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As tecnologias da informação têm impulsionado uma dinâmica peculiar para a Educação. Antes, dependentes de cartas, rádio e televisão, a Educação a Distância tinha abrangência limitada e o intervalo de tempo entre a emissão e a recepção da informação poderia ser consideravelmente lento, o que, muitas vezes, podia atrapalhar a aprendizagem ou até motivar a evasão de alunos. Há quem se baseie neste pensamento e considere-a desvantajosa em relação ao ensino presencial, de fato, a Educação a Distância possui uma proposta audaciosa que consiste na formação de grandes contingentes a custos mais reduzidos, visto que nesse modelo não é necessário ter salas de aula, mobiliário, biblioteca física, materiais de expediente e grande contingente de pessoal.

A EaD pós 1990 é baseada na educação mediada por computador, e a utilização deste equipamento ligado à internet, juntamente com as ações de tutoria voltadas para o aprendizado do aluno, configuram-se como o substrato mínimo para que esta modalidade de ensino funcione. Isso significa dizer que, essa nova concepção em que o aluno é tido como elemento básico e central de todo o processo educativo acaba, de certa forma, suprimindo alguns recursos utilizados no ensino presencial (LANDIM, 1997). Ao ser aluno de um curso EAD nota-se essa modificação de forma bem óbvia: não existem espaços, móveis, materiais, tampouco contato físico entre os participantes, logo, nenhum destes elementos podem ser considerados tal como ocorre na educação presencial.

Nesse sentido, é possível constatar a existência de uma concepção educacional pouco vivenciada até então, onde tanto os alunos quantos os professores precisam se adaptar ou se aperfeiçoar para uma forma de ensino marcada pela aprendizagem autônoma e pelo foco na comunicação mediada pelas tecnologias da informação. No contexto da Ciência da Informação, Vitorino (2009, p.42) aponta para uma sugestão na tentativa de facilitar a assimilação desta nova conjuntura, sobretudo no que tange à necessidade de promoção da interatividade:

Para favorecer a interação, num ato de troca, sem se limitar à interatividade digital, mas sim promover a abertura para mais comunicação, troca e participação, a EaD precisa proporcionar mais e melhores interações nas relações presenciais ou virtuais. Isso se dá pelo estabelecimento de vínculos e fomentação de intercâmbio no ambiente de aprendizagem (AVA) por meio de quadro de avisos, atividades de reflexão, fornecimento de bibliografia complementar e acesso à biblioteca local ou virtual, realização de fóruns temáticos e surpreendentes, mecanismos de conversa com o professor (do tipo “contato” com tutor e professor), chat, galerias para publicação de materiais personalizados e do grupo – recados, fotos etc.

Um dos mais assertivos fatores de sucesso em EaD está vinculado ao estreitamento das relações entre tutor e aluno, inclusive existem autores que consideram a negociação como a palavra-chave desta modalidade de ensino. Assim, faz-se coerente antes de se planejar ou idealizar qualquer projeto de EaD, ter em mente o objetivo primordial de se perceber as necessidades e os anseios dos seus participantes. Essa concepção visa à promoção dos ajustes necessários nos sistemas

de EaD, com vistas à adaptação e ao crescimento daqueles que participam da Educação a Distância (VITORINO, 2009).

A preocupação com desenvolvimento educacional é uma constante em qualquer sistema de ensino, mas ao se tratar de EaD, em que o aluno é tido com o elemento principal no processo de aprendizagem, existe a necessidade primordial deste indivíduo conseguir desenvolver a sua aprendizagem de forma autônoma. A Educação a Distância é um processo educativo centrado no aluno, objetivando desenvolver capacidades de autonomia e autoaprendizagem (BELLONI, 2003). Em outras palavras, compete a quem ensina na EaD, tentar desenvolver no aluno uma postura independente e disciplinada capaz de resolver suas problemáticas proativamente. Esse pensamento pode ser compreendido através da visão de Giannasi (1999, p. 41) em que se ressalta o autoaprendizado como uma característica básica na EaD apontando para a necessidade de incentivar o aluno: "[...] a estudar de forma independente com o objetivo de fortalecer seu aprendizado. E destaca que suas características individuais -

ritmo próprio, motivação etc. devem ser respeitadas e, quando possível, estimuladas”. Para que os objetivos da EaD sejam alcançados, é importante que as instituições

que trabalham com esta categoria de ensino atuem diretamente com os alunos, auxiliando-os a desenvolver habilidades de busca, obtenção e compreensão das informações disponibilizadas a fim de que sejam transformadas em conhecimento. "Esse processo de ajudar as pessoas a aprender com a informação", segundo Campello (2006, p.64) é denominado de Competência em Informação, expressão correspondente do termo Information Literacy no Brasil. Logo, a partir desse ponto de vista, é possível imaginar que o uso da Competência em Informação pode ser bastante proveitoso no que diz respeito à qualificação dos alunos da EaD, principalmente no que se refere ao alcance da autoaprendizagem, ponto de convergência entre estas duas áreas.

É possível ter essa percepção, também, através do ponto de vista de Lau (2008); esse autor acredita que o desenvolvimento da Competência em Informação é o primeiro passo na consecução das metas educacionais de qualquer aprendiz. Essa competência deve ter lugar durante toda a vida dos cidadãos e, principalmente, em seu período acadêmico. A Competência em Informação pode ser compreendida como um

campo de oportunidades para a educação, pois o estudante pode determinar a natureza e extensão da informação necessária; acessar as informações de forma eficaz e eficiente; avaliar criticamente as informações e suas fontes; usar efetivamente a informação para um propósito específico; e compreender as questões que envolvem uso e acesso a informação (WHITWORTH 2006).