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1. JUSTIFICATIVA, PROBLEMA DE PESQUISA E OBJETIVOS

2.1. Breve histórico: as visões a respeito da Teoria da Firma

2.1.3. A “Nova Economia “ e a Teoria da Firma

Conforme Teece (1998), no século passado, as economias mais desenvolvidas passaram por uma grande transformação, desde o processamento das matérias primas até o processamento da informação e do desenvolvimento, aplicação e transferência de novos conhecimentos, originando novas atividades caracterizadas por retornos crescentes de escala, um fenômeno predominante em firmas baseadas em conhecimento. Para Mortensen (2000) a “Sociedade do conhecimento” teve um forte impulso com os investimentos em capital humano, habilidades pessoais e tecnologia .

A Teoria do Capital Humano recebeu uma considerável contribuição de dois pesquisadores, Theodore Schultz (1979) e Gary Becker (1992) segundo Mortensen (2000). Schultz (1961) haveria proposto: a) que a aquisição de habilidades e conhecimento é uma forma de capital; b) que parte substancial deste capital resulta em uma forma deliberada de investimento; e c) que o crescimento deste capital (na época) nas sociedades ocidentais, a uma taxa muito mais rápida do que o capital convencional ( não humano) talvez viesse a ser a mais distinta característica deste sistema econômico. Ainda segundo Mortensen (2000) e Becker (1962) teria sugerido que o estudo dos investimentos em Capital Humano ajudaria a compreender as diferenças de rendimento entre profissões e atividades no tempo;

aprofundando seu estudos buscou estimar uma taxa de retorno para o Investimento em Capital Humano.

A seguir uma breve menção a proposta da Visão Baseada em Recursos – RBV, uma proposta que, apesar de criticada, teve mérito ao destacar a importância dos recursos na firma.

2.1.3.1. A Proposta da RBV: Visão Baseada em Recursos

Segundo Fahy (2001) prevaleceu, nos anos 80, na área da estratégia, a teoria com base nas “forças competitivas de mercado”, tendo como um dos pioneiros Michael Porter, para o qual o desempenho desigual das empresas era justificado com base nos fundamentos da Teoria da Organização Industrial – IO, de Bain/Mason; esta teoria dava destaque para o papel da estrutura industrial, a teoria das “ cinco forças básicas”: rivalidade entre competidores, barreiras a novos entrantes e a substitutos e o poder de barganha de clientes e fornecedores como fonte das rendas anormais de monopólios a longo prazo. Para o autor, até os anos 80 a visão baseada em recursos caracterizava-se mais por um processo fragmentado de desenvolvimento, não constituindo em um corpo teórico unificado de pensamento econômico. Estudos empíricos têm confirmado a heterogeneidade de desempenho entre empresas, contrariamente ao esperado pela teoria neoclássica. Tal fato foi confirmado por autores como Rumelt (1991), McGahan e Porter (1997) e Misangyi et ali (2006), trabalhando com técnicas variadas; o estudo foi realizado com uma amostra da ordem de 10.000 empresas por Rumelt e com amostras de mais de 50.000 empresas por Misangyi e McGahan e Porter, com recortes de tempo variados de meados dos anos 70 até meados dos anos 90. Os estudos dos autores citados confirmaram os resultados já encontrados sugerindo que fatores internos às firmas explicam, em média, de 35% a 45% da performance das firmas

No final dos anos 80, um progressivo movimento teórico retomava as idéias da heterogeneidade entre empresas:

O reconhecimento preliminar da potencial importância dos recursos específicos da firma pode ser encontrado nos estudos de economistas como Chamberlin e Robinson nos anos 30 ( Chamberlain 1933 e Robinson 1933), que foram subseqüentemente desenvolvidas por Penrose (1959). Em vez de enfatizar as estruturas de mercado esses economistas deram destaque às heterogeneidades entre empresas e propuseram que seus ativos e capacidades específicas eram os fatores relevantes que davam origem à competição imperfeita e aos lucros super-normais ( FAHY,2001,p.44).

Um dos primeiros a reconhecer a importância dos recursos (e suas combinações) na posição competitiva de uma empresa, em 1959, foi Edith Penrose, ao sugerir a expansão de

uma empresa, interna ou externamente, por meio de um processo de fusões e aquisições e diversificações”, vindo a seguir a contribuição de Rubin (1973), para o qual firmas são “cestas de recursos (NEWBERT, 2007). O autor ainda destaca as contribuições de Prahalad e Hamel (1990), ao destacarem as competências essenciais de uma organização, bem como, estudos de Barney (1986 e 1991).

