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3. EAD EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA EDUCAÇÃO SEM DISTÂNCIA!

4.2 PERCURSO METODOLÓGICO

4.2.3 DOS DADOS E CATEGORIZAÇÃO

Tomando como exemplo as palavras de Melo (2012), fundamentada nas ideias de Moraes (1999), compreendemos que as fases para a execução do processo de análise de conteúdo, são assim definidas: preparação das informações; transformação do conteúdo em unidades; categorização ou classificação das unidades em categorias; descrição e interpretação. Sobre categorização entendemos que esta se realiza quando classificamos elementos que fazem parte de um conjunto e reagrupamos a partir de critérios previamente definidos. Desta forma, categorizamos semanticamente construindo categorias temáticas (Bardin, 2000). A ordenação da categorização seguiu as regras fundamentais: exclusividade, homogeneidade, pertinência, objetividade, exaustividade e produtividade (Bardin, 2000; Amado, Costa, & Crusoé, 2013).

Assim, a partir da nossa fundamentação teórica, iniciamos a categorização seguindo uma ordem temática. Nos baseamos na tabela de categorias e subcategorias proposta através de taxonomia estabelecida pelos estudos de Mehlecke (2006), Melo (2012) e Silva (2011) para estruturação de uma tabela de categorias própria, construída de maneira adequada ao nosso referencial teórico e, especialmente, ao nosso objeto de pesquisa. Conforme detalhamos abaixo:

 Informação como Conhecimento - contextualização da informação para gerar significação. O que é informativo depende das necessidades dos sujeitos, mesmo que esta informação seja compartilhada em uma “mesma comunidade de discurso”; Utilização da informação no ambiente virtual para construção de conhecimento, de uma maneira geral, bem como, especificamente, a aplicação da informação em outros contextos

155 médicos e presenciais (Piaget, 1970; Freire, 1983; Demo, 1995; Castells, 1999; Palácios, 2003; Serra, 2003; Vigotsky, 2000, 2008);

 Mediação e Interatividade – Mediação voltada para a solução de problemas, recorrendo aos conhecimentos já construídos; Identificar a ocorrência/existência (da mediação – se ocorreu? Qual o elemento mediador – Tutor? Tecnologia? Material Didático?). Entender Interação como forma de potencializar as capacidades cognoscentes do estudante, motivar, investir na Zona de Desenvolvimento Proximal (Vigostky, 2008); Interatividade como elemento constitutivo das relações interpessoais (Habermas, 1987; Silva, 2003; Vigotsky, 2008);

Abordagem Construtivista – Contrato Didático – identificar se foram cumpridos os acordos instituídos clara ou tacitamente entre os estudantes e professor com a finalidade de possibilitar a estes alunos um saber constituído ou em via de constituição, ou seja, o alcance (ou a garantia de alcançar) os objetivos pretendidos na aprendizagem (o contrato didático), identificando os objetivos da aprendizagem propostos previamente no Curso, e se, neste sentido, foi cumprido o papel do tutor docente (Brousseau, 1996; Kenski, 2003;; Vigotsky, 2000). Inicialmente julgamos suficiente esta taxonomia para entender o posicionamento das ações dos atores no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) posicionamento este que foi exposto nas entrevistas. Contudo, a partir da primeira escuta das entrevistas, algumas categorias surgiram das falas dos estudantes. Palavras que emergiram empiricamente nos fizeram entender, que era necessário, não somente repensar as categorias que foram ponderadas a priori, mas construir um quadro próprio com categorias e subcategorias para, podermos identificar, com mais clareza, a partir de uma taxonomia mais apropriada, quais as estratégias que foram utilizadas pelos estudantes para construção de conhecimento, elaborando, assim, uma tabela para o entendimento das ações no AVA a partir das falas perscrutadas.

Foram palavras recorrentes nas entrevistas: Autonomia; Tutor; ABP; EaD, Fórum Virtual, Teoria e Prática (Significação?) e, em várias situações, os estudantes vinculam à motivação/estímulo/sofrimento o desenvolvimento da autonomia e construção de conhecimento, assim como, também surge

156 sofrimento vinculado à ABP, o que nos levou a perceber que seria importante estruturamos, nesta taxonomia, a dimensão Emocional, para buscar, desta forma, entender mais seguramente o recorte investigado. Assim, organizamos, as falas na grelha de análise (Modelo - Apêndice A) proposta por Bardin (2000) que possibilita se ter uma maior clareza do material uma vez que confrontamos nosso referencial teórico com os dados empírico coletados.

