e amarela (cores da bandeira do Rio Grande do Sul), aparecendo como se estivessem saindo desse objeto e apresentando um movimento que se assemelha ao movimento de uma bandeira ao vento. Assim sendo, podemos entender que o lápis, que seria como o símbolo da educação, estaria exercendo o papel de pedestal da bandeira gaúcha, ou seja, pode-se inferir que é através da educação que o Estado vai se construir e "Crescer". Assim entendido, podemos dizer que o projeto gráfico aciona elementos simbólicos bem característicos: o lápis e o caderno como elementos escolares, e a bandeira como símbolo de identidade maior do Estado.

Ainda analisando o uso das imagens, é perceptível que houve, ao elaborar a capa, uma preocupação em aproximar o professor (que é o principal destinatário) do referido projeto. Tal aproximação se dá ao optar por usar, como referência, figuras que lhe são comuns no cotidiano escolar (o lápis e a folha de caderno). Essas duas figuras aproximam-se do fazer docente. A representatividade do Estado também se faz presente nas cores da bandeira, sinalizando a procedência do documento, ou seja, a Secretaria da Educação do Governo do Rio Grande do Sul (órgão do governo que produz o documento).

Deixando um pouco de lado as interpretações das imagens, porém, mantendo-nos na análise do que está escrito na capa, temos o título Educação para

Crescer, que aparece na parte superior com letras maiúsculas e escrito com fonte

grande e em cor vermelha, servindo, também, como um slogan, mais um elemento que chama a atenção dos destinatários presumidos. Tal formatação contribui para enfatizar o nome do projeto, Melhoria da Qualidade de Ensino, que aparece em cor preta, escrito um pouco abaixo do título. O nome do Governo do Estado e do seu período de gestão (1991- 1995) aparece no final da página.

Já no interior dos documentos, na primeira página, temos os nomes do então Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Alceu Collares, e da Secretária de Estado da Educação, na época, Neuza Canabarro, que aparecem em negrito.

No documento geral intitulado Projeto Melhoria da Qualidade do Ensino: o

papel do Professor – uma questão a pensar, é utilizado, nas primeiras páginas, um

texto da então Secretária de Educação na época, Neuza Canabarro. Nesse texto, intitulado Apresentação do Projeto Melhoria da Qualidade de Ensino, a Secretária assim se expressa:

Professor,

Há mais de dez anos que apontamos dificuldades, estabelecemos diagnósticos e reivindicamos melhorias na área da Educação.

Ao assumirmos a Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul, tivemos a consciência de que não poderíamos desperdiçar a oportunidade de promover atualização e crescimento na qualificação do professor. Em determinados momentos, isto parecia um sonho impossível de ser realizado. Os movimentos reivindicatórios, até então, exigiam do sistema atualização

constante do professor14. A responsabilidade pesou em nossos ombros quando surgiram as condições de demonstrar a coerência de nosso discurso na prática.

Apresentamos no plano de Governo um projeto que pudesse capacitar a

totalidade dos recursos humanos atuantes na Educação em nosso

Estado, de forma a haver unidade de ação, abrangência e condições de oferecer ampla reflexão sobre o papel do professor e sobre o perfil do aluno, através de atividades práticas incentivadoras que levasse o professor às mudanças necessárias na busca da melhoria da qualidade de ensino. [...] apresentamos uma proposta de trabalho em conjunto, para que técnicos da Secretaria, professores de escola e professores universitários elaborassem um trabalho prático, viável ao alcance de todo o professor, por mais distante que se encontrasse dos centros formadores. [...] o material instrucional elaborado [...] acreditamos que poderá ajudá-lo na melhoria de seu desempenho em sala de aula [...]. Mostra, este instrumento15, a real integração entre 1º, 2º e 3º graus. [...] cuja elaboração participaram 28 Instituições de Ensino Superior [...]. Estamos fazendo a nossa parte. [...] Porque somente assim todos nós cresceremos: o nosso aluno, a nossa classe e o povo do Rio Grande do Sul. (RIO GRANDE DO SUL, 1992, p. 7). [Grifos nossos]

Nesse trecho, podemos evidenciar a opinião da Secretaria de Educação, ou seja, a voz oficial. Podemos identificar, nas palavras utilizadas por Neuza Canabarro, algumas escolhas lexicais que demonstram o caráter intervencionista que caracteriza boa parte do discurso oficial. Além disso, a autora não faz seu

14

Aqui, podemos observar, por meio dos vocábulos destacados em negrito, a estratégia usada pelo Estado: utiliza um discurso de qualificação, atualização, capacitação, mudança que mostra que esse órgão era conhecedor do que “faltava” ao professor e toma em suas mãos atitude de compensar o que faltava para qualificar esse ensino no estado, ou seja, a elaboração de um documento que projetasse mudanças necessárias no âmbito educacional.

15

discurso de forma desconexa do contexto; ao contrário, seu discurso está sintonizado com o período em que se encontra, o de efervescência das reflexões sobre linguagem e ensino no país em função da redemocratização política dos anos 80 e, ainda, do surgimento de propostas de mudanças para o ensino em geral escolar em várias disciplinas, dentre elas, Língua Portuguesa.

