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Documentos elaborados em reuniões internacionais em defesa do meio ambiente

CAPÍTULO 2. O MEIO AMBIENTE COMO OBJETO DE DIREITO

2.2. Documentos elaborados em reuniões internacionais em defesa do meio ambiente

Mesmo antes da Conferência de Estocolmo, considerada um marco importante na história da tutela ambiental em nível mundial, outras reuniões foram realizadas com o objetivo de garantir a qualidade de vida do planeta.

Será feita uma abordagem, sobre alguns dos eventos mais importantes ocorridos antes e após a Conferência de Estocolmo, os quais influenciaram o direito ambiental brasileiro e tiveram por objetivo criar mecanismos para preservar e proteger o meio ambiente:

a. Em 1968, surgiu o Clube de Roma1,

uma associação livre formada de cientistas, tecnocratas e empresários, preocupados em compreender os componentes econômicos, políticos, sociais e naturais, interdependentes do que eles chamavam de sistema global, e também em encorajar a adoção de novas atitudes, de políticas capazes de minorar problemas como a degradação ambiental, a explosão urbana, a perda de credibilidade das instituições, a rejeição dos valores tradicionais e a deterioração econômica (MACHADO, 1994, p.50).

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Clube de Roma: uma associação internacional informal, conhecida por seus modelos mundiais empregados em exercícios de prognósticos sobre crescimento, e dava ênfase às variáveis: recursos naturais, população e meio ambiente.

Segundo Andrade (2000, p. 101): “O Clube de Roma e seus colaboradores estavam chegando a conclusões apocalípticas, muitas delas possivelmente exageradas. Tiveram, no entanto, um papel importante: chamar a atenção das autoridades mundiais para problemas que estavam se tornando cada vez mais urgentes”.

b. O Relatório de Brundtland:

Em 1985, a Assembléia Geral das Nações Unidas convocou uma Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente, chefiada pela Primeira Ministra da Noruega, Gro-Harlem Brundtland, tinha por objetivo traçar estratégias ambientais para o século XXI. A conclusão do trabalho da comissão, em 1987, resultou no documento denominado “RELATÓRIO DE BRUNDTLAND”, estabelecendo o conceito de “desenvolvimento sustentável”, para o qual o ideal é harmonizar o desenvolvimento econômico com a proteção ambiental (BURSZTYN, 2004, p. 3).

c. O Relatório denominado “Nosso Futuro Comum”2:

Um dos estudos mais destacados na década de 1980, foi sobre Nosso Futuro comum, que ocorreu em 1987, o qual também acolheu a idéia de desenvolvimento sustentável com esta definição: “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”. O grande destaque refere-se a ênfase dada a questão da interdependência do crescimento de longo prazo entre as várias nações do mundo, sugerindo maior cooperação entre pobres e ricos.

d. A Convenção da Diversidade Biológica, ocorrida em 1992. Esta Convenção foi aberta à adesão em junho de 1992, durante a realização da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro. O art. 14 da referida convenção trata da avaliação do impacto e da redução ao mínimo do impacto adverso e, assim, determina:

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Citação de Maurice Strong, Secretário geral da Conferência Das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, extraída do prefácio a SACHS, 1993, p.7.

Cada parte contratante, na medida do possível e segundo seja pertinente, estabelecerá procedimentos apropriados, pelos quais se exija a avaliação do impacto ambiental de seus projetos propostos, que possam ter efeitos adversos importantes para a diversidade biológica com vistas a evitar ou reduzir ao máximo esses efeitos e, quando seja procedente, permitirá a participação do público nesses procedimentos.

e. Declaração do Rio de Janeiro (1992). A Declaração do Rio de Janeiro, a exemplo da citada anteriormente, também foi assinada pela unanimidade das Partes presentes à Conferência das Nações Unidas de Meio Ambiente e Desenvolvimento.

Na Rio-92, os países avançaram em reconhecer suas responsabilidades nacionais e transfronteiriças, ainda que nem todas as questões tenham sido resolvidas de forma satisfatória. O princípio 17, da Carta da Terra3 diz: “O estudo de impacto ambiental, compreendido como instrumento nacional, deve ser levado a efeito nos casos de atividades planejadas que possam vir a ter impacto negativo considerável sobre o meio ambiente e que dependam de uma decisão da autoridade nacional competente”.

f. A Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, em Johannesburgo, África do Sul, 2002, denominada Rio+10. A Conferência em questão, realizada dez anos depois da Rio-92, teve por objeto reavaliar os princípios e os limites de sustentabilidade ético- ambiental, bem como traçar as diretrizes de como o mundo deveria direcionar o crescimento econômico, sem degradar ainda mais o meio ambiente.

Os resultados obtidos na referida Conferência colocaram em dúvida a validade de megaencontros como o de Johannesburgo, levando a crer que a tendência dali por diante seria a discussão em fóruns menores, mas que levassem em conta as peculiaridades de cada região (NOVAES, 2002, p. 4).

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Carta da Terra: É uma síntese de valores, princípios e aspirações que são partilhados por um grande número de homens e mulheres em todas as regiões do planeta.Foi aprovada em 04 de março de 2000, na UNESCO, em Paris, depois de oito anos de discussões em todos os continentes, envolvendo 46 países e mais de cem mil pessoas, desde escolas primárias, povos indígenas, entidades da sociedade civil, até grandes centros de pesquisa, universidades, empresas e religiões. É um documento baseado na afirmação de princípios éticos e valores fundamentais que nortearão pessoas, nações, estados, raças e culturas no que se refere ao desenvolvimento sustentável com equidade.

Pelas decisões tomadas pela Cúpula Mundial durante o tão esperado evento, deu-se a entender aos participantes o evidente sentido político. A luta para a mudança na cultura de gestão do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável, nos diferentes países do mundo, demonstrou o quanto os interesses econômicos interferem na gestão dessas políticas.

A síntese dos eventos considerados de maior importância para o meio ambiente demonstra que o direito alienígena não ficou alheio às questões ambientais. Ao contrário, além de incluir em seus textos constitucionais, matérias relevantes à proteção do meio ambiente, destaca a importância internacional dos estudos de impacto ambiental em todos os empreendimentos que podem causar prejuízos ao meio ambiente.

2.3. Evolução normativa das legislações de proteção ao meio ambiente, anteriores à