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Entende-se por edifícios em altura, no contexto da Avenida Eng. Roberto Freire, aqueles que possuem mais de quatro pavimentos nos quais as unidades habitacionais estão agrupadas em volume único ou múltiplo vertical, geralmente vazado. No caso da avenida esses tipos edilícios estão concentrados em parte do trecho em que se descortina a paisagem da praia propriamente dita.

Os edifícios em altura foram divididos em seis subcategorias, a saber: com coroamento; com balcões sobressalentes; lisos; convexos e interligados, diagonais; e multicoloridos.

Os edifícios em altura com coroamento (figura 83) são aqueles que, como o próprio nome indica, apresentam em seu último pavimento e/ou cobertura elementos de acabamento como marca principal e que detêm quase sempre a função de mirante. Caracterizam-se fisicamente como uma caixa prismática vertical vazada em cujo volume uno ou múltiplo predomina a opacidade. O revestimento mais usado nesses casos é o cerâmico. Apesar de haver um aproveitamento parcial do lote na implantação, o passeio de pedestres é usado como acesso de veículos com freqüência.

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Os edifícios em altura no contexto da Roberto Freire estão relacionados tanto com o advento das novas formas de morar em Natal (FERREIRA E MARQUES, 2000) como da atuação do mercado imobiliário em consonância com as alterações do código urbanístico local e o turismo. Representam, portanto, as vantagens de investir em residências permanentes e/ou eventuais tanto para elites locais como para chegantes nacionais e estrangeiros.

Os edifícios com balcões sobressalentes (figura 84) têm como marca principal a proeminência de volumes em balanço, que correspondem quase sempre às varandas. Consistem numa caixa prismática vertical vazada com balcões de volume únicos nos quais predominam os vazios. Nesses casos não há coroamento ou acabamento superior nem tampouco pórtico. A opacidade é freqüentemente gerada tanto pela sobreposição de cheios sobre os vazios como pela aplicação de revestimentos cerâmicos. Predominam acessos para pedestres e veículos numa relação aparentemente harmoniosa onde a existência de um não anula a do outro.

Figura 83: Edifício em altura com

coroamento/mirante. Figura 84: Edifício em altura com balcões sobressalentes.

Fonte: Acervo pessoal. Fonte: Acervo pessoal.

Os edifícios em altura lisos (figura 85) são aqueles que apresentam em seu estudo volumétrico poucos elementos sobressalentes ou tratamentos cromáticos. Constitui-se numa caixa prismática vertical, de volume uno vazado no qual há uma tentativa de dar a impressão de transparência, usando artifícios de ritmo nas fenestrações. Nesse sentido, tem-se a impressão de que os vazios predominam sobre os cheios, porém, a opacidade se faz presente assim como nos outros tipos edilícios. São raros os acabamentos superiores e/ou pórticos, e do ponto de vista dos revestimentos são utilizadas cerâmicas às vezes intercaladas com vidros. O acesso que deveria ser de pedestres é suprimido para dar lugar a estacionamentos, apesar de o edifício estar implantado aproveitando parte do lote que geralmente se localiza no meio ou esquina da quadra.

Os edifícios em altura interligados e/ou convexos (figura 86) consistem naqueles que têm respondido pela atuação do mercado imobiliário com vista a adensar a área próxima à praia de Ponta Negra. Esse tipo compõe-se de uma ou mais caixas prismáticas verticais vazadas (geralmente interligadas por passadiços superiores) cujas formas convexas traduzem um partido arquitetônico que objetiva captar tanto quanto possível o

visual da praia (Ponta Negra e cordão dunar – Morro do Careca) para cada unidade habitacional. Nesses tipos os vazios predominam em volumes unos ou múltiplos, apresentando acabamento ou coroamento superior, mas sem a presença de pórticos. A relação opacidade x transparência é decorrente da aplicação tanto de revestimentos cerâmicos mono ou policromáticos quanto do ritmo das fenestrações entre varandas.

O passeio público é frequentemente usado como acesso de veículos. A percepção visual se dá mais pela volumetria e pelo tratamento cromático dos revestimentos externos do que pela quantidade de informações publicitárias nas fachadas, o que confere ao edifício boa legibilidade para o passante. Em outras palavras, o edifício por si só é a propaganda.

Figura 85: Edifício em altura liso. Figura 86: Edifício em altura convexo/ligado.

Fonte: Acervo pessoal. Fonte: Acervo pessoal.

Os edifícios em altura diagonais (figura 87) consistem em caixas prismáticas verticais implantadas diagonalmente, o que caracteriza outro tipo de partido arquitetônico para atingir máxima visualização da paisagem da praia de Ponta Negra. Nesse volume uno os vazios predominam, mas não há coroamento nem acabamento superior, tampouco pórtico. A opacidade é predominante em virtude da aplicação dos revestimentos cerâmicos e de elementos em alvenaria que conferem continuidade às varandas onde se admite tratamento cromático. Quanto à implantação, o aproveitamento do lote - que pode estar localizado no meio ou esquina de quadra – é total ou parcial, entretanto, o acesso para veículos não elimina o acesso de pedestres.

Os edifícios em altura multicoloridos (figura 88) são assim classificados porque apresentam variedade cromática no revestimento cerâmico. Quanto aos atributos físicos, consistem em caixas prismáticas verticais de volume uno sem predominância de

coroamento, acabamento superior ou pórtico. Sua opacidade predomina ante a transparência não havendo excesso de elementos publicitários apostos às fachadas, de modo que a percepção visual é dada pelo tratamento cromático e pelo estudo volumétrico em si. Desse modo, a legibilidade para o passante acontece pela consonância entre estudo volumétrico e cromático dos revestimentos.

Figura 87: Edifício diagonal. Figura 88: Edifício em altura multicolorido.

Fonte: Acervo pessoal. Fonte: Acervo pessoal.

A seguir, na terceira parte deste estudo, esses tipos serão cruzados a usos mais recorrentes e comparados a níveis de acessibilidade em 6 trechos da Avenida Eng. Roberto Freire, no intuito de verificar a incidência material em número e agrupamento dos três fatores até aqui discutidos.

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– SOBRE FORMAS, USOS E TIPOS: CORRELACIONANDO E INTER-