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2.2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EaD)

2.2.3 EaD no ensino superior no Brasil

Nesta seção, serão abordados aspectos legais da EaD no Brasil, bem como o ensino superior brasileiro a distância, no contexto do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), visto ser um projeto relevante para o Brasil enquanto um “programa de nação”.

2.2.3.1 Aspectos legais da EaD no Brasil

Em 1971, através da Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a EaD é legalmente reconhecida como uma modalidade de ensino-aprendizagem, apenas para os cursos supletivos (DALMAU, 2009a).

Segundo Pimentel (2006), em 1996, com a reformulação da LDB, do Decreto n. 2.494/98 e da Portaria MEC n. 301/98 a modalidade de EaD foi definida e contextualizada. A autora afirma que através dessa Lei, é estabelecido que tanto instituições públicas como privadas podem oferecer cursos de pós-graduação e graduação, na modalidade a distância, desde que legalmente credenciados para o ensino superior a distância, mediante parecer do Conselho Nacional de Educação e homologado pelo Ministério da Educação por meio de portaria publicada no Diário Oficial.

Porém, Mota e Chaves (apud VIEIRA; MORAES, 2006) indicam que a legislação brasileira sobre EaD, com foco na oferta de cursos

superiores à distância, concretiza-se apenas com a sanção do Decreto n. 5.622, de 20 de dezembro de 2005. De acordo com os autores, o Decreto busca garantir o credenciamento das instituições de ensino superior, a supervisão, o acompanhamento e avaliação para a modalidade de EaD com padrões de qualidade.

Dalmau (2009a) destaca alguns pontos importantes estabelecidos no Decreto n. 5.622, os quais resultam em implicações significativas para a oferta de cursos superiores, equiparando assim a EaD ao ensino presencial:

a) obediência às Diretrizes Curriculares de cada curso; b) duração dos cursos igual à estabelecida no meio presencial para cursos equivalentes;

c) controle de frequência definido no projeto pedagógico; d) transferências, equivalências e aproveitamentos garantidos;

e) diploma com validade em nível nacional;

f) os resultados das avaliações presenciais periódicas prevalecem sobre os demais resultados obtidos em outras formas de avaliação a distância;

g) instituições de ensino superior com autonomia universitária não necessitam de autorizações para ofertar novos cursos superiores;

h) o ato de credenciamento definirá a abrangência de sua atuação no território nacional;

i) participação dos estudantes nas avaliações do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) juntamente e em igualdade de condições aos presenciais;

j) reforço da obrigatoriedade de encontros presenciais para os exames, estágios obrigatórios, defesa de trabalhos de conclusão de curso e atividades em laboratório; e

k) credenciamento ou recredenciamento das instituições de ensino superior para oferta de cursos superiores a distância, realizado pela União (único e por no máximo cinco anos).

O Decreto n. 5.622, além de estabelecer diretrizes para a oferta de cursos superiores a distância, segundo Vieira e Moraes (2007), também determina requisitos básicos para o credenciamento das instituições de ensino superior interessadas em ofertar cursos de graduação (seja bacharelado ou licenciatura) ou pós-graduação (especialização, mestrado ou doutorado). As instituições interessadas devem apresentar: a elaboração de um Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) que contenha a oferta de cursos e programas a distância, um projeto

pedagógico para os cursos e programas em EaD, a garantia de equipe técnica e administrativa qualificada, um corpo docente qualificado de acordo com as exigências da legislação em vigor e, preferencialmente, com formação para trabalhar na modalidade de EaD, e a descrição detalhada dos serviços de suporte e infra-estrutura adequados à execução do projeto pedagógico, contendo a descrição das instalações físicas, laboratórios (quando se aplicar), polos de EaD e bibliotecas adequadas.

Atendendo a essas exigências, garante-se que determinada instituição de ensino superior ofereça qualidade no ensino e nos serviços oferecidos aos estudantes, assim como a integral equivalência entre a educação presencial e a EaD (DALMAU, 2009a).

Após o Decreto n. 5.622, foi criado o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), ainda no ano de 2005, conforme é apresentado a seguir.

2.2.3.2 Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB)

Embora o Sistema UAB tenha sido criado em 2005, Maia e Mattar (2007) destacam que este foi oficializado apenas em 8 de junho de 2006, por meio do Decreto n. 5.800, como sendo um consórcio entre Instituições Públicas de Ensino Superior (IPES), Estados e Municípios, coordenado pela Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação.

De acordo com o Edital Universidade Aberta do Brasil, lançado em 2005, o projeto UAB caracteriza-se como uma iniciativa do Ministério da Educação, visando a criação de bases para uma universidade aberta e a distância no País, assim entendida como a articulação entre instituições federais de ensino, Distrito Federal, Estados e Municípios, bem como demais interessados e envolvidos, e atuando preferencialmente na área de formação inicial e continuada de professores da educação básica.

Vieira e Moraes (2007) consideram que o projeto UAB configura-se em um projeto social de políticas educacionais inclusivas extremamente relevantes para a agenda do desenvolvimento social e humano do País.

Para Dalmau (2009a), a implantação da UAB também visou auxiliar a realização do Plano Nacional de Educação, o qual possui como meta inserir nas universidades, até o ano de 2010, 30% da população entre 18 e 24 anos.

