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A educação ambiental é “considerada inicialmente como uma preocupação dos movimentos ecológicos com a prática de conscientização, que seja capaz de chamar a atenção para a má distribuição do acesso aos recursos Naturais”. Carvalho (2006).

Educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos suas culturas e seus meios biofísicos. A Educação Ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhoria da qualidade de vida. (TBILISI, 1977).

REIGOTA (2009), em seu livro “O que é Educação Ambiental”, caracteriza a Educação Ambiental como uma educação política, visto que a mesma está comprometida com a ampliação da cidadania, da liberdade, da autonomia e da intervenção direta dos cidadãos na busca de soluções e alternativas que permita uma convivência digna e voltada para o bem comum.

A sobrevivência do homem era diretamente ligada ao meio ambiente, pois era por meio dela que os seres humanos conseguiam tirar o seu sustento. Assim todos os conhecimentos e cuidados com o meio ambiente eram transmitidos para os filhos e, de geração em geração implicitamente praticava-se aquilo que chamamos de Educação Ambiental.

KRUGER (2001), afirma que o homem interage com a natureza desde os primórdios, assim “entre 50 e 40 mil anos atrás a natureza dominava o homem.

Num primeiro momento, o homem é tido como refém das grandes florestas e matas, pois não tinha o conhecimento de seus frutos, dos animais que a habitava, das plantas medicinais das estações de seca e chuva.

No inicio dos tempos, quando os recursos naturais eram extraídos da natureza o homem fazia de forma parcimoniosa, apenas o necessário, sem desperdícios e os resíduos eram degradados e absorvidos por ela sem comprometer o meio ambiente, constituindo parte de um ciclo natural de decomposição. A percepção humana era extremamente desenvolvida, pois era essencial à sua sobrevivência, como na procura por alimentos e na sua proteção de animais e intempéries.

Com o passar dos tempos, o homem começar a ter maior conhecimento do meio ambiente e, consequentemente, explorar seus recursos. As ciências evoluíram e os fenômenos naturais começaram a ser compreendidos. Com isso, a relação homem-natureza passa por uma grande transformação, onde o homem pretendeu, por suas ações, submeter à natureza aos seus interesses.

Segundo SOAREZ DE OLIVEIRA (2002), nos primórdios da humanidade, existia o que se pode denominar de unicidade orgânica entre o homem e a natureza, sistema no qual o ritmo de trabalho e de vida dos homens acompanhava e se prostrava ao ritmo da natureza.

Ainda, de acordo com mesmo autor, debaixo das leis e normas do capitalismo, o contato com os recursos pertencentes à natureza passa, necessariamente, pelas relações mercantis, uma vez que sua apropriação pelo capital implica a eliminação de sua gratuidade natural. O próprio trabalhador neste processo de acumulação do capital encontra-se obrigado a fazer de sua força de trabalho mais uma mercadoria sempre a serviço do próprio capital, em troca de um salário. Assim, o trabalho que deveria ser a forma humana de realização do indivíduo reduz-se à única possibilidade de subsistência do despossuído.

O capital passa a ser o responsável pela separação entre os homens e a natureza, através de seu processo de produção/ reprodução e, dessa forma, impõe que o ritmo das atividades humanas não seja mais o mesmo da natureza, mas o do capital. O estimulado processo social de produção que domina a sociedade capitalista cujas bases referenciais encontram-se na produção de valores de uso, dando incentivo e impulso à utilização irracional dos recursos naturais, a degradação da natureza e a consequente crise ecológica, que tanto perturba os ambientalistas atualmente (SOAREZ DE OLIVEIRA, 2002).

Os impactos da espécie humana sobre o meio ambiente, na concepção de alguns cientistas, podem ser associados e comparados às grandes catástrofes do passado geológico da terra. Sob esse olhar, passou-se a entender que a humanidade precisa reconhecer que as agressões ao meio ambiente colocam em risco a sobrevivência de sua própria espécie. Esse quadro não é parte de um contexto nacional ou regional, e sim um problema que afeta diretamente a existência da humanidade como um todo. É a vida que se encontra em perigo. Não se pode conceber um ecossistema sem o homem e também é impossível pensar na humanidade sem algum ecossistema. (KRAAEMER, 2004).

