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EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO NO PERÍODO 2006 2008: POLÍTICAS, PROGRAMAS E PROJETOS

2 REFORMAS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E DE ENSINO MÉDIO NO BRASIL (1997-008)

2.3 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO NO PERÍODO 2006 2008: POLÍTICAS, PROGRAMAS E PROJETOS

Dando prosseguimento à concretização de suas ações, o governo federal revogou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), de 1996 e aprovou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação Básica (Fundeb), de 2006, considerado pelo governo como uma política

de inclusão educacional. Contudo, o Fundeb faz referência à Educação Profissional,

limitando-se em termos de definição custo-aluno-ano. Oliveira, R. (2008, p. 91), compreende que

[...] não se pode desconhecer que o atual governo resgatou a possibilidade da integração entre o Ensino Médio e a Educação Profissional e aponta para um maior investimento no Ensino Médio e na Educação Profissional, via aumento do número de escolas técnicas federais. Como muitas dessas instituições devem prover o Ensino Médio e a Educação Profissional integrados, haverá um pequeno aumento do investimento do governo federal em ambas as modalidades de ensino [...].

Pressupõe-se que os recursos destinados à educação profissional, integrada ao ensino médio, ainda são insuficientes para garantir a expansão e manutenção dessa oferta de ensino, principalmente, na esfera estadual de ensino, além da garantia do acesso, da permanência e conclusão com qualidade.

Tais recursos destinam-se a atender estudantes que concluíram a educação básica no tempo previsto e àqueles que serão atendidos por meio do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja).

Esse Programa foi promulgado pelo Decreto nº 5.487/200563, ora

revogado e substituído pelo Decreto nº 5.840/200664, que amplia a abrangência do

63 Instituiu, no âmbito das Instituições federais de educação tecnológica, o Programa de Integração da

Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos.

64 Por meio desse Decreto, foi Instituído, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da

Proeja ao contemplar um programa nacional de integração da educação básica à educação profissional. Esse documento (BRASIL, 2007c, p. 37) traz como princípios:

O respeito ao papel e compromisso que entidades públicas integrantes dos sistemas educacionais têm ocupado com a inclusão da população em suas ofertas educacionais; consiste na inserção orgânica da modalidade EJA integrada à educação profissional nos sistemas educacionais públicos; a ampliação do direito à educação básica, pela universalização do ensino médio; o trabalho como princípio educativo; a pesquisa [...]; as condições geracionais, de gênero, de relações étnico-raciais como fundantes da formação humana [...].

O documento do Proeja, ainda, contém elementos de uma educação integral que devem ser materializados em um currículo na perspectiva da integração entre trabalho, ciência, técnica, tecnologia, humanismo e cultura geral. No entanto, a sua operacionalização enfrenta desafios pedagógicos e operacionais65 quanto à implementação do currículo na perspectiva integrada, que envolve, inclusive, a reorganização da prática docente considerando as especificidades dos estudantes da educação de jovens e adultos. Acredita-se, portanto, que um dos desafios do Proeja é se constituir uma política pública.

Em se tratando de ações desse governo e considerando as restrições dos recursos financeiros destinados à educação profissional, encontra-se em trâmite no Congresso Nacional um Projeto de Lei que objetiva a criação do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Profissional e Qualificação do Trabalhador (Fundep), Projeto de Lei nº 274/2003, de autoria do Senador Paulo Paim, do PT-RS. Alterado com as emendas do relator, esse Projeto preconiza no artigo 2º, que

os recursos do Fundep serão aplicados, prioritariamente, em: I - construção, ampliação e reforma de edificações e instalações de centros de educação profissional; II - aquisição de equipamentos técnico-pedagógicos e de gestão; III - aquisição de materiais didáticos; IV - capacitação de docentes e pessoal técnico-administrativos; V - prestação de serviços de consultoria para a realização de estudos nas áreas técnico-pedagógica, de gestão e industrial (PAIM, 2007, p. 99).

65 A Coordenadora Geral da Especialização Proeja, do polo do Rio Grande do Norte, com base em

informações obtidas junto aos Coordenadores Nacionais da Especialização Proeja, informou que esse Programa enfrenta desafios pedagógicos e operacionais pela falta de: a) condições para que a integração se efetive nas escolas; b) clareza dos professores do que seja o currículo integrado; c) formação dos professores na educação de jovens e adultos (BARACHO, 2010).

