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“Ah! A rua. Só falam de tirar as crianças da rua. Para sempre? Eu sonho com as ruas cheias delas. É perigosa, dizem: violência, drogas... E nós adultos, quem nos livrará do perigo urbano? De quem eram as ruas? Da polícia e dos bandidos? Vejo por outro ângulo: um dia devolver a rua às crianças, ou devolver as crianças às ruas; ficariam, ambas, muito alegres” (Paulo Freire).

Fazer educação popular é ousar o desafio de defender os oprimidos. Paulo Freire estava preocupado não só com a educação popular, mas também com um sistema de educação que, ao invés de educar, oprimia o educando. Assim, o referencial de Paulo Freire constitui uma potencialidade que deve ser atualizada constantemente nos dias de hoje. A questão do oprimido e da educação bancária focada em conteúdos constitui foco fundamental.

Quanto mais analisamos as relações educador-educandos, na escola, em qualquer de seus níveis, (ou fora dela), parece que mais nos podemos convencer de que estas relações apresentam um caráter especial e marcante – o de serem relações fundamentalmente

narradoras, dissertadoras. Narração de conteúdos que, por isto mesmo,

tendem a petrificar-se ou a fazer-se algo quase morto, sejam valores ou dimensões concretas da realidade. Narração ou dissertação que implica num sujeito – o narrador – e em objetos pacientes, ouvintes – os educandos (FREIRE, 1987, p. 33).

As palavras de Paulo Freire apontam para o fracasso da educação bancária de transmissão de conteúdos. Para ele, se o educador é aquele que sabe, se os educandos são os que nada sabem, cabe àquele transmitir seu saber aos segundos. Saber que, para Paulo Freire, deixa de ser de “experiência feito” para ser de experiência narrada de conteúdos. Após décadas de críticas a esse modelo de educação, a persistência continua.

O educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os “argumentos de autoridade” já não valem. Em que, para ser-se, funcionalmente, autoridade, se necessita de estar sendo com as liberdades e não contra elas. Já agora ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo (FREIRE, 1987, p. 39).

Na verdade nós procuramos lidar com situações que os alunos trazem de casa porque nós Educadores Sociais entendemos o que significa educar, trabalhamos de uma forma mais consciente. Você não pode ficar se ofendendo com um aluno que a expressão diária, cotidiana dele é de palavrão, de indisciplina, esse aluno só está sendo ele mesmo e a gente não pode reclamar daquilo que o aluno vive e aí nosso papel é mostrar outras formas de “ser” (Educadora Social-ARB).

Minha atuação na escola está relacionada com a educação social, mas percebo que falta a colaboração dos outros profissionais da escola, pois eles nos vêem como intrusos na escola. Precisamos da colaboração de todos na escola (Educadora Social-NDB).

Apesar da proposta de Paulo Freire se referir à conjuntura política dos anos 1960 na América Latina, ainda hoje parte das mazelas e desigualdades vivenciadas naquele momento está presente. A questão social e principalmente a pobreza e desigualdade ainda estão presentes em nossa sociedade.

A educação popular pode acontecer em diferentes espaços-tempos. Pode ser tanto nas escolas, como também em espaços da comunidade. Nesse ambiente é preciso um trabalho de educador que tenha uma visão não só da educação como também do social. Por isso, o Educador Social tem o papel preponderante de articular educação e social.

Ainda falta um pouco de estrutura e organização para que o Mais Educação de fato se intitule social. A escola precisa ter espaços destinados para o desenvolvimento das atividades do projeto para que não haja diferenças de tratamento ou exclusão. Educadores Sociais e escola precisam estar capacitados para um resultado satisfatório (Educadora Social-ARB).

Do meu ponto de vista o Mais Educação é um programa voltado mais para o social, de caráter assistencialista, pois a área de educação eles já tem no horário escolar. E na área social é que mais passamos atenção e carinho. Eles vêm de casa com muita falta de carinho e chegam perto da gente e se abrem e falam coisas que na sala de aula não falariam (Educadora Social-ARB).