Dentre os principais conceitos, extraídos de tratados internacionais e normas internas, podem-se destacar os seguintes:

A Educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificações de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A Educação Ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhora da qualidade de vida (Conferência Intergovernamental de Tbilisi, 1977).

A Educação Ambiental é uma dimensão da educação, é atividade intencional da prática social, que deve imprimir ao desenvolvimento individual um caráter social em sua relação com a natureza e com os outros seres humanos, visando potencializar essa atividade humana com a finalidade de torná-la plena de prática social e de ética ambiental (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, Art. 2.º).

A Educação Ambiental é a ação educativa permanente pela qual a comunidade educativa tem a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas. Ela desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando com a comunidade, valores e atitudes que promovem um comportamento dirigido à transformação superadora dessa realidade, tanto em seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes necessárias para dita transformação (Conferência Sub-regional de Educação Ambiental para a Educação Secundária – Chosica/Peru, 1976).

A educação voltada para o meio ambiente ou Educação Ambiental está prevista na Constituição Federal, em seu artigo 225, inciso VI, a qual estabelece ser dever do Estado e de todos promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.

O conceito de Educação Ambiental é estabelecido pela Lei n.º 9.795, de 27 de abril de 1999: Art. 1.º Entendem-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

A Educação Ambiental, portanto, foi apresentada como instrumento de efetivação do Direito Ambiental, necessidade e direito do homem ao desenvolvimento ecologicamente equilibrado, instrumento indispensável à vida humana com dignidade às presentes e às futuras gerações, pois somente por intermédio da educação o homem será conscientizado quanto ao meio ambiente e às questões ambientais.

A Declaração de Estocolmo de 1972 expressa a convicção de que tanto as gerações presentes como as futuras, tenham reconhecidas como direito fundamental, a vida num ambiente sadio e não degradado e estabelece no seu Princípio 19:

Princípio 19. É indispensável um esforço para educação em questões ambientais, dirigida tanto às gerações jovens como aos adultos e que preste a devida atenção ao setor da população menos privilegiado, para fundamentar as bases de uma opinião pública bem informada, e de uma conduta dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspirada no sentido de sua responsabilização sobre a proteção e melhoramento do meio ambiente em toda sua dimensão humana. É igualmente essencial que os meios de comunicação de massas evitem contribuir para a deterioração do meio ambiente humano e, ao contrário, difundam informação de caráter educativo sobre a necessidade de protegê-lo e melhorá-lo, a fim de que o homem possa desenvolver-se em todos os aspectos.

A partir dessa Conferência, ainda em 1972, foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), sediado em Nairóbi, no Quênia, o qual passou a dividir com a Unesco as preocupações pertinentes ao meio ambiente, no âmbito das Nações Unidas, tendo como objetivos: manter o estado do meio ambiente global sob contínuo monitoramento; alertar povos e nações sobre problemas e ameaças ao meio ambiente e recomendar medidas para melhorar a qualidade de vida da população sem comprometer os recursos e serviços ambientais das gerações futuras.

Em 1975, o Seminário Internacional de Educação Ambiental, em Belgrado, contou com a participação de 65 Estados. A Carta de Belgrado é um dos documentos mais lúcidos e importantes gerados naquela década, pois refere-se à satisfação das necessidades e desejos de todos os cidadãos da Terra e propõe temas que tratam da erradicação das causas básicas da pobreza como a fome, o analfabetismo, a poluição, a exploração e dominação, devam ser tratados em conjunto.

A Carta propõe uma nova ética global, com distribuição equitativa dos recursos naturais associada à redução dos danos ao meio ambiente, por meio de utilização de rejeitos no processo produtivos e incremento de novas tecnologias. Reconhecendo a necessidade de recursos para esses fins, indica a redução dos orçamentos militares. Convém lembrar que a Carta de Belgrado veio à lume em plena Guerra Fria, período em que a escalada armamentista, notadamente, a nuclear, gerava grandes preocupações. Tanto assim, que propôs como meta final “o desarmamento”, similar à declaração contida no princípio 26 da Declaração de Estocolmo de 1972.

