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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇAO EM CIENCIAS E MEIO AMBIENTE

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PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇAO EM CIENCIAS E MEIO AMBIENTE

MARIA JOSÉ ALVES DA SILVA DIAS

PROPOSTA DE MOBILIZAÇÃO NA ESCOLA PARA ATENÇÃO A PRESERVAÇÃO AO MEIO AMBIENTE E A SAÚDE

BELÉM-PA 2019

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PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇAO EM CIENCIAS E MEIO AMBIENTE

MARIA JOSÉ ALVES DA SILVA DIAS

PROPOSTADE MOBILIZAÇÃO NA ESCOLA PARA ATENÇÃO A PRESERVAÇÃO AO MEIO AMBIENTE E A SAÚDE

Dissertação apresentada à Universidade Federal do Pará (UFPA). Instituto de Ciências Exatas e Naturais. Programa de Pós Graduação em Ciências e Meio Ambiente, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre.

Área de concentração: Ciências e Meio Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Marcelo de Oliveira Lima

BELÉM-PA

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D541p Dias, Maria José Alves da Silva

Proposta de mobilização na escola para atenção a preservação ao meio ambiente e a saúde/ Maria José Alves da Silva.-2019.

Orientador : Marcelo de Oliveira Lima.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências Exatas e Naturais, Programa de Graduação em Ciências e Meio ambiente, 2019.

1. Educação ambiental. 2. Saúde ambiental. 3. Aspectos ambientais. 4. Arboviroses. 5. Resíduos sólidos. I. Título.

CDD 22. ed. – 363.7

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PROPOSTADE MOBILIZAÇÃO NA ESCOLA PARA ATENÇÃO A PRESERVAÇÃO AO MEIO AMBIENTE E A SAÚDE

Dissertação apresentada à Universidade Federal do Pará (UFPA). Instituto de Ciências Exatas e Naturais. Programa de Pós-Graduação em Ciências e Meio Ambiente, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre.

Área de concentração: Ciências e Meio Ambiente Aprovada em 04/11/2019

BANCA EXAMINADORA

___________________________________ Profº. Dr. Marcelo de Oliveira Lima (UFPA)

Orientador

_ ___________________________________ Profº. Dr. Jandecy Cabral Leite (UFPA)

Membro

__________________________________ Profº. Dr. Waldinei Rosa Monteiro (UFPA)

Membro

__________________________________ Profº. Dr. David Barbosa de Alencar (FAMETRO)

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A Deus pela vida que me deu, pela fé, saúde e perseverança para seguir cada dia em busca de minhas realizações me permitindo vencer os obstáculos.

A meus filhos que me motiva a estudar, batalhar e trabalhar.

Ao meu esposo, que sempre teve paciência e dedicação para me ajudar nos dias de “sufoco”, além de ser meu grande companheiro demonstrando compreensão e colaboração.

A toda a equipe da Escola Estadual Brigadeiro João Camarão Telles Ribeiro, pela disponibilização do espaço e cooperação para a realização da pesquisa.

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O ambiente escolar é considerado um espaço extremamente privilegiado para o desenvolvimento da educação e prevenção ao meio ambiente e a saúde. Este estudo teve como objetivo uma proposta de mobilização na Escola Brigadeiro Camarão como estratégia de sensibilização aos cuidados que todos deve ter para com o meio e para redução de incidência de arboviroses. A realização dessa pesquisa ocorreu através do desenvolvimento de palestra sobre diversas doenças transmitidas pelo Aedes aegypt, resíduos sólidos, meio ambiente e educação ambiental. Além disto realizou-se pesquisa bibliográfica. A investigação mostrou que as arboviroses é um sério problema de saúde pública e apresenta dificuldade quanto ao seu controle ambiental na sociedade e que a prevenção exige maior participação da comunidade nas medidas de combate aos mosquitos transmissores, por meio de trabalho como este é possível prevenir doenças vinculadas por vetores e consequentemente contribuir com a melhoria de qualidade de vida do individuo e do meio ambiente, sugere-se que a escola invista na educação continuada no que diz respeito à abordagem da temática da educação ambiental.

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The school environment is considered an extremely privileged space for the development of environmental and health education and prevention. This study aimed to mobilize a proposal at the Brigadeiro Camarão School as a strategy to raise awareness of the care that everyone should take to the environment and to reduce the incidence of arboviruses. This research took place through the development of lecture on various diseases transmitted by Aedes Egypt, solid waste, environment and environmental education. In addition, a literature search was performed. Research has shown that arboviruses are a serious public health problem and have difficulty in their environmental control in society and that prevention requires greater community participation in measures to combat transmitting mosquitoes, through work such as this it is possible to prevent diseases. linked by vectors and consequently contribute to improving the quality of life of the individual and the environment, it is suggested that the school invest in continuing education with regard to addressing the issue of environmental education.

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1.1 INTRODUÇÃO 01 1.2 JUSTIFICATIVA 03 1.3 OBJETIVOS 04 1.3.1 Objetivos Gerais 04 1.3.2 Objetivos Específicos 04 1.4 RELEVANCIA DO TEMA 04 1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA 06 1.6 ESTRUTURA DO CAPITULOS 06 2 CAPITULO II 07 2.1 REVISÃO BIBLIOGRAFICA 07 2.2 Educação e Saúde 07 2.3 Meio Ambiente 11 2.4 Arbovirose 13 2.5 Educação Ambiental 19 3 CAPITULO III 26 3.1 Materiais e Metodologia 26 3.2 Tipos de Estudos 26 3.3 População 27 3.4 Local da Pesquisa 27

3.5 Aspectos Sociais e Técnicos 28

3.6 Aspectos Físicos 28

3.7 Coleta e Processamento de Dados 29

3.7.1 1° Etapa 29 3.7.2 2° Etapa 29 3.7.3 3° Etapa 29 3.7.4 4° Etapa 30 4 CAPITULO IV 31 4.1 RESULTADOS E DISCUSSÕES 31 4.2 Perfil da escola 31

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4.4.2 Tipos de criadouros Aedes aegypt 35

4.4.3 Ações contra Arboviroses 35

4.4.4 Discursões dos resultados 37

5 CAPITULO V 39

5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS 39

5.2 Recomendações para trabalhos futuros 40

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Figura 2 Palestra meio ambiente resíduos sólidos 31

Figura 3 Palestra educação ambiental e saúde 32

Figura 4 Palestra das principais arboviroses 33

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A Aedes

CHIK Chikungunya

DEN Dengue

SEDUC Secretaria Estadual de Educação

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CAPÍTULO I 1.1 INTRODUÇÃO

Com a promulgação da Constituição de 1988, a saúde no Brasil assume a seguinte configuração: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. CF. Art. 196. A partir destes princípios foi criada a Lei Orgânica da saúde - Lei 8.080 em setembro de 1990, a qual dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.

No que diz respeito à saúde e sua relação com o ambiente também não foi diferente. De acordo com Giatti (2009), a compreensão da relação saúde e meio ambiente teve diversas interpretações ao longo da história, com distinção entre culturas de povos quanto ao entendimento dos fenômenos que interferem na saúde

O mesmo autor afirma, o meio ambiente tem uma relação intensa com a saúde da população, embora, muitas vezes, seja concebido apenas como um cenário, um pano de fundo em que vivemos. Na realidade, trata-se do local onde estamos inseridos e onde ocorrem interações e inter-relações que influenciam direta e indiretamente o processo saúde-doença.

As arboviroses são um crescente problema de saúde pública no mundo principalmente pelo potencial de dispersão, pela capacidade de adaptação a novos ambientes e hospedeiros (vertebrados e invertebrados), pela possibilidade de causar epidemias extensas, pela susceptibilidade universal e pela ocorrência de grande número de casos graves, com acometimento neurológico, articular e hemorrágico (DONALISIO; FREITAS; ZUBEN, 2016). Dentre estas, dengue, Chikungunya e Zika estão circulando ao mesmo tempo no Brasil, colocando a saúde pública em alerta (BRASIL, 2017).

