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A questão da sexualidade é um dos temas mais estudados pela Educação em Saúde. Esse é um campo do saber no qual os conhecimentos produzidos nas áreas de saúde e educação buscam instrumentalizar os indivíduos de uma sociedade para a adoção de novos hábitos e condutas que garantam a aquisição e manutenção de seu estado de saúde (Alves, 2005).

De acordo com Lima e colaboradores:

Educação em Saúde, entendida como processo, visa capacitar os indivíduos a agir conscientemente diante da realidade cotidiana, com aproveitamento de experiências anteriores, formais e informais, tendo sempre em vista a integração, continuidade, democratização do conhecimento e o progresso no âmbito social (Lima, Barros, Melo & Sousa, 2000, p. 30).

Neste contexto, o tema sexualidade sempre esteve muito presente nos espaços escolares, não somente na presença deste tema no currículo escolar, mas também permeando rodas de conversas, relações interpessoais, bem como expressões culturais nos

32 quais estudantes e professores estão inseridos no espaço escolar. É muito comum, inclusive, que os estudantes repitam canções, entre outras expressões artísticas repletas de conteúdos relativos à sexualidade (Altmann, 2000).

A discussão de temas relacionados à sexualidade surgiu no currículo escolar brasileiro a partir da década de 70. Contudo, apresentou-se com mais intensidade na década seguinte, quando houve um aumento considerável nos índices de gravidez indesejada na adolescência, além de casos de infecções sexualmente transmissíveis, o que fez a escola repensar seu papel na orientação sexual (Altmann, 2000).

O despertar da sexualidade por parte do adolescente se dá ainda nos contextos familiares, mesmo antes dos indivíduos adentrarem os espaços escolares. Contudo, a escola assume um papel importante neste contexto, na medida em que é neste espaço onde os adolescentes passam parte importante da vida e, em grande medida, é o local que se propõe formar os indivíduos para uma vida social plena (Moizés & Bueno, 2010).

De acordo com Werebe (1998), a orientação sexual deve proporcionar ao educando o conhecimento de seu corpo, bem como das transformações que sofrerá, sempre enfatizando ações importantes para seu desenvolvimento saudável durante esse processo.

Assim o educando será capaz de fazer escolhas que ajudem no seu bem estar, mantendo a saúde. De acordo com a autora, uma autêntica educação sexual deve estar focalizada no jovem e tem como “ponto de partida e de chegada suas necessidades, suas indagações, suas aspirações e desejos” (Werebe,1998, p. 178).

Mesmo sabendo da importância e benefícios trazidos pela abordagem do tema, muitas vezes, o educador apresenta insegurança e dúvidas sobre a maneira mais adequada de trabalhar o tema sexualidade. Deste modo, configura-se de suma importância a formação inicial e continuada do profissional da educação para que ele se torne competente no trato das questões relativas à sexualidade (Ramiro & Matos, 2008). Os autores destacam que “a formação inicial parece ser demasiado redutora em relação à multiplicidade de áreas do conhecimento humano que a educação sexual abrange, reiterando, deste modo, a importância da formação complementar” (Ramiro & Matos, 2008, 691).

Ressalta-se que:

Orientação Sexual deve ser trabalhada a partir do que acontece em sala de aula, dentro da realidade dos estudantes, a partir de suas dúvidas, ela não tem propriamente uma maneira certa e única de ser discutida. Deve ser trabalhada aos poucos, com naturalidade, assim os adolescentes perceberão que a sexualidade é algo comum entre todas as pessoas e que é um assunto normal (Santos & Rubio, 2013).

Para tanto, a utilização de estratégias que partam da realidade do estudante e voltem seus resultados para a mesma configuram-se como as melhores metodologias de

33 atuação para a educação para a sexualidade. Além disso, para que a orientação sexual seja efetiva e atinja os objetivos de emancipação dos sujeitos:

deve ter como metodologia, estratégias que coloquem os indivíduos como participativos no processo de planejamento, execução e avaliação das ações, além de tomar como base a realidade na qual estes estão inseridos. Com este intuito, muitos programas educacionais têm utilizado a metodologia de problematização como forma de aproximação dos indivíduos em formação, com os problemas reais de saúde das comunidades. (Colombo & Babel, 2007, comentado por Costa, 2013, p. 35).

Assumindo o exposto, considera-se importante entender como as ações de intervenção pedagógica podem contribuir para um exercício pleno e seguro da sexualidade por parte dos adolescentes e principalmente quando estes passam a exercer o papel principal na sua própria formação. Outro fator importante, cabe destacar, que o aprimoramento das ações conjuntas dos setores de educação e de saúde, visa recair na elevação da qualidade de vida dos jovens (Gomes & Horta, 2010).

Por esse prisma, Gomes e Horta (2010) revelam que na escola os jovens conseguem expressar melhor suas necessidades e demandas, sendo assim, consideram a escola uma instituição com potencial elevado para a construção de práticas promotoras em saúde e de proteção e recuperação, além de conseguir identificar as demandas de “cuidados aos jovens”. No que diz respeito a sexualidade e saúde reprodutiva, a escola, por se tratar de um ambiente formador de conhecimentos e opiniões, o ambiente educacional é capaz de formar sujeitos críticos capazes de reconhecer seus direitos, quanto à vivencia da sexualidade de forma responsável, plena e saudável, e a reividicá-los quando for preciso (Ferreira, Vosgerau, Moysés & Moysés, 2012, p. 3386).

No entanto, ressalta-se, não existe legislação no Brasil que obrigue as escolas a inserirem a Educação Sexual em seus currículos, o que há são “orientações” contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs6) para que o assunto seja trabalhado em todas as disciplinas como tema transversal, a conveniência da escola e do professor.