Sem dúvida falar de educação popular nos remete a Paulo Freire. Como já temos produzidos inúmeras interpretações e contribuições de diversos pensadores brasileiros e estrangeiros, vou buscar aqui expor algumas das

interpretações do Professor Wanderley10 sobre o pensamento de Paulo Freire e destacar parte da trajetória e atuação do Professor Wanderley por entender que ele, por ter atuado e convivido com Paulo Freire no mesmo momento histórico, constitui referência nacional nos estudos sobre educação popular.

Wanderley (2010b) aponta que existe uma enorme bibliografia sobre educação popular e sobre Paulo Freire. Existiria, segundo Wanderley, uma chave de leitura inovadora? Para Wanderley não podemos ignorar o passado como querem alguns intérpretes. Wanderley acredita que é importante resgatar a riqueza de visões e práticas que a educação popular gerou em distintos tempos e espaços.

Wanderley (2010b) se debruça sobre alguns eixos analíticos a partir dos anos 1960: cultura popular; política e social. O eixo social era o mais complexo por procurar articular os eixos cultura popular e política. Ao traçar parte de sua trajetória de atuação e das interpretações sobre a educação popular no livro Educação Popular: metamorfoses e veredas (2010b), Wanderley destaca que

A abordagem escolhida constitui um amálgama de idéias, reflexões, concepções, avaliações, sugestões, minhas e de especialistas nesses campos com particularidades distintas. Não se trata de mera bricolagem nem de um mosaico, pois os meus argumentos e fundamentos têm um sentido, que vem da experiência pessoal anunciada e se desdobra em objetivos e ações, individuais e coletivas, fundadas: a) numa visão de mundo realista-utópica (realista – mostrando a complexidade dialética do mundo real, com alguns traços positivos e a multiplicidade dos traços negativos que o identificam; utópica – embasada numa aceitação das utopias no sentido do “inédito viável”, de “antecipação” de algo já em gestação ou realização, dos “sinais dos tempos” que nos cabe desvendar, conferir e potencializar); b) numa perspectiva transformadora e libertadora (com base em ações de âmbito micro e macro, local e global, objetiva e subjetiva, que apontem para mudanças estruturais e uma globalização contra-hegemônica (aquela que resiste e se antepõe à globalização hegemônica de caráter neoliberal); c) na construção de sociedades mais livres, igualitárias, éticas, humanas, na plenitude possível em cada situação histórica concreta (WANDERLEY, 2010b, p. 11).

10

Luiz Eduardo Waldemarin Wanderley participou do Movimento de Educação de Base

(MEB) e assessora alguns movimentos sociais, tais como Ação Educativa e Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e à Educação Popular (CESEEP).

Brandão (2009) ao se referir a Paulo Freire diz que ele foi um grande idealizador de um “sistema de educação” no sentido de abordar desde a alfabetização até a universidade. Sempre no sentido popular, aquilo que nos referimos hoje como educação de jovens e adultos, educação inclusiva, educação humanizadora é, na verdade, educação popular. No entanto, a precariedade continua nos espaços e tempos da educação popular como constatada aqui nos depoimentos dos Educadores Sociais.

Para Brandão (2009)

Hoje em dia, experiências que vão da alfabetização do Movimento de Educação de Base (MEB), ou de um Movimento de alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA), ao que se realiza, entre tantas diferenças e convergências, na Educação de Jovens e Adultos (EJA), ou o que, entre iniciativas do próprio poder público e experiências de movimentos sociais, vive-se nos diferentes recantos de vida e de Educação no Brasil, procuram realizar o seu quinhão de partilha deste projeto utópico de uma Educação não tanto “para o povo”, mas “com o povo” e “a partir de suas vidas, saberes e culturas”. Algo que, por isto mesmo, deveria tornar-se uma realidade levada mais a sério do que tem sido (BRANDÃO, 2009 p. 11).

Vejo que falta muita coisa: falta de espaço físico, falta limites dos alunos, ou seja, alunos com falta de educação familiar, falta apoio da escola, falta apoio do corpo docente e demais profissionais da escola (Educador Social-NDB).

Percebo que falta ajuda de todos os lados e a que mais me incomoda é a falta de espaço para trabalhar. Faltam também materiais didáticos (Educadora Social-NDB).