A emergência de arboviroses em locais antes indenes representa um potencial desafio para a Saúde Pública em muitos aspectos. A recente entrada de CHIKV, WNV e ZIKV no Brasil e em outros países das Américas expõe a população ao risco de infecção, uma vez que todos os indivíduos são susceptíveis, não existem vacinas disponíveis como método profilático e não existem antivirais efetivos para o tratamento (CHANCEY 2015).

No Brasil, áreas pontuais remanescentes da mata Atlântica e a floresta Amazônica são os principais reservatórios de arboviroses (SILVA; ANGERAMI, 2008). Estes são, em sua grande maioria, mantidos em ambientes silvestres, mas o homem em sua constante expansão

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acaba por ter contato com focos enzoóticos. Portanto, a presença humana em áreas silvestres aumenta o maior risco de infecção, apesar de ser observado que algumas destas arboviroses também ocorrerem em áreas urbanas sob forma epidêmica (GUBLER et al., 2014; TRAVASSOS DA ROSA et al., 1989).

O mosquito transmissor da Dengue, Zika e Chikungunya se faz presente em todo território nacional, onde o ambiente urbano favorece a vasta disseminação do Aedes aegypti. Isso se deve a facilidade de se encontrar recipientes como: copos, tampinhas, sacolas entre outros abandonados a céu aberto onde à água parada torna-se um local propício para seu criadouro, o que vem a favorecer a proliferação da espécie nos ambientes de convívio humano (TERRA et al., 2017).

Acredita-se que o combate à epidemia das arboviroses no Brasil pode ser enfrentado como um trabalho horizontal, onde a educação em saúde é uma das estratégias que poderá ter êxito (SILVA; MALLMAN; VASCONCELOS, 2014).

A escola, que tem como missão primordial desenvolver processos de ensino-aprendizagem, desempenha papel fundamental na formação e atuação das pessoas em todas as arenas da vida social. Juntamente com outros espaços sociais, ela cumpre papel decisivo na formação dos estudantes, na percepção e construção da cidadania e no acesso às políticas públicas. Desse modo, pode tornar-se lócus para ações de promoção da saúde para crianças, adolescentes e jovens adultos (DEMARZO; AQUILANTE, 2008).

Nas últimas décadas, a percepção dos países sobre o conceito e a prática de saúde escolar e de promoção da saúde tem mudado. Na década de 80, a crítica do setor de Educação em relação ao setor de Saúde de que este não utilizava a escola como uma aliada e parceira tornou-se mais contundente. Ao mesmo tempo, os resultados de vários estudos indicaram que a educação para a saúde, baseada no modelo médico tradicional e focalizada no controle e na prevenção de doenças, é pouco efetiva para estabelecer mudanças de atitudes e opções mais saudáveis de vida que minimizem as situações de risco à saúde de crianças, adolescentes e jovens adultos (BRASIL, 2006).

A escola Estadual Brigadeiro Camarão está localizada na zona sul de Manaus, área considerada endêmica de arboviroses além de ser um bairro com uma boa concentração populacional e alto índice de depósitos positivos, os chamados criadouros artificiais, presentes nos lixos e entulhos (recipientes plásticos, latas, sucatas, entulhos, entre outros), e a comunidade escolar está exposta a essa situação diante dessa problemática surgiu o interesse pela temática por parte da pesquisadora.

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1.2 JUSTIFICATIVA

O elevado índice de estudantes acometidos por arboviroses no Colégio Estadual Brigadeiro Camarão a partir de observações feitas pela autora, durante um evento militar ministrando sobre a temática Dengue e Zika, e pela gestão da escola. Dados de saúde pública mostraram que a escola está localizada em um bairro com auto índice de moradores acometidos pelas arboviroses. Desta forma, há necessidade de discutir as formas de combate às infestações, possíveis estratégias para intervenção no problema e também buscar soluções para diminuição do número de casos a partir da eliminação de possíveis criadouros dos mosquitos.

Neste contexto, podem ser estabelecidas estratégias para incentivar as pessoas da comunidade a pensarem e refletirem coletivamente o problema da alta incidência de endemias como dengue, Zika vírus e Chikungunya na comunidade. Para alcançar estes objetivos, numa ação integrada, iremos propor a elaboração e implantação de um projeto de intervenção na saúde da comunidade escolar.

Por isso a relevância que a Educação Ambiental pode auxiliar a construir e não reproduzir conhecimento sobre as doenças, integrando as pessoas como agentes na defesa e na melhoria da qualidade de vida. Por essa razão há necessidade que as ações para o controle das arboviroses busquem a maior participação ativa dos alunos como indutores para participação de toda comunidade na eliminação de criadouros já existentes, ou de possíveis locais para reprodução do mosquito.

Sendo a escola um espaço para construção do saber e de disseminação da informação seria relevante e importante a execução e implantação desse projeto educativo para auxiliar na intervenção para melhoria da saúde de toda a comunidade. Este estaria focado na educação e saúde sobre arboviroses e sua interação com o meio ambiente, colocando em prática ações coletivas com vistas as possíveis soluções e minimização do problema, ampliando a discussão e desenvolvimento de ações que possam ser implementadas para diminuir os casos de Dengue, Zika vírus e Chikungunya na comunidade local, pois as doenças relacionadas ao Aedes aegypti são potencialmente letais, tornando-se necessário a criação de um plano de intervenção que permita o controle de novos casos, e para que ocorra a curto e médio prazo uma redução dos novos casos a partir de uma ampla mobilização da comunidade escolar.

Portanto, educação Ambiental é, em última análise, uma tomada de consciência diária e geral. Não há saída segura se continuarmos operando com conceitos fragmentados e práticas

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esporádicas de concepção rasa. A mudança de comportamento tem que ser em todos os campos e a busca de soluções precisa ir fundo nas questões.

1.3 OBJETIVOS 1.3.1. GERAL

Proposta de mobilização na Escola Brigadeiro Camarão como uma estratégia para sensibilizar aos cuidados que todos devem ter para com o meio para redução da incidência de arboviroses;

1.3.2 ESPECIFICOS

Identificar se existe na escola, atividades educativas de preservação ao meio ambiente e de saúde no combate as doenças arboviroses.

Analisar a coleta de dados para avaliar os impactos causados sobre o meio ambiente e a saúde arbovirose na escola.

Organizar junto com a direção da escola atividades educativas de forma sistematizadas, como palestras semanais, visando a sensibilização da comunidade escolar quanto as necessidades de preservação do meio ambiente e efeitos das arboviroses sobre a saúde.

1.4 RELEVANCIA DO TEMA

Atualmente, a circulação concomitante dos vírus da dengue, Zika e Chikungunya tem deixado o Brasil em estado de alerta, principalmente, pelo fato de serem transmitidos pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti (LIMA-CAMARA, 2016).

A transmissão acontece por intermédio da picada da fêmea do Aedes aegypti e o controle do vetor tem constituído um grande desafio, pois a implementação dos programas não tem alcançado o sucesso esperado. As falhas desse manejo podem estar relacionadas com problemas de infraestrutura das cidades, falta de saneamento básico, os métodos adotados para a contenção do vetor, além da falta de envolvimento da população (ZARA et al., 2016).

A incidência das arboviroses (DEN, CHIK e ZIKA) tem se mostrado bastante alta, assim como sua dispersão, cada vez maior, em todo território brasileiro. De acordo com dados epidemiológicos, o número de casos graves e óbitos tem sido alarmante em relação à DEN (BRASIL, 2015). Além disso, as associações do ZIKA com a síndrome de Guillain-Barré e,

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principalmente, com a transmissão vertical, resultando em casos de microcefalia têm sido motivo de alarme nacional e internacional (BRASIL 2015, WHO 2016).