Destarte, optamos por definir uma sistematização na qual fosse possível conceber categorias de análise através de três dimensões: Metacognitiva, Cognitiva e Dialógica Emocional. Desta forma, as categorias ficaram assim entendidas: Metacognitiva - capacidade do sujeito pensar, considerar e refletir criteriosamente sobre seus próprios pensamentos, para, envolver e mobilizar os princípios da aprendizagem e da metacognição rumo à autoaprendizagem, aumentando, assim, as capacidades cognitivas; Cognitiva – avaliação da forma como os estudantes acessavam as informações dispostas no AVA no processo de construção de conhecimento; e a Dialógica Emocional – com o intuito de verificar a motivação do estudante em participar ativamente da sua construção de conhecimento, estabelecendo um sentimento de pertença com relação ao Curso, evidenciando os elementos afetivos que podem interferir no processo de aprendizagem, tais como: motivação e interesse. Compreendemos que a motivação não é um produto, é processo e, assim, não pode ser analisada diretamente, pois precisa ser deduzida a partir de alguns comportamentos que perpassam por diversas situações e condições (Piletti & Rossato, 2011).

Com estas dimensões buscamos compreender as estratégias utilizadas pelos estudantes por meio das várias linguagens empregadas, seja através dos processos de interação e interatividade por meio da tecnologia, seja através das falas expostas nas entrevistas. Portanto, buscamos nas analogias interacionais online, o sentido da palavra no seu contexto e nas suas tantas e quantas possíveis significações subsequentes, levando em conta a dimensão dialógica da linguagem, que nem por conta destas infinidades de significados e contextos a palavra perde sua identidade de ser única, pois, a palavra não se dissocia nem se desagrega de nenhum contexto nos quais ela possa se inserir (Bakhtin, 1999).

157 Para uma melhor análise das ações dos estudantes adaptamos alguns critérios já validados e consolidados na literatura (Mehlecke, 2006; Silva, 2011; Melo, 2012; Beluce & Oliveira, 2016; Andrade Alves, 2018) e assim, articulamos, uma sistemática que, nos possibilitasse conceber as categorias de análise através de três dimensões: Metacognitiva, Cognitiva e Dialógica. Com esta estruturação estabelecemos uma tipologia de interações que, enriquecendo a taxonomia já estruturada a priori, complementou as categorias para análise dos dados obtidos através dos diversos instrumentos para nos facilitar a identificação da estratégia utilizada pelo estudante, e qual a influência desta como estímulo para a construção de conhecimento.

a) CATEGORIA METACOGNITIVA – capacidade de o sujeito pensar, considerar e refletir criteriosamente sobre seus próprios pensamentos; autoaprendizagem; aumento das capacidades cognitivas (Beluce & Oliveira, 2016)

De Reconhecimento Conceitual (Subcategoria) – Supõe uma situação de reconhecimento com relação à informação a ser apreendida, percebendo o que aprender. Assim, recupera os conhecimentos prévios dos estudantes, estimulando a formação de conteúdo (s) e estratégias com as quais, através dos recursos tecnológicos, infere-se as potencialidades do estudante para aumentar o nível e a qualidade da aprendizagem, mediando, portanto, o processo de construção do conhecimento a partir do conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal - ZDP (Vigotsky, 2008; Andrade Alves, 2018;).

b) CATEGORIA COGNITIVA - Os processos cognitivos ocorrem através de relações interpessoais, pela mediação de outros: pessoas, objetos, estabelecendo significados que repassam os elementos do mundo cultural e possibilitam âncoras para os estudos da mediação e a permanente reformulação dos modelos cognitivos (Vigotsky, 2008; Piaget, 2011).

Construtivista Estratégica (Subcategoria) – Processar a informação a ser aprendida, o aprender como. Situação de construção de conhecimento através de uma interação do sujeito com seu meio, a

158 partir de estruturas existentes no sujeito e seu contexto. A aquisição de conhecimentos depende tanto das estruturas cognitivas do sujeito como de sua relação com os objetos (Piaget, 2011). Esta perspectiva permite gerar novos conceitos a partir de uma nova informação a ser pesquisada através de sugestões de leituras e sua aplicação no contexto de prática. O foco é nas atividades práticas. O aluno é parte integrante de um processo ativo.