Paulo Freire propôs uma pedagogia libertadora, valorizando o diálogo e os sujeitos. Um sujeito desfavorecido e oprimido historicamente e que necessita se emancipar. Por isso, falar em educação popular nos remete a Paulo Freire, pois seu pensamento é sempre atual para se pensar a educação que é feita para aqueles que se encontram desfavorecidos historicamente.

Para Pacheco Junior e Torres (2009),

A proposta concreta de Educação Popular elaborada por Paulo Freire decorre da conjuntura política dos anos sessenta na América Latina, a qual, sob o populismo, forjou, em nome do desenvolvimento, uma especificidade de procedimentos educacionais que condicionaram a sociedade em geral, e os trabalhadores em particular, à manutenção de

sua lógica e tutela – desenvolvimento nacional e legitimação da estrutura de poder por uma forte base social (p. 24).

Falta tudo aqui na escola, não temos material, não tem joguinhos educativos que atraia a atenção das crianças. Eu comecei a dar aula de informática para adultos, o basicão mesmo, e a gente não tinha apostila e eu me propus a fazer as apostilas, eu mesmo compraria as folhas e tiraria cópia com o dinheiro da alimentação e transporte que a gente recebe, mas falaram para eu não fazer isso, depois os alunos falaram que davam um real para imprimir e a escola também não permitiu alegando que não pode pedir dinheiro a aluno, nem a tinta para imprimir a escola permitiu. Tem alguns materiais que a gente fica sabendo que tem na escola, mas fica guardado e ninguém tem acesso. Tem joguinhos educativos muito baratos e não temos, como eu não sou administradora, não sou nada na escola, então a gente não tem contato com o montante de recursos que chega à escola. Eu acho que a prestação de contas a comunidade deveria estar sabendo, dizem que tem verba e quando a verba chega não ficamos sabendo o que vão fazer, dizem que tem transparência, mas eu não vejo transparência. A gente sabe que gasta muito, tem muitas bolas que estragam no alambrado que está quebrado. Mas a gente vai vivendo assim, se virando. Acho a estrutura física da escola boa, mas deveria ter mais atividades, a gente fica sabendo que outras escolas têm pula-pula, tem um monte de coisas e porque aqui não tem, aqui só tem informática e a quadra com esportes (Educadora Social- V).

Wanderley (2010b) destaca que são conhecidas diversas orientações sobre educação popular que caracterizaram inúmeras experiências na América Latina. Algumas eram tidas como recuperadoras e outras como transformadoras. São experiências ricas na recente história da educação brasileira. Por outro lado, atualmente, a atuação do Educador Social insistindo numa educação popular entra em conflito com o professor.

Procurei montar uma síntese aglutinadora de três delas, tidas como básicas: a) educação popular, com a orientação de integração (educação para todos, extensão da cidadania, eliminar a marginalidade social, superar o subdesenvolvimento etc.); b) educação popular com orientação nacional-populista (dinamizada no período dos governos populistas, buscava mobilizar setores das classes populares para o nacional- desenvolvimentismo, homogeneizando os interesses divergentes na consecução de projetos de desenvolvimento capitalista, pretendido como autônomo, nacional e popular); c) educação popular, com a orientação de

libertação (buscando fortalecer as potencialidades do povo, valorizar a

cultura popular, a conscientização, a capacitação, a participação, que seriam concretizadas a partir de uma troca de saberes entre agentes e membros das classes populares, e realizar reformas estruturais na ordem capitalista) (WANDERLEY, 2010b, p. 21).

Com o pessoal da limpeza, de vigilância, os terceirizados eu nunca tive problema não, agora com o professor existe sim um certo distanciamento, tem professor que mal olha para você, não te dá um bom

dia, às vezes falam entre os dentes, existe ainda uma distância entre Educador Social e professor porque nós lidamos com um projeto social e tem professor que fala que o projeto que não dá certo, que o menino está piorando, ele não apóia o projeto, a visão do professor ainda é aquela da educação voltada só para a sala de aula, estão muito atrasados, precisam melhorar muito (Educador Social-DUAS).