No Brasil, no ano de 1986, no estado do Rio de Janeiro, ocorreu o primeiro registro do Ae. albopictus, seguido no mesmo ano em São Paulo e Minas Gerais, e o ano seguinte no Espírito Santo, disseminando-se em apenas um ano em todos os estados da região sudeste. A partir dessa caracterização, observa-se a crescente e desordenada expansão deste vetor em todo o país, que vem se adaptando mais e melhor às regiões urbanizadas (MARCONDES; XIMENES, 2015).

Levando em consideração que ainda não se tem vacina disponível e medicamentos eficazes contra estas arboviroses, as recomendações preconizadas pelo Ministério da Saúde se restringem, principalmente, a ações de combate aos vetores intradomiciliares, eliminando os possíveis criadouros. Roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia, quando os mosquitos são mais ativos, proporcionam alguma proteção às picadas e devem ser adotadas, principalmente durante os surtos. Os repelentes e inseticidas devem ser usados, seguindo as instruções do fabricante. Mosquiteiros proporcionam boa proteção, especialmente para aqueles que dormem durante o dia (bebês, pessoas acamadas e trabalhadores noturnos) (BRASIL, 2015).

Programas de prevenção e controle de arboviroses no Brasil têm se mostrado ineficazes no combate a estas enfermidades, isto porque o uso indiscriminado de medicamentos e inseticidas vem desenvolvendo resistência por parte dos agentes etiológicos e insetos vetores, respectivamente. Neste sentido, faz-se necessário buscar novas estratégias que surjam como alternativas à prevenção e controle destas arboviroses, principalmente no que tange o combate aos insetos vetores (OLSON et al., 1996; CAPURRO et al., 2001; THAVARA et al., 2014).

Seria necessário promover, exaustivamente, a Educação em Saúde, até que a comunidade adquira conhecimentos e consciência do problema, para que possa participar efetivamente da eliminação dos criadouros potenciais do mosquito. A população deve ser informada sobre a doença (modo de transmissão, quadro clínico, tratamento, etc.), sobre o vetor (seus hábitos, criadouros domiciliares e naturais) e sobre medidas de prevenção e controle. (BRASIL, 2002).

Com o agravamento da situação, o poder público tem intensificado as ações de controle vetorial já existentes em todo o país. Contudo, tais ações têm-se mostrado ineficazes na redução do índice de infestação predial (IIP) do A. aegypti e, por conseguinte, na diminuição da incidência das doenças por ele transmitidas.

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Devem ser utilizados os meios de comunicação de massa pelo seu grande alcance e penetração social. Para fortalecer a consciência individual e coletiva, deverão ser desenvolvidas estratégias de alcance nacional, para sensibilizar os formadores de opinião, para a importância da comunicação/educação no combate as arboviroses; sensibilizar o público em geral sobre a necessidade de uma parceria governo/sociedade, com vistas ao controle da dengue no país; enfatizar a responsabilidade do governo em cada nível e da sociedade como um todo, por meio de suas instituições, organizações e representações. (BRASIL, 2002).

1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

A Escola Estadual Brigadeiro João Camarão Telles Ribeiro está situada na área central da cidade de Manaus Amazonas, tendo como mantenedora Secretaria de Estado de Educação e Qualidade de ensino (SEDUC) Coordenadoria Distrito 02. Convênio estabelecido entre o governo do Estado e a ALA 8. A referida unidade atende um total de 1.270 alunos, do Ensino Fundamenta (1º ao 9º ano) e Ensino Médio, nos turnos matutino, vespertino e noturno.

1.6 ESTRUTURA DOS CAPTULOS

A estrutura da presente dissertação está dividida em 5 capítulos.

No capítulo I, tem-se a introdução, justificativa, os objetivos, relevância do tema e a delimitação da pesquisa, e a estrutura do trabalho.

No capítulo II foi feito uma revisão de literatura sobre Educação e Saúde, Meio Ambiente e As principais arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.

No capítulo III foi Apresentado a Metodologia do trabalho , com tipo de estudo, população, local da pesquisa, aspecto social e técnico, aspectos físico, coleta e processamento de dados.

O capítulo IV, aqui serão colocados os nossos resultados e discussão O capítulo V traz as conclusões e as sugestões para trabalhos futuros.

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CAPÍTULO II

2.1 REVISÃO BIBLIOGRAFICA 2.2 EDUCAÇÃO E SAÚDE

A noção de promoção da saúde humanaǁ foi concebida, no início do século XX, por Henry Sigerist como uma das tarefas da medicina e significava tanto ações de Educação em Saúde, mas também ações estruturais do Estado para melhorar as condições de vida. Essa noção passou por processos de avanços a partir das reflexões do conceito de saúde e das propostas de políticas e práticas em saúde (TEIXEIRA, 2006).

Nos anos 70, com o Relatório Lalonde, a Promoção da Saúde passou a enfatizar as mudanças propostas nas ações sobre os estilos de vidas dos diversos grupos populacionais, em função dos riscos a que se expõem em função de suas escolhas comportamentais. E em 1986 na I Conferência Internacional de Promoção em Saúde, em Otawa, a Promoção da Saúde foi vista como um enfoque político e técnico para a compreensão e intervenção sobre o processo saúde-doença-cuidado (TEIXEIRA, 2006).

De acordo com Silva, Mallmann e Vasconcelos (2015), as estratégias mais comuns na prevenção e combate ao mosquito, são as práxis campanhista/higienista, nas quais são exigidos as populações ações centradas na extinção dos criadouros domésticos, por meio da remoção da água parada de possíveis locais de reprodução do mosquito, tais como pneus, garrafas, e qualquer objeto que possa armazenar água.

Desta forma, a educação em saúde surge como a forma mais eficaz de prevenção contra o mosquito, pois as atividades educativas assumem um valor cada vez maior na elucidação do Aedes aegypti, das doenças transmitidas por ele e sua etiologia, aumentando a participação da população na erradicação dos criadouros (SALES, 2008).

A educação em saúde e a educação ambiental, não acontecem uma sem a outra, e o enfermeiro tem papel fundamental como agente educador em ambos os ensinamentos. A reprodução do Aedes aegypti está relacionada com o ambiente, condições precárias de saneamento básico, higiene, e o próprio conhecimento da população, sobre as medidas de prevenção e controle. O enfermeiro deve usar um modelo de educação em saúde mais dinâmico e que cause maior efeito na população, para que as medidas sejam efetivas e realmente aconteça a prevenção e combate do mosquito (PERES et al. 2015). As abordagens educativas para serem eficazes devem ser criativas e estimular a participação ativa da população (CAREGNATO et al., 2008).

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O debate em torno da Promoção da Saúde subsidia, principalmente, a incorporação de propostas que dizem respeito a mudanças no conteúdo das práticas de saúde, contribuindo para a redefinição dos objetos das práticas, e dos meios de trabalho empregados no desenvolvimento de ações em vários níveis organizacionais. Trata-se, portanto, de incluir no leque de ações realizadas pelo sistema de saúde, ações de educação, comunicação e mobilização social voltadas ao ―empoderamentoǁ de indivíduos e grupos de modo a que possam vir a desenvolver práticas que resultem na promoção, proteção e defesa de suas condições de vida e saúde (TEIXEIRA, 2006).

Segundo Secretaria de Vigilância em Saúde Para que haja um melhor direcionamento das ações de mobilização social e educação em saúde, é necessário aproximar-se, de modo compreensivo, dos conhecimentos, atitudes e práticas da população, pois o conhecimento prévio de como a população pensa e age é fundamental para estabelecer o diálogo e a sensibilização necessários ao processo educativo. Entre os desafios da educação em saúde, está a criação e o aperfeiçoamento de técnicas de intervenções regulares de qualificação dos agentes para práticas de educação e comunicação, pautadas no diálogo e na sensibilização para lidar com a realidade cotidiana da comunidade; proporcionar-lhes maior participação dentro de um quadro atualizado de informações oficiais sobre as doenças, assim como inseri-los nas tomadas de decisões com base no contexto de campo, vivenciado por esses atores no processo de controle vetorial . . Secretaria de Vigilância em Saúde

CASAL AY afirma que a educação pode ser definida como a construção e o compartilhamento de conhecimentos em um processo dinâmico das interações sociais, por meio de linguagem. Portanto, o trabalho de educação e comunicação se dá em meio a um sistema complexo de produção, circulação e apropriação de signos e significados públicos, que não estão alojados na mente das pessoas, mas nas relações/interações sociais.

