• Nenhum resultado encontrado

3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO UM CAMINHO PARA A SUSTENTABILIDADE.

3.3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE.

Sustentabilidade expressa a compatibilidade e equilíbrio entre o desenvolvimento social com qualidade e as condições naturais de manutenção da vida no planeta. Segundo Leff (2001), o desafio é o de construir uma nova história que avance no sentido de decifrar as marcas que a cultura deixou na natureza na perspectiva de caminhar na direção de um desenvolvimento sustentável.

Se a base dessa construção para as futuras gerações vislumbra a insustentabilidade que estamos vivendo hoje, é preciso superar a razão econômica como um processo para superar a crise ambiental. Ainda segundo o autor, a educação ambiental conflui os princípios da sustentabilidade, da complexidade e da interdisciplinaridade. São as estratégias de poder que implicam pensar na complexidade no processo de produção.

Segundo o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, a educação ambiental para uma sustentabilidade eqüitativa é um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida. O Tratado considera que a preparação para as mudanças necessárias depende da compreensão coletiva da natureza sistêmica das crises que ameaçam o futuro do planeta. Foi um documento elaborado por pessoas de vários países do mundo, publicado durante a Rio-92, tornando-se referência para a Educação Ambiental e a Carta de Princípios da Rede Brasileira de Educação Ambiental, e das demais redes de EA a ela entrelaçadas, e subsidia também o Programa Nacional de Educação Ambiental, do Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental (MMA e MEC).20

No Brasil a Educação Ambiental vai além do uso sustentável de recursos naturais, e incorpora fortemente a proposta de construção de sociedades sustentáveis. Scoullos (1995), o pioneiro em Educação Ambiental desde a geração pré-Estocolmo, observa que "a idéia da proteção ambiental nunca foi cortada da idéia ou da necessidade de um tipo especial de

20

Lembranças da construção do Tratado de Educação Ambiental. Disponível em :<

desenvolvimento". Para o autor definir o conceito da Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável tem sido motivo de discussão nos últimos anos.

Dentro dessas discussões, a educação para o desenvolvimento deve sempre potencializar que o indivíduo faz parte do meio e a educação ambiental reforça o despertar de uma consciência de que o homem não é o centro de tudo, sendo parte integrante desse ambiente. Trazendo esse ambiente no que diz respeito às empresas, Dias (2006, p. 34), destaca no Capítulo 31, item 1 da Agenda 21, que constitui um programa internacional que estabelece parâmetros para que se obtenha desenvolvimento sustentável nas suas vertentes econômica, social e ambiental, reconhece que:

O comércio e a indústria, inclusive as empresas transnacionais, desempenham um papel crucial o desenvolvimento econômico e social de um país. Um regime de políticas estáveis possibilita e estimula o comércio e a indústria a funcionar de forma responsável e eficiente e a implementar políticas de longo prazo. A prosperidade constante, objetivo fundamental do processo de desenvolvimento é principalmente resultado das atividades do comércio e da indústria. As empresas comerciais, grandes e pequenas, formais e informais, proporcionam oportunidades importantes de intercâmbio, emprego e subsistência.

Na década de 1950 os setores empresariais reconheceram que programas de educação e treinamento, além de preparar melhor o trabalhador para desempenhar suas funções, contribuem para assegurar sua vantagem competitiva. Na década de 1970, período da instabilidade ambiental -social, econômica política e tecnológica – as organizações públicas e privadas repensam os seus formatos organizacionais tradicionais ampliando o entendimento do papel da educação nas empresas (DEMAJAROVIC, 2003).

Sustentabilidade não é um problema técnico que se resolve com boas práticas, mas a relação da sociedade com a natureza a ser construída para a constituição de “um outro futuro”, liberto da lógica da economia de mercado, cujo processo instituinte comece por criar um outro presente diverso do atual. Para Quintas (2004), quando se fala de sustentabilidade, está se falando de algo polissêmico, para que os atores sociais em nome de seus valores e interesses, legitimem suas práticas e necessidades na sociedade e, assim, se fortaleçam nas disputas travadas com outros atores, que defendem outros valores e interesses.

Essa construção em espaços como escola, empresas ou outras comunidades, exige novas orientações e conteúdos; novas práticas pedagógicas onde se plasmem as relações de produção de conhecimentos e os processos de circulação, transmissão e disseminação do saber ambiental. Ainda de acordo com Quintas (2004), é necessário que sejam incorporados novos paradigmas do conhecimento na formação dos novos atores da educação ambiental e do desenvolvimento

sustentável.

As estratégias educacionais para o desenvolvimento sustentável implicam a necessidade de reavaliar e atualizar os programas de educação ambiental, ao tempo que se renovam seus conteúdos com base nos avanços do saber e da democracia ambiental. Nesse sentido, a educação ambiental adquire um sentido estratégico na condução do processo de transição para uma sociedade sustentável (LEFF, 2001).

Nessa direção, Dias (2006) ressalta que práticas como a eco-eficiência e a produção mais limpa, tem elevado a consciência do empresariado em torno de uma perspectiva de um desenvolvimento econômico mais sustentável. Destaca que a penetração do conceito de desenvolvimento sustentável no meio empresarial tem se pautado mais como um modo das empresas assumirem formas de gestão mais eficientes. Embora haja um crescimento mais perceptível, em torno da sustentabilidade, ela ainda está mais focada no ambiente interno das organizações, voltada prioritariamente para processos e produtos. Dessa maneira considera que é um grande avanço, tomando-se como base o ano de 1992, mas que ainda falta muito para que as empresas se tornem agentes de um desenvolvimento sustentável, socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente correta.

Nesse contexto, uma organização que aprende facilita a aprendizagem de todos os seus membros que se transformam continuamente. O aprendizado não acontece apenas através do treinamento, mas no dia-a-dia onde todos ganham com os resultados. Sendo assim, a educação corporativa é um instrumento de sustentabilidade para que as organizações liderem e atendam as suas necessidades, multipliquem o conhecimento adquirido no chão da fábrica para a comunidade do entorno, bem como para a comunidade dos seus trabalhadores.