Assim, após seu projeto, o Sistema UAB foi oficializado, e desta forma estabeleceram-se seus objetivos principais, através do Decreto n. 5.800, em seu artigo 1º:

I - oferecer, prioritariamente, cursos de licenciatura e de formação inicial e continuada de professores da educação básica;

II - oferecer cursos superiores para capacitação de dirigentes, gestores e trabalhadores em educação básica dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

III - oferecer cursos superiores nas diferentes áreas do conhecimento;

IV - ampliar o acesso à educação superior pública; V - reduzir as desigualdades de oferta de ensino superior entre as diferentes regiões do País; VI - estabelecer amplo sistema nacional de educação superior a distância; e

VII - fomentar o desenvolvimento institucional para a modalidade de educação a distância, bem como a pesquisa em metodologias inovadoras de ensino superior apoiadas em tecnologias de informação e comunicação.

Em Brasil (2009) expõem-se que o modelo adotado pelo Sistema UAB para a expansão do ensino superior fundamenta-se, principalmente, na realidade social brasileira, na extensão geográfica do território nacional, na necessidade de inclusão de uma imensa quantidade de jovens que ainda não tem acesso ao ensino superior, na necessidade de oferecer formação inicial e continuada a expressivos contingentes de professores da rede pública, na cultura nacional que propicia a integração da União, Estados e Municípios, na qualidade do ensino superior público e nas experiências do Brasil e de outros países, com a utilização de polos de apoio presencial, especialmente localizados no interior do país, em municípios de baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).

Vale destacar que o IDEB utiliza dois conceitos para a qualidade da educação: fluxo escolar e médias de desempenho nas avaliações. Este indicador é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e médias de desempenho nas avaliações do INEP (BRASIL, 2010a).

Kipnis (2009) salienta que a concepção do Sistema UAB para a educação brasileira define um modelo de expansão, de cursos e

matrículas, distinto de outros encontrados em diversos países, os quais costumam ser centrados em instituições organizadas todas elas a distância ou a criação de megauniversidades, com tecnologia e metodologia a distância.

Neste sentido, vale destacar que o Sistema UAB não visa a criação de uma nova instituição de ensino, mas sim, a articulação das já existentes, possibilitando a oferta de curso superior público de qualidade aos municípios brasileiros que não possuem cursos de formação superior ou cujos cursos ofertados não sejam suficientes para atender a todos os cidadãos (Decreto n. 5.800/06).

De acordo com Maia e Mattar (2007), a oferta de cursos de educação a distância por meio do Sistema UAB foi efetivamente inaugurado com um projeto piloto em março de 2006, com o curso Bacharelado em Administração, e o programa Pró-Licenciatura, que atende estudantes de licenciatura, principalmente professores da rede pública de educação básica sem formação superior.

O Sistema UAB foi iniciado em 2006, com a participação de 25 universidades públicas brasileiras (federais e estaduais) com mais de 10.000 estudantes em vários Estados. Isso foi possibilitado através da parceria entre o Ministério da Educação, o Banco do Brasil (integrante do Fórum das Estatais pela Educação) e as universidades públicas que aderiram ao projeto (BRASIl, 2009).

Atualmente, através do Sistema UAB, por meio das instituições públicas de ensino superior integrantes do Sistema, são ofertados diversos cursos como, conforme apresentado em Brasil (2010b):

a) bacharelados, licenciaturas, tecnólogo e especializações: são cursos voltados para formação inicial e continuada de professores da educação básica da rede pública e para o público em geral interessado (demanda social);

b) especializações do programa Mídias na Educação: são cursos ofertados com o objetivo de proporcionar formação continuada voltada ao uso pedagógico, na educação a distância, de diferentes tecnologias da informação e da comunicação; c) graduação em biblioteconomia: é um curso de bacharelado destinado à formação de quadros de apoio à realização dos cursos nos polos de apoio presencial do Sistema UAB;

d) especializações para professores, em parceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD/MEC): são cursos ofertados em nível de pós-graduação

concluintes. Atendendo à legislação vigente, destina-se ao preparo de docentes para temas transversais dos currículos de educação básica;

e) Programa Nacional de Formação em Administração Pública (PNAP): são cursos ofertados em nível de graduação (bacharelado) e pós-graduação (especializações lato sensu) destinados à criação de um perfil nacional do administrador público, propiciando a formação de gestores que utilizem uma linguagem comum e que compreendam as especificidades de cada uma das esferas públicas: municipal, estadual e federal. Para ofertar todos esses cursos, participam do Sistema UAB as universidades públicas (federais, estaduais e municipais) e os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. São um total de 89 instituições, atualmente. Essas instituições, exclusivamente públicas, são responsáveis pela criação dos projetos pedagógicos dos cursos e por manter sua boa qualidade com base nos Referencias de Qualidade para Educação Superior a Distância, criado pelo Ministério da Educação (BRASIL, 2010c).

Além da constituição de programas que ampliem a oferta de cursos superiores, através dos cursos a distância, o Ministério da Educação também tem se preocupado com a garantia de qualidade destes cursos. Neste sentido, a seguir são apresentados os elementos estruturantes de um curso superior a distância, de acordo com os Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância, estabelecido pelo Ministério da Educação.

2.3 ELEMENTOS ESTRUTURANTES DE UM CURSO SUPERIOR A

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