As práticas de educação em saúde verticalizadas e centralizadas devem dar lugar a uma educação que promova a participação comunitária. Além disso, deve haver mais consistência nas mensagens circulantes sobre a doenças, através da revisão dos conteúdos e do estabelecimento de uma comunicação clara e permanente entre serviço e população (RANGEL 2008).

Vista como problema, a linguagem, aliada à dificuldade dos profissionais em acreditar que a comunidade é capaz de encontrar soluções eficazes para o combate das doenças, como a dengue, torna o processo de educação em saúde difícil e menos eficaz. A transmissão verticalizada faz com que os profissionais usem linguagens mais rebuscadas ou muito

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simplificadas, criando um distanciamento entre o emissor e receptor, o que promove o aprendizado através da imposição. SALES (2008)

a crescente preocupação do homem em relação às questões ecológicas e aos graves efeitos acerca dos possíveis efeitos deletérios causados ao meio ambiente e à saúde, muitos pesquisadores vêm apontando diversos caminhos e possibilidades de minimização ou de solução dos problemas decorrentes dos alarmantes níveis de alteração ambiental. Dentre estes, a educação, que, vista como prática social, poderia gerar movimentos de transformação dos níveis de degradação, da qualidade de vida e da qualidade do ambiente a que está sujeita grande parte da população no planeta Terra (ALBUQUERQUE, VICENTINI, PIPITONE, 2015).

Para a construção de uma sociedade mais equitativa, a aproximação do setor da educação com o setor da saúde, por meio da educação ambiental e em saúde pode ser um caminho perspicaz no sentido de mobilizar a sociedade para preservação do meio ambiente. Norteados pelas seguintes questões Franco & Vaz (2007), uniram a área da saúde com a área ambiental tendo a educação ambiental não formal como um campo do saber que dialoga com o campo da saúde coletiva, na busca pela qualidade de vida aliada à mudança social envolvidos no processo educativo, a partir de suas necessidades

A complexidade ambiental que o planeta enfrenta e a falta de conhecimento e sensibilização do ser humano frente a esses problemas vem contribuindo expressivamente com a degradação do meio ambiente no decorrer dos tempos. Diante dessa realidade, fica evidente a necessidade que, em todos os níveis educacionais, a Educação Ambiental seja tida como elemento efetivo, obrigatório e constante do ensino no país, por servir como orientação no desenvolvimento de uma consciência ambiental sustentável e em uma sociedade ativa na defesa do meio ambiente (LEFF, 2001).

Em virtude da nítida e urgente necessidade de enfrentamento da crise ambiental contemporânea, surge a Educação Ambiental como uma expectativa promissora no âmbito do sistema de ensino, no sentido de promoção da exigência na mudança de valores sociais que levem a um processo harmonioso na inter-relação entre sociedade e meio ambiente (LAYRARGUES, 2002).

Neste momento, todo o mundo sabe e reconhece os problemas ambientais, mas relativamente poucas pessoas realmente compreendem e estão cientes da importância que o meio ambiente representa. É complexo e moroso convencer o ser humano a apreciar o valor e a importância do meio ambiente. Para alcançar isso, novas atitudes, aptidões, conhecimentos, são necessários como consciência e comportamento para com o meio (THATHONG, 2010).

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Nas palavras de Paulo Freire (1987) para que se consiga a conscientização e transformação do homem, é indiscutível a necessidade deque esse processo não pode se fundar na alienação ou na manutenção daqueles já alienados. Ainda como lição do autor, tem-se que “a libertação autêntica, que é a humanização em processo, não é uma coisa que tem-se deposita nos homens. Não é uma palavra a mais, oca, mitificante. É práxis, que implica a ação e a reflexão dos homens sobre o mundo para transformá-lo” (FREIRE, op. cit., p. 38). Nesse sentido desponta a Educação Ambiental como medida de transformação dos valores sociais.

Nas lições de Guimarães (1995) esse aporte fica evidente ao justificar a necessidade do porque de se realizar a Educação Ambiental, como uma dimensão do processo educativo voltada para a participação de seus atores, educandos e educadores, na construção de um novo paradigma que considere as aspirações populares de melhor qualidade de vida socioeconômica e um mundo ambientalmente sadio.

Exterioridades estas que são intrinsecamente complementares, associando assim Educação Ambiental e educação popular como resultado da procura da interação em equilíbrio dos aspectos socioeconômicos com o meio ambiente (GUIMARÃES, op. cit.)

Deste modo, relacionando meio ambiente e saúde, observa-se que diversos fatores ambientais influenciam na saúde da população e está condicionada a elementos como o clima, desastres naturais e produção de alimentos, já que, o nível da saúde da população depende muito das condições ambientais do meio em que ela vive. Pois, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), um ambiente saudável “é aquele que coloca em prática de modo contínuo a melhoria de seu meio ambiente físico e social utilizando todos os recursos de sua comunidade” (OPAS, 2005)

E como uma ponte inovadora, Bezerra et al., (2010) descrevem em seu estudo que para elaborar estratégias educativas sobre saúde ambiental, é necessário, inicialmente, discutir sobre todo o processo de desequilíbrio ambiental, buscando conhecer a realidade para interferir de forma eficaz, reavaliando práticas sanitárias, para que, posteriormente, sejam executadas estratégias concretas de educação que permitam a proteção e a promoção da saúde de forma integral às comunidades, como também capacitar o indivíduo e a sociedade a realizarem ações saudáveis para o meio ambiente, levando-os a uma consciência ecológica.

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2.3 MEIO AMBIENTE

A Educação Ambiental emerge como alternativa promissora para a sensibilização, mobilização e construção da cidadania, propiciando novas atitudes da sociedade promotoras da qualidade de vida da mesma. Esse processo converte a pedagogia em prática política, demanda a cooperação da sociedade, engajados na luta social e ambiental, criando espaços críticos de aprendizagem dentro e fora da escola (SANTOS; SILVA, 2011), Assim, podemos entende-la como um conjunto de ensinamentos teóricos e práticos com o objetivo de levar à compreensão e de despertar a percepção do indivíduo sobre a importância de ações e atitudes para a conservação e preservação do meio ambiente, em benefício da saúde e do bem estar de todos (RBEA, 2009).

Abordagens integradas sobre saúde e ambiente, segundo Lebel (2003), surgem quando se começa a perceber a necessidade de articular melhor tanto teoricamente quanto empiricamente a ideia da qualidade de vida de grupos populacionais. Esse propósito veio da convicção de que não pode haver desenvolvimento sustentável sem levar em conta os seres humanos e sua vida no ecossistema.

No Brasil, os problemas de saúde relacionados com a urbanização e a industrialização evidenciam-se, de forma que há a necessidade da construção de um conhecimento a respeito dos riscos à saúde, decorrentes de agentes nocivos do ambiente. Augusto, Carneiro e Florêncio (2005) apontam às doenças transmissíveis em quarto lugar nas causas de mortalidade da população brasileira. Muitas dessas enfermidades são decorrentes da presença de vetores e reservatórios animais, que se tornam nocivos à saúde humana pelas más condições ambientais decorrentes da falta de saneamento básico e ocupação desordenada do solo. Dessa forma, faz-se necessária uma abordagem própria aos sistemas complexos, que possibilita a compreensão de como os fenômenos ocorrem no ambiente.

