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Segundo Weffort (2005), o sistema educacional profissional contábil influencia o uso adequado das regras contábeis, quer sejam nacionais ou internacionais. A influência francesa se sente também no modelo educativo da OHADA.

Na saída do regime colonial, os governos africanos priorizaram a formação de engenheiros agrônomos, geofísicos, geólogos e economistas devido à estrutura econômica baseada na agricultura. A necessidade da tendência geral era fortalecer o nível técnico da administração. Na verdade, a escola colonial francesa, introduzida para produzir funcionários subalternos à administração colonial, não foi imediatamente aceita pelos povos porque acharam que, culturalmente, perderam suas crianças. Conseqüentemente, é notório “o atraso da formação técnica” (GENET et al, 1962, p. 709).

Na maioria das universidades africanas são oferecidos cursos de gestão e de economia e não existiam cursos de graduação em Ciências Contábeis. Esta tarefa é dada às escolas profissionais e técnicas.

Quanto à profissão contábil e de auditoria, ela é regulamentada por lei e regida por uma ordem de Especialistas Contábeis tem a exclusividade da atividade contábil nos países - membros da OHADA (ROSC - SENEGAL, 2005).

Antes do ano 2000, somente a França oferecia o curso para a obtenção do diploma de Especialista Contábil. Mas, pela adoção do regulamento n°12/2000/CM/UEMOA, em 22 de novembro de 2000, foi instaurado um curso universitário para obtenção do Diploma de Especialista Contábil e Finanças (DECOFI), cujos requisitos são: ter um diploma superior (bac + 4) em Contabilidades e Finanças ou um Diploma Superior de Contabilidade (requisito para contadores autorizados) ou um diploma de mestrado em Ciência Econômica, com opção em gestão de empresas. Em seguida, o candidato deve passar no exame para obtenção do Diploma de Especialista Contábil e de Gestão Financeira (DECOGEF) que contém além das matérias técnicas, o “grande oral”, abrangendo temas econômico, contábil e financeiro. Após a obtenção do DECOGEF, o candidato deve fazer um estágio de Especialista de três anos, pelo menos dois em escritório contábil e uma participação nos seminários de apoio profissional de 350 horas. Convém mencionar que a Ordem Nacional dos Especialistas Contábeis e Contadores Autorizados (ONECCA) e do Conselho Permanente da Profissão Contábil (CPPC) controlam a aplicabilidade do processo. E, finalmente, para obter o DECOFI, é necessário um exame final (após validação dos estágios) composto de 2 provas orais (“grande oral profissional” em inglês), uma prova escrita (auditoria) e uma defesa de projeto.

A comissão da UEMOA designou um júri formado de professores agregados e Especialistas Contábeis para a administração do DECOFI. Cabe ressaltar que o DECOFI é reconhecido pelo Centro Africano e Malgaxe de Estudos Superiores (CAMES) como um

diploma do terceiro ciclo e seu ensino, o plano internacional, enquadra-se nas normas de formação teórica e prática da IFAC (ROSC-SENEGAL, 2005).

5 COMPARAÇAO NORMAS IAS/IFRS E NORMAS OHADA

Nos últimos anos, grandes mudanças ocorreram no âmbito empresarial mundial, cujas visualizadas como o acréscimo de multinacionais, de captações de recursos, da profissão de auditoria, sem esquecer a crise do mercado de ações. Neste novo âmbito, a comunidade internacional procura um meio comum de regular as atividades contábeis para proteger os parceiros econômicos. Percebe-se que os princípios contábeis internos ou GAAP nacionais, em muitos países, passaram por modificações sob uma política contábil diversificada. Em alguns países, esses princípios foram substituídos, complementados, adaptados ou impostos (PRICEWATERHOUSECOOPERS, 2009).

Segundo PricewaterhouseCoopers (2009), em determinados países da África e do Caribe, os IFRS passaram a ser as normas nacionais. Na Austrália e Hong Kong, os IFRS foram adaptados. No entanto, na União Européia (UE), os IFRS se tornaram obrigatórios para as empresas de capital aberto e facultativos para as demais empresas. Quanto ao Brasil, a partir de 2010, as normas das empresas de capital aberto deverão estar alinhadas aos IFRS. Nos Estados Unidos da América, o FASB e o IASB trabalham juntos para promover a convergência entre os US GAAP e os IFRS. Este fato poderia possibilitar, futuramente, a adoção dos IFRS nos EUA e possivelmente a adoção de um modelo de regulação contábil comum aos dois órgãos.

Paulo (2002, p. 67), afirma que o conceito GAAP (Princípios Contábeis Geralmente Aceitos) americano é bem amplo, pois engloba diretrizes, práticas e procedimentos contábeis exaustivos relacionados aos princípios de mensuração e de evidenciação.

Nos países da OHADA, os princípios contábeis nacionais dos dezesseis países membros foram substituídos pelas normas do Sysco-OHADA, agrupados no Ato Uniforme do Direito Contábil (AUDC), formando um sistema contábil comum. O Sysco-OHADA trata de práticas contábeis regionais africanas, enquanto, o IASB adota e aprova normas e interpretações para as práticas contábeis internacionais.

Convém ressaltar que o FASB foi o primeiro órgão oficial a desempenhar uma Referencial Conceitual através dos Pronunciamentos de Conceitos de Contabilidade Financeira em inglês, Statements of Financial Accounting Concepts-SFAC, que se baseou numa hierarquia de sete elementos para a contabilidade e a divulgação das informações financeiras apresentados da seguinte forma, segundo Hendriksen e Van Breda (1999, p. 90): (a) os objetivos (básicos e secundários) definidos como alvo-SFAC 1:(b) a informação

necessária para aos usuários - SFAC 6; (c) as características qualitativas são úteis focadas no tempo, a generalidade e a viabilidade - SFAC 2; (d) fundamentos são conceitos de mensuração e divulgação das informações contábeis - SFAC 5 e 6; (e) padrões são soluções gerais para problemas contábeis; (f) interpretações são explicações dos padrões para uma correta prática contábil; (g) práticas são para alcançar as demonstrações contábeis.

Miller (1887, p. 71 apud BRANCO, 2006, p. 25) argumenta que “a estrutura conceitual é mais bem compreendida como um documento político do que um esforço puramente conceitual”. Assim, o Framework pode ser considerado como uma política ou uma constituição, o que significaria que ele seria um agente regulado

Como tal, o Framework vem buscando soluções para as preocupações dos usuários acerca dos objetivos da contabilidade financeira: o responsável, o alvo, o propósito, a forma e o conteúdo da informação contábil (BRANCO, 2006).