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Economia Análise de Conjuntura 3º trimestre 2016

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No 3º trimestre de 2016 os diversos indicadores do setor da cons-trução voltaram a apresentar um comportamento misto, depois de no 2º trimestre se terem reforçado os sinais positivos que têm ali-mentando alguma expetativa de consolidação da dinâmica que tem vindo a observar-se no sentido da recuperação da atividade desde o final de 2014 e o início de 2015.

Efetivamente, a redução do índice de produção da construção e obras públicas diminuiu de intensidade, tornando-se marginal nos dois últimos trimestres (-0,38 % no terceiro trimestre, contra -0,13% no segundo trimestre).

Por sua vez, o licenciamento de obras teve uma inflexão negativa neste trimestre, apesar do número de obras licenciadas estar muito acima da média do ano anterior.

Assim, os dados provisórios revelam que a evolução trimestral das obras licenciadas foi negativa em 4,1%, com a variação homóloga trimestral a registar um aumento de 15,3% (contra 14,1% no tri-mestre anterior). A variação média anual no número de edifícios licenciados também melhorou e situou-se, no trimestre terminado em setembro de 2016, em 5,9% (contra 0,7% em junho).

O setor residencial é aquele que continua a apresentar uma evolu-ção mais favorável, apesar do número total de fogos licenciados em construções novas para habitação (números provisórios) ter diminuído, face ao trimestre anterior, 12,9%. Não obstante, a varia-ção homóloga foi positiva (+36,8%) e a variavaria-ção média anual atin-giu, entretanto, uma expressão claramente positiva que confirma a recuperação operada neste segmento (+36,3%). O número total de fogos licenciados em construções novas para habitação no ano terminado em setembro de 2016 atingiu os 10 577, bem acima dos 9 826 licenciados no ano terminado em junho.

O número de licenças de obras de reabilitação também diminuiu (-1,4%), após ter registado um notável aumento no trimestre ante-rior (+9,3%). Não obstante, embora ainda falte apurar dados do último trimestre, parece claro que o ano de 2016 ficará marcado pela inversão positiva de tendência neste segmento, depois de no 2º e no 3º trimestres se terem registado taxas de variação homólo-gas nos números de licenciamento de 14,3% e de 12,6%, respeti-vamente. Importa sublinhar, uma vez mais, que, em nossa opinião, este indicador não expressa cabalmente a evolução daquilo que vulgarmente se designa por “setor da reabilitação” e que engloba, também, as obras de renovação e de simples manutenção. A dis-crepância entre os números do licenciamento e o movimento que parece observar-se no mercado da reabilitação, expresso, nomea-damente, na evolução positiva das vendas de materiais de cons-trução, estará, porventura, relacionado com o facto de muitas das intervenções não serem sujeitas à exigência de licenciamento camarário e, como tal, não terem reporte estatístico.

O pior sinal para atividade foi o proveniente da evolução trimestral das vendas de cimento para o mercado interno e que, após con-secutivas variações positivas ao longo de 2015, registou pelo ter-ceiro trimestre seguido, em 2016, uma variação homóloga negativa (-6,5%). Embora este comportamento se fique a dever, maioritaria-mente, à diminuição das obras públicas, haverá também que con-siderar algum abrandamento no segmento dos edifícios não resi-denciais.

Os dados deste terceiro trimestre, não podem ser considerados, como já dissemos, globalmente negativos. O facto dos indicadores destes três meses não terem sido tão bons como os do período anterior não põem em causa, por si só, um processo de recupera-ção gradual do setor que, esperamos, deverá ter continuidade nos próximos dois anos.

Como temos vindo a defender, a dinâmica da reabilitação urbana que se vive em Lisboa e Porto, muito sustentada no turismo, a par com a necessidade óbvia de manutenção do elevado número de edifícios construídos nas décadas de 80 e 90 do século passado e a maior capacidade das famílias para renovarem as respetivas habitações, representam um enorme potencial que deverá conti-nuar a puxar pelo mercado.

Também, a tendência de crescimento dos maiores centros urbanos conjugada com a escassez que já se sente na oferta de habitação e de espaços para escritórios com localização e tipologias adequa-das, deverá impulsionar a promoção de novos empreendimentos após o longo período de “paragem” da construção.

Edifícios Licenciados (Valores Trimestrais nº)

Edifícios Licenciados (Variação Média Anual)

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No terceiro trimestre de 2016, o número de edifícios licenciados registou uma diminuição de 4,1% relativamente ao trimestre anterior que, acreditamos, pode vir ainda a ser corrigida em sentido positivo, uma vez apurados os dados finais. Todavia, em termos homólogos verificou--se um acréscimo muito substancial, na ordem dos 15,3%, confirmando os sinais observados no primeiro semestre.

Na verdade, a consolidação da evolução favorável do número das obras licenciadas em 2016 pode ser comprovada pelo regresso a números positivos da variação média anual no número de edifícios licenciados, que atingiu neste terceiro trimestre os 5,9%.

O setor do licenciamento para obras de reabilitação, que tem vindo a apresentar uma evolução menos favorável do que a área da construção nova, registou uma variação no mesmo sentido, mas menos intensa (trimestral de -1,4%; homóloga de +12,6%). A variação anual média fixou-se em -0,5% e ainda não foi desta vez que atingiu um patamar positivo, não obstante, à semelhança do que já referimos acerca do total de obras, possa vir ainda a beneficiar de uma correção em alta.