Desta forma, a definição da terminologia Eco saúde é destacada por Waltner-Toews (2001), como uma abordagem sistêmica e participativa, com a finalidade de compreender e promover a saúde e bem-estar, a partir do contexto do desenvolvimento social e interações ecológicas. Uma vez que, o uso da abordagem ecossistêmica em saúde evoluiu a partir da noção que a saúde e o bem-estar são influenciados por fatores em nossos ecossistemas

A busca pela conscientização é importante por essa transcender a própria consciência, pois, não se trata de um simples aproximar-se ou um refletir sobre determinado objeto da realidade. Mas, consiste no desenvolvimento crítico da tomada da consciência (FREIRE, 2003).

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) define Saúde Ambiental como "as consequências na saúde da interação entre a população humana e o meio ambiente físico - natural e o transformado pelo homem e o social" (WHO, 1996). Todavia, é preciso explicitar mais essa área de estudos que tem a relação entre saúde e o meio ambiente como objeto principal. Saúde ambiental também pode ser entendida apenas como os agravos à saúde devidos a fatores físicos, químicos e biológicos mais diretamente relacionados com a poluição, o que atribui um caráter eminentemente ecológico ao processo saúde-doença.

Desde Hipócrates, por exemplo, em sua famosa obra "Ares, águas e lugares", destacava-se, no campo que se pretendia ciência da medicina, o papel crucial do meio ambiente na gênese, determinação e evolução das doenças, embora nas condições históricas deste período, o meio ambiente fosse considerado como um "elemento" a ser passivamente aceito e sobre o qual não se exercia nenhum domínio (HIPÓCRATES, 1988).

Esta concepção "ambiental" da doença foi novamente reforçada a partir dos séculos XVI e XVII com a Teoria dos Miasmas, que concebia a transmissão das doenças pelo ar e pelos odores. Apesar da teoria miasmática ter sido hegemônica até meados do século XIX, a crescente urbanização da Europa e a consolidação do modo de produção fabril, seguidos à Revolução Francesa, fizeram crescer os movimentos que atribuíam às condições de vida e trabalho das populações, papel importante no aparecimento de doenças. Para estes, o meio ambiente passa, então, a adquirir um caráter predominantemente social (BARATA, 1990).

Nesta perspectiva, a noção de meio ambiente, quando presente no entendimento do processo saúde-doença, passou a ter um caráter eminentemente mecanicista, sendo simplesmente o local de interação entre os agentes da doença e o hospedeiro humano susceptível. Embora incluído no modelo sugerido, o meio ambiente era apenas apontado como o fiel da balança entre esse agente e o hospedeiro (LEAVELL & CLARK, 1965).

Mais recentemente, e inclusive nos países em desenvolvimento, com o declínio da morbi-mortalidade por doenças infecto-contagiosas, as doenças crônico-degenerativas passam a ganhar destaque, e com elas um modelo de investigação mais reducionista que privilegia fatores de risco individuais, conferindo pouca ou nenhuma importância ao meio do qual esses fatores se originaram (SUSSER, 1996).

Entende-se que os problemas ambientais refletem-se nos problemas de saúde. Daí a importância de promover o debate sobre a interface da saúde e do meio ambiente. Inicialmente a temática do meio ambiente está na pauta de conversas em vários segmentos da sociedade contemporânea. Muito se tem reivindicado a respeito de respostas e soluções para a crise ambiental, dado que, cada vez mais, a sociedade tem sofrido os efeitos da ação

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predatória do homem, manifestada através de grandes desastres socioambientais, além de exposição da população a riscos que podem afetar negativamente a saúde (GEHLING et al., 2014).

Siqueira et al., (2014)aponta que ações esclarecedoras e questionamentos acerca de saúde ambiental são fundamentais para a educação e para o compromisso com o ambiente em que vivem, tornando-os cidadãos conscientes acerca dos problemas que práticas danosas trazem ao mesmo, estimulando mudanças de hábitos de forma esclarecida para que sejam instrumentos importantes para a conservação do ambiente.

A problemática ambiental gerada pelo lixo é de difícil solução e a maior parte das cidades brasileiras apresenta um serviço de coleta que não prevê a segregação dos resíduos na fonte. Nessas cidades é comum se observar hábitos de disposição final inadequados de lixo. Materiais sem utilidade se amontoam indiscriminada e desordenadamente, muitas vezes em locais indevidos como lotes baldios, margens de estradas, fundos de vale e margens de lagos e rios (IBGE, 2014).

Portanto, há urgente necessidade da elaboração, implantação e implementação de Políticas Públicas que contemplem medidas efetivas de saneamento básico, para reversão do quadro atual da dengue, promovendo o controle do vetor (Aedes aegypti) e a prevenção da doença, complicações e óbitos no país. A participação da sociedade civil é de fundamental importância para o combate à dengue, Zika e Chikungunya cumprindo o seu papel em seus domicílios e em comunidades onde residem (ROCHA; DANTAS; CÂNDIDO, 2014). 2.4 ARBOVIROSES

Nos últimos anos, a incidência de doenças causadas por arbovírus apresentou um aumento global relevante (Gould et al., 2017), que está correlacionado a fatores como dispersão mais rápida e geograficamente mais extensiva dos vírus em razão do crescimento intensivo dos sistemas de transporte globais, adaptação dos vetores à urbanização crescente, incapacidade de conter a população de mosquitos e alterações em fatores ambientais (Gould et al., 2017). Além dos fatores que favorecem a dispersão das doenças, o Brasil representa um país com condições ambientais ótimas para a permanência e disseminação de mosquitos vetores, como o Aedes aegypti (Gregianini et al., 2017).

As arboviroses têm se tornado importantes e constantes ameaças em regiões tropicais devido às rápidas mudanças climáticas, desmatamentos, migração populacional, ocupação

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desordenada de áreas urbanas, precariedade das condições sanitárias que favorecem a amplificação e transmissão viral (LOPES, NOZAWA, LINHARES, 2014).

Além da interferência e da modificação dos ecossistemas pela ação humana, outros fatores também estão relacionados à emergência de arboviroses nesses países, tais como o crescimento populacional urbano desordenado, o processo de globalização e ampliação do intercâmbio internacional e as mudanças climáticas16. A população desloca-se de maneira voluntária, por razões de trabalho, estudo e lazer, ou de maneira forçada, para refúgio, após um desastre natural ou durante uma guerra em seu país. Esses movimentos populacionais aumentam o risco de viajantes transportarem consigo patógenos ainda não detectados em outras áreas, ou mesmo novos sorotipos ou cepas mais resistentes de um determinado vírus já conhecido no local, causando a emergência ou urgência de uma doença1.

A designação dos arbovírus não é somente relacionada à sua veiculação através dos artrópodes, mas principalmente pelo fato de seu ciclo replicativo ocorrer nos insetos. Neste sentido, para classificar um artrópode como veiculador de um arbovírus, é necessário que este tenha a capacidade de infectar vertebrados e invertebrados; iniciar uma viremia em um hospedeiro vertebrado por tempo suficiente para permitir infecção do vetor invertebrado; e iniciar uma infecção produtiva, persistente da glândula salivar do invertebrado, a fim de fornecer vírus para infecção de outros hospedeiros vertebrados (CASSEB et al. 2013).

Os arbovírus (ARthropod Borne VIRUS) têm sido motivo de grande preocupação em Saúde pública em todo o mundo. Esse conjunto é composto por centenas de vírus que compartilham a característica de serem transmitidos por artrópodes, em sua maioria mosquitos hematófagos, embora não tenham necessariamente relação filogenética.

As arboviroses são viroses emergentes por natureza, já que nenhuma delas é originalmente uma doença humana. Elas só se tornam importantes quando ocorre alguma modificação ecológica significativa que altere seu habitat natural, levando a modificações de reservatórios, vetores e até mesmo virulência. (SILVA; ANGERAMI, 2008). Além disso, as arboviroses são também consideradas reemegentes, pois sua incidência na espécie humana tem aumentado nas últimas décadas, ou por existir a ameaça de aumentar num futuro próximo (CDC, 1994). A emergência e reemergência de arboviroses são consideradas fenômenos naturais e apontadas como processo de evolução e adaptação de espécies, pois durante a infecção de diferentes organismos o vírus pode adquirir maior viabilidade de infecção no hospedeiro gerando estirpes mais virulentas ou melhor adaptadas (CANN, 2005; CASSEB et al., 2013; FLORES, 2007).

