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A durabilidade das estruturas de concreto armado é o aspecto de maior relevância dentro da filosofia das normas de projeto (ARAÚJO, 2014). Por isso, deve ser levada em consideração a vida útil de projeto e os critérios de projeto.

2.3.1 Vida útil de projeto

A vida útil de projeto se refere ao período de tempo no qual a estrutura é capaz de cumprir bem as funções para as quais foi projetada, sem a necessidade de reparos (ARAÚJO, 2014). Já, segundo o mesmo autor, o tempo de vida útil total, é o período de tempo que vai até a ruptura total ou parcial da estrutura.

Frequentemente, as normas de projeto consideram que a vida útil das estruturas usuais dos edifícios deve ser de no mínimo 50 anos (ARAÚJO, 2014). Para obras de maior importância (pontes), o autor recomenda considerar uma vida útil de 100 anos.

2.3.2 Critérios de projeto das normas brasileiras

Um dos critérios que se deve observar é a classe de agressividade. Segundo ABNT NBR 6118 (2014), a agressividade do meio ambiente tem a ver com as ações químicas e físicas que atuam nas estruturas de concreto.

Conforme a ABNT NBR 6118 (2014), a agressividade do ambiente pode ser classificada de acordo com a Tabela 4. Dessa tabela, segundo Araújo (2014), pode-se considerar para todos os elementos situados no interior dos apartamentos residências e dos conjuntos comerciais, classe I para as zonas urbanas e classe II para as edificações situadas na orla marinha ou em zona industrial. Também, o mesmo autor discorre que, a NBR – 6118 sugere que se possam considerar os revestimentos protetores (revestimentos cerâmicos, argamassa com pintura, e outros), para reduzir a classe de agressividade ambiental em outros ambientes diferentes dos que foram exemplificados na tabela. Assim, o mesmo autor recomenda adotar uma classe de agressividade mais fraca para as estruturas de concreto protegidas com os revestimentos protetores.

Tabela 4: Classes de Agressividade ambiental

Fonte: Autoria Própria

Após definido a classe de agressividade ambiental, a norma ABNT NBR 6118 (2014), especifica um cobrimento mínimo para as armaduras. Para garantir o cobrimento mínimo (C min), o projeto e a execução terão que considerar o cobrimento nominal (C non), que seria o cobrimento mínimo mais uma tolerância (∆C) (ARAÚJO, 2014). Desta forma, o mesmo autor disserta que, as dimensões das barras das armaduras e os espaçadores de fôrmas devem considerar o cobrimento nominal, como mostra a Tabela 5.

Na Tabela 5, a ABNT NBR 6118 (2014) indica os valores do cobrimento nominal em relação à classe de agressividade ambiental, considerando os casos usuais que não tem controle de qualidade, ou seja, ∆C=10mm. Porém, Araújo (2014) recomenda que, para casos em que o controle de qualidade é severo, os valore da Tabela 5 podem ser reduzidos em 5mm, mas essa exigência de controle rigoroso tem que ser mostrada nos desenhos de projeto. O autor ressalta também, que se for utilizado um concreto de resistência superior ao mínimo exigido (Fck≥20 MPa), os cobrimentos também podem ser reduzidos em até 5mm.

º Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (uma classe acima) em obras em regiões de clima seco, com umidade média relativa do ar menor ou igual a 65 %, partes da estrutura protegidas de chuva em ambientes predominantemente secos ou regiões onde raramente chove.

C Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em indústriasde

celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas.

IV Muito Forte

Respingos de Maré Elevado ª Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (uma classe acima) para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revesido com argamassa e pintura).

II Moderada Urbanaª , º Pequeno

III Forte Marinha ª

Industrial ª,º Grande

Classe de agressividade

ambiental

Agressividade Classificação geral do tipo de ambiente para efeito de projeto

Risco de deterioração da estrutura I Fraca Rural Submersa Insignificante

Independente do caso considerado, o cobrimento nominal da barra tem que se no mínimo igual ao diâmetro da própria barra (ARAÚJO, 2014). Em relação a um feixe de barras, o mesmo autor estipula que, cobrimento nominal tem que ser no mínimo igual ao diâmetro do feixe (diâmetro equivalente).

Para a face superior das lajes e vigas, a norma ABNT NBR 6118 (2014) discorre que, se as lajes e vigas forem revestidas com argamassada de contrapiso, ou com revestimentos finais secos (carpetes, madeira, cerâmico, entre outros), os cobrimentos nominais da Tabela 5 podem ser substituídos pelo valor de 15 mm.

Tabela 5: Cobrimento mínimo (mm) das armaduras para concreto armado considerando ∆C= 10 mm

Fonte: ABNT NBR 6118 (2014).

Outro parâmetro de dimensionamento da estrutura que tem que ser definido é a altura útil d, como mostra Figura 5.

I II III IV

20 25 35 45

Viga/Pilar 25 30 40 50

Elementos estruturais

em contato com o solo 30 30 40 50

Laje 25 30 40 50

Viga/Pilar 30 35 45 55

Cobrimento nominal da bainha ou dos fios, cabos e cordoalhas. O cobrimento da armadura passiva deve respeitar os cobrimentos para concreto armado.

Para a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de contrapiso, com revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de revestimento e acabamento, como pisos de elevado desempenho, pisos cerâmicos, pisos asfálticos e outros,

deve ser respeitado um cobrimento nominal ≥ 15 mm.

Nas superfícies expostas a ambientes agressivos, como reservatórios, estações de tratamento de água e esgoto, condutos de esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em ambientes química e intensamente agressivos, devem ser atendidos os cobrimentos da classe

No trecho dos pilares em contato com o solo junto aos elementos de fundação, a armadura deve ter cobrimento nominal ≥ 45 mm.

Tipo de estrutura Componente ou

elemento

Classe de agressividade ambiental

Cobrimento nominal (mm) Concreto armado Concreto protendido d a a b c d

Figura 5: Altura útil de lajes

Fonte: Araújo (2014)

Nas lajes, a altura útil é diferente em cada direção (dx e dy, indicadas na Figura 5), em função de que uma armadura está sobre a outra, formando uma malha (ARAÚJO, 2014). Ainda, o mesmo autor explana que, para ser mais prático, pode-se considerar um valor único para as duas direções de d = h - d', sendo h a altura total da seção da laje. De acordo com a Figura 5, tem-se:

Equação 1: Equação do parâmetro d´

t c

d´ 

Onde, t é o diâmetro médio das armaduras e c é o cobrimento nominal.

Na Tabela 6, apresentam-se os valores de d´ calculados pela Equação 1. Tabela 6: Parâmetros d´ para lajes maciças (mm)

Fonte: Autoria Própria

A altura h da laje deve seguir os requisitos mínimos estipulados pela ABNT NBR 6118 (2014), como mostra a Figura 6. Porém, para um pré-dimensionamento, segundo Santos (2009), pode-se adotar a expressão

40

l

, sendo l o valor do menor vão em centímetros.

Classe de agressividade φ = 5 mm φ = 10 mm

I 25 30

II 30 35

III 40 45

Figura 6: Espessura mínima de lajes maciças segundo ABNT NBR 6118 de 2014.

Fonte: Autoria Própria.

2.4 FUNDAMENTOS DE SEGURANÇA DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO

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