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Capítulo 2 – A educação como estratégia para a manutenção da paz e reconstrução

2.3. Educação para todos

Elaborada pela UNESCO, a Declaração Mundial sobre Educação para Todos veio relatar as grandes dificuldades existentes a nível da educação das populações, especialmente a falta desta nos chamados países de terceiro mundo.

Depois da Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 1948, ter estabelecido, no art. 26., o Direito à Educação, foi notório que tal nunca aconteceu à escala mundial.

África foi, e continua a ser o continente mais afectado. Ainda assim, o desempenho da UNESCO tem sido fundametal na redução deste flagelo, principalmente na criação de condições mínimas de acesso à escolaridade básica através de fornecimento de equipamentos essenciais à aprendizagem.

2.3.1. A escola

No período pós-guerra, 2002, a rede escolar estava limitada a apenas algumas províncias no entanto, esse quadro tem vindo a reverter-se (ver tabela 15 e gráfico 14, em anexo).

A tabela 16 e o gráfico 14 (em anexo), mostram que entre 2002 e 2008, as províncias que mais evoluíram em termos de alunos inscritos no ensino primário são a capital Luanda, Kwanza Norte, Huambo, Benguela e Huíla.

Num estreita cooperação entre os governos de Angola e da China, tem sido possível desenvolver novos caminhos na construção e recuperação de infraestruturas, com um fluxo de conclusão a médio prazo.

Os investimentos que se seguem estão inclinados para as infraestruturas do ensino médio técnico incluídos no novo sistema de ensino, entre os anos de 2011 e 2015 (ver tabela 20, em anexo).

Desde 1978, data que marcou o fim do regime educativo vigente desde o tempo colonial, a Reforma Educativa60 tem obedecido, de acordo com o Ministério da Educação de Angola (MED), a uma metodologia diferente em que, os currículos, planos de estudos, perfis de saída, programas, manuais escolares e o próprio sistema de avaliação são testados nas escolas, quer sejam elas primárias, secundárias ou de formação para professores.

Estes materiais são selecionados pelas direções provinciais da Educação para uma fase de experimentação, correspondendo a requisitos previamente definidos pelo Ministério da Educação. A fase de transição do antigo para o atual sistema de educação foi um processo longo e cauteloso, ao mesmo tempo61.

A gestão do sistema de ensino implica ações de planeamento, que resultam na apresentação de projetos, ações de desenvolvimento, implementação de metodologias de ensino, normas curriculares, execução de projetos, planos e programas, E ações de monotorização que se

59 Declaração Mundial sobre Educação para todos, UNESCO, 1993 60 Novo sistema de Educação aprovado pela Lei 13/01 de 31 de Dezembro

Trabalho realizado por Rita Mafalda Cavaco Simões Bourguignon Silva 24 responsabilizem pela supervisão, inspeção e avaliação da qualidade do ensino (ver gráfico 23, em anexo).

Para 2008 (ver gráfico 23, em anexo) o MED estima um aumento do número de salas de aula de cada instituição (12 por cada escola secundária e 20 por instituto médio), quarenta e cinco alunos por sala, dois turnos nos institutos médios técnicos e três turnos nas escolas secundárias do 2º ciclo geral.

O aumento, não só de salas de aula mas de outras infraestruturas e condições de acesso à escola, justificam que a maior parte do financiamento da educação em Angola seja proveniente do Governo, através do Orçamento Geral do Estado (ver tabela 19 e gráfico 18 e 19, em anexo).

Algumas das despesas descritas no gráfico 18 correspondem a serviços prestados pelo MED, nomeadamente na Reforma Educativa, implantação do ensino especial, Desenvolvimento do ensino Técnico Profissional, melhoria da oferta de assistência social aos alunos, programa de reabilitação, apetrechamento e construção de escolas.

A partir de 1986, com a Reforma do Sistema Educativo em Angola, as terminologias do ensino também sofrem alterações, nomeadamente para assumir a tendência da prática internacional.

O ensino Primário62 passa a ser unificado em seis classes (da 1ª à 6ª) e o ensino Secundário passa a ser estruturado em dois ciclos: o 1º ciclo, da 7ª à 9ª classe e o 2º ciclo, da 10ª à 12ª classe.

De modo a criar um novo sistema educativo mais competitivo foram introduzidas as disciplinas de Estudo do meio e Educação Musical, Educação laboral, informática, literatura, teoria e prática do design, técnicas de expressão artística.

O alargamento dos cursos passou de dois para quatro, nas áreas de conhecimento das ciências exatas e ciências sociais, ciências físicas e biológicas, ciências económico-jurídicas, ciências humanas e área das artes visuais, bem como a introdução de disciplinas opcionais em todas as áreas do 2º ciclo do ensino Secundário.

Neste âmbito foram também introduzidas novas conceções de avaliação das aprendizagens, entre as quais, a passagem automática no ensino Primário, na 1ª, 3ª e 5ª classes; a escala de avaliação passou a ser de 0 a 10 e as provas de bloco foram eliminadas.

Assim, o MED passou a dar mais importância e peso às provas de escola e de exames, abolindo as pautas trimestrais ou semestrais e introduzindo documentos de controlo da aprendizagem, como por exemplo as cadernetas escolares, mini pautas e pautas, regulamento para provas e manual de apoio aos sistemas de avaliação da aprendizagem.

No 2º Colóquio Nacional do Ministério da Educação63, o Ministro da Educação Pinda Simão mostrou a sensibilidade que o seu ministério tem para a resolução de questões relacionadas

Trabalho realizado por Rita Mafalda Cavaco Simões Bourguignon Silva 25 com a educação, o ensino e os melhoramentos urgentes a serem introduzidos de modo a contribuir para a erradicação da taxa de analfabetismo e do número de crianças que continuam a não integrar a escola.

Conclui-se neste colóquio que a escola deve ser uma instituição de formação quer no espaço escolar, quer na própria comunidade, onde o papel dos pais e encarregados de educação é fundamental no processo de aprendizagem dos estudantes.

2.3.2. Crianças fora da escola

Numa iniciativa conjunta entre o Instituto de Estatísticas da Unesco e a United Nations Children´s Foud (UNICEF)64 para reduzir o número de crianças que não vão à escola, foi elaborado um estudo que detetou que cerca de 72 milhões de crianças em idade primária e 74 milhões de crianças em idade secundária estavam fora da escola até 2008.

Baseado nas tendências correntes, estimam-se 56 milhões de crianças em idade primária continuarão afastados das escolas até 2015. Há também indicações preocupantes de que o progresso dos objetivos da educação primária em todo o Mundo está a abrandar.

Olhando para este panorama, foi criado, pelas duas organizações, o programa “Crianças fora da escola”, de modo a permitir a criação de mecanismos de inclusão do maior número de crianças possível nas escolas.

Este programa inclui, não só medidas de combate à exclusão escolar como também pretende contribuir para aumentar e/ou melhorar a qualidade o ensino existente.

Não existem dados concretos sobre o número de crianças que não frequentam a escola, em Angola, nem é de todo possível analisar todos os motivos pelos quais essa ausência permanece. No entanto, alguns dos motivos estão implícitos na falta de condições de vida, higiene, alimentação, saúde, apoio familiar, entre outros.

Será a globalização justificação para este impasse que se mantém na educação? Estarão os governantes demasiado preocupados com os resultados alcançados, que descuram o que ainda falta fazer?