Instrucionista de Construção Informacional (Subcategoria) - O conhecimento é repassado através do acesso às informações sistematizadas e processadas para estimular e motivar o processo de construção de conhecimento autônomo, através da leitura de conteúdos.

De Mediação/Feedback (Subcategoria) – Implica uma reação por parte dos estudantes, como uma resposta a um estímulo (condicionamento Operante?), utilizando o próprio AVA, ou algum recurso tecnológico proposto;

Espacial (Subcategoria) – Agrupa e complementa as informações de uma maneira resumida através de novas representações visuais: Imagens, vídeos, links.

c) CATEGORIA DIALÓGICA – Direcionada às emoções dos estudantes que se colocam fragilmente diante da construção de conhecimento, com o intuito de promover o envolvimento do estudante nas atividades, estimulando-os a querer saber por quê aprender (Habermas, 1987; Guareschi, 1991; Andrade Alves, 2018).

Sócio Interacionista (Subcategoria) - a aprendizagem deflagra vários processos internos de desenvolvimento mental, que tomam corpo somente quando o sujeito interage com objetos e sujeitos em cooperação. Uma vez internalizados, esses processos tornam-se parte das aquisições do desenvolvimento (Vigotsky, 2008);

Motivacional (Subcategoria) - motivar, instigar o interesse no processo de aprendizagem, através da afetividade, pois a implicação do afetivo no ato de aprender é inegável (Piaget, 2011);

159 Interacional (Subcategoria) – Relação de diálogo (pergunta/resposta) produzida entre os sujeitos no AVA com a preocupação de promover uma interação tecnológica (Condicionamento Operante/ Máquina de ensinar?), para estimular, efetivamente, o processo de construção de conhecimento.

Quadro 3: Categorias e Subcategorias Ações/AVA

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS Tipos de Interação METACOGNITIVA  De Reconhecimento Conceitual COGNITIVAS  Construtivista Estratégica  Instrucionista de Construção Informacional  De Mediação e Feedback  Espacial

DIALÓGICA  Sócio Interacionista  Motivacional

 Interacional

No entanto, a partir das falas das entrevistas, nos deparamos com palavras que dariam um significado maior ao sentimento dos estudantes, palavras que foram expostas fortemente, assim construímos o quadro 4 com o que ressaltou nas falas sobre a Percepção e os Valores dos Estudantes em Relação à Construção de Conhecimento, abaixo proposta. Posteriormente, triangulamos os dados, na perspectiva de delinearmos, de forma mais coerente possível, nosso recorte de investigação.

160 Quadro 4: Percepção e Valores dos Estudantes com Relação à Construção de

Conhecimento

Categorias Subcategorias

Formação Inicial (Graduação)

Papel do Tutor na ABP

Resiliência e Adaptação à Mudança Prática Reflexiva

Adaptação à Novas Propostas Pedagógicas

Sofrimento

Aprendizagem Ativa/ ABP Tutor/Participação/Motivação/Estímulo Centrada no estudante/Dialogicidade

Autonomia Formação da Identidade/Tomada de

Decisão

Comprometimento com o conhecimento Educação a Distância (EaD) Descrença/Rapidez/Fragmentada/Chata

Tutor/Fórum Virtual

Autonomia/Liberdade/Autorregulação Material Didático

Formação Médica Formação para curar pessoas/ Humanização Representação Social Sofrimento Cobrança Expectativa Tecnologia Facilidade/Acessibilidade Nativo Digital/Geração Y Destreza Tecnológica/Habilidade Muito positiva/Muito Negativa Fonte: Elaborada a partir de Carvalho, 2015 e Andrade Alves, 2018.

Tomando as dimensões e os valores, buscamos entender e analisar nossos resultados expostos através dos dados recolhidos em todas as situações: nas tutorias de temas prevalentes, nas entrevistas, nos questionários fechados, no RT e também nas palavras espontaneamente colocadas no campo aberto no AVA. A tabela de dimensões (Categorias e Subcategorias) agregada à tabela de Percepção e Valores.