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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.3 Educação financeira

Segundo a Organização de Cooperação e de Desenvolvimento (2005, p.13), a educação financeira pode ser definida como melhorias no entendimento da população acerca dos conceitos e produtos financeiros, desenvolvendo habilidades para o maior conhecimento das características, dos riscos e das oportunidades financeiras, e fazendo com que as decisões sejam melhor fundamentadas e contribuam para o aumento do bem-estar financeiro.

Dois conceitos importantes em relação às finanças pessoais é a distinção do conceito de educação e alfabetização financeira. De acordo com Huston (2010),

a educação financeira está mais relacionada com o conhecimento financeiro que o indivíduo possui. Logo, a alfabetização seria um conceito mais amplo que a educação financeira, sendo a combinação de três variáveis, quais sejam: conhecimento financeiro, atitude financeira e comportamento financeiro (SHOCKEY, 2002; OECD, 2011).

De acordo com a Organização de Cooperação e de Desenvolvimento - OCDE (2004, p. 223):

Educação financeira sempre foi importante aos consumidores, para auxiliá- los a orçar e gerir a sua renda, a poupar e investir, e a evitar que se tornem vítimas de fraudes. No entanto, sua crescente relevância nos últimos anos vem ocorrendo em decorrência do desenvolvimento dos mercados financeiros, e das mudanças demográficas, econômicas e políticas.

A educação financeira e o endividamento estão atrelados, pois essa educação coopera com o sistema econômico, permitindo aos agentes consumirem produtos e serviços financeiros de forma adequada, reduzindo o descumprimento de obrigações com terceiros (PINHEIRO, 2008).

A alfabetização financeira dos indivíduos é motivo de preocupação de governos na maioria dos países. Cidadãos com baixos índices de alfabetização financeira possuem maior dificuldade em gerenciar suas próprias economias e tomar decisões financeiras de maneira racional e consciente (ATKINSON; MESSY, 2011).

Segundo Atkinson e Messy (2011), é fundamental que se possa medir e avaliar o grau de conhecimento e compreensão sobre as finanças da população, para que, dessa forma, seja possível identificar quais aspectos precisam de mais

40 atenção e melhorias. Além disso, é importante detectar quais nichos populacionais apresentam maiores deficiências e devem ser priorizados.

A educação financeira é um dos principais instrumentos para a conscientização dos indivíduos quanto à criação do hábito de poupar, de como melhor dividir sua renda entre consumo e poupança, dos investimentos mais adequados ao seu perfil, da boa gestão das finanças, eliminando ou diminuindo preocupações com endividamentos. Esse processo de capacitação financeira também auxilia as pessoas na sua relação com o dinheiro e instrumentos financeiros, o entendimento dos conceitos financeiros e as ações no dia-a-dia das pessoas (CAETANO, 2015).

A educação financeira contribui também para proteger os consumidores de pessoas mal intencionadas, utilizando como instrumento o conhecimento. Essa exposição, juntamente com a falta de informações consistentes, leva as pessoas a agirem de forma financeiramente irresponsável ou serem “vítimas” de práticas de empréstimos abusivos, que têm como alvo segmentos mais vulneráveis da população, resultando em pagamentos exorbitantes e dilapidação de patrimônios

(CAETANO, 2015).

Sob a perspectiva do bem-estar do indivíduo, a ausência de educação financeira acarreta em impactos sobre a qualidade de vida dos consumidores, haja vista que as dívidas geram estresse, insônia, depressão, problemas familiares e outros desequilíbrios sociais, onde o trabalho é afetado, pois pessoas endividadas tendem a produzir menos (WISNIEWSKI, 2011, p.157).

No plano de ensino do Ministério da Educação e Cultura (MEC), não é obrigatório o ensino de educação financeira, porém o acesso à educação financeira permitiria às famílias brasileiras controlar e planejar melhor sua renda. Estabelecer metas, prioridades e o planejamento permitem uma administração consciente das receitas. Controlar o orçamento doméstico é um caso de controle financeiro pessoal. A educação financeira tem fundamental importância na formação de indivíduos consumidores conscientes de suas finanças, além de proporcionar melhoria na qualidade de vida e crescimento econômico sólido. (REZENDE, 2014).

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3 METODOLOGIA

Nesta seção, são apresentados os aspectos metodológicos para a realização da pesquisa.

3.1 Caracterização da pesquisa

Trata-se de um estudo abrigado na perspectiva teórica positivista, pois a proposta positivista procura os fatos ou as causas de fenômenos sociais, dando pouca importância ao estado subjetivo do indivíduo e a causa e efeito. Portanto, o raciocínio lógico é aplicado à pesquisa de modo que precisão, objetividade e rigor substituam palpites e experiência como a maneira de investigar problemas de pesquisas. O positivismo se baseia na crença de que o estudo do comportamento humano deve ser conduzido da mesma maneira que os estudos conduzidos nas ciências naturais. Ele supõe que a realidade social é independentemente de estarmos cientes dela (COLLIS; HUSSEY, 2005).