O recursos compreendem todos os ativos, capacidades, processos organizacionais, atributos das empresas, informação e conhecimento, etc, que possam ser combinados de forma a aumentar a sua eficiência ( BARNEY,1991). O autor (op.cit.) sugere que, para a manutenção da vantagem competitiva sustentada a longo prazo, os recursos de uma empresa devem possuir ter características conhecidas do “Modelo VRIO”, devendo ser: a) valiosos; b) raros; c) inimitáveis e d) organizáveis. De acordo com ele, esses três grupos de recursos ainda compreendem umas série de atributos a seguir:

a. Capital Físico: tecnologia, planta e equipamentos, localização geográfica e acesso a matérias primas;

b. Capital Humano: treinamento, experiência, julgamento,inteligência, relacionamento e o discernimento dos funcionários da firma e o

c. Capital Organizacional: estrutura formal de subordinação, o planejamento formal e informal, o sistema de coordenação e controle, assim como as relações informais entre grupos na firma e entre uma firma e o seu entorno.

Conner (1991), propôs um estudo comparativo de cinco escolas de pensamento econômico, ressaltando, para cada uma das cinco escolas, suas similaridades e diferenças com a proposta da Visão Baseada em Recursos – RBV e destacou importantes aspectos de discussão da proposta da RBV. Diericks e Cool (1989) concordam em geral com a RBV, porém sugerem a possibilidade de substituição a longo prazo, quebrando o pressuposto da “inimitabilidade” proposto por Barney (1991); isso seria possível, para a autora, uma vez que outras empresas pudessem oferecer produtos substitutos obtidos por meio da combinação de outros ativos estratégicos por elas desenvolvidos. Para Grant (1966, p.10) “a emergente RBV não é ainda uma teoria da firma., por não haver consenso suficiente quanto aos seus conceitos ou propósitos”. Como já referido, esta proposta apresenta pressupostos discutíveis.

A seguir uma visão da Teoria Evolucionária, uma teoria com crescente aceitação, pela marcante contribuição para melhor entendimento da Teoria da Firma, cujos pressupostos foram fundamentais para o estudo aqui realizado.

2.1.4. A Teoria Evolucionária

Schumpeter (1950, p.82-83) sugeriu:

The essential point to grasp is that in dealing with capitalism we are dealing with an evolutionary process (…) never can be satationary(…). The fundamental impulse that sets and keeps the capitalist engine in motion comes from the new consumer´s goods, the new methods of production and transportation, the new markets, the new forms of industrial organization that enterprise capitalist creates…

Dosi e Nelson (1994, p.153) sugerem: “Há sinais de que poderia estar havendo um retorno da Análise e Modelos da Teoria Evolucionária em Economia”.

A questão central é compreender o comportamento da firma, suas capacidades e limites para adaptação em um ambiente de mudanças, com base nas seguintes (principais) linhas teóricas de suporte: a teoria da inovação de Schumpeter; a teoria da evolução das espécies da Biologia; a teoria de sistemas e termodinâmica na Física; e a teoria das organizações na Administração (BATAGLIA; MEIRELLES,2008). De acordo com os autores (op.cit., p.6):

A abordagem evolucionária tem como marco inicial o livro, já considerado um clássico nesta área, de Nelson e Winter (1982), An Evolucionary Theory of Economic Change, onde são estabelecidas as linhas gerais do que seria uma teoria econômica evolucionária.

Nelson e Winter (2005) reconhecem a importância de Schumpeter em seu trabalho, sugerindo que (op.cit., p.568): “De maneira mais geral, a teoria evolucionária identifica um problema econômico mais complexo do que a teoria ortodoxa. Segundo os autores a razão principal é que a teoria evolucionária é intrinsecamente uma teoria dinâmica, na qual a diversidade das firmas é uma característica fundamental e diz respeito aos processos dinâmicos que determinam conjuntamente os padrões de comportamento das firmas e os resultados do mercado ao longo do tempo. Para eles a teoria evolucionária rejeita três componentes: a) a função objetivo global; b) o bem definido conjunto de escolhas e c) a racionalização da escolha maximizadora das atitudes da firma.

Segundo Dosi e Nelson (1994) a obra de Nelson e Winter (1982) foi seguida por vários outros trabalhos, explorando a teoria evolucionária na Economia; eles ressaltam que esta teoria remonta, ao menos, a Malthus e Marx, como também, por outro lado, parece ter surgido entre economistas que contribuíram para as teorias de equilíbrio como Alfred Marshall (1948, p.XIV) e Milton Friedman (1953). Conforme Dosi e Teece (1993), a firma é

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