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Os vírus mais importantes para a saúde humana são os transmitidos por culicídeos, principalmente dos gêneros Culex e Aedes, embora existam arbovírus transmitidos por outros artrópodes, como flebotomíneos e também em carrapatos.

Algumas doenças transmitidas por vetores têm alcançado o caráter endêmico em diversas regiões, o que acarreta um alto impacto à saúde e aos gastos públicos. Estima-se que quarenta por cento da população mundial vive em situação de risco de contrair a as arbovirose (VANLERBERGHE et al, 2011; FARRAR et al, 2007).

O contexto brasileiro com as transformações ambientais, a urbanização acelerada e as deficiências de infraestrutura, saneamento básico e educação provocaram a persistência do vetor. Em algumas áreas, a frequente intermitência ou mesmo inexistência de abastecimento de água pode favorecer a formação de criadouros de mosquitos com os depósitos e reservatórios de armazenamento de água (CAPRARA et al, 2009; TEIXEIRA et al, 2009).

O mosquito transmissor da Dengue, Zika e Chikungunya se faz presente em todo território nacional, onde o ambiente urbano favorece a vasta disseminação do Aedes aegypti. Isso se deve a facilidade de se encontrar recipientes como: copos, tampinhas, sacolas entre outros abandonados a céu aberto onde à água parada torna-se um local propício para seu criadouro, o que vem a favorecer a proliferação da espécie nos ambientes de convívio humano (TERRA et al., 2017)

O mosquito Aedes aegypti é a principal espécie responsável pela transmissão das arboviroses. Um mosquito doméstico, antropofílico, com atividade hematofágica diurna e utiliza-se preferencialmente de depósitos artificiais de água limpa para colocar os seus ovos. Estes têm uma alta capacidade de resistir à dessecação, mantendo-se viáveis na ausência de água por até 450 dias. O A. aegypti tem mostrado uma grande capacidade de adaptação a diferentes situações ambientais consideradas desfavoráveis (COELHO, 2012).

A Chikungunya é uma arbovirose emergente causada pelo vírus Chikungunya (CHIKV), da família Togaviridae e do gênero Alphavirus. É transmitida por meio da picada da fêmea infectada dos mosquitos do gênero Aedes, particularmente Ae. Albopictus e Ae aegypti, sendo esse também o transmissor da Dengue e da Zika. Geralmente os sintomas iniciam-se entre 4 a 8 dias após a picada do mosquito (podendo variar de 1 a 12 dias), podendo haver persistência dos sintomas por meses e até anos (BRASIL, 2016).

O CHIK é transmitido pelo Ae. aegypti de habitat urbano de áreas tropicais e pelo Ae. albopictus, presente principalmente em áreas rurais, mas que tem sido cada vez mais

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encontrado em áreas urbanas e periurbanas. A transmissão autóctone do CHIK no Brasil foi detectada em setembro de 2014, na cidade do Oiapoque (Amapá) (HONÓRIO et al., 2015). Provavelmente, essa introdução deveu-se à epidemia que ocorreu no Caribe, em 2013. Anteriormente, já havia ocorrido outras epidemias atingindo a África e a Ásia (WEAVER; LECUIT, 2015).

O ZIKA possivelmente foi introduzido no Brasil durante a Copa do Mundo de Futebol, em 2014, dado o início da epidemia nas capitais nordestinas onde ocorreram jogos. Contudo, está afirmativa é especulativa, pois outros eventos, como de canoagem em 2014, e mesmo a visita do Papa em 2013, ambos no Rio de Janeiro, tenham sido potenciais momentos de introdução do vírus. Esse vírus é relacionado à Febre amarela e DEN, também transmitidas pelo Ae. aegypti e que possui potencial de desencadear a febre hemorrágica (VASCONCELOS, 2015).

Reconhecida, quase que simultaneamente em 2015, na Bahia e em São Paulo, a circulação da doença causada pelo ZIKA foi rapidamente confirmada pelo uso de métodos moleculares e, posteriormente, no Rio Grande do Norte, Alagoas, Maranhão, Pará e Rio de Janeiro, mostrando uma capacidade de dispersão impressionante, somente vista no CHIK nos últimos dois anos nas Américas. Os sinais, sintomas clínicos e achados laboratoriais indicaram que não se tratava do DEN e do CHIK (VASCONCELOS, 2015).

Em 1º de fevereiro de 2016, a OMS decretou a infecção por ZIKA uma emergência em saúde pública de preocupação mundial, em virtude das alterações neurológicas reportadas (síndrome de Guillain-Barré) e de um surto de microcefalia, reportados no Brasil em 2015, após eventos semelhantes na Polinésia Francesa em 2014 (WHO, 2016).

Muitas pessoas infectadas com o ZIKV não manifestam sintomas ou serão de uma forma branda, seus sintomas mais comuns são: febre, exantemas, artralgias, conjuntivite, mialgia e dor cefaleias com duração máxima de uma semana. Em geral os sintomas não incomodam o suficiente para se buscar atendimento médico (CDC/EUA, 2015),

Os maiores afetados pelo ZIKV, são gestantes onde o vírus consegue infectar também o feto retardando seu pleno desenvolvimento (DRIGGERS et al., 2016; SCHULER-FACCINI et al., 2016; SOARES DE OLIVEIRA-SZEJNFELD et al., 2016). Sendo relatado o comprometimento de 40% do desenvolvimento cerebral (GARCEZ et al., 2016), ocasionando a microcefalia. Esta é diagnosticada após o nascimento, pelo perímetro cefálico. Para meninos, a medida será igual ou inferior a 31,9 centímetros e, para meninas, igual ou inferior a 31,5 centímetros. Existe também a microcefalia chamada de grave onde o perímetro cefálico é ainda mais reduzido (BARTON; SALVADORI, 2016; MLAKAR et al., 2016)

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Os sintomas e sinais de infecção da zika geralmente ocorrem de 3 a 12 dias após a picada do mosquito-vetor, Aedes aegypti, e termina dentro de 2 a 7 dias. ​​Embora a infecção assintomática é comum, aproximadamente 20% dos humanos infectados com zica tornam-se sintomáticos com o início agudo de febre, exantema maculopapular, conjuntivite (e outras manifestações oftalmológicas) e artralgias. A doença é geralmente leve e dura até 1 semana. A mortalidade é baixa e a hospitalização é pouco frequente. A apresentação clínica do paciente (sinais e sintomas são semelhantes aos observados em outras infecções virais transmitidas por mosquitos, como a dengue e chicungunha. Embora a transmissão do zika virus ocorra predominantemente através de mosquitos vetores, outros modos de transmissão também têm sido propostas, incluindo transfusão de sangue e as relações sexuais (ZANLUCA et al., 2017).

A primeira epidemia de DEN ocorreu no estado do Rio de Janeiro em 1845, onde não houve detecção do sorotipo envolvido (SCHNEIDER; DROLL, 2001)

Entretanto, medidas diretas de combate à DEN não foram realizadas, pois a atenção na época era voltada para a febre amarela, responsável por um elevado número de casos graves no Brasil. Na década de 50, foi instituído o Programa de Erradicação para Prevenção da Febre Amarela Urbana, coordenado pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS), que foi bastante eficaz na eliminação do vetor Ae. aegypti e, consequentemente, das doenças transmitidas por ele (TEIXEIRA et al., 1999).

A DEN se espalhou em outros estados brasileiros em 1994, atingindo diversas regiões, sudeste (São Paulo e Rio de Janeiro) Nordeste (Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, Piauí e Alagoas), Norte (Tocantins) e no Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal), com alta incidência na região nordeste (112.2 casos/100,000 hab.). Dessa forma, ocorreu uma dispersão do vetor e dos sorotipos da DEN (FERES et al. 2006).