Esses recursos almejados pelo Fundep, possivelmente, serão oriundos da manutenção das atuais fontes de financiamento e criação de outras extraídas de fundos e programas existentes. No entanto, a sua implantação não impedirá que as matrículas dos cursos profissionais em escolas públicas sejam, também, contempladas pelo Fundeb, cuja responsabilidade devem incidir os encargos básicos de manutenção do ensino médio, principalmente da remuneração dos professores.

Supõe-se que a aprovação desse Fundo contribuirá, de certa forma, para o funcionamento das instituições de educação profissional, em termos de formação continuada dos trabalhadores e, em particular, da educação profissional integrada ao ensino médio por alocar e prever recursos, apesar de, segundo Frigotto (2007, p. 1148) ―[...] não representar acréscimos substantivos do fundo público na educação profissional‖.

Ressalta, ainda, Frigotto (2007, p. 1148) que ―[...] pressupõe a existência permanente de um fundo garantido na Constituição para esse fim, que inclua, mas vá além do Fundo de Desenvolvimento do Ensino profissional e de Qualificação do Trabalhador (FUNDEP)‖.

Enquanto isso, o governo instituiu, pela Lei 11.180, de 23 de setembro de 2005, o Programa Escola de Fábrica (BRASIL, 2008d), definido como de inclusão social, com a finalidade de dar oportunidade de iniciação profissional para jovens de baixa renda, utilizando o apoio de empresas preocupadas em aliar responsabilidade social e formação de trabalhadores qualificados à criação de um ambiente escolar no próprio espaço da empresa. Essa ênfase dada pelas empresas ao social e ao educacional inscreve-se no interesse pela isenção fiscal, redução de impostos e pulverização de investimentos públicos em educação.

Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005, p.1102) ao analisarem o Programa Escola de Fábrica e o Programa Nacional de Inclusão de Jovens: Educação, Qualificação e Ação Comunitária (ProJovem) criado em 2005, pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva como parte das políticas públicas para a juventude, destinado a jovens de 18 a 24 anos66 que se encontravam fora do mercado formal de trabalho e

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Para ampliar o atendimento a esse público, foi lançado, em 2007, o Projovem Integrado, que surgiu da união de programas que atendiam à juventude: o Projovem (da Secretaria Nacional de Juventude, vinculada à Secretaria-Geral da Presidência da República); Agente Jovem (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome); Saberes da Terra e Escola de Fábrica (Ministério da Educação); Juventude Cidadã e Consórcio Social da Juventude (Ministério do Trabalho e Emprego).

que tivessem concluído a quarta série (atual 5º ano) e não tivessem concluído a oitava série do ensino fundamental (atual 9º ano), consideram que

Sendo ambos os programas dirigidos aos desempregados ou aos alunos de escolas públicas, com vistas à inserção profissional, o que os caracteriza é a falta de integração com outras políticas como a de inserção profissional e de melhoria das rendas das famílias. Destacamos políticas de inserção somente a preparação profissional.

Em face dessa afirmação, a qualificação profissional é adotada como política compensatória. Mais uma vez os recursos públicos são repassados à iniciativa privada, nesse caso, pelo Programa Escola de Fábrica que utiliza, na prática, a concepção de formação no sentido de aquisição de mão de obra barata ajustada às demandas das empresas e ao aumento do capital.

Ao se referir ao ProJovem, (KUENZER, 2010) chama atenção para uma característica dos programas do governo Lula: a organização em redes sociais, uma das estratégias de gestão demandadas pelas parcerias público-privadas, tendo em vista a unidade programática e autonomia de execução pelas unidades consorciadas.

Percebe-se, mais uma vez, a implementação de um Programa, de caráter emergencial e assistencialista que busca amenizar problemas estruturais crônicos, por meio da oferta de curso em nome da inclusão social, que não substitui ―políticas públicas, políticas de Estado com sustentação em legislação específica, base orçamentária e garantia de continuidade‖ como afirma Ciavatta (2010, p. 163).

