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Cada disciplina do Ensino B´asico tem um Programa pr´oprio organizado por anos de escolaridade. Os Programas contˆem os conte´udos e os descritores de desempenho, servindo de referˆencia para a tomada de decis˜oes dos professores, em rela¸c˜ao ao processo do ensino e da aprendizagem.

Para al´em dos programas, o ensino ´e regulado por uma Matriz Curricular, para cada ciclo. A Matriz Curricular define a organiza¸c˜ao e a gest˜ao curricular. Inclui as disciplinas a lecionar e a carga hor´aria semanal m´ınima atribu´ıda a cada uma das diferentes disciplinas4. O Minist´erio da Educa¸c˜ao atribui a carga hor´aria m´ınima de

sete horas semanais `a disciplina de Portuguˆes e sete horas `a disciplina de Matem´atica porque as considera disciplinas nucleares. Da Matriz Curricular do primeiro ciclo

3https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/Basico/orientacoes curriculares pre escolar.pdf agosto 2016 4https://dre.pt/application/file/63958168 julho 2016

(fig. 4.6) fazem parte as disciplinas de Portuguˆes, Matem´atica, Estudo do Meio, Express˜oes Art´ısticas e F´ısico-Motoras, Apoio ao Estudo, Oferta Complementar e Inglˆes para o 3.o e 4.o anos.

Figura 4.6: Matriz Curricular

Embora a Matriz Curricular do primeiro ciclo inclua v´arias disciplinas, estas s˜ao lecionadas por um ´unico professor, a denominada monodocˆencia. Santos (2007), descreve a monodocˆencia como um regime onde,

“...todo o processo educativo ´e da responsabilidade de um professor Ti- tular de Turma, tendo como uma das prioridades a interdisciplinaridade entre as diversas ´areas do curr´ıculo, dado o n´ıvel et´ario com que se tra- balha“, Santos (2007, p.76).

Os Programas Portuguˆes e de Matem´atica foram atualizados recentemente e foram ainda publicados dois novos documentos, as Metas Curriculares de Portuguˆes e de Matem´atica. O Programa de Estudo do Meio5 e os Programas das disciplinas das Express˜oes6 mantˆem-se desde 1991.

O Programa de Portuguˆes de 2009 surgiu da necessidade de atualizar e aproximar o Programa de Portuguˆes dos “avan¸cos metodol´ogicos que a did´actica da l´ıngua tem conhecido”. Pinto (2009, p.3).

Na sequˆencia da revoga¸c˜ao do Curr´ıculo Nacional do Ensino B´asico, em 2012 o Minist´erio da Educa¸c˜ao publicou dois novos documentos: as Metas Curriculares de Portuguˆes7 e as Metas Curriculares de Matem´atica8 que complementam mas n˜ao

substituem os Programas. Os dois documentos apareceram como apoio `a plani- fica¸c˜ao e um “referencial para a avalia¸c˜ao interna e externa”, Buesco (2012, p.2),

5http://www.dge.mec.pt/sites/default/files/Basico/Metas/Estudo Meio/eb em programa

1c.pdf agosto 2016

6http://www.dge.mec.pt/sites/default/files/ficheiros/eb eafm programa 1c 0.pdf agosto 2016 7http://www.dge.mec.pt/sites/default/files/Basico/Metas/Portugues/pmcpeb julho 2015.pdf 8http://www.dge.mec.pt/sites/default/files/Basico/Metas/Matematica/programa matematica

com objetivos de car´ater obrigat´orio. No entanto, o Programa de Portuguˆes de 2009 tinha uma organiza¸c˜ao diferente das Metas Curriculares de 2012 o que dificultava a aplica¸c˜ao dos dois documentos em simultˆaneo. Houve necessidade de realizar uma nova atualiza¸c˜ao do Programa de Portuguˆes. Segundo os pr´oprios autores,

“. . . introduzindo-se t˜ao s´o altera¸c˜oes decorrentes de algumas corre¸c˜oes formais e da incorpora¸c˜ao de explicita¸c˜oes inclu´ıdas em contributos rece- bidos durante o per´ıodo da consulta p´ublica. Houve, ainda, preocupa¸c˜ao com o refor¸co da exequibilidade deste Programa. . . ”, Buesco (2015, p.3).

Na sua organiza¸c˜ao, tanto o Programa de Portuguˆes de 2009 como as Metas Curriculares, inclu´ıam descritores de desempenho diferentes, para um determinado conte´udo. Os Descritores de Desempenho indicam aquilo que o aluno deve ser capaz de fazer Pinto (2009, p.27) e os conte´udos o que deve ser ensinado ao aluno. O atual Programa de Portuguˆes cont´em os conte´udos e as Metas Curriculares de Portuguˆes contˆem os descritores de desempenho. Os dois documentos complementam-se e facilitam a planifica¸c˜ao das atividades, ao contr´ario do que se verificava com os documentos anteriores.

Em rela¸c˜ao ao tema escolhido para o relat´orio, o vocabul´ario, os Programas de Portuguˆes de 2009 e 2015 incluem-no, em todos os anos de escolaridade, no alargamento e na adequa¸c˜ao. O Programa de 2015 inclui tamb´em orienta¸c˜oes no sentido de aprofundar o conhecimento e o dom´ıınio da linguagem oral para exigir dos alunos “uma propriedade lexical cada vez maior na express˜ao do que querem dizer” (Buesco, 2015, p.7).

O ensino do vocabul´ario n˜ao se esgota na disciplina de portuguˆes. As disciplinas de conte´udo do Programa de Estudo do Meio ME (1991) como ´e o caso da Hist´oria, da Geografia, das Ciˆencias da Natureza e da Etnografia d˜ao um contributo impor- tante no ensino do vocabul´ario. As atividades realizadas em contacto direto com o meio envolvente, a realiza¸c˜ao de experiˆencias dentro e fora da sala de aula, as investiga¸c˜oes e a recolha de materiais de diferentes meios promovem a aquisi¸c˜ao de conhecimento e a apropria¸c˜ao de novos voc´abulos. Os alunos aprendem mat´erias novas e adequam o vocabul´ario durante as observa¸c˜ao, as descri¸c˜oes, a formula¸c˜ao de quest˜oes e problemas, as dedu¸c˜oes, os ensaios e as verifica¸c˜oes. A recolha de dados requer a identifica¸c˜ao da informa¸c˜ao adequada que, por sua vez, exige a decifra¸c˜ao da informa¸c˜ao, seja ela oral, escrita ou pict´orica.

O ensino das express˜oes art´ısticas e f´ısico-motoras com a entoa¸c˜ao de rimas, as lengalengas, o canto, a aprendizagem dos nomes dos instrumentos musicais, das va- ria¸c˜oes de andamento, das pe¸cas de teatro, dos nomes dos objetos e dos movimentos utilizados nas aulas de express˜ao f´ısica, entre outros evidencia que o vocabul´ario ´e um conte´udo transversal a todas disciplinas do curr´ıculo.