Em 2008, ocorreram cerca de 75.000 hospitalizações refletindo a gravidade da DEN no Brasil, principalmente do DENV-2 (BARRETO; TEIXEIRA, 2008).

Em 2010, a epidemia de DEN no Brasil atingiu 21 estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Acre, Pará, Roraima, Goiás, Rondônia, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí e Ceará), devido à cocirculação de todos os sorotipos, com a reemergência do DENV-4 na região norte, após um período de ausência de 28 anos. Em seguida, foram relatados nos estados do Amazonas, Amapá, Pará, São Paulo e no Rio de Janeiro casos de DENV-4. Nos estados de Rondônia, Amazonas, Piauí e Paraíba,

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100% dos casos apresentaram incidências acima de 100 casos/100.000 hab. devido a DENV-4 (NUNES et al., 2012).

De acordo com dados do boletim epidemiológico, no período de 04/01/2015 a 01/08/2015, foram registrados 1.350.406 casos prováveis de DEN no país. (BRASIL, 2015).

O dengue é uma doença febril transitória, cujos sintomas preliminares são dor de cabeça, dor nos olhos, dor nas costas, dores musculares e articulares e erupções cutâneas. O vírus detém quatro sorotipos diferentes (tipos 1,2,3 e 4). Na transmissão silvestre, a qual envolve animais, os primatas são os hospedeiros principais, enquanto o homem é hospedeiro acidental. Não é relatado a existência de imunidade cruzada, logo a infecção por um dos sorotipos só confere imunidade humoral por longos períodos ou permanente para aquele sorotipo, porem existe a possibilidade de imunidade cruzada transitória, de curta duração, entre os diferentes sorotipos. (CHEN; WILSON, 2010; KORSMAN et al., 2012; TAUIL, 2001).

Pessoas acometidas por uma reinfecção com sorotipo diferente ficam à mercê de um grau mais grave da dengue chamado de dengue hemorrágica, onde a característica chave é o extravasamento capilar, trombocitopenia, quadros hemorrágicos que progridem ao choque (BROOKS et al., 2014).

As manifestações clínicas por dengue tem o período de incubação que varia de 3 a 14 dias, onde podem ser dividas em Febre do Dengue, a forma mais branda da doença, que ainda sim é debilitante, sendo caracterizada por fortes períodos de febre e um conjunto de sintomas como: cefaleias, mialgias, dor retrorbitária, náuseas, artralgias , astenia e exantema, a tendência é de cessar por completo os sintomas em até 10 dias (MAIRUHU et al., 2004).

Quanto à prevenção das arboviroses, o Brasil conta com o Programa Nacional de Controle da Dengue, que tem como foco principal o controle do Aedes aegypti pela população e por profissionais, com apoio governamental, e com o Programa Nacional de Apoio ao Combate às Doenças Transmitidas pelo Aedes (Pronaedes), que tem como objetivo o financiamento de projetos de combate à proliferação das doenças transmitidas pelo vetor. No entanto, em vista do grande registro de casos de arboviroses nos últimos anos no Brasil, é possível concluir pela baixa efetividade do programa em reduzir as populações de vetores em níveis que poderiam interromper a transmissão das doenças (Araújo et al., 2015; Paes de Andrade et al., 2016).

O combate à epidemia das arboviroses no Brasil pode ser enfrentado como um trabalho horizontal, onde a educação em saúde é uma das estratégias que poderá ter êxito (SILVA; MALLMAN; VASCONCELOS, 2014).

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Os principais métodos para a prevenção da doença dependem do controle do mosquito vetor, principalmente nas residências onde detém a maioria das transmissões por um comportamento sinantrópico, para uma efetiva prevenção ações como eliminação dos locais de reprodução do mosquito, melhoria no manejo dos resíduos sólidos, organização do ambiente urbano, maiores investimentos e efetividade nos programas de educação da rede pública, principalmente conscientizando que o controle envolve todas as esferas da sociedade, uma das medidas preventivas como a eliminação de criadouros artificiais pode ser realizado por qualquer pessoa, e se demonstra eficaz se adotado por toda população (COSTA et al., 2002; PANAM, 1998; RAI, 1991).

O principal agente público que atua diretamente no combate ao vetor são os ACEs (Agente de Controle de Endemias) que executam funções como: descobrir focos, destruir e evitar a formação de criadouros, impedir a reprodução de focos, fazer a instalação de armadilhas, aplicação de larvicidas/inseticidas, realizar procedimentos mecânicos de bloqueio do vetor, colher dados epidemiológicos e orientar a comunidade com ações educativas (BRASIL, 2001, 2009).

A transmissão se faz pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti ou Aedes albopictus, a transmissão mecânica também é possível, quando a fonte de alimentação é limitada, o mosquito busca se alimentar em hospedeiro vulnerável próximo. É importante destacar que transmissão por contato direto com um doente não é evidenciada, nem por contato com água ou alimentos (BRASIL, 2008).

De uma forma geral, as arboviroses podem causar desde sintomas leves, caracterizados por febre, cefaleia, mialgia, artralgia, exantema, até doenças mais graves, como aquelas que culminam com hemorragia, hepatite e encefalite, variando de acordo com o tipo de arbovírus responsável pela infecção. Na maioria das vezes, o diagnóstico clínico diferencial entre arboviroses pode ser difícil, sobretudo na fase aguda da infecção, quando os sintomas são muito parecidos.

2.5 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A educação ambiental é “considerada inicialmente como uma preocupação dos movimentos ecológicos com a prática de conscientização, que seja capaz de chamar a atenção para a má distribuição do acesso aos recursos Naturais”. Carvalho (2006).

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Educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos suas culturas e seus meios biofísicos. A Educação Ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhoria da qualidade de vida. (TBILISI, 1977).

REIGOTA (2009), em seu livro “O que é Educação Ambiental”, caracteriza a Educação Ambiental como uma educação política, visto que a mesma está comprometida com a ampliação da cidadania, da liberdade, da autonomia e da intervenção direta dos cidadãos na busca de soluções e alternativas que permita uma convivência digna e voltada para o bem comum.

A sobrevivência do homem era diretamente ligada ao meio ambiente, pois era por meio dela que os seres humanos conseguiam tirar o seu sustento. Assim todos os conhecimentos e cuidados com o meio ambiente eram transmitidos para os filhos e, de geração em geração implicitamente praticava-se aquilo que chamamos de Educação Ambiental.

KRUGER (2001), afirma que o homem interage com a natureza desde os primórdios, assim “entre 50 e 40 mil anos atrás a natureza dominava o homem.

Num primeiro momento, o homem é tido como refém das grandes florestas e matas, pois não tinha o conhecimento de seus frutos, dos animais que a habitava, das plantas medicinais das estações de seca e chuva.

No inicio dos tempos, quando os recursos naturais eram extraídos da natureza o homem fazia de forma parcimoniosa, apenas o necessário, sem desperdícios e os resíduos eram degradados e absorvidos por ela sem comprometer o meio ambiente, constituindo parte de um ciclo natural de decomposição. A percepção humana era extremamente desenvolvida, pois era essencial à sua sobrevivência, como na procura por alimentos e na sua proteção de animais e intempéries.

Com o passar dos tempos, o homem começar a ter maior conhecimento do meio ambiente e, consequentemente, explorar seus recursos. As ciências evoluíram e os fenômenos naturais começaram a ser compreendidos. Com isso, a relação homem-natureza passa por uma grande transformação, onde o homem pretendeu, por suas ações, submeter à natureza aos seus interesses.

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Segundo SOAREZ DE OLIVEIRA (2002), nos primórdios da humanidade, existia o que se pode denominar de unicidade orgânica entre o homem e a natureza, sistema no qual o ritmo de trabalho e de vida dos homens acompanhava e se prostrava ao ritmo da natureza.