Nessa trajetória que contempla um conjunto de ações governamentais fragmentadas em uma diversidade de programas e projetos relativos à educação profissional, como afirmam Grabowski e Ribeiro (2010), o Ministério da Educação buscando a implementação da educação profissional ao ensino médio, promoveu

O Projovem Integrado entrou em vigor em 2008, passando a atuar com a modalidade Projovem Urbano (o antigo Projovem original), Projovem Campo (Ministério da Educação); Projovem Adolescente (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome) e Projovem Trabalhador (Ministério do Trabalho e Emprego). A faixa etária atendida passou para 15 a 29 anos, unificaram o auxílio financeiro mensal no valor de R$ 100,00 (cem reais) e a gestão do programa passou a ser compartilhada por esses ministérios sob a coordenação da Secretaria Nacional da Juventude.

seminários junto aos Estados, conferências de educação profissional e tecnológica em nível estadual e nacional.

Desse modo, foram realizadas Conferências de Educação Profissional e Tecnológica em vinte e seis Estados, no ano de 2006, envolvendo representantes das redes estaduais, municipais e privadas, organizações não-governamentais e sindicais, bem como educadores e estudantes.

A I Conferência Nacional de Educação Profissional e Tecnológica ocorrida, em novembro de 2006, representou um marco na história da Educação Profissional e Tecnológica no Brasil. Nessa Conferência foram aprovadas deliberações em torno de questões para o desenvolvimento da mencionada Educação67, promovendo um amplo debate e disputa, principalmente, em torno do financiamento da educação profissional entre os profissionais do Sistema S e os profissionais de instituições públicas de educação profissional que defendem uma política nacional de educação pública, gratuita, laica e de qualidade.

Nesse cenário de busca por mudanças, o MEC retomou a discussão sobre o aprofundamento dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, levando em consideração documentos escritos preliminarmente por grupos de trabalho compostos por professores de cada disciplina do ensino médio e representantes de diversos Estados do país. A partir daí, realizou um seminário em cada uma das regiões geográficas do país e um seminário nacional contando com a participação de educadores da esfera estadual, representantes de universidades e de alunos.

Com base nesses seminários, foi publicado um documento intitulado Orientações Curriculares para o Ensino Médio em 2006, contendo referências e reflexões para subsidiar a proposta de trabalho docente por área de conhecimento. Além disso, aborda questões referentes ao currículo escolar e a cada disciplina considerada como conhecimento científico que contribui para a construção do saber escolar. No entanto, os seus princípios não diferem daqueles que nortearam os documentos anteriores.

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O Documento Referência da Conferência Nacional de Educação (Conae) contempla no eixo Justiça Social, educação e Trabalho: inclusão, diversidade e igualdade à existência de correlação com propostas aprovadas na I Conferência Nacional de Educação Profissional e Tecnológica, como por exemplo: ―Consolidar a oferta do nível médio integrado ao profissional, bem como a oferta de cursos superiores de tecnologia, bacharelado e licenciatura‖ (BRASIL, 2010, p. 113).

Por outro lado, o governo federal exigiu dos Estados que possuem rede de ensino médio ou de educação profissional em nível médio, a assinatura do documento Compromisso Todos pela Educação em 2006, movimento lançado por um grupo de empresários e capitalizada pelo MEC, como afirma Savianni (2007, p. 1243).

Apresentando como iniciativa da sociedade civil e conclamando a participação de todos os setores sociais, esse movimento se constituiu, de fato, como um aglomerado de grupos empresariais com representantes e patrocínio de entidades como o Grupo Pão de Açúcar, Fundação Itaú- Social, Fundação Bradesco, Instituto Gerdau, Grupo Gerdau, Fundação Roberto Marinho, Fundação Educar-DPaschoal, Instituto Itaú Cultural, Faça Parte-Instituto Brasil Voluntário, Instituto Ayrton Senna, Cia Suzano, Banco ABN-Real, Banco Santander, Instituto Ethos, entre outros.

Dessa iniciativa, pressupõe-se o interesse pelo ajuste dos processos formativos às demandas de mão de obra exigidas pelas empresas ainda que, mesmo diante da dimensão de qualquer Programa, haja necessidade de revisão da função da escola a que se destina, condições para a sua oferta e discussão dos princípios norteadores do projeto político-pedagógico da própria Instituição.