Em 1979, a Unesco e o Pnuma promovem o Seminário de Educação Ambiental para América Latina, em San José, na Costa Rica, tendo como objetivo principal discutir a Educação Ambiental para a América Latina, tendo por base as recomendações estabelecidas na Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental em Tbilisi. Em 1983, foi criada a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD, com o objetivo principal de analisar a equação formada pela questão ambiental e desenvolvimento, para propor um plano de ações.

Essa Comissão, chamada de Comissão Brundtland, circulou o mundo e encerrou seus trabalhos em 1987, com um relatório chamado “Nosso Futuro Comum”. E é nesse relatório que se encontra a definição de desenvolvimento sustentável mais aceita e difundida em todo o Planeta: “Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades”. Segundo a Comissão, o desafio era trazer as considerações ambientais para o centro das tomadas de decisões econômicas e para o centro do planejamento futuro nos diversos níveis: local, regional e global (Oficina de Educação Ambiental para Gestão).

Em 1992, foi realizada a Conferência Geral das Nações Unidas realizada no Brasil, na Cidade do Rio de Janeiro, conhecida como Rio–92, com a participação de delegações de 178 Estados.

Assim, o século XX é o período em que inicia e intensifica-se o reconhecimento internacional da Educação Ambiental para a efetivação do direito ambiental das presentes e futuras gerações à vida digna em um meio ambiente sadio, como sendo fator importante no processo de evolução da relação homem/ natureza, o que somente se alcançará por intermédio da educação no que se refere às questões ambientais e à necessidade de mudança da forma de desenvolvimento econômico atual.

No Brasil, a Educação Ambiental, restrita à sua dimensão ecológica, é tratada no Decreto Legislativo n.º 3, promulgado pelo Congresso Nacional em 13 de fevereiro de 1948, por meio do qual foi aprovada a Convenção para Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Naturais dos Países da América, assinada pelo Estado brasileiro, em 27 de dezembro de 1940, em Washington, nos Estados Unidos da América, por meio da qual os Estados participantes se comprometeram a criar parques nacionais para a proteção da fauna e flora, pesquisas científicas e educação do público.

A sua importância no contexto educacional e formas de execução, também, foram estabelecidos pelo mesmo estatuto legal: Art. 2.º A Educação Ambiental é um componente

essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal.

A educação ambiental ensinada nas escolas não deve estar limitada apenas a conceitos científicos de forma abstrata, deve estar conectado com o meio externo do alunado, com o meio natural onde este vive e fazendo uma ponte com o meio ambiente a sua volta, tornar o ensino ambiental prático e prazeroso para o educando. Dentro dessa linha de pensamento Júnior (2013) afirma o seguinte:

A educação ambiental deve se constituir em uma ação educativa permanente por intermédio da qual a comunidade tem a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas derivados e de ditas relações e suas causas profundas. Este processo deve ser desenvolvido por meio de práticas que possibilitem comportamentos direcionados a transformação superadora da realidade atual, nas searas sociais e naturais, através do desenvolvimento do educando das habilidades e atitudes necessárias para dita transformação. (JÚNIOR 2013).

A educação ambiental, e uma atividade meio que não pode ser percebida como mero desenvolvimento de “brincadeiras” com crianças e promoção de eventos em datas comemorativas ao meio ambiente. Na verdade, as chamadas brincadeiras e os eventos são parte de um processo de construção de conhecimento que tem o objetivo de levar a uma mudança de atitude. O trabalho lúdico e reflexivo e dinâmico e respeita o saber anterior das pessoas envolvidas. (MEIRELLES e SANTOS 2005).

Há diferentes formas de incluir a temática ambiental nos currículos escolares, como atividades artísticas, experiências práticas, atividades fora de sala de aula, produção de materiais locais, projetos ou qualquer outra atividade que conduza os alunos a serem reconhecidos como agentes ativos no processo que norteia a política ambientalista. Cabe aos professores, por intermédio de prática interdisciplinar, proporem novas metodologias que favoreçam a implementação da Educação Ambiental, sempre considerando o ambiente imediato, relacionado a exemplos de problemas atualizados. (SATO 2002,)

É por meio da educação ambiental que consegue alcançar o tão sonhado desenvolvimento sustentável, de forma que haja desenvolvimento junto à preservação ambiental

CAPÍTULO III

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