Quanto aos propósitos, este estudo se classifica como descritivo, pois descreve o comportamento dos fenômenos. É usado para identificar e obter informações sobre as características de determinado problema ou questão (COLLIS; HUSSEY, 2005).

Em consequência, quanto aos meios, trata-se de um estudo aplicado, de lógica dedutiva, utilizando uma estratégia de pesquisa do tipo quantitativa por meio de um survey, método no qual uma amostra de sujeitos é retirada de uma população e estudada para se fazer inferências sobre essa população (COLLIS; HUSSEY, 2005).

3.2 População e amostra

Como estudo quantitativo, definiu-se como população os moradores do bairro Edson Queiroz da cidade de Fortaleza. De acordo com o censo de 2010, o bairro possui 17.657 moradores, considerando a população a partir de 15 anos, com grau de confiança de 80% e margem de erro 5%, conforme a tabela 1. Definiu-se uma amostra de 163 respondentes, representativos da população indicada, escolhidos de maneira aleatória.

42 Para calcular o tamanho da amostra foi utilizada a formula de amostragem aleatória simples, conforme a seguir:

𝑛 = 𝑁. Z . 𝑝. (1 − 𝑝) 𝑍 . 𝑝. (1 − 𝑝) + 𝑒 . (𝑁 − 1)

Onde:

n - amostra calculada; N - população;

Z - variável normal padronizada associada ao nível de confiança; p - verdadeira probabilidade do evento;

e - erro amostral.

Tendo como valores para a pesquisa: n=163 N = 17.657 Z= 1,28 p=0,80 e=5% Tabela 1 - Amostra Universo populacional Amostra Grau de confiança (%) Margem de erro (%) 17.657 163 80 5

Fonte: Elaborado pelo autor.

3.3 Coletas de dados

Sendo um estudo quantitativo, a coleta de dados primários se fez por meio de questionário fechado com espaços para manifestação do respondente. O questionário foi retirado da dissertação de mestrado de autoria de Larissa de Lima Trindade, com o título Determinantes Da Propensão Ao Endividamento: Um Estudo Nas Mulheres Da Mesorregião Centro Ocidental Rio-Grandense. O instrumento usado nesta pesquisa foi adaptado.

43 O questionário original contém 22 questões, das quais foram utilizadas 18 perguntas e as seguintes perguntas não foram utilizadas, pois não eram o foco desse estudo:

1. Com relação à raça, você se considera? 2. Qual é a sua ascendência?

3. Qual das afirmações seguintes é a mais próxima da quantidade de risco que você está disposta a assumir quando economiza ou faz investimentos?

4. Em geral, de que modo seu melhor amigo (a) a descreveria como uma tomadora derisco?

Foram acrescentadas 11 perguntas, para melhorar o foco do estudo. O questionário do estudo original tinha como foco somente as mulheres. Neste, o foco é na pessoa responsável pelas finanças da família, tendo sido acrescentadas duas perguntas para cumprir esse objetivo: você é responsável pelas finanças da sua família? E o sexo do respondente. Para conhecer o perfil das dívidas e o de planejamento financeiro, foram inseridas as seguintes questões:

1. Qual é o valor aproximado das suas dívidas? 2. O seu comprometimento com elas é de?

3. Já fez algum empréstimo para pagar as dívidas?

4. Qual tipo de despesa mais afetou suas dívidas?

5. O seu nome já esteve ou está na lista de proteção ao crédito (SPC ou Serasa)?

6. Você costuma fazer planejamento financeiro pessoal? 7. Os seus planejamentos geralmente são para que período? 8. Qual é a forma que realiza o planejamento Financeiro?

9. Onde foi adquirido o conhecimento que você possui para administrar o seu dinheiro?

O questionário é composto de 28 perguntas, sendo as três primeiras perguntas para saber se o entrevistado se encaixa no público alvo do estudo. As perguntas de 4 a 11 são para conhecer o perfil social, 12 a 21 são para identificar o

44 perfil financeiro e dívida e 22 a 28 são para identificar os aspectos de planejamento financeiro dos entrevistados. O questionário está disponível em apêndice.

A pesquisa foi aplicada do período do dia 20 de abril de 2018 a 15 de maio de 2018 e foi aplicada pessoalmente nas residências do bairro Edson Queiroz. A principal dificuldade para aplicação da pesquisa foi pela situação de violência do bairro, que, para poder ser realizada, tinha que ser em determinados horários do dia.

3.4 Posição do pesquisador

O pesquisador mora na localidade onde foi realizada a pesquisa, além de estar inserido na mesma classe econômica dos respondentes. Pelo fato do pesquisador ter proximidade com a realidade do estudo, se torna mais acessível o contato com os respondentes. A forma de análise foi através de gráficos e tabelas descritivos e os dados foram tabulados na planilha eletrônica Excel.

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