Como forma de implementar a política de educação básica e superior, além de inserir a sociedade como co-participante responsável, o MEC lançou, na mídia, em 15 de março de 2007, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) embasado na pedagogia de resultados e no limite do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Assim, configura-se, como afirma Saviani (2007), em um programa de ação composto de metas, elaborado de forma desvinculada com o disposto no Plano Nacional de Educação vigente, ao mesmo tempo, visando agir e resolver problemas relativos à qualidade do ensino da educação básica, apoiando-se em dados estatísticos e recursos constitutivos do Fundeb.

Nesse novo contexto, o governo federal, ao enfatizar que o PDE integra todos os níveis e modalidades educacionais em uma unidade geral de forma sistêmica, assume plenamente que esse Plano pretende responder ao grande desafio das desigualdades sociais e regionais mediante uma conexão entre as

dimensões educacional e territorial. Mais uma vez, é dada ênfase à educação como se fosse exclusivamente a propulsora do crescimento do país.

Um dos propósitos do Plano de Desenvolvimento da Educação para a rede federal de educação profissional, científica e tecnológica é a sua expansão68 no sentido de abrangência de todo o território nacional. Para isso, o PDE (BRASIL, 2007b, p.33) ressalta que

[...] exige um novo modelo de atuação, que envolva o desenvolvimento de um arrojado projeto político-pedagógico, verticalidade da oferta de educação profissional e tecnológica, articulação com o ensino regular, aumento da escolaridade do trabalhador, interação com o mundo do trabalho e as ciências e apoio à escola pública.

Nessas circunstâncias de implementação, em 2007, o MEC apresentou um Programa de financiamento e assistência técnica, denominado Brasil Profissionalizado, visando fortalecer as redes estaduais de educação profissional e tecnológica. Tal iniciativa prevê 900 milhões para o período (2008-2011). A meta do Ministério consiste em matricular 800 mil alunos, capacitar 14 mil professores e construir 2.500 laboratórios.

Com o Programa Brasil Profissionalizado, o Ministério da Educação se compromete a oferecer aos Estados assistência financeira e técnica, como por exemplo, em termos de obras, gestão, formação de professores, práticas pedagógicas, infraestrutura, cabendo aos Estados e Municípios a oferta de novas matrículas gratuitas, com qualidade e eficiência de educação profissional em sua rede.

No que se refere à situação do Estado do Rio Grande do Norte no Programa Brasil Profissionalizado, Moreira (2010) afirma

68 Essa expansão está garantida pela Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008 que instituiu a Rede

Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, criou os Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia que nascem com 168 Campi e chegarão a 2010 com 311. No mesmo período, as vagas serão ampliadas de 215 mil para 500 mil ao serem oferecidas: a) metade para o ensino médio integrado; b) 30% para os cursos de engenharias e bacharelados tecnológicos; c) 20% serão reservadas a licenciaturas em ciências da natureza; d) serão incentivadas as licenciaturas de conteúdos específicos da educação profissional e tecnológica, como a formação de professores de mecânica, eletricidade e informática (BRASIL, 2008e).

Em 2008, o Governo do Estado do Rio Grande do Norte aderiu a esse Programa. Diante disso, o Estado irá oferecer até 2011, cursos técnicos profissionalizantes em 75 escolas do ensino médio integrado que serão contemplados inicialmente com ações de infraestrutura física (reforma e ampliação de prédios escolares e equipamentos dos laboratórios científicos e tecnológicos, além da construção de 10 Centros de Educação Profissional e Tecnológica.

Em relação à contratação de professores para as disciplinas específicas, Moreira (2010) afirma: ―O governo do Estado está encaminhando para a Assembleia Legislativa documento, objetivando normatizar o processo de contrato temporário de profissionais de área técnica para atender a demanda do Programa no Estado‖.

Diante do exposto, afirma-se que a realização de concurso para professores permanentes das disciplinas das áreas específicas da educação profissional constitui-se uma das condições para implementação do currículo na perspectiva integrada. Nesse sentido, torna-se inviável a contratação temporária, uma vez que, após dois anos de contrato, há interrupção do trabalho didático- pedagógico que os professores vinham desenvolvendo.