Ainda, de acordo com mesmo autor, debaixo das leis e normas do capitalismo, o contato com os recursos pertencentes à natureza passa, necessariamente, pelas relações mercantis, uma vez que sua apropriação pelo capital implica a eliminação de sua gratuidade natural. O próprio trabalhador neste processo de acumulação do capital encontra-se obrigado a fazer de sua força de trabalho mais uma mercadoria sempre a serviço do próprio capital, em troca de um salário. Assim, o trabalho que deveria ser a forma humana de realização do indivíduo reduz-se à única possibilidade de subsistência do despossuído.

O capital passa a ser o responsável pela separação entre os homens e a natureza, através de seu processo de produção/ reprodução e, dessa forma, impõe que o ritmo das atividades humanas não seja mais o mesmo da natureza, mas o do capital. O estimulado processo social de produção que domina a sociedade capitalista cujas bases referenciais encontram-se na produção de valores de uso, dando incentivo e impulso à utilização irracional dos recursos naturais, a degradação da natureza e a consequente crise ecológica, que tanto perturba os ambientalistas atualmente (SOAREZ DE OLIVEIRA, 2002).

Os impactos da espécie humana sobre o meio ambiente, na concepção de alguns cientistas, podem ser associados e comparados às grandes catástrofes do passado geológico da terra. Sob esse olhar, passou-se a entender que a humanidade precisa reconhecer que as agressões ao meio ambiente colocam em risco a sobrevivência de sua própria espécie. Esse quadro não é parte de um contexto nacional ou regional, e sim um problema que afeta diretamente a existência da humanidade como um todo. É a vida que se encontra em perigo. Não se pode conceber um ecossistema sem o homem e também é impossível pensar na humanidade sem algum ecossistema. (KRAAEMER, 2004).

Dentre os principais conceitos, extraídos de tratados internacionais e normas internas, podem-se destacar os seguintes:

A Educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificações de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A Educação Ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhora da qualidade de vida (Conferência Intergovernamental de Tbilisi, 1977).

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A Educação Ambiental é uma dimensão da educação, é atividade intencional da prática social, que deve imprimir ao desenvolvimento individual um caráter social em sua relação com a natureza e com os outros seres humanos, visando potencializar essa atividade humana com a finalidade de torná-la plena de prática social e de ética ambiental (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, Art. 2.º).

A Educação Ambiental é a ação educativa permanente pela qual a comunidade educativa tem a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas. Ela desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando com a comunidade, valores e atitudes que promovem um comportamento dirigido à transformação superadora dessa realidade, tanto em seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes necessárias para dita transformação (Conferência Sub-regional de Educação Ambiental para a Educação Secundária – Chosica/Peru, 1976).

A educação voltada para o meio ambiente ou Educação Ambiental está prevista na Constituição Federal, em seu artigo 225, inciso VI, a qual estabelece ser dever do Estado e de todos promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.

O conceito de Educação Ambiental é estabelecido pela Lei n.º 9.795, de 27 de abril de 1999: Art. 1.º Entendem-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

A Educação Ambiental, portanto, foi apresentada como instrumento de efetivação do Direito Ambiental, necessidade e direito do homem ao desenvolvimento ecologicamente equilibrado, instrumento indispensável à vida humana com dignidade às presentes e às futuras gerações, pois somente por intermédio da educação o homem será conscientizado quanto ao meio ambiente e às questões ambientais.

A Declaração de Estocolmo de 1972 expressa a convicção de que tanto as gerações presentes como as futuras, tenham reconhecidas como direito fundamental, a vida num ambiente sadio e não degradado e estabelece no seu Princípio 19:

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Princípio 19. É indispensável um esforço para educação em questões ambientais, dirigida tanto às gerações jovens como aos adultos e que preste a devida atenção ao setor da população menos privilegiado, para fundamentar as bases de uma opinião pública bem informada, e de uma conduta dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspirada no sentido de sua responsabilização sobre a proteção e melhoramento do meio ambiente em toda sua dimensão humana. É igualmente essencial que os meios de comunicação de massas evitem contribuir para a deterioração do meio ambiente humano e, ao contrário, difundam informação de caráter educativo sobre a necessidade de protegê-lo e melhorá-lo, a fim de que o homem possa desenvolver-se em todos os aspectos.

A partir dessa Conferência, ainda em 1972, foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), sediado em Nairóbi, no Quênia, o qual passou a dividir com a Unesco as preocupações pertinentes ao meio ambiente, no âmbito das Nações Unidas, tendo como objetivos: manter o estado do meio ambiente global sob contínuo monitoramento; alertar povos e nações sobre problemas e ameaças ao meio ambiente e recomendar medidas para melhorar a qualidade de vida da população sem comprometer os recursos e serviços ambientais das gerações futuras.

Em 1975, o Seminário Internacional de Educação Ambiental, em Belgrado, contou com a participação de 65 Estados. A Carta de Belgrado é um dos documentos mais lúcidos e importantes gerados naquela década, pois refere-se à satisfação das necessidades e desejos de todos os cidadãos da Terra e propõe temas que tratam da erradicação das causas básicas da pobreza como a fome, o analfabetismo, a poluição, a exploração e dominação, devam ser tratados em conjunto.

A Carta propõe uma nova ética global, com distribuição equitativa dos recursos naturais associada à redução dos danos ao meio ambiente, por meio de utilização de rejeitos no processo produtivos e incremento de novas tecnologias. Reconhecendo a necessidade de recursos para esses fins, indica a redução dos orçamentos militares. Convém lembrar que a Carta de Belgrado veio à lume em plena Guerra Fria, período em que a escalada armamentista, notadamente, a nuclear, gerava grandes preocupações. Tanto assim, que propôs como meta final “o desarmamento”, similar à declaração contida no princípio 26 da Declaração de Estocolmo de 1972.

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Em 1979, a Unesco e o Pnuma promovem o Seminário de Educação Ambiental para América Latina, em San José, na Costa Rica, tendo como objetivo principal discutir a Educação Ambiental para a América Latina, tendo por base as recomendações estabelecidas na Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental em Tbilisi. Em 1983, foi criada a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD, com o objetivo principal de analisar a equação formada pela questão ambiental e desenvolvimento, para propor um plano de ações.

Essa Comissão, chamada de Comissão Brundtland, circulou o mundo e encerrou seus trabalhos em 1987, com um relatório chamado “Nosso Futuro Comum”. E é nesse relatório que se encontra a definição de desenvolvimento sustentável mais aceita e difundida em todo o Planeta: “Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades”. Segundo a Comissão, o desafio era trazer as considerações ambientais para o centro das tomadas de decisões econômicas e para o centro do planejamento futuro nos diversos níveis: local, regional e global (Oficina de Educação Ambiental para Gestão).

Em 1992, foi realizada a Conferência Geral das Nações Unidas realizada no Brasil, na Cidade do Rio de Janeiro, conhecida como Rio–92, com a participação de delegações de 178 Estados.

Assim, o século XX é o período em que inicia e intensifica-se o reconhecimento internacional da Educação Ambiental para a efetivação do direito ambiental das presentes e futuras gerações à vida digna em um meio ambiente sadio, como sendo fator importante no processo de evolução da relação homem/ natureza, o que somente se alcançará por intermédio da educação no que se refere às questões ambientais e à necessidade de mudança da forma de desenvolvimento econômico atual.

No Brasil, a Educação Ambiental, restrita à sua dimensão ecológica, é tratada no Decreto Legislativo n.º 3, promulgado pelo Congresso Nacional em 13 de fevereiro de 1948, por meio do qual foi aprovada a Convenção para Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Naturais dos Países da América, assinada pelo Estado brasileiro, em 27 de dezembro de 1940, em Washington, nos Estados Unidos da América, por meio da qual os Estados participantes se comprometeram a criar parques nacionais para a proteção da fauna e flora, pesquisas científicas e educação do público.

A sua importância no contexto educacional e formas de execução, também, foram estabelecidos pelo mesmo estatuto legal: Art. 2.º A Educação Ambiental é um componente

Referências

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