Wanderley (2010b) destaca que nos escritos iniciais de Paulo Freire já aparecem a questão do oprimido. A educação popular deveria superar essa situação de opressão. Wanderley (2010b), analisando as contribuições da educação popular, afirma que Paulo Freire,

Focando os oprimidos camponeses, acenava que eles estavam condicionados pelas contradições de sua situação concreta e existencial, e tendiam a uma “aderência ao opressor”, a uma identificação com o seu contrário, e vários, no desejo de uma reforma agrária, objetivavam ser proprietários (o que se repete mesmo hoje). Portanto, para serem livres, encontrarem o “homem novo”, necessitam superar a situação opressora para atingir uma ação transformadora da busca do “ser mais”; a libertação é um parto doloroso, a superação da contradição que traz ao mundo esse homem novo – nem opressor, nem oprimido – é conquistada no homem se libertando, reconhecendo os limites da realidade opressora (WANDERLEY, 2010b, p. 22).

Sou muito bem recebida na escola. Nunca entro em conflito com a equipe da escola. Tenho diplomacia para expandir minhas idéias e “contagiar” as pessoas com uma consciência mais humana (Educadora Social-ARB).

Assim como Paulo Freire, Wanderley também fez várias interpretações sobre educação popular a partir dos anos 1960, seja do ponto de vista teórico, seja com sua ação prática nos movimentos sociais e no exercício da docência e pesquisa na PUC-SP.

Naquele período, também procurei mostrar algumas características da educação popular, e que ela deveria ser resultante de uma fecundação mútua entre os intelectuais orgânicos externos e internos às classes populares, bem como uma integração coerente entre teoria e prática. Dentre as características que externei, ressaltava que ela é: uma

educação de classe – exige uma consciência dos interesses das classes populares; histórica – depende do avanço das forças produtivas; política – se conjuga com outras dimensões da luta global das classes populares;

transformadora e libertadora – luta por mudanças qualitativas e reformas estruturais (reformas não reformistas); democrática – antiautoritária, antimassificadora, antielitista; relaciona a teoria com a prática; relaciona

a educação com o trabalho; objetiva a realização de um poder popular.

Com o olhar de hoje, visualizo essa concepção como ousada e ambiciosa, poder-se-ia mesmo dizer, utópica, no sentido de anunciar antecipações, mas ciente de sua não concretização plena, naquelas

circunstâncias e mesmo hoje (WANDERLEY, 2010b, pp. 22-23).

Na escola me tratam bem e sou bem recebido pela equipe da escola, mas tem professor que parece que o diploma sobe a cabeça, eles dizem “eu sou professor”, “eu sou formado”. Quando eu passo algumas atividades para as crianças que elas brincam, gritam, se divertem, o professor diz que eu não tenho disciplina, mas não é verdade. Minhas atividades são assim mesmo e os alunos gostam. Será que os alunos gostam das aulas desses professores que reclamam? Para que serve o diploma deles? (Educador Social-ARB).

Uma discussão recorrente se refere à questão de onde oferecer a educação popular. No ensino formal ou não formal? Por que, tradicionalmente, a educação de jovens e adultos é ofertada em espaço escolar, enquanto a educação popular acontece em espaços não escolares? Por que a escola não pode oferecer uma educação popular e, ao contrário, por que os espaços não escolares não podem educar?

Nos primórdios da educação popular com o acento na educação política e transformadora, ela se vinculava ao ensino informal fora das escolas, também com algumas exceções. Essas tensões e conflitos permanecem e um conjunto expressivos de defensores da educação popular com essa orientação admite e vários educadores se transladaram para a educação nas escolas. A educação cidadã, com os atributos aqui selecionados, incorpora metas e finalidades da educação popular libertadora. Considerando a enorme variedade de instituições que pregam e agem no sentido clássico, mesmo aceitando as ressignificações propostas, a educação popular freiriana, a que luta pelo inédito viável com o seu método, a que defende uma educação popular contra-hegemônica, pode: a) em casos variados de épocas e situações concretas, ser desenvolvida no sistema escolar, ciente das imensas dificuldades vigentes; b) em atendimento a grupos, comunidades, segmentos específicos, trabalhadores rurais e urbanos, dirigentes e militantes de movimentos e partidos políticos, ser desenvolvida ainda fortemente nos múltiplos espaços informais externos ao sistema de ensino particular e público (WANDERLEY, 2010b, p. 28).