Concorda-se com Moura (2010, p. 77, grifo nosso) quando diz que

[...] por se tratar de mais um programa, não são poucas as limitações para que as ações dele decorrentes possam converter-se efetivamente em política pública educacional.[...]. Como não há, em vários estados, a decisão política de implantar o ensino médio integrado como política pública, várias unidades federadas apresentaram e tiveram aprovados os projetos, mas não estão constituindo os respectivos quadros efetivos dos docentes necessários ao adequado funcionamento dos cursos.

Esse depoimento expressa limitações no processo de execução do Programa Brasil Profissionalizado que envolvem a falta de vontade política de dirigentes. Além disso, supõe-se que a forma de financiamento do Programa não garante a resolução de problemas a médio e longo prazos.

Além disso, o governo federal implementou o Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil (e-Tec Brasil), por meio do Decreto nº 6.301, de 12 de dezembro de 2007, ―com vistas ao desenvolvimento da educação profissional técnica na modalidade de educação a distância, com a finalidade de ampliar a oferta e de

democratizar o acesso a cursos técnicos de nível médio, públicos e gratuitos no País‖ (BRASIL, 2007a, p. 217).

Nesse caso, entende-se que a educação a distância pode ser inviável à formação de técnicos, mas relevante em cursos de pós-graduação por buscarem o aprofundamento de conhecimentos.

Com relação a outra ação do MEC, foi publicado um documento-base intitulado Educação Profissional Técnica de Nível Médio integrada ao Ensino Médio, em dezembro de 2007. Esse documento, divulgado após três anos da publicação do Decreto nº 5.154/2004, evidencia a necessidade de uma política pública de integração do ensino médio à educação profissional, fornecendo subsídios aos sistemas de ensino e instituições no processo de implementação e de avaliação dessa forma de articulação.

Esse intervalo de tempo entre a publicação do Decreto nº 5.154/2004 e a publicação do documento-base intitulado Educação Profissional Técnica de Nível Médio integrada ao Ensino Médio demonstra a falta de prioridade do governo federal para implementação dessa forma de articulação de ensino nas instituições da rede estadual e federal, a qual exige também preparação, acompanhamento e avaliação, além de vontade política voltada ao bem comum.

Nesse contexto, balizado pelo discurso governamental da necessidade de mudanças na política educacional brasileira, o governo federal promulgou a Lei nº 11.741, de 16 de julho de 2008 (BRASIL, 2008e), promovendo alterações, como por exemplo, no Título V da LDB nº. 9.394/96, mudando dispositivos do Artigo 36 e criando a seção IV-A69 que trata da educação profissional técnica em nível médio

inserindo inclusive as suas formas de articulação com o ensino médio.

Posterior a essa ação, após quatro anos da publicação do Decreto nº 5.154/2004, o MEC publicou o Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos em 2008, cabendo às instituições de educação profissional fazerem a adequação dos seus cursos, tendo, como parâmetro, esse documento e as necessidades locais. Para cada perfil de formação, sintonizado com o mundo do trabalho, o catálogo apresenta uma descrição do curso.

69 A Seção IV-A incluída faz parte da Seção IV que se refere ao Ensino Médio. O Capítulo III passou a

denominar-se Da Educação Profissional e Tecnológica, podendo os cursos serem organizados por eixos tecnológicos.

Ainda no ano de 2008, ocorreu a transformação da maioria dos Cefets em Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, por força da Lei nº. 11.892/2008 que instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, constituída pelas seguintes instituições: I - Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia – Institutos Federais; II - Universidade Tecnológica Federal do Paraná; III - Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca-Cefet-RJ e de Minas Gerais-Cefet-MG70; IV - Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais.

Para o governo federal, a criação desses Institutos se constitui um dos pilares de sua política ao enfatizar que

Os Institutos Federais ressaltam a valorização da educação e das instituições públicas, aspectos das atuais políticas assumidos como fundamentais para a construção de uma nação soberana e democrática, o que pressupõe o combate às desigualdades estruturais de toda ordem. Nesse sentido, os Institutos Federais devem ser considerados bem público e, como tal, pensados em função da sociedade como um todo na perspectiva de sua transformação (BRASIL, 2008e, p. 22).

Nesse caso, o governo federal dá grande ênfase à atuação dos Institutos no sentido do desenvolvimento local e regional71. Acredita-se que, de forma isolada,