• Nenhum resultado encontrado

Educação, comunicação e disseminação

3 CIDADES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS

5 POLÍTICA DE MUDANÇA DO CLIMA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: trajetória de avanços

5.1 Gênese da agenda climática paulistana

5.1.6 Educação, comunicação e disseminação

- Em 2005, foi concebida a Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz (UMAPAZ). A entidade passou a funcionar em janeiro de 2006, com o propósito de difundir a educação sócio-ambiental, de modo a contribuir para que integrantes de diferentes segmentos da população construam conhecimentos sobre a situação e as perspectivas socioambientais da cidade, de forma criativa, critica e autônoma, e para que se capacitem a incorporar hábitos e estilos de vida amigáveis e compatíveis com a sustentabilidade da vida na cidade e no planeta. A UMAPAZ é vinculada ao Departamento de Educação Ambiental da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) e opera por meio de uma rede de parcerias.

5.1.7 Saúde

- A UMAPAZ foi sede de encontros para treinar agentes de saúde e agentes sociais, dentro do Projeto Ambientes Verdes e Saudáveis (PAVS). O PAVS foi realizado por iniciativa da Secretaria do Verde e Meio Ambiente em articulação com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a Secretaria Municipal de Assistência Social e Desenvolvimento (SMASD), com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Seu objetivo se constituía em implementar políticas voltadas para a inclusão de questões ambientais no conjunto das ações de Promoção de Saúde e melhoria da qualidade de vida da população. A estratégia adotada para o cumprimento desses objetivos foi a formação e qualificação de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) – que compõem a Estratégia Saúde da Família (ESF) da SMS – e Agentes de Proteção Social (APS) da SMASD, para abordagem e elaboração de projetos, no âmbito das 31 subprefeituras, que envolvam a apropriação e reconhecimento do território de forma a definir medidas de intervenção e interação com o meio ambiente, estimulando novas práticas de Promoção de Saúde. No processo de formação dos agentes, as temáticas ambientais estratégicas abordadas foram:

Lixo e poluição Água e energia

Biodiversidade e arborização Convivência saudável e zoonoses Consumo responsável

O Programa Ambientes Verdes e Saudáveis (PAVS) contou com a parceria de 20 instituições, entre as quais o Escritório de Projetos do ICLEI de São Paulo. As atribuições do ICLEI no PAVS foram de:

Formulação de um Anteprojeto de Lei Municipal sobre Mudanças Climáticas para o Município de São Paulo

Mapeamento das possibilidades de projetos de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) no Município de São Paulo

Estudo sobre a Política de Licitações e Compras Públicas Sustentáveis e

formulação de uma proposta de Emenda à lei municipal de licitações (Lei 13.278, de 7 de janeiro de 2002)

Realização de seminários em Compras Verdes e Construções Sustentáveis

O processo de formulação da lei ocorreu no âmbito do Programa Ambientes Verdes e Saudáveis (PAVS). Sendo assim, a pedido da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, em março de 2007, se iniciaram os estudos para a elaboração de um anteprojeto de lei sob a coordenação temática do Centro de Estudos em Sustentabilidade (CES) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), com o suporte do ICLEI e da SVMA no conteúdo, apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), além da participação de várias secretarias municipais e entidades da sociedade civil como, por exemplo, a Fábio Feldmann Consultores, Centro Nacional de Referência em Biomassa e Ambiente Estratégico (BIDERMAN, 2011).

A partir do levantamento que fizemos sobre a implementação de políticas com interface no enfrentamento às Mudanças Climáticas, podemos concluir que a agenda climática se insere na elaboração de políticas desde 2003 e vem se reforçando desde então.

Essas diferentes iniciativas elencadas possibilitaram a elaboração da lei do clima. Segundo Biderman (2011, p.132)

[...] houve uma forte parceria da prefeitura, através da SVMA, com o ICLEI para a execução de diferentes iniciativas que tornaram possível a elaboração da lei 14.933 [...] A participação do ICLEI na formulação do anteprojeto de lei também tornou possível a utilização de modelos e inspiração em boas práticas disseminadas pela rede, em parte incorporadas na lei paulistana. Como afirma o secretário do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, em uma fala no Comitê de Mudanças Climáticas: “[...] muita coisa já vinha sendo feita antes da Lei, que intensificou ainda mais esse trabalho.” (SÃO PAULO, 2011b). Em entrevista, Eduardo Jorge reafirma:

[...] O caminho até a Lei do Clima foi construído gradativamente, com iniciativas palpáveis e que, de fato, contribuíram para que São Paulo fosse reconhecida como pioneira em uma série de ações articuladas de forma intersetorial. A crise ambiental, em especial a questão das mudanças climáticas, é o grande tema do século XXI. A cidade tem proposto políticas e ações com este norte. Principalmente nas áreas de transportes, resíduos, urbanismo, arborização, áreas verdes e adaptação com prevenção de acidentes nas áreas de risco (SOBRINHO, 2011, p.10).

As ações empreendidas pela Prefeitura no âmbito da agenda climática possibilitaram um aprendizado político, tal como definido por Betsill e Bulkeley (2004), ou seja: uma busca racional de soluções e alternativas para realizar determinadas metas políticas. Ou ainda, seguindo os conceitos de Kingdon (2003), poderíamos afirmar que a Prefeitura, sob a liderança do Secretário do Verde e Meio Ambiente, buscou constituir uma policy community, o Comitê de Mudanças Climáticas e Ecoeconomia, através da qual se buscou soluções e alternativas às políticas climáticas no município e gerou aprendizado com a formulação e implementação de políticas com interface no enfrentamento às mudanças climáticas.

A política climática, portanto, é anterior à lei de mudanças climáticas paulistana. Ou seja, a lei foi um corolário das ações que vinham sendo desenvolvidas paulatinamente em consonância com a agenda climática.

Na próxima seção veremos com mais vagar o processo de formulação da lei, para posteriormente realizarmos uma análise, ainda que sucinta, de suas metas, instrumentos e instituições.