Há um preconceito de forma geral na escola, mas apesar deste “detalhe” [aspas do Educador Social] eu consigo com gentileza receber a reciprocidade e carinho dos alunos e de alguns profissionais da escola (Educadora Social-ARB).

Wanderley (2010b) aponta a grande contribuição de Paulo Freire para a educação popular, destacando as análises da consciência ingênua e da consciência crítica. A consciência crítica aborda os problemas sociais; reconhece que a realidade é mutável; busca eliminar preconceitos; é indagadora, entre

outras. Wanderley (2010b, p. 37) destaca que para Paulo Freire “a realidade é apreendida não como algo que é, mas como devanir, como algo que está sendo”.

Conscientizar é dar consciência do que é o homem – consciência de si, do que é o mundo, do que são os outros homens. Entretanto, em cada época histórica, o modo de se encarar o mundo (se é estático ou aberto à criação humana), o modo porque se manifesta a comunicação dos homens (se é válida ou não uma estrutura de dominação) e, enfim, o valor da própria pessoa, são variáveis. Em última análise, todo processo de conscientização traz em si uma concepção de homem, uma visão de mundo; logo se insere numa consciência histórica (WANDERLEY, 2010b, p. 38).

Não sou bem recebido na escola e existe discriminação total. Em algumas escolas que já trabalhei os funcionários acham que nós somos vagabundos só por causa da roupa que usamos do estilo hip hop (Educador Social-TRÊS).

Assim, tanto para Paulo Freire como para Wanderley a educação popular deve ser vista como prática libertadora e conscientizadora. Concepções como oprimido e popular retornam ao debate. Quem são os oprimidos nos dias de hoje? O que é popular? Questiona Wanderley.

Popular, de um ângulo analítico, se refere a povo. Na dimensão

sociológica, povo é compreendido como um conjunto populacional num determinado território. Ele é visto também, numa identificação muito específica, como categoria histórica contraposta a elites e a massa; entendido, pois, como um conjunto que sempre resistiu a esses setores sociais, e que os dominantes sempre buscaram conter e enquadrar. Daí derivou a problemática do populismo, um fenômeno por meio do qual as elites políticas, os governos, buscaram se associar com os trabalhadores, numa espécie de pacto social que buscava integrar todo o povo como nação, em distintas formas de identidade nacional, de participação em projetos que favorecessem, sobretudo na retórica, toda a população, o conjunto de uma sociedade nacional (WANDERLEY, 2010b, pp. 40-41).

Acredito que os outros profissionais da escola não nos vêem com bons olhos. Esses profissionais ainda estão presos ao modelo conteudista de ensino, focando no aprender matemática, português, etc., e não na relação humana das pessoas. Eles sabem ensinar, dar aula, mas não sabem formar para o social (Educadora Social-ARB).

Como pode ser constatado, existe um contraste entre o que esperamos da educação popular e o que os Educadores Sociais relatam no cotidiano da escola. Recentemente foi colocada na agenda educacional o Movimento Todos pela

Educação. Trata-se de uma parceria lançada em 2006 entre educadores, empresários, ONGs e MEC para melhoria na qualidade da educação pública no Brasil com metas até 2022. No entanto, o que se espera de uma educação popular ainda está longe de acontecer. Continua-se valorizando o acesso ao nível superior por meio de vestibulares (e agora o ENEM) e a relação educação/mercado sem necessariamente um foco na educação popular.

Nunca tive problemas com material, mas com espaço físico sim. O projeto Mais Educação foi jogado dentro da escola, a verdade é essa, ele não foi trabalhado logisticamente, nenhum espaço é destinado ao Mais Educação, tudo pertence à escola, a educação física, um dia uma professora me retirou da quadra e disse que a quadra era para educação física e se sobrasse tempo que eu poderia usar depois, aí eu disse que estranhava o fato de nunca ter visto a professora na quadra, aí em outra escola um professor de educação física me deu até seu material e disse que eu poderia trabalhar no seu espaço e com a piscina, como o Mais Educação não tinha comprado material ainda eu usei o dele e depois eu o ajudei na competição que a escola participou, então nessa escola eu