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O tema Educação Ambiental veio à tona nas últimas décadas devido à grande incidência de desastres naturais que ocasionam uma série de impactos ambientais e têm causado grande preocupação ao homem (REIS; SEMÊDO; GOMES, 2012).

Freire (1980) define “conscientização” como a tomada de posse da realidade por um indivíduo, que passa a observar a realidade de modo mais crítico. Desta forma, a Educação Ambiental deve atuar na conscientização e na exposição à sociedade sobre o papel individual e coletivo que cada um pode exercer para a manutenção sadia dos recursos naturais (FERRARO JUNIOR et al., 2005).

Para Marcatto (2002) a Educação Ambiental é uma das ferramentas existentes para a sensibilização e a informação da população sobre os problemas ambientais. A “sensibilização”, para Souza (2003), é entendida como uma operação pela qual certa cultura interpreta parte dos dispositivos modais, como efeitos de sentido passionais e o sujeito transforma-se em alguém que sofre, sente, reage e se emociona.

Segundo Effting (2007) o ambiente escolar é o mais propício ao desenvolvimento dos valores que irão influenciar na aquisição de atitudes adequadas para com o meio ambiente. Ao introduzir a Educação Ambiental no aprendizado, os integrantes da comunidade escolar passam a incitar mudanças e ser sensibilizados sobre seus direitos e responsabilidades mediante a integridade do meio ambiente e a importância do tratamento de resíduos sólidos por eles gerados (ADRIANO E MURATA, 2014).

A Lei Federal Nº 9.795, de 27 de abril de 1999 (BRASIL, 1999), dispõe sobre a Educação Ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental. A referida Lei apresenta no artigo 9º que a Educação Ambiental no ensino formal deve ser desenvolvida nos currículos das instituições de ensino público e privada, desde a educação básica (infantil, fundamental e médio), passando pela educação superior, especial, educação de jovens e adultos (EJA), até a educação profissional (BRASIL, 1999). Além disso, os artigos 10 a 12 dispõe que esta deve ser desenvolvida como prática educativa contínua, inter e transdisciplinar, assim como deve constar nos currículos de formação de professores em todos os níveis e disciplinas (BRASIL, 1999).

Como princípios básicos da Educação Ambiental a Lei nº 9.795/1999 (BRASIL, 1999) dispõe:

a) enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; b) concepção do meio ambiente em sua totalidade;

c) pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; d) vínculo: ética, educação, trabalho e práticas sociais; e) continuidade e permanência do processo educativo; f) avaliação crítica do processo educativo;

g) abordagem articulada de questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais;

h) reconhecimento e respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.

De acordo com Dias (2004) existem cinco categorias de objetivos a serem desenvolvidos na Educação Ambiental: consciência do meio ambiente global, conhecimento sobre os problemas existentes, comportamento de interesse e participação na proteção do meio ambiente, habilidades necessárias para identificar

e resolver problemas e participação ativa em tarefas que têm por objetivo a resolução de problemas ambientais.

Ainda segundo Dias (2004) esses objetivos estão interligados de acordo com o Diagrama de Cooper (Figura 4).

Figura 4 – Diagrama de Cooper: relação entre os objetivos da Educação Ambiental.

Fonte: Dias (2004).

Diferente do que ocorre na Educação Ambiental não formal, onde as dificuldades são a falta de informação, investimento e capacitação, dentre os problemas existentes na educação ambiental formal podem ser listados a falta de estímulo à pesquisa científica e prática, a falta de integração e preparo do corpo docente e a falta de atualização de temas a serem abordados (REIS; SEMÊDO; GOMES, 2012).

Segundo Oliveira (2000) a busca por alternativas de metodologias interdisciplinares, a falta de ajuste de tempo pela demanda de horários, conteúdos e avaliações, assim como a sensibilização do corpo docente para uma mudança que exige criatividade são os três maiores desafios a serem superadas no processo de implementação da Educação Ambiental num âmbito escolar.

Implementar um projeto de Educação Ambiental nas escolas propiciará aos alunos e à comunidade uma compreensão fundamental dos problemas existentes, da presença humana no ambiente, de sua responsabilidade e do papel crítico que deve exercer como cidadão (EFFTING, 2007).

Para praticar a Educação Ambiental em escolas, alguns autores propõem estratégias práticas e dinâmicas, que conduzem à conscientização e à sensibilização da comunidade acadêmica (Quadro 4).

Habilidades Conhecimento

Participação Conhecimento

Quadro 4 – Estratégias para realização da Educação Ambiental formal.

Silva e Leite (2008)

Promover atividades integradas para toda a

comunidade escolar

Realizar gincanas

Utilizar atividades como: dinâmica, aula de campo,

atividade física, oficinas, música e teatro Silva e Sammarco (2009) Realizar campanhas ambientais (como um mutirão para recolhimento

de lixo) Arte-educação: criação de cartazes, murais e decoração de espaço utilizando materiais descartados Elaboração de folhetos e cartilhas Sammarco e Printes (2009) Desenvolver oficinas e palestra aos atores

ambientais

Realizar cursos de capacitação

Promover excursões e passeios a locais que se

relacionem com o tema desejado Fonte: Silva e Leite (2008), Silva e Sammarco (2009) e Sammarco e Printes (2009).

Como parte de programas de Educação Ambiental integrados, instituídos pelo Decreto Federal nº 4.281 de junho de 2002 (BRASIL, 2002) que regulamenta a Lei nº 9.795/1999, dentre outras atividades, devem ser criadas, mantidas e implementadas, as atividades de gerenciamento de resíduos.

No estudo realizado em escola pública no município de Matinhos/PR, Adriano e Murata (2014) identificaram um gerenciamento inadequado dos resíduos sólidos e, para os autores, a fim de corrigir o gerenciamento e torná-lo mais eficaz, a inserção da temática dos resíduos sólidos associada à Educação Ambiental deve ser uma das prioridades do projeto político pedagógico da direção escolar.

Já Silva e Leite (2008) constataram que para se realizar efetivamente a Educação Ambiental em escolas no século XXI se faz necessária a formação de educadores ambientais que apliquem os conhecimentos de forma dinâmica, criativa, lúdica, baseada na afetividade entre os atores, tornando-os protagonistas dentro da problemática. Oito anos após a pesquisa, a escola estudada é considerada referência no trabalho de Educação Ambiental e conta com gestão integrada de resíduos sólidos, além da elaboração de uma própria Agenda 21 (SILVA; LEITE, 2008).

Após estudo sobre o gerenciamento de resíduos sólidos de uma escola municipal no Rio de Janeiro, Torres e Rodrigues (2009) acreditam que o trabalho de Educação Ambiental realizado com a equipe de funcionários e alunos tenha contribuído para a comunidade, conduzindo-a a uma redução na quantidade de resíduos sólidos gerados no local.

4 MATERIAL E MÉTODOS

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