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CAPÍTULO I CAMPO METODOLÓGICO DA PESQUISA E A FORMAÇÃO DE

1.4 O MUNICÍPIO DO CONDE

1.4.1 A EDUCAÇÃO NO MUNICÍPIO DO CONDE

Empiricamente compreendemos que a educação no Conde acontece sem respeitar as especificidades do campo. No município prevalecem as características rurais, porém, as escolas não trabalham com calendário diferenciados respeitando a cultura da colheita da agricultura como tem assegurado na LDB/96, no Capítulo II, que trata das disposições gerais da educação básica, Art. 28, II, “organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e as condições climáticas”.

A escola segue com uma estrutura rígida de caráter homogêneo sem reconhecer o movimento por uma Educação do Campo. Arroyo (2004, p. 84) assevera que “A escola não pode acontecer dentro de quatro paredes, apenas nos tempos e espaços da sala de aula, temos que reinventar tempo e espaços escolares que deem conta proposta de educação rural”.

Segundo dados da Secretaria de Educação do Conde, o município possui 29 escolas, das quais apenas quatro são da área urbana, conforme quadro abaixo:

QUADRO 01 – RELAÇÃO DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DO CONDE - 2013

Nº UNIDADE DE ENSINO CARACTERÍSTICA LOCALIDADE

01 CRECHE JERANIL LUNDGREN RURAL JACUMÃ

02 CRECHE NOÊMIA ALVES RURAL CONDE

03 CRECHE ANTONIO MARANHÃO RURAL POUSADA

04 CRECHE COMUNITÁRIA MARIA VINAGRE RÉGIS RURAL CONDE

05 CRECHE ALFREDO RODRIGUES DOS SANTOS RURAL GURUGI

06 CRECHE VÓ LOURDINHA RURAL ADEMÁRIO RÉGIS

07 E.M. ANTONIO DE SOUZA SANTOS RURAL GARAPÚ

08 E.M. ANTONIO RAIMUNO DOS SANTOS RURAL CAXITÚ

09 E.M. ANTONIO BENTO DA SILVA RURAL GUAXINDUBA

10 E.M. BENEITO ROBERTO DA PAIXÃO RURAL PARIPE

11 E.M. CORONEL JOCA VIRIATO RURAL UTINGA

12 E.M DEPUTADO JOSÉ MARIZ URBANA JACUMÃ

13 E.M. ABELARDO ALVES DE AZEVEDO RURAL LOT. N.S DAS NEVES

14 E.M. JOÃO CARNEIRO DA SILVA RURAL MATA DA CHICA I

15 E.M. JOÃO GOMES RIBEIRO URBANA LOT. N.S. CONCEIÇÃO

16 E.M. JOSÉ ALBINO PIMENTEL RURAL GURUGI

17 E.M. JOSÉ COSMO DE SANTANA RURAL FREI ANASTÁCIO

18 E.M. JOSÉ JOÃO DA SILVA RURAL TAMBABA

19 E.M. LINA RODRIGUES DO NASCIMENTO RURAL GURUGI II

20 E.M. MANOEL PAULINO URBANA POUSADA

21 E.M. MARIA DA PENHA ACCIOLY RURAL PITUAÇÚ

22 E.M. MARIA EUNICE DO EGITO COSTA RURAL SALSA

23 E.M. MARIANO ELEOTÉRIO DO NASCIMENTO RURAL BARRA DE GRAMAME

24 E.M. MATA DA CHICA II RURAL MATA DA CHICA II

25 E.M. PROFª NOÊMIA ALVES DE SOUSA RURAL CENTRO

26 E.M. OVÍDIO TAVARES DE MORAES RURAL MITUAÇÚ

27 E.M. REGINA GOMES DE ALMEIDA RURAL CAPIM-AÇÚ

28 E.M. REGINALDO CLAUDINO DE SALES RURAL ASSENTAMENTOO

DONA ANTONIA

29 E.M. ADEMÁRIO RÉGIS RURAL CONJ. ADEMÁRIO RÉGI

Fonte: Quadro próprio extraído dos dados da Secretaria da Educação do Conde.

Ao que diz respeito ao Sistema de Ensino Municipal, em 2012 atendeu a uma demanda de 4.321 alunos matriculados no ensino fundamental, que foi distribuído conforme o quadro abaixo:

QUADRO 02 – MATRÍCULAS DO ENSINO FUNDAMENTAL, MUNICÍPIO DO CONDE/PB - 2012

ED. INFANTIL FUNDAMENTAL EJA

Creche Pré-escola 1º ao 5º ano 6º ao 9º ano

115 390 1.708 1.593 515

O ensino médio é oferecido na Escola Estadual Profº João Cunha Vinagre e no anexo em Jacumã, na E.M. Dep. José Mariz, no horário noturno, totalizando 543, em 2012. Logo percebemos uma distorção muito grande, do ensino fundamental para médio. O ensino médio representa 12,2% das matrículas do ensino fundamental. Sousa (2008, p. 88) aponta em sua pesquisa sob a educação no município do Conde a evasão escolar, decorrente do trabalho dos alunos da agricultura.

