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1. JUSTIFICATIVA, PROBLEMA DE PESQUISA E OBJETIVOS

2.6. Obstáculos na avaliação dos ativos intangíveis

Blair e Wallman (2001) apud Hitchner (2003, p. 762) explicam a dificuldade na avaliação de ativos intangíveis, com as seguintes palavras:

Porque não se pode ver, ou tocar, ou pesar intangíveis, não se pode dimensioná-los diretamente, mas apenas avaliá-los por meio de variáveis proxy, ou utilizando-se de medidas indiretas que por sua vez possam expressar algo a respeito da influência dos referidos intangíveis sobre variáveis mensuráveis.

O Financial Accounting Standards Board – FASB, já emitiu mais de 36 declarações, considerando o princípio do fair value (preço justo) dos ativos ( HITCHNER, 2003).

Para a Fasb (2001), apud Hitchner (2003), o valor justo de um ativo ou dívida é obtido pelo valor pelo qual esse ativo ou dívida possa ser comprado (ou incorrido) ou vendido ( ou fixado) em uma transação corrente entre partes interessadas, ou seja, qualquer outra que não seja uma transação forçada, ou em liquidação. Lev (2001) ressalta a distorção nos demonstrativos financeiros de empresas, devido a leis contábeis inadequadas, ao serem obrigadas a lançar a despesas intangíveis tais como gastos em pesquisas e desenvolvimento (P&D), valores esses que podem ser significativos em caso de aquisições, a exemplo do total pago na aquisição da Lotus Development Corp. pela IBM em 1995, de US$ 3,24 bilhões, cerca de 50% referentes a P&D. Perez e Famá (2006) citam pesquisas de Boulton, Libert e

Samck (2001) sugerindo que as organizações estão criando valor por meio das combinações

2.6.1. Avaliação de intangíveis pelo fluxo de caixa descontado

Para Reilly e Schweihs (1999) há três enfoques básicos no que tange a avaliação de ativos e, no caso de intangíveis, deve ser adotado o mais apropriado: Método do Custo; Método do Valor de Mercado; e Método da Renda.

Segundo Reilly e Schweihs (1999), o método do Fluxo de Caixa descontado somente deve ser utilizado na avaliação de intangíveis, quando houver um fluxo de renda identificável a ele associado. Para Hitchner (2003, p.788): “Ativos intangíveis devem ser avaliados como os tangíveis, pelo valor presente do fluxo de caixa descontado”. Lev (apud Hitchner 2003) destacou o risco mais elevado dos ativos intangíveis.

A seguir, na Tabela 5, exemplos de taxas de desconto de ativos; percebe-se que os ativos intangíveis são avaliados com as mais elevadas taxas dentre todos os ativos, sendo o

Goodwill o de maior risco.

Tabela 5 – Taxas de Descontos para Ativos Tangíveis e Intangíveis

Ativo Taxa de Desconto ao ano

1 –Tangível

- Capital de Giro 5%

- Terra e prédios 7%

- Máquinas e Equipamentos 8%

2 – Intangível

- Acordo de não competição 16%

- Equipe de força de trabalho 16%

- Tecnologia e Software 18%

- Base de Clientes 18%

- Pesquisa e Desenvolvimento 25%

- Goodwill 28%

Fonte: Hitchner (2003).

Segundo Reilly e Schweihs (1999) a Financial Accountant Stantandard Board tem classificado os ativos intangíveis em 5 categorias a saber: 1) relativos a Marketing; 2) relativos a Clientes; 3) reativos a contratos artísticos; 4) ativos contratados e 5) relativos à tecnologia. Reilly e Schweihs (1999) ainda sugerem 10 grupos de intangíveis, a seguir:

a) Marketing: marcas, nomes comerciais;

b) Tecnología: patentes de processos, patentes de aplicações, documentações técnicas, como notebooks de laboratorio, conhecimento técnico;

c) Arte: direitos pela autoria de trabalhos literários e artísticos, composições musicais; d) Processamento de dados: direitos sobre software, softwares de rotinas de

automatizações, circuitos integrados e software afins;

e) Engenharia: desenhos industriais e de engenharia, patentes de produtos, segredos de comercio, contratos de propriedade;

f) Clientes:lista de clientes e de contratos com clientes, relacionamento com clientes e ordens de compra em aberto;

g) Fornecedores: contratos em bases favoráveis, contratos de licenciamento, acordos de franquia, acordos de não competição;

h) Capital Humano: força de trabalho agrupada e treinada, contratos de trabalho e acordos com sindicatos;

i) Locação: contratos de direitos de arrendamento, de exploração mineral, easements, direitos aéreos e de provisão de água; e

j) Goodwill: goodwill institucional, práticas profissionais de goodwill; godwill pessoal e profissional, goodwill de celebridades e valor consensual (going concern) de negócios. Estas características devem ser pesadas com cuidado na fase da avaliação, a seguir. 2.6.2. Avaliação de Intangíveis por meio de Fluxo de Caixa

Conforme justificado na introdução deste estudo, a comunidade de investidores e consultores têm adotado o Fluxo de Caixa Livre descontado a valor presente como o principal instrumento de avaliação de investimentos para a seleção de seus ativos (BREALEY e MYERS, 2002).

Exemplos de

intangível Método mais aplicável (1) Exemplo de Métrica requerida Direitos autorais Mercado Por figura; por palavra, por verso, fórmula Renda Lucro incremental, lucros futuros, royalties Carteira de clientes Custo Histórico, manutenção, de registro e de

oportunidade, de obtenção, manutenção, marketing

Mercado Determinar preço unitário para os múltiplos, como Preço de venda por unidade ; por cliente; prêmio pago sobre a carteira,etc

Renda Vida útil residual estimada, renda gerada Dados em processo Mercado Preço de mercado (método é menos usado)

Renda Renda futura, redução de custo, royalty, licença Custo De criação, de reprodução, de manutenção Capital Humano Custo Salários , benefícios, bônus e encargos dos

funcionários da empresa envolvidos diretamente na operação e “overhead” relativo a esses indivíduos mais (2);

Mercado Menos utilizado pois não é comum a

transferência de uma força de trabalho para outra empresa

Renda Menos utilizado por ser difícil estimar a renda gerada Pela força de trabalho

Quadro 5 Métricas para Avaliação de intangíveis

Fonte: elaborado pelos autores com base em Reilly e Schweihs (1999)

O quadro visto mostra que os intangíveis, em grande parte não financeiros, geralmente são disponíveis de fontes internas à própria empresa avaliada.

Segundo sugerem Reilly e Schweihs (1999) a avaliação de intangíveis requer um tratamento específico pelas razões apontadas no decorrer deste estudo, dentre as quais pode-se destacar: a) necessidade de montagem de métricas, a partir de dados operacionais e não operacionais, apenas disponíveis na empresa, e b) a dificuldade de traduzir as métricas não financeiras, em variáveis financeiras estatisticamente relevantes.

Hitchner (2003) aponta o cuidado, no caso da avaliação do valor residual, que pode ser amortizado ou não, conforme a característica do intangível, dependendo da possibilidade de estimar-se sua vida útil.

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