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ANEXO 1 S AFETY A TTITUDES Q UESTIONNAIRE (SAQ) S HORT F ORM 2006

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.5 EDUCAÇÃO EM SERVIÇO E SEGURANÇA DO PACIENTE

Um programa de educação em serviço com capacitação ou aperfeiçoamento da equipe para a segurança do paciente pode ser uma iniciativa importante para implementar o processo de mudança para o desenvolvimento de uma cultura, pois permite abordar conceitos e habilidades não técnicas com os profissionais de saúde que são necessárias para diminuir os erros em saúde e minimizar os danos causados.

A educação permanente em serviço permite a formação dos profissionais, desenvolvendo competências necessárias e potenciais de

transformação do sujeito profissional em suas dimensões pessoal, profissional e institucional (SALUM; PRADO, 2014).

O processo educativo voltado para os profissionais de enfermagem tem o objetivo de aperfeiçoar e melhorar a qualidade do cuidado de enfermagem prestado às reais necessidades dos pacientes (OLIVEIRA et al., 2013).

Neste estudo utilizou-se o termo intervenção educativa para definir a intervenção estudada na pesquisa quantitativa. A intervenção educativa foi considerada como uma aula expositiva dialogada, de curta duração, por meio de um encontro no próprio local de trabalho, com profissionais de enfermagem, para apresentar conceitos e informações sobre a segurança do paciente. Utilizou-se o termo no plural, intervenções educativas, em virtude do total de duas aulas apresentadas para contemplar o conteúdo escolhido e não ultrapassar o tempo de duração de 40 minutos, devido à realização durante o turno de trabalho.

A educação sobre a segurança do paciente pode ser desenvolvida pelas instituições de saúde de forma regular e contínua, com resultados na prática do cuidado. O documento “A segurança do Paciente em Sete Passos” elaborado pela National Patient Safety Agency (NPSA), recomenda capacitação de profissionais de saúde e pacientes para melhorar a segurança do paciente, incentivando a notificação dos incidentes, desenvolvendo uma comunicação aberta, entendendo porque os erros acontecem, a partir da análise de causa raiz e introdução de aprendizados através de mudanças na prática, procedimentos e sistemas (NATIONAL HEALTH SERVICE, 2006).

Os profissionais de saúde precisam ser motivados e capacitados para essa postura, afinal ela não ocorre de forma súbita. Faz-se necessário a conscientização para a importância da segurança do paciente frente aos dados preocupantes de erros decorrentes de cuidados em todo mundo e da necessidade de substituição da cultura atual pela cultura de segurança. Por isso, justifica-se a realização de atividades educativas à equipe no próprio local de trabalho, abordando essa temática.

As capacitações precisam contemplar a necessidade de desenvolver uma cultura de segurança forte nas instituições de saúde, onde os erros representam uma oportunidade de aprendizagem, após uma análise profunda dos incidentes, possibilitando identificar e aprender alterar as condições inseguras (HEALTH AND SAFETY EXECUTIVE, 2005). Além disso, as organizações precisam

proporcionar um ambiente onde os profissionais sintam-se apoiados e motivados a fazer parte do processo de melhoria da segurança do paciente, sem medo de punições (PAGE, 2004).

Ainda é comum na realidade brasileira identificar-se profissionais de saúde que desconhecem qualquer conceito de segurança do paciente e a sua importância, mesmo após as iniciativas mundiais sobre esse assunto. A partir dessa realidade, é notável a necessidade de capacitações que promovam conhecimento e educação quanto a segurança do paciente nos serviços de saúde.

Uma revisão que analisou 139 estudos publicados entre 1980 e 2009 com o objetivo de resumir definições de cultura de segurança e progressos em sua melhoria apresenta uma figura que ilustra o “Modelo emergente de melhoria da cultura de segurança em cuidados de saúde” (Figura 2) proposto pelas autoras com base na revisão. O modelo sugere que é possível melhorar a cultura de segurança com avaliações utilizando surveys, permitindo identificar pontos fortes e fraquezas que irão auxiliar na implementação das intervenções (HALLIGAN; ZECEVIC, 2011).

O treinamento da equipe está apresentado no modelo proposto por Halligan; Zecevic (2011) como a primeira intervenção necessária para melhorar a cultura de segurança. No entanto, esse processo é iniciado no momento de avaliação da cultura, no qual permite a sensibilização dos profissionais que participaram da pesquisa.

Figura 2- Modelo emergente de melhoria da cultura de segurança em cuidados de saúde.

Fonte: Halligan; Zecevic, 2011.

Um estudo realizado na Austrália criou um programa de treinamento em habilidades comunicativas, ao reconhecer que as falhas na comunicação era um dos fatores que contribuem para a maioria dos casos de danos a pacientes. O programa foi desenvolvido por módulos, com duração de três horas e meia cada um, abordando questões ligadas à comunicação profissional-paciente e profissional-profissional, com um público-alvo de 3.000 profissionais atuantes em cinco hospitais. Os resultados mostraram que os participantes avaliaram o treinamento útil e relevante, pois apreenderam novos conhecimentos e observou modificações de comportamento em relação à comunicação em nível individual, de equipe e da instituição, refletindo de forma positiva na segurança do paciente (LEE; ALLEN; DALY, 2012).

O programa chamado Team Strategies and Tools to Enhance Performance and Patient Safety (TeamSTEPPS) foi implementado em 14 hospitais, duas Unidades de Cuidados de Longa Duração e ambulatórios de todo o North Shore LIJ Health System, no intuito de treinar 32.150 profissionais para o trabalho em equipe, e assim, facilitar a transformação da cultura organizacional e resolver problemas específicos. O instrumento Hospital Survey on Patient Safety Culture (HSOPSC) da AHRQ foi aplicado antes e após a sua implementação a fim de comparar as percepções da equipe sobre a segurança do paciente;

os resultados demonstraram melhorias significativas na avaliação realizada (THOMAS; GALLA, 2012).

Faz-se necessário difundir o conceito de segurança do paciente, sua importância, seus valores e seus objetivos aos profissionais, pacientes e gestores, de forma que a gestão esteja interessada e comprometida em se envolver para dar condições de sua implantação. A mudança mais desafiadora está relacionada à mudança do modo de pensar e agir de cada pessoa, eliminar a cultura da culpa, comprometer- se diariamente com os princípios da segurança do paciente, de modo que os profissionais deixem de lado o medo e insegurança em relatar os erros (MISIAK, 2013). No entanto, essa mudança exige capacitação da equipe, de forma sistemática e periódica, para alcançar os resultados almejados e necessários, incorporando a promoção de uma cultura organizacional voltada para a segurança.