• Nenhum resultado encontrado

1.1.1 Drogas psicoativas: classificação e formas de ação e efeitos no

1.1.1.2 Drogas estimulantes da atividade mental

São incluídas nesse grupo as drogas capazes de aumentar a atividade de determinados sistemas neuronais, o que traz como consequências um estado de alerta exagerado, insônia e aceleração dos processos psíquicos (CEBRID, 2006).

Os estimulantes agem aumentando a atividade do cérebro e nesta categoria estão o tabaco (cigarro), anfetaminas (“bolinha” ou “rebite”), que são os remédios para emagrecer (Moderex, Inibex, Hipofagin), cocaína (crack, merla e “mesclado”) e a mescalina (cacto mexicano) (CEBRID, 2006).

O tabaco

O tabaco é uma planta originária do continente americano, e era fumado pelos índios, antes da chegada dos colonizadores europeus. O hábito de aspirá-lo ou mascá-lo foi sendo adquirido, também, pelos viajantes europeus que vinham à América (CEBRID, 2006).

A nicotina é um alcalóide presente na folha do tabaco; começou a ser difundida em 1560, quando Jean Nicot, embaixador francês em Portugal, enviou as primeiras sementes do tabaco à rainha Catarina de Médicis, com intuito de aliviar suas enxaquecas, espalhando, assim, o hábito de fumar por toda a Europa. No século XVII, o hábito de fumar já era um vício generalizado em toda a Europa, África e Ásia, perdendo, contudo, a aura de "remédio para todos os males" (CEBRID, 2006).

A nicotina é um componente do tabaco e pode ser consumida por via oral ou nasal. É considerada uma droga estimulante, não possui nenhum efeito terapêutico, e provoca dependência física e psíquica. Provoca, ainda, a tolerância e síndrome de abstinência, quando o indivíduo deixa de usá-la, de repente (CEBRID, 2006).

Anfetaminas

As anfetaminas são drogas estimulantes sintetizadas em laboratório que alteram nosso psiquismo, estimulando ou acelerando o funcionamento do cérebro e sistema nervoso central. Seu mecanismo de ação é aumentar a liberação e prolongar o tempo de atuação de neurotransmissores utilizados pelo cérebro, a dopamina e a noradrenalina (CEBRID, 2006).

Os seus efeitos principais são: diminuição do sono e do apetite; sensação de maior energia e menor fadiga, mesmo quando realiza esforços excessivos, o que pode ser prejudicial; rapidez na fala; dilatação da pupila; taquicardia; elevação da pressão arterial. Com doses tóxicas, acentuam-se esses efeitos. O indivíduo tende a ficar mais irritável e agressivo e pode considerar-se vítima de perseguição inexistente (delírios persecutórios) e ter alucinações e convulsões. São também frequentes os relatos de sintomas depressivos: falta de energia, desânimo, perda de motivação, que, por vezes, são bastante intensos quando há interrupção do uso dessas substâncias.

As anfetaminas foram consideradas drogas psicotrópicas, por volta de 1970, quando sua comercialização passou a ser controlada, devido ao risco de dependência (CEBRID, 2006).

Cocaína

É uma substância extraída de uma planta originária na América do Sul, popularmente conhecida como coca (Erythroxylon coca). Entre os nativos dos Andes, mascar folhas de coca é um hábito secular para aliviar a fome e o cansaço e os efeitos da altitude (CEBRID, 2006).

A cocaína pode ser consumida na forma de pó (cloridrato de cocaína), aspirado ou dissolvido em água e injetado na corrente sanguínea, ou sob a forma de uma pedra, que é fumada, o crack (CEBRID, 2006). O crack é basicamente uma nova forma de apresentação da cocaína, uma vez que a forma básica da droga, obtida por adição de uma base, como sulfato de amônio ou bicarbonato de sódio, à pasta base da cocaína permite seu uso por via fumada. Esta via leva a uma disponibilidade quase imediata da droga no sangue, que atinge o cérebro em poucos segundos, sem o efeito da primeira passagem no fígado, o que confere a uma mesma dosagem da substância uma concentração muito maior na forma do crack (ALVES; RIBEIRO; CASTRO, 2011).

Existe ainda a pasta de coca, um produto menos purificado, que também pode ser fumado, conhecido comomerla (CEBRID, 2006).

O mecanismo de ação da cocaína no SNC é muito semelhante ao das anfetaminas, mas a cocaína atua, ainda, sobre um terceiro neurotransmissor, a serotonina, além da noradrenalina e da dopamina. A cocaína apresenta também propriedades de anestésico local que independem de sua atuação no cérebro. Essa era, no passado, uma das indicações de uso médico da substância, hoje obsoleto (CEBRID, 2006).

Seus efeitos têm início rápido e duração breve. No entanto, são mais intensos e fugazes quando a via de utilização é a intravenosa ou quando o indivíduo utiliza o crack ou merla. Destacam-se como efeitos do uso da cocaína a sensação intensa de euforia e poder, excitação mental, hiperatividade, insônia, falta de apetite e perda da sensação de cansaço. Com doses maiores, observam-se outros efeitos, como irritabilidade, agressividade e até delírios e alucinações, que caracterizam um verdadeiro estado psicótico, a psicose cocaínica. Também podem ser observados aumento da temperatura e convulsões, frequentemente de difícil tratamento, que podem levar à morte se esses sintomas forem prolongados. Ocorrem ainda dilatação pupilar, elevação da pressão arterial e taquicardia. Os efeitos desta droga podem

levar até à parada cardíaca, uma das possíveis causas de morte por superdosagem. Existem evidências de que o uso dessa substância seja um fator de risco para o desenvolvimento de infartos do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais (AVCs) em indivíduos relativamente jovens, além de provocar alterações na circulação cerebral que podem se tornar persistentes em indivíduos dependentes de cocaína (CEBRID, 2006).

Particularmente no caso do crack, os indivíduos desenvolvem dependência severa rapidamente, muitas vezes em poucos meses ou mesmo algumas semanas de uso (CEBRID, 2006). O padrão de uso de crack é bastante intenso e compulsivo, (padrão binge), e sua utilização provoca uma euforia de grande magnitude e curta duração, seguida de intensa fissura e desejo de repetir a dose, o que leva muito dependentes a passarem a noite ou mesmo dias seguidos consumindo a droga até sua completa exaustão e a despeito de não dormirem ou se alimentarem minimamente. Tal padrão de uso implica em uma grande vulnerabilidade destes indivíduos a doenças clínicas, desnutrição, e a comportamentos violentos, impulsivos e promíscuos, sejam em decorrência de seus efeitos ou no sentido de obterem a droga ou dinheiro para comprá-la (ALVES; RIBEIRO; CASTRO, 2011).

A cocaína e o crack são a principal causa de busca de atendimento entre os usuários das drogas ilícitas, ainda que não sejam as mais consumidas. Estes dados evidenciam o grande impacto pessoal e familiar destas substâncias. O abuso e a dependência de crack e cocaína estão associados ao poliabuso de substâncias psicoativas e seus usuários geralmente apresentam grande prevalência de outras comorbidades, ou seja, outros problemas de saúde física ou mental associados ao problema da dependência química (ALVES; RIBEIRO; CASTRO, 2011).