Fogos em Construções Novas para Habitação

Economia

Licenciamento de Obras (Valores Trimestrais nº)

Do mesmo modo, a variação do número total de fogos licenciados em construções novas para habitação familiar neste terceiro trimestre de 2016 foi igualmente negativa (-12,9%), após uma longa série de crescimentos trimestrais sucessivos que atingiu o seu máximo no trimestre anterior. A variação homóloga foi, apesar disso, claramente positiva, na ordem dos 36,8%, sendo que a variação média anual confirma o crescimento sustentado obser-vado nos últimos trimestres, situando-se nos 36,3%.

No que diz respeito à evolução trimestral do número de licenças de obras de reabilitação, verificou-se, ao contrário do último trimestre, um decréscimo muito ligeiro (-1,4%), que, todavia, não prejudica a tendência de crescimento que se começou a observar a partir de meados de 2015 e que encontra a sua expressão na taxa de variação face ao trimestre homólogo que atingiu os 12,6% (14,3% no trimestre anterior).

Na verdade, a evolução do licenciamento relativo às construções novas para habitação familiar apesar de ter apresentado, neste terceiro trimestre, um sinal negativo (-3,5%), registou um forte crescimento em termos homólogos (+26,3%) e, o que é mais relevante, na variação média anual (+17,3%), continuando a sustentar fortes expetativas de crescimento deste segmento da construção ao longo dos próximos dois anos.

Índice de Produção na Construção e Obras Públicas Índice Corrigido de Sazonalidade Licenças para Obras de Reabilitação (Valores Trimestrais nº)

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O índice de produção no setor da construção e obras públicas voltou a cair face ao trimestre anterior, ainda que tangencialmente (-0,38 %, contra -0,13% no segundo trimestre), dando indicações que a atividade terá atingido um patamar de estabilidade. Apesar de estarmos perante varia-ções marginais, verificou-se que, à semelhança do observado no trimestre anterior e ao contrário do que vinha acontecendo, que foi o segmento de construção de edifícios o responsável por esta ligeira “derrapagem”.

Já em termos homólogos, verificou-se uma diminuição de 3,41% no índice total da produção na construção e obras públicas, que correspondeu a uma diminuição de 2,55% na construção de edifícios e de 4,70% nas obras de engenharia.

Esta evolução explica-se, sobretudo, pelas sucessivas quebras do investimento público desde 2014, que apesar das sucessivas promessas dos governos, continua refém do controlo do défice orçamental. Também, o arranque muito lento do Portugal 2020, que afeta, naturalmente o inves-timento empresarial e a componente construção, ajuda a explicar porque forma a melhoria do clima económico não tem encontrado expressão no crescimento do setor da construção.

Economia

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endAs de

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No terceiro trimestre de 2016 as vendas de cimento das empresas nacionais para o mercado interno mantiveram a tendência de quebra que tem vindo a observar-se desde início de 2016, tendo diminuído, em termos homólogos, 6,5%. Este comportamento recente deverá estar relacionado com o fim das últimas grandes obras públicas lançadas com o apoio do anterior Quadro Comunitário (i.e. o túnel do Marão) e o impasse em que se encontra o chamado Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas. De acordo com os Inquéritos de Opinião da Comissão Europeia, o índice de confiança no setor da construção melhorou ligeiramente neste terceiro trimestre, situando-se agora nos -29,6 pontos (contra -32,7 no último trimestre e -33,2 pontos no período homólogo do ano anterior).

Vendas de Cimento e Indicador de Confiança na Construção

(Indicador no Trimestre em Referência)

FONTES: BANCO DEPORTuGAL, INSTITuTONACIONAL DEESTATÍSTICA

Taxa de Juro do Regime Geral

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No terceiro trimestre do ano de 2016, o emprego na construção e obras públicas registou uma taxa de variação homóloga trimestral de -3,0% e uma taxa de variação trimestral de 0,9%, valores que são melhores que os observados no trimestre anterior (-4,1% e 0,5%, respetivamente) e que indiciam, ainda que timidamente, uma tendência de recuperação do emprego no setor. A variação média nos últimos 12 meses terminados em setembro de 2016 foi de -4,31% contra -4,55% no final do 2º trimestre, indiciando que o setor, apesar da melhoria recente, continua a perder emprego face ao ano anterior.

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No terceiro trimestre de 2016, o índice de remunerações registou uma taxa de variação homóloga trimestral de -4,3% e uma variação trimestral de 3,6% (este trimestre incluiu subsídios de férias). A variação média nos últimos 12 meses terminados em setembro foi de -4,92%.

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A taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação acentuou a tendência de queda face ao trimestre anterior e fixou-se, em setem-bro de 2016, nos 1,047%, que corresponde uma redução de 0,042 pontos percentuais face à registada no último mês de junho. Nos contratos para “Aquisição de Habitação”, a taxa de juro observada em setembro de 2016 foi de 1,060%, tendo-se reduzido em 0,0419 p.p. em relação à taxa observada no mês de junho deste ano.

Inquérito de Conjuntura