A evasão escolar, por exemplo, ainda, nos dias de hoje, é um grande problema no país e no município do Conde, pois os alunos, devido as suas condições sociais, porque precisam trabalhar na agricultura para ajudar no sustento da família, o que termina desestimulando-os para a escola.

Como professora do município do Conde me apoio a esses depoimentos por ter passado por situações semelhantes. Em determinadas época o aluno se ausenta da escola por dias, em função da cultura da agricultura. O contexto educacional no município da década de 1990, até os dias de hoje parece não ter avançado, Sousa (1991), em sua obra Uma história do Conde relata através das entrevistas realizadas com professores, dilemas que dificultam a rotina de normalidade mínima da educação básica do município. Israel Sousa (2008), dezessete anos após os estudos da autora, aponta nas entrevistas feitas com os professores dificuldades básicas de infraestrutura mínima para a educação básica local, “por sinal tem até uma sala que é feita num galpão aí atrás, do salão fizeram uma salinha” (p. 89).

Na atualidade, as dificultadas de acesso às escolas, de material escolar, renumeração

do professor, e adequação de calendário de acordo com a necessidade e as características da realidade econômica e social dos alunos, são presentes. O cenário da educação básica no Conde aponta para um descompasso entre o desenvolvimento econômico do município e a educação básica. O município tem negado uma estrutura escolar mínima para garantir o direito à educação básica de qualidade, falta incorporar uma visão mais rica do conhecimento e da cultura, dando mais dignidade à educação rural. Segue ainda uma visão simplista e carregada de negação dos direitos aos povos das escolas rurais.

Tratamos as escolas da área rural como escola rural, sem a alusão ao termo escolas do campo, para as escolas do campo, deveriam possuir seu projeto pedagógico voltado para a Educação do Campo.

A Educação do Campo, construída num espaço de lutas dos movimentos sociais e sindicais do campo, é traduzida como uma concepção político-pedagógica, voltada para dinamizar a ligação dos seres humanos com a produção das condições de existência social, na relação com a terra e o meio ambiente, incorporando os povos e o espaço da floresta, da pecuária, das minas, da agricultura, os pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos, quilombolas, indígenas e extrativista (CNE/MEC, 2002)8.

Regido pela legislação através do Parecer do CNE/CEB n° 36/2001 do Ministério de Educação9, que trata das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo. As concepções da escola do campo fogem a imagem que foi construída historicamente pelos “Senhores do Campo” como relata Arroyo (2004).

A imagem que sempre temos na academia, na política, na política, nos governos é que para a escolinha rural qualquer coisa serve. Para mexer com a enxada não há necessidade de muitas letras. Para sobreviver com uns trocados, para não levar na feira, não há necessidade de muitas letras. Em nossa história domina a imagem de que a escola do campo tem que ser a escolinha rural das primeiras letras. A escolinha cai não cai, onde uma professora que quase não sabe ler ensina alguém a não saber quase ler (p. 71).

As escolas rurais apresentam historicamente um conjunto de problemas e dificuldades: a insuficiência e a precariedade das instalações físicas da maioria das escolas; as dificuldades de acesso dos professores e alunos por falta de um sistema adequado de transporte escolar; a falta de professores habilitados e efetivados, o que provoca constante rotatividade; currículo escolar que privilegia uma visão urbana de educação e desenvolvimento; a ausência de assistência pedagógica e supervisão escolar nas escolas rurais; o predomínio de classes multisseriadas com educação de baixa qualidade; a falta de atualização das propostas

8 Disponível em: portal.mec.gov.br/cne/.../EducCampo01... Acesso em, 15/07/2014. 9 Disponível em: portal.mec.gov.br/cne/.../EducCampo01... Acesso em, 25/07/2014.

pedagógicas das escolas rurais; baixo desempenho escolar dos alunos e elevadas taxas de distorção idade-série; baixos salários e sobrecarga de trabalho dos professores, quando comparados com os dos que atuam na zona urbana (BATISTA, 2009, p. 14).

A prioridade das escolas do município está ainda nos conteúdos escolares, como conhecimentos dissociados da vida dos sujeitos que a constituem em detrimento dos conhecimentos necessários à população rural. Compreendemos que dessa forma a educação oferecida no município não contribui para a construção de uma escola cidadã.

1.4.2 CARACTERIZAÇÃO DAS ESCOLAS QUE COMPÕE A AMOSTRA DA