Cabe destacar que a formulação desse plano de governo fundamentou-se, em âmbito legal, nas bases filosófico-legais da Constituição Federal/88, Constituição Estadual/89, LDB e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Art. 3º e 4º) conforme consta no interior do próprio documento.

Quanto ao documento específico de Língua Portuguesa dirigido ao primeiro e segundo graus, privilegiado neste trabalho, possui cento e sessenta e sete páginas. A descrição que será feita aqui inclui as seguintes partes: páginas iniciais, incluindo a de rosto, sumário e corpo do texto, incluindo uma síntese dos textos teóricos presentes na Parte I e II do referido documento.

A proposta fundamental do documento de Português - 1º e 2º grau - , de acordo com palavras encontradas no texto de abertura, intitulado Palavras Prévias de Volnyr Santos, é o auxílio ao professor para que este, "a partir da leitura do material que ora se organiza, obtenha incentivos para o desenvolvimento da comunicação escrita e falada, visando a melhorar, na perspectiva de sua ação em sala de aula, a competência comunicativa de seus alunos." (RIO GRANDE DO SUL, 1992, p. 7).

Nas páginas iniciais, além do nome do Governador e da Secretária da Educação, encontram-se dispostos os nomes dos membros da equipe técnica e das instituições de ensino às quais estão vinculados:

Elaboradores:

Delzimar Lima – UNISINOS

Elizabeth Fontoura Dornelles – UNICRUZ Gilvan Müller de Oliveira – UFSM

Marcos Gustavo Richter – UFSM Marisa Magnus Smith – PUCRS Marlene Alves Pereira – URCAMP Paulo Marçal Mescka – URI Roque Amadeu Kreutz – UFSM

Vera Wannmacher Pereira – PUCRS/FAPA Colaboradores:

Christa Ingrid Kahmann – FISC Ivo Afonso Backes – FAETA

Coordenador:

Volnyr Santos – PUCRS Representante da SE: Gilberto Scarton

Como é possível perceber, os integrantes da equipe técnica são, prioritariamente, representantes de Instituições de Ensino Superior (IES) tanto da rede pública, como da rede particular. Essa característica pode ter como objetivo transmitir aos professores/leitores a legitimação do texto oficial da voz da academia, um discurso científico e, portanto, um discurso de autoridade. A lista citada também serve para que o destinatário saiba que o documento foi escrito por professores de instituições gaúchas, pois isso faz com que haja uma cumplicidade ainda maior com o conteúdo ali desenvolvido, além de demonstrar com mais clareza que Educação

para Crescer é, de fato, um documento que pertence ao povo gaúcho.

A página de rosto, que aparece em seguida, apresenta o nome da disciplina e os níveis de ensino para os quais o texto oficial é direcionado, ou seja, Português no

1º e 2º grau, seguido de três questões referentes ao seu ensino: "O que ensinar?",

"Como ensinar?" e "Por que ensinar?". Ainda na mesma página, na parte inferior, consta a indicação do local e o ano de publicação – Porto Alegre, 1992.

O que chama a atenção nesses questionamentos é justamente a forma com que são colocados, como discurso direto, fazendo com que pressuponhamos um sujeito que questiona acerca do próprio fazer docente, visto que as indagações apresentadas estão vinculadas a dúvidas que o professor tem em relação ao seu objeto de ensino (o que ensinar), a seu método (como ensinar) e à finalidade (por que ensinar). Sendo assim, percebe-se que a escolha por esses questionamentos são, também, uma outra tentativa de aproximação e/ou interação com o professor/leitor, pois são perguntas que todo professor se faz (ou deveria se fazer) com relação a sua profissão. É como se a equipe produtora se colocasse no lugar do professor (no caso, de Língua Portuguesa).

Essas questões, simulando as inquietações relativas ao ensino, somadas aos nomes dos professores que compõem a equipe técnica, dão, ao destinatário, uma certa segurança para começar a leitura, pois, em primeiro lugar, o documento é escrito por professores da área da linguagem, que estão vinculados a instituições de ensino do Rio Grande do Sul e, em segundo, os principais questionamentos sobre o

ato de ensinar serão (acreditando que, se há as questões, também haverá respostas para elas) respondidos.

São seis partes fundamentais que constituem o corpo do documento de Língua Portuguesa para o primeiro e segundo graus conforme mostra o sumário. Nele, há uma coletânea de textos que, a partir de seu embasamento teórico, reorientam as atividades educacionais dos docentes. Do ponto de vista da organização, o documento apresenta-se dividido nas seguintes partes:

Palavras prévias; Apresentação

Parte I – Português no 1º e 2º graus: uma proposta de organização de ensino.

Parte II – Textos Complementares; Aplicação: uma proposta de ação;

Avaliação: instrumento de coleta de informações.

Quanto aos autores, o próprio documento apresenta informações acerca da formação e atuações desses profissionais, vindo geralmente com a autoria explicitada. O texto Palavras prévias, por exemplo, tem, como único autor, Volnyr Santos16; o texto de Apresentação, por sua vez, foi escrito por Vera Wannmacher Pereira17. Pereira contribui exclusivamente com os